Este texto está publicado in: www.paróquias,org e, porque o acho de sumo interesse para todos nós, católicos, optei por o transcrever para o meu blogue, para o dar o meu pequeno contributo a todos aqueles que porventura venham a consultar esta página
A IGREJA E OS SACRAMENTOS
15. Viver em Cristo: os sacramentos
"Eu estou convosco para sempre até ao fim do mundo": assim prometeu o Ressuscitado aos seus discípulos. No dia de Pentecostes, apercebem-se do modo como Jesus cumpre a sua promessa. Entusiasmados, descem a rua e proclamam: Que todos o saibam! Jesus de Nazaré, que foi suspenso numa cruz e morreu, é o Senhor, o Messias. Ressuscitou! Deus exaltou-O e deu-Lhe o lugar de honra à sua direita. E voltará na sua glória. Acreditai n'Ele e tende confiança no Evangelho que nós vos anunciamos.
Assim vai crescendo a comunidade dos fiéis em toda a parte onde o Evangelho é proclamado como Boa Nova. Constituem-se comunidades. Um novo povo de Deus: a Igreja de Jesus Cristo. Está unida ao seu Senhor como os membros ao corpo, como o ramo à videira. Ele age através dela e nela.
O Senhor destinou a sua Igreja para dar testemunho - através da sua presença em favor dos homens e do culto celebrado com eles - de que Deus é bom para com todos e quer oferecer-lhes a salvação. A Igreja, em si, é sinal do amor e da proximidade do Deus escondido. É o sacramento inaugural sobre o qual se fundam todos os sacramentos que ela oferece aos que proclamam e vivem a fé tal como a Igreja a transmite desde a época dos apóstolos.
A Igreja, em Cristo, é como que o sacramento ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano.
CONCÍLIO VATICANO II, LUMEN GENTIUM 1
15.1 Sete sacramentos
A Igreja celebra - como legado sagrado do seu Senhor - sete sacramentos. Estes são ordenados à vida e à fé de cada pessoa. Neles e através deles, Jesus oferece-Se aos homens. Por este dom gratuito, o homem pode estar seguro da sua fé e da sua esperança, do seu acto de amar e ser amado.
Administrar os sacramentos não é unicamente falar da pertença a Deus e da redenção. Os sacramentos são disso sinais efectivos e transmitem verdadeiramente essa pertença a Deus e essa redenção.
Sim, da sua plenitude todos nós recebemos, graça sobre graça.
EVANGELHO SEGUNDO SÃO JOÃO 1,16
Sacramentos: Sinais da salvação que Jesus instituiu na sua igreja. Penhor da sua existência na e com a Igreja. O Baptismo é o fundamento da nossa entrada na Igreja de Jesus Cristo no começo da vida. Pela Confirmação, os jovens são fortalecidos e santificados pelo dom do Espírito. A Eucaristia concede aos fiéis a participação na vida do seu Senhor e faz deles uma comunidade. O sacramento da Penitência oferece ao pecador reconciliação e perdão. O doente recebe da unção esperança e consolação. No sacramento da Ordem, confere-se aos diáconos, sacerdotes e bispos, um serviço particular na Igreja. No sacramento do Matrimónio, os esposos prometem mutuamente amor e fidelidade; a comunidade que eles formam é imagem da comunhão dos crentes instituída por Deus. Os sacramentos são os sinais visíveis da realidade invisível da salvação. Porque são dom de Deus realizam o que significam.
Sacramentais: "A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são, à imitação dos sacramentos, sinais sagrados que significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, e se obtêm pela oração da Igreja. Por meio deles dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e santificam as várias circunstâncias da vida" (Concílio Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 60). A Igreja institui os sacramentais para santificar certos ministérios, certas circunstâncias da vida cristã, assim como o uso de certos objectos. Para isso pronuncia-se uma oração, frequentemente acompanhada dum sinal particular (por exemplo: a imposição das mãos, o sinal da cruz, a aspersão de água benta. Dizemos "consagração" quando se trata de uma pessoa (por exemplo, a abadessa dum mosteiro) ou quando um objecto (altar, igreja, sino) é destinado exclusivamente ao uso litúrgico. Diz-se "bênção" quando os homens (crianças, viajantes, peregrinos) ou coisas (casas, alimentos, automóvel, animais) são confiados à protecção de Deus.
