terça-feira, 11 de novembro de 2008

Transcrição da 27ª leitura do livro "UM ANO A CAMINHAR COM SÃO PAULO"

TERCEIRA PARTE PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS 27 “A CADA UM É DADA A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO, PARA PROVEITO COMUM Graças a Deus, há muitos cristãos com um profundo sentido de Igreja, conscientes de que só dela e para ela podem viver a sua fé. Participam nas suas actividades, não apenas porque precisam, mas também porque os outros precisam do seu contributo. Porém, há também aqueles que procuram a Igreja por motivos consumistes, quase como se dela não fizessem parte. Mas serão eles os únicos culpados disso? Talvez ainda ninguém os tenha elucidado de que a verdadeira fé a que actua pela caridade (Gl 5, 6), a começar pelos membros da mesma família cristã. Ou, então, esta é dominada por pessoas que não promovem e até impedem a cooperação de todos . Comunidades monocórdicas e, como tais, em perigo de morrer. Paulo alerta-nos para isso em I Cor 12-14, depois de saber que entre os cristãos de Corinto crescia a preferência por um dos dons do Espírito (12, 1), em detrimento de outros; a glossolalia, isto é, a capacidade de falar línguas estranhas, manifestada durante estados de êxtase em celebrações litúrgicas. O fenómeno era conhecido de outras correntes religiosas instaladas em Corinto, nomeadamente dos cultos mistéricos. Antes de se ocupar mais directamente dele (13, 1ss), Paulo mostra-nos como a Igreja necessita de muitas outras intervenções do Espírito, cuja diversidade ainda hoje é difícil de conjugar. Daí a actualidade das suas palavras, a começar por 12, 1-11, onde nos elucida sobre a origem e o fundamento dessas intervenções. 1 Cor 12, 1-11 Mas, a respeito dos dons do Espírito, irmãos, não quero deixar-vos na ignorância. Sabeis como, quando éreis pagãos, vos deixáveis levar, arrastados para os Ídolos mudos. Por isso quero que saibais que ninguém fale sob a acção do Espirito de Deus, pode dizer: “Jesus seja anátema”; e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, senão sob a acção do Espirito Santo. Há diversas distribuições de dons da graça, mas o Espírito é o mesmo; há diversas distribuições de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversas distribuições de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum. A um é dada, pelo Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espirito; a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro; o dom das curas, no único Espírito; a outro, a operação de milagres; a outro , a interpretação das línguas. Tudo isto, porém, o opera o único e mesmo Espirito, distribuindo a cada um conforme lhe apraz. Em sentido próprio e original, Espírito é o ar que respiramos para podermos viver. Daí que, segundo Gn 2, 7, o ser humano, formado do pó da terra, só depois de Deus lhe ter insuflado pelas narinas o sopro da vida, se tornou num ser vivo. Vivemos verdadeiramente, na medida em que respiramos o Espirito de Deus. Será dele que o Messias prometido receberá os dons necessários para estabelecer um reino de justiça e paz (Is 11, 1-9). Foi esse Espírito que Cristo ressuscitado soprou sobre os discípulos, para os fazer portadores do perdão, obtido pela entrega da vida na cruz (Jo 20, 19-23). E é dele que nasce e vive a Igreja (Act 2, 1ss); do Espírito daquele que ressuscitou Cristo de entre os mortos (Rm 8, 11). É neste mesmo contexto que Paulo começa por nos elucidar sobre a origem dos dons do Espírito (vv. 1-3). Não podem vir dos ídolos que arrastavam os Coríntios, antes da sua conversão a Cristo: fabricados pela criatura humana, não passam de figuras mudas (Sl 113, 12,15; Hab. 2,8), incapazes de transmitir a vida que só o Deus vivo e verdadeiro pode dar, o Deus que ressuscitou Jesus de entre os mortos (1 Ts, 1 9s). Por isso, só quem, em vez de amaldiçoar Jesus, o reconhece como Senhor, só esse passa a viver segundo o Espirito Santificador (Rm 1, 4). A própria entrega de fé deve-se à acção do Espírito Santo que actua no Evangelho e naqueles quer o proclamam (1 Ts 1, 5). E senos entregamos a Cristo nele anunciado, foi por Ele se ter entregue por nós. É o Espírito com que se entregou que nos conquista, nos transforma e passa a habitar em nós. E que faz Ele em cada um de nós, ou melhor, nos leva a fazer? Vivemos todos do mesmo espírito, mas a sua acção difere de pessoa para pessoa. Só que as diferenças que nos distinguem, não devem separa-nos. Antes, é da diversidade que se forma a unidade, que é tanto maior quanto mais todos nos deixamos guiar pelo Espírito que nos une e do modo como nos une. Por isso Paulo começa por insisti na unidade, que exprime de dois modos (vv. 4-6): 1. Pela identificação das manifestações do Espírito. Chama-lhes dons de graça (em grego kharismata) por se deverem à graça (em grego kharis) de Deus. É ela que dá às qualidades que já temos, ou a outras que desperta em nós, o que é próprio das acções divinas: uma gratuidade e uma emergia acima das capacidades humanas. A gratuidade manifesta-se nos serviços (em grego diakoníai). Também Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de todos (Mc 10, 45). A energia de quem serve leva à realização de operações (em grego energêmata) só possíveis a Deus. 2. É Deus o criador e garante da unidade dos diferentes dons. Repare-se como Paulo o exprime duplamente: pela inversão da ordem habitual das pessoas divinas, segundo o qual seria de esperar que a Deus fosse atribuída a graça e ao seu Espírito as operações; e pela solene afirmação conclusiva de que é Ele, nas sua plenitude e unidade trinitária, que opera tudo em todos, isto é, todos os dons e em todos os seus destinatários. A seguir fala da sua diversidade (vv. 7-11). Mas, nem aqui se pode perder de vista a unidade (v. 7): todos os dons, como manifestação do Espírito, têm nele a sua origem. Daí as suas características: são dados a cada um, ou seja, ninguém é excluído; porque dados e não ganhos, são para ser usados para proveito comum, para o bem da comunidade, na qual ninguém pode ficar de fora, no receber e no dar. A lista de dons mencionados (vv. 8-10) não é exaustiva, nem mesmo na comunidade de Corinto (12, 28-30). Os que são aqui mencionados, estão ordenados por três grupos: a palavra da sabedoria, recebida e saboreada, é completada pela da ciência transmitida; na , nas curas e nos milagres sobressai o carácter extraordinário; a profecia e o discernimento das manifestações do Espírito, a glossolalia e a sua interpretação seriam os dons, uns mais necessários, outros mais apreciados, entre os cristãos de Corinto. Por isso vêm no fim: para que fiquem certos de que quem os opera é o único e mesmo Espírito, distribuindo a cada um, conforme lhe apraz (v. 11). Será que também nós estamos certos disso?

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