TERCEIRA PARTE
PAULO FALA-NOS DA IGREJA DE DEUS
27
“A CADA UM É DADA A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO, PARA PROVEITO COMUM
Graças a Deus, há muitos cristãos com um profundo sentido de Igreja, conscientes de que só dela e para ela podem viver a sua fé. Participam nas suas actividades, não apenas porque precisam, mas também porque os outros precisam do seu contributo.
Porém, há também aqueles que procuram a Igreja por motivos consumistes, quase como se dela não fizessem parte. Mas serão eles os únicos culpados disso? Talvez ainda ninguém os tenha elucidado de que a verdadeira fé a que actua pela caridade (Gl 5, 6), a começar pelos membros da mesma família cristã. Ou, então, esta é dominada por pessoas que não promovem e até impedem a cooperação de todos . Comunidades monocórdicas e, como tais, em perigo de morrer.
Paulo alerta-nos para isso em I Cor 12-14, depois de saber que entre os cristãos de Corinto crescia a preferência por um dos dons do Espírito (12, 1), em detrimento de outros; a glossolalia, isto é, a capacidade de falar línguas estranhas, manifestada durante estados de êxtase em celebrações litúrgicas. O fenómeno era conhecido de outras correntes religiosas instaladas em Corinto, nomeadamente dos cultos mistéricos.
Antes de se ocupar mais directamente dele (13, 1ss), Paulo mostra-nos como a Igreja necessita de muitas outras intervenções do Espírito, cuja diversidade ainda hoje é difícil de conjugar. Daí a actualidade das suas palavras, a começar por 12, 1-11, onde nos elucida sobre a origem e o fundamento dessas intervenções.
1 Cor 12, 1-11
Mas, a respeito dos dons do Espírito, irmãos, não quero deixar-vos na ignorância. Sabeis como, quando éreis pagãos, vos deixáveis levar, arrastados para os Ídolos mudos. Por isso quero que saibais que ninguém fale sob a acção do Espirito de Deus, pode dizer: “Jesus seja anátema”; e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, senão sob a acção do Espirito Santo.
Há diversas distribuições de dons da graça, mas o Espírito é o mesmo; há diversas distribuições de serviços, mas o Senhor é o mesmo; há diversas distribuições de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito comum. A um é dada, pelo Espírito, uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espirito; a outro, a fé, no mesmo Espírito; a outro; o dom das curas, no único Espírito; a outro, a operação de milagres; a outro , a interpretação das línguas. Tudo isto, porém, o opera o único e mesmo Espirito, distribuindo a cada um conforme lhe apraz.
Em sentido próprio e original, Espírito é o ar que respiramos para podermos viver. Daí que, segundo Gn 2, 7, o ser humano, formado do pó da terra, só depois de Deus lhe ter insuflado pelas narinas o sopro da vida, se tornou num ser vivo. Vivemos verdadeiramente, na medida em que respiramos o Espirito de Deus. Será dele que o Messias prometido receberá os dons necessários para estabelecer um reino de justiça e paz (Is 11, 1-9). Foi esse Espírito que Cristo ressuscitado soprou sobre os discípulos, para os fazer portadores do perdão, obtido pela entrega da vida na cruz (Jo 20, 19-23). E é dele que nasce e vive a Igreja (Act 2, 1ss); do Espírito daquele que ressuscitou Cristo de entre os mortos (Rm 8, 11).
É neste mesmo contexto que Paulo começa por nos elucidar sobre a origem dos dons do Espírito (vv. 1-3). Não podem vir dos ídolos que arrastavam os Coríntios, antes da sua conversão a Cristo: fabricados pela criatura humana, não passam de figuras mudas (Sl 113, 12,15; Hab. 2,8), incapazes de transmitir a vida que só o Deus vivo e verdadeiro pode dar, o Deus que ressuscitou Jesus de entre os mortos (1 Ts, 1 9s). Por isso, só quem, em vez de amaldiçoar Jesus, o reconhece como Senhor, só esse passa a viver segundo o Espirito Santificador (Rm 1, 4). A própria entrega de fé deve-se à acção do Espírito Santo que actua no Evangelho e naqueles quer o proclamam (1 Ts 1, 5). E senos entregamos a Cristo nele anunciado, foi por Ele se ter entregue por nós. É o Espírito com que se entregou que nos conquista, nos transforma e passa a habitar em nós. E que faz Ele em cada um de nós, ou melhor, nos leva a fazer?
Vivemos todos do mesmo espírito, mas a sua acção difere de pessoa para pessoa. Só que as diferenças que nos distinguem, não devem separa-nos. Antes, é da diversidade que se forma a unidade, que é tanto maior quanto mais todos nos deixamos guiar pelo Espírito que nos une e do modo como nos une.
Por isso Paulo começa por insisti na unidade, que exprime de dois modos (vv. 4-6):
1. Pela identificação das manifestações do Espírito. Chama-lhes dons de graça (em grego kharismata) por se deverem à graça (em grego kharis) de Deus. É ela que dá às qualidades que já temos, ou a outras que desperta em nós, o que é próprio das acções divinas: uma gratuidade e uma emergia acima das capacidades humanas.
A gratuidade manifesta-se nos serviços (em grego diakoníai). Também Jesus não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de todos (Mc 10, 45). A energia de quem serve leva à realização de operações (em grego energêmata) só possíveis a Deus.
2. É Deus o criador e garante da unidade dos diferentes dons. Repare-se como Paulo o exprime duplamente: pela inversão da ordem habitual das pessoas divinas, segundo o qual seria de esperar que a Deus fosse atribuída a graça e ao seu Espírito as operações; e pela solene afirmação conclusiva de que é Ele, nas sua plenitude e unidade trinitária, que opera tudo em todos, isto é, todos os dons e em todos os seus destinatários.
A seguir fala da sua diversidade (vv. 7-11). Mas, nem aqui se pode perder de vista a unidade (v. 7): todos os dons, como manifestação do Espírito, têm nele a sua origem. Daí as suas características: são dados a cada um, ou seja, ninguém é excluído; porque dados e não ganhos, são para ser usados para proveito comum, para o bem da comunidade, na qual ninguém pode ficar de fora, no receber e no dar.
A lista de dons mencionados (vv. 8-10) não é exaustiva, nem mesmo na comunidade de Corinto (12, 28-30). Os que são aqui mencionados, estão ordenados por três grupos: a palavra da sabedoria, recebida e saboreada, é completada pela da ciência transmitida; na fé, nas curas e nos milagres sobressai o carácter extraordinário; a profecia e o discernimento das manifestações do Espírito, a glossolalia e a sua interpretação seriam os dons, uns mais necessários, outros mais apreciados, entre os cristãos de Corinto.
Por isso vêm no fim: para que fiquem certos de que quem os opera é o único e mesmo Espírito, distribuindo a cada um, conforme lhe apraz (v. 11). Será que também nós estamos certos disso?
CAROS AMIGOS. SÃO JANUÁRIO, TRÓFIMO, ELIAS, EUSTOQUIO, SENA, MARIANO, GOERICO, TEODORO, POMPOSA, LAMBERTO, CIRIACO, ARNOLFO, MARIA DE CERVELLÓ, AFONSO DE OROZCO, CARLOS HYON SON-MUN, MARIA GUILHERMINA EMILIA DE RODAT, JACINTO HOYEULOS GONZALEZ, FRANCISCA CUALLADÓ BAIXAULI, MARIA DE JESUS LA ILGLESIA Y DE VAVO, 985,157 VISUALIZAÇÕES. Obrigado. Porto 19 de setembro de 2024. ANTONIO FONSECA
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