15.2 O Baptismo
A pregação de São Pedro em Jerusalém, no dia de Pentecostes, chega ao coração de muitos ouvintes. Perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: "Que devemos fazer?" E São Pedro responde: "Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do Pai o dom do Espírito Santo" (Act 2,37-38). Mas a nova comunidade de Deus, a Igreja, não cresce apenas entre os judeus.
Nos Actos dos Apóstolos (8,26-40), São Lucas narra a história de Filipe, um dos sete diáconos. Inspirado por Deus, vai pela estrada que conduz a Gaza, encontra um homem importante vindo da Etiópia, que regressa a casa depois de ter ido rezar ao templo de Jerusalém. Nesse momento lê a profecia de Isaías. Filipe ouve o que este estrangeiro lê e pergunta-lhe: "Compreendes o que estás a ler? - "E como poderei eu compreender, diz ele, se ninguém mo explica?" Filipe explica-lhe, então, como a palavra do profeta se realiza em Jesus Cristo: Ele quis reconciliar os homens com Deus, mas foi rejeitado. Aceitou o sofrimento; não Se defendeu contra a morte na cruz. Foi morto como um cordeiro levado ao sacrifício. Mas Deus ressuscitou-O. Ele está vivo e nós somos testemunhas. Ele é o Salvador e Redentor. Aquele que acredita que Jesus é o Messias, o Senhor, e se faz baptizar, torna-se um homem novo, um cristão.
Mais adiante chegam a um lugar onde havia uma fonte de água. O etíope pergunta: "Aqui há água. Que é que impede que eu seja baptizado?" Descem os dois à água e Filipe baptiza-o: "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Este homem foi o primeiro cristão de África.
- O Baptismo é o sacramento comum a todos os cristãos. A Igreja administra-o segundo a missão que o Senhor lhe confiou: "De todos os povos fazei discípulos, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo." (Mt 28,19).
- O Baptismo estabelece uma relação pessoal com Jesus. Significa também a inserção na comunidade dos fiéis, a Igreja. Realiza o perdão dos pecados e marca o início duma nova vida como irmão ou irmã de Jesus Cristo, filho ou filha de Deus. Os baptizados rezam: "Pai nosso que estais nos céus".
- O Baptismo é um começo, primícias de Deus que é preciso fazer frutificar ao longo de toda a vida: "Sepultados com Cristo no Baptismo, estais também ressuscitados com Ele, porque acreditastes na força de Deus que O ressuscitou dos mortos" (Cl 2,12).
Qualquer pessoa pode receber o Baptismo e pode administrá-lo - ainda que ela própria não esteja baptizada -, desde que o faça com a intenção da Igreja. O Baptismo é válido para sempre. Não é possível anulá-lo. Nenhum pecado suprime a aliança selada pelo Baptismo.
As pessoas que se fazem baptizarem idade adulta passam por uma fase de aprendizagem da fé. Incorporam-se na Igreja de forma orgânica. Quando os pais e padrinhos trazem uma criança junto à água do Baptismo, querem transmitir-lhe não apenas a vida mas também a fé, e prometem conduzir e acompanhar essa criança no caminho da fé. Durante a Vigília Pascal, os fiéis - adultos e crianças -renovam as promessas baptismais.
Durante a Vigília Pascal, a água baptismal é consagrada:
Olhai agora, Senhor, para a vossa Igreja
e dignai-Vos abrir para ela a fonte do Baptismo.
Receba esta água, pelo Espírito Santo,
a graça do vosso Filho Unigénito,
para que o homem, criado à vossa imagem,
no sacramento do Baptismo seja purificado das velhas impurezas
e ressuscite homem novo pela água e pelo Espírito Santo.
Baptismo: Significa "mergulhar na água", elemento da vida.
Quando uma pessoa não baptizada dá a sua vida por Jesus Cristo (martírio), recebe o "baptismo de sangue". Falamos também de "baptismo de desejo" quando os não baptizados que praticam o bem, se comprometem pelo próximo e deste modo - às vezes sem o saberem - seguem a Cristo.
Quanto às crianças que morrem sem Baptismo, acreditamos que a misericórdia de Deus as acolhe.
O Baptismo administra-se do seguinte modo: o celebrante derrama água três vezes sobre a cabeça do baptizando enquanto diz: "Eu te baptizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
15.3 A Confirmação
O sacramento da Confirmação é administrado nos nossos dias ainda um pouco como no tempo dos apóstolos. O bispo - ou o seu representante autorizado -estende as mãos sobre o confirmando e invoca para ele o dom do Espírito Santo. Depois impõe a cada um as mãos, chama-o pelo seu nome e diz: "Recebe por este sinal o dom do Espírito Santo." Ao mesmo tempo unge a fronte do confirmando com o santo crisma, marcando-o assim com o sinal do Espírito Santo, a fim de que se conheça a quem pertence, do mesmo modo como se conheciam os escravos com a marca do seu amo. Os confirmandos renovam as suas promessas baptismais e recitam a profissão de fé da Igreja.
Na Igreja ocidental, a Confirmação é administrada aos jovens como "sacramento da maturidade cristã", dado que, ao serem baptizados em crianças, foram os pais e padrinhos que pronunciaram a profissão de fé. Agora que começam a viver e a agir de forma independente, pronunciam eles próprios o seu "sim" à comunidade de fé que os integrou pelo Baptismo.
- Dizem sim a Cristo e proclamam a sua disponibilidade para com Ele, assim como a vontade de não negar a sua fé.
- Declaram o seu consentimento para se comprometerem em favor da Igreja e para ajudarem os seus irmãos e irmãs.
Tal como o Baptismo, a Confirmação imprime também à alma um carácter espiritual, um selo indelével; é por isso que não podemos receber este sacramento mais do que uma vez. O dom do Espírito Santo torna aquele que o recebe capaz de converter-se em "sal da terra e luz do mundo" (Mt 5,13-14), de testemunhar Jesus Cristo, através da sua vida e dos seus actos, de tal modo que todos pensem: é um cristão que fala e age como tal.
Cremos no Espírito Santo
que nos capacita
a viver sem violência,
a ir junto dos pobres,
a comprometer-nos com os fracos,
a servir a Deus.
Cremos no Espírito de Jesus Cristo
que nos impulsiona a viver como irmãos,
a mudar os nossos hábitos,
a reparar os prejuízos
e a criar a esperança até
que todos compreendam
que somos filhos e filhas de Deus.
Confirmação: "A Confirmação completa a graça baptismal; ela é o sacramento que dá o Espírito Santo, para nos enraizar mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais solidamente em Cristo, tornar mais firme o laço que nos prende à Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada de obras" (Catecismo da Igreja Católica 1316). Os adultos recebem a Confirmação juntamente com a Eucaristia. Quando o Baptismo é administrado habitualmente às crianças, a Confirmação é administrada na adolescência, como sinal de capacidade de assumir as suas próprias decisões. Na Igreja oriental, a Confirmação tem lugar não muito após o Baptismo, em ligação com .a comunhão.
15.4 A Eucaristia
O sacramento da Eucaristia é o centro e o coração de toda a liturgia da Igreja de Jesus Cristo. Pois é nela que se cumpre - dia após dia, em toda a terra - a missão confiada aos apóstolos por Jesus, na vigília da sua Paixão. Ele disse-lhes: "Fazei isto em memória de Mim". Por isso a nossa celebração está fundada no memorial da última Ceia de Jesus, tal como São Paulo relata no seu testemunho desta sagrada tradição.
- Com efeito, eu mesmo recebi do Senhor o que vos transmiti: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: "Isto é o meu corpo, que será entregue por vós; fazei isto em memória de Mim". Do mesmo modo, depois da Ceia, tomou também o cálice, dizendo: "Este cálice é a nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim".
PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS 11,23-25
A Igreja - cada paróquia - celebra a Eucaristia como comunidade de louvor e de acção de graças, como comunidade que participa na Santa Ceia e também como comunidade chamada a comprometer-se como sacrifício de Jesus Cristo. Deste modo, faz mais do que conservar unicamente a memória do que Deus fez por nós por meio de Jesus Cristo. Nesta celebração o próprio Cristo está verdadeiramente presente. E nós participando na Eucaristia assumimos a nossa condição cristã.
Partirmos o pão
uns para os outros,
partilharmos uns com os outros,
ouvirmo-nos uns aos outros,
aproximarmo-nos uns dos outros,
darmos as mãos,
abraçarmo-nos mutuamente:
fazermos o que Ele nos fez.
A Santa Missa consta de quatro partes:
1) Início da celebração, com a saudação mútua, a preparação penitencial, a litania do Kyrie, o Glória e a oração de abertura.
2) Durante a liturgia da palavra são lidos três extractos da Bíblia: o primeiro, do Antigo Testamento ou dos Actos dos Apóstolos; o segundo, de uma das epístolas (cartas) apostólicas; o terceiro, dos Evangelhos. O celebrante, mandatado pela Igreja, explica a palavra de Deus a fim de que cada um compreenda como se pode ser cristão, hoje. Ao Domingo e nas celebrações solenes, reza-se o Credo (profissão de fé). Na oração universal, a assembleia apresenta a Deus as necessidades da Igreja e do mundo.
3) Na liturgia eucarística, a assembleia celebra a Ceia do Senhor. Reúne-se à volta do altar. O sacerdote, actuando em nome de Cristo, diz então a oração eucarística. Esta começa pelo prefácio (grande oração de acção de graças) e acaba pelo "Amen" dos fiéis. Em nome de Jesus Cristo e investido de pleno poder no seu ministério, o sacerdote diz e faz o que Jesus disse e fez. Assim, consagra os dons que levamos ao altar, pão e vinho, no Corpo e no Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo: este é o mistério da nossa fé.
- O sacerdote, tomando o pão, diz:
"Tomai, todos, e comei:
isto é o meu Corpo
que será entregue por vós". - O sacerdote, tomando o cálice, diz:
"Tomai, todos, e bebei:
este é o cálice do meu Sangue,
o Sangue da nova e eterna aliança,
que será derramado por vós e por todos,
para remissão dos pecados.
Fazei isto em memória de Mim".
Os fiéis recitam a Oração do Senhor (Pai Nosso) e recebem o pão consagrado: o Corpo de Cristo. A comunhão aumenta a nossa união com o Senhor exaltado. Desde agora, participamos no seu sacrifício: na cruz, Jesus realizou para nós a reconciliação e o perdão dos pecados. Ele mesmo Se oferece e estabelece assim, no seu Sangue, a Nova Aliança. Quem vive nesta Aliança é chamado a viver para Deus e para o seu próximo como o Senhor, a dar-se como Ele.
4) A celebração eucarística termina com a bênção final e a despedida da assembleia.
Senhor Jesus Cristo,
Tu és o Pão que vivifica,
Tu és o Pão que nos faz irmãos,
Tu és o Pão que nos dá o Pai.
Tu és o Caminho que nós escolhemos,
Tu és o Caminho que conduz através do sofrimento,
Tu és o Caminho que conduz à alegria.
É digno e justo dar-Te graças, louvar-Te,
bendizer-Te e adorar-Te
em toda a terra.
São João Crisóstomo († 407)
Eucaristia: significa "Acção de Graças". Designa-se assim o conjunto da celebração. Mas aplica-se, também, por oposição à liturgia da palavra - à segunda parte da Missa com a oração eucarística. Chamamos igualmente Eucaristia, ao pão consagrado que recebemos na Missa e que adoramos a todo o momento. Quando queremos dizer que o sacrifício de Jesus se torna presente na celebração eucarística, falamos de "Santo Sacrifício". O nome de "Santa Missa" está ligado ao fim da celebração, o envio (missio) dos fiéis, a fim de que todos testemunhem Jesus Cristo, na vida quotidiana, onde quer que vivam.
Liturgia da palavra: Nome da primeira parte da celebração eucarística, mas também doutros actos do culto divino, ao longo dos quais é lido e comentado um texto da Sagrada Escritura.
Consagração: As palavras de Jesus "Isto é o meu Corpo, isto é o meu Sangue", não são simples metáfora ou comparação. Acreditamos que ao longo da celebração eucarística, o pão e o vinho - as nossas ofertas - são transformadas em Corpo e Sangue de nosso Senhor, sem contudo perder o seu aspecto visível. Acreditamos que no sacramento da Eucaristia estão "verdadeiramente contidos, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue, juntamente com a alma e a divindade de nosso Senhor Jesus Cristo" (Concílio de Trento, 1545-1563). É a este mistério da fé que nós fazemos referência quando falamos de "consagração".
Sacrifício: "O nosso Salvador instituiu na última Ceia, na noite em que foi entregue, o Sacrifício Eucarístico do seu Corpo e do seu Sangue, para perpetuar pelo decorrer dos séculos, até Ele voltar, o Sacrifício da Cruz, confiando à Igreja, sua esposa amada, o memorial da sua morte e ressurreição" (Concílio Vaticano li, Sacrosanctum Concilium 47).
15.5 Penitência e Reconciliação
No início de cada celebração eucarística, dizemos todos juntos: "Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos, que pequei muitas em pensamentos e palavras, actos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos Anjos e Santos, e a vós, irmãos, que rogueis, por mim a Deus, nosso Senhor."
Rezamos assim porque sabemos que somos humanos. Podemos fazer e pensar o mal. Podemos tornar-nos culpados diante de Deus, dos nossos irmãos, das criaturas que nos são confiadas. Rezamos assim, colocando a nossa confiança no Senhor Jesus Cristo, que diz de Si mesmo: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores" (Mt 9,13). Ele começa o seu ministério público pelo mandamento: "Arrependei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo" (Mt 4,17). Aos que se escandalizam por Ele andar com pecadores, responde: "Há mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." (Lc 15,7).
Nestas parábolas, Jesus fala de Deus que ama os homens como um pai ou uma mãe ama o filho ou a filha. O seu amor não se cansa. Mantém-se mesmo quando as pessoas seguem outro caminho, desprezando as palavras e os mandamentos divinos.
Jesus fala do Pai. Exorta o povo - cada um em particular - a converter-se e a voltar ao Pai, que é lento na cólera e pronto para o perdão. Investido de pleno poder pelo Pai, Jesus oferece aos pecadores reconciliação e perdão: uma nova vida. A sua Igreja, comunidade de irmãos e irmãs de Jesus, é o lugar onde o filho pródigo e a filha perdida, experimentam - quando se arrependem - os braços estendidos do Pai e a Sua alegria de ter reencontrado um irmão ou um filho, uma irmã ou uma filha.
É nesta missão da Igreja que o evangelista São João pensa quando conta que Jesus está entre os apóstolos na tarde de Páscoa, sopra sobre eles o Espírito Santo, e dá-lhes o poder de perdoar os pecados. Também São Mateus pensa neste ministério de reconciliação quando testemunha o que Jesus promete a São Pedro, a pedra fundamental da sua Igreja: "O que ligares na terra ficará ligado nos céus, e o que desligares na terra ficará desligado nos céus" (Mt 16,19).
A remissão dos pecados, que proclamamos no Credo, é possível a cada um de nós, de modo concreto no sacramento da penitência. Cada baptizado pode receber o sacramento da reconciliação por meio dum sacerdote que obteve da Igreja a autoridade para o fazer. Quem, depois do Baptismo, cometeu uma falta grave, deve reconciliar-se com Deus e com a assembleia dos fiéis, antes de poder comungar. Exige-se do pecador que ele reconheça a sua falta tendo a firme resolução de mudar de vida; confesse a sua falta estando disposto a reparar, na medida do possível, a injustiça cometida, e a aceitar a penitência que lhe é imposta pelo confessor.
Em caso de necessidade grave, quando a confissão pessoal dos pecados não é possível, o sacerdote pode dar a um grupo, o perdão e a reconciliação: trata-se da "absolvição geral". Mas cada um está obrigado a fazer, posteriormente e logo que possível, a confissão individual das suas culpas.
A absolvição:
Deus, Pai misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e infundiu o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz.
E eu, te absolvo dos teus pecados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.
Arrependimento: Significa afastar-se do mal e dispor-se decididamente a um novo começo. Quando falamos do sacramento da Penitência, insistimos em que o pecador tem a firme vontade de reparar a sua culpa. Falamos de confissão quando se trata da confissão individual dos pecados; costumamos dizer também sacramento da Reconciliação.
Perdão: "A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida da absolvição, continua a ser o único meio ordinário para a reconciliação com Deus e com a Igreja" (Catecismo da Igreja Católica 1497).
Pecado: "Os pecados devem ser julgados segundo a sua gravidade. Já perceptível na Escritura, a distinção entre pecado mortal e pecado venial, impôs-se na tradição da Igreja. A experiência dos homens corrobora-a" (Catecismo da Igreja Católica 1854). "Para que um pecado seja mortal, requerem-se, em simultâneo, três condições: 'É pecado mortal o que tem por objecto uma matéria grave, é cometido com plena consciência e de propósito deliberado' (Reconciliatio et poenitentia 17)" (Catecismo da Igreja Católica 1857).
"Comete-se um pecado venial quando, em matéria leve, não se observa a medida prescrita pela lei moral ou quando, em matéria grave, se desobedece à lei moral, mas sem pleno conhecimento ou sem total consentimento" (Catecismo da Igreja Católica 1862).
15.6 A Unção dos doentes
Quando as pessoas adoecem, a sua vida muda. Com frequência deixam de poder cuidar de si mesmas e dependem da ajuda de outros. Já não podem ir ao encontro dos outros, apenas podem esperar que outros venham ao seu encontro. Deixam de ser "rentáveis". Já não valem nada para a sociedade. Com frequência caem no isolamento, perdem a coragem e a esperança.
Jesus não evitou os doentes. Fez-lhes ver que Deus os ama. Curou muitos deles. Porque a sua Igreja não é somente uma comunidade de fé mas também de vida, cada um deve poder sentir que tem nela um irmão, uma irmã: visitar os doentes é uma obra de misericórdia.
- Desde o princípio, a Igreja tem uma solicitude muito particular para com os doentes: "Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o restabelecerá e, se tiver cometido pecados, estes lhe serão perdoados" (Tg 5,14-15).
Ainda hoje, o sacramento é administrado da mesma maneira. O sacerdote reza pelo doente e com o doente. Unge-lhe a fronte e as mãos com o óleo sagrado.
- Por esta santa unção e pela sua infinita misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo; para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos.
Depois da unção, o doente recebe a santa comunhão, o "viático" (pão para o caminho).
Quem confia a sua vida a Jesus, quem vive com Jesus, pode ter a certeza de que não será afastado desta comunhão, mesmo em caso de doença ou de perigo de morte. Os fiéis podem apoiar-se no seu Senhor. Ele sabe o que é o sofrimento. Podem pedir-Lhe ajuda. Podem unir o seu próprio sofrimento ao de Jesus - pela vida do mundo.
Porque nenhum de nós vive para si mesmo, e ninguém morre para si mesmo. Se vivemos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos. Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor.
EPÍSTOLA AOS ROMANOS 14,7-8
O sacramento da Unção dos doentes pode ser administrado no hospital ou numa igreja, e várias pessoas podem recebê-lo ao mesmo tempo. Se a doença perdura ou piora, o doente pode receber o sacramento várias vezes.
15.7 O sacramento da Ordem
A Igreja de Jesus Cristo é uma comunidade de louvor e de acção de graças, de vida e de partilha. A comunidade dos que estão reconciliados com Deus pelo seu Senhor Jesus Cristo. Toda a pessoa baptizada e confirmada participa do sacerdócio de Jesus Cristo. Por isso falamos de "sacerdócio comum" dos crentes. Isto significa que cada um, segundo a sua própria vocação, participa na missão de Jesus Cristo. Cada cristão e cada cristã é testemunha de Jesus Cristo.
- A primeira epístola de São Pedro (2,9) recorda a uma comunidade perseguida a sua dignidade:
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus, para proclamar as obras maravilhosas d'Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz admirável".
A Igreja, povo de Deus no mundo, vive entre as nações. Como comunidade de fiéis, tem necessidade de mensageiros, pessoas chamadas por vocação, que em nome de Cristo e com o seu amor, mantenham a unidade e velem pela fidelidade comum à fé.
O ministério eclesial sacramental tem três níveis: os bispos, os presbíteros e os diáconos. Todos participam no sacerdócio de Jesus Cristo: o seu ministério funda-se n'Ele; são representantes da Igreja.
São escolhidos dentre a comunidade dos santos e destinados a servir esta comunidade. Por isso, são ordenados para o seu ministério.
- O bispo dirige um distrito eclesiástico chamado "diocese". Na diocese, o bispo é responsável pela proclamação do Evangelho, do culto divino e da solicitude para com os pobres. Como sucessores dos apóstolos, os bispos decidem a quem vão confiar um ministério na Igreja; ordenam diáconos e presbíteros. O primeiro dentre eles é o bispo de Roma, o Papa. Ele é o sucessor de São Pedro, ao qual o Ressuscitado confiou o seu rebanho (Jo 21,15-17).
Assim como São Pedro - ao qual o Senhor concedeu o primado dos apóstolos -permaneceu unido aos outros apóstolos, também o Papa - sucessor de São Pedro - e os bispos - sucessores dos apóstolos - permanecem unidos entre si. Como vigário de Cristo e pastor de toda a Igreja, o Papa é o garante e o fundamento da unidade da Igreja. A comunidade dos bispos não pode exercer a sua autoridade senão em comunhão com o Papa, bispo de Roma. Os bispos que fazem parte do círculo restrito de conselheiros do Papa são designados "cardeais"; são nomeados pelo Papa, tal como os bispos. Estes recebem a ordenação e a autoridade através da unção, da oração e da imposição das mãos efectuadas por outros bispos.
Quando há que resolver conflitos que afectam a Igreja no seu conjunto, o Papa convoca todos os bispos numa assembleia geral. Esta assembleia geral de todos os bispos - ao longo da história da Igreja foram 21 - designa-se por "concílio". As suas decisões são válidas em toda a Igreja. O último concílio teve lugar no Vaticano, de 1962 a 1965. Chama-se "Concílio Vaticano li".
- Os presbíteros (chamados vulgarmente sacerdotes ou padres) são ordenados pelo bispo. Investidos do pleno poder de Jesus, guardam e dirigem a comunidade cristã. Proclamam e explicam o Evangelho, presidem à celebração da Eucaristia e administram os sacramentos. No rito da ordenação, o bispo unge-os e impõe-lhes as mãos, antes que o façam todos os outros presbíteros presentes na cerimónia. Os presbíteros recém ordenados prometem, solenemente, obediência ao seu bispo.
- Os diáconos, auxiliares dos bispos e dos presbíteros, são também ordenados pelo bispo e destinados ao serviço da diocese e da paróquia.
Os três ministérios fundamentais da Igreja (o ministério do bispo, do presbítero e do diácono) têm uma longa história que remonta à época dos apóstolos. Jesus escolheu doze homens dentre todos os seus discípulos e destinou-os a serem testemunhas. Ele próprio os envia a proclamar o Evangelho, a realizar sinais que tornem visíveis a proximidade do Reino de Deus, a baptizar e a reunir o novo povo de Deus dentre todas as nações da terra. Depois do Pentecostes, inspirados pelo Espírito Santo, ensinam primeiro em Jerusalém, depois nas proximidades e, por fim, em todos os países até aos confins da terra. Baptizam todos os que abraçam a fé, impondo-lhes as mãos a fim de receberem o Espírito Santo e fundam comunidades. Constituem "Anciãos" à frente dessas comunidades, transmitindo-lhes o seu ministério pela oração e imposição das mãos. Deste modo estes homens ficam dedicados ao serviço de Deus.
Como surgissem conflitos na comunidade de Jerusalém por causa de um grupo, as viúvas de judeo-cristãos de língua grega, que se sentiam pouco atendidas, os apóstolos decidiram instituir auxiliares para esse serviço. São Lucas conta, no capítulo 6 dos Actos dos Apóstolos, como os apóstolos escolheram sete diáconos aos quais impuseram as mãos.
Os homens a quem é confiado um ministério na Igreja são submetidos a critérios particulares. Não são a erudição nem a origem que contam. Só conta a fé em Deus, a ligação a Jesus Cristo e o amor pelos homens, em particular pelos pobres. Só aquele que faz sua a palavra de Jesus: "Aquele que quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro entre vós, que seja escravo de todos" (Mc 10,43-44), só esse pode converter-se no intermediário que torna sensível, de modo humano o amor de Deus.
Rezamos assim:
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa Igreja,
dispersa por toda a terra,
e tornai-a perfeita na caridade em comunhão com o Papa N., o nosso Bispo N.
e todos aqueles que estão ao serviço do vosso povo.
EXTRACTO DA ORAÇÃO EUCARÍSTICA II
Bispo: (em grego: epískopos = "vigilante"). Em união com o Papa, os bispos guardam e dirigem a Igreja e velam por que o Evangelho de Jesus Cristo seja proclamado na sua plenitude. O episcopado - tal como o presbiterado - é reservado a homens celibatários (=não casados).
Presbítero: (em grego: presbyteros = "ancião"). A Igreja católica e a igreja ortodoxa crêem que só a ordenação de homens corresponde à vontade de Cristo. Na Igreja latina, os padres são submetidos ao celibato. "Pela virtude do sacramento da Ordem... [os padres] são consagrados para pregar o Evangelho para serem os pastores dos fiéis e para celebrar o culto divino..." (Concílio Vaticano li, Lumen Gentium 28).
Diácono: (em grego: diákonos = "servidor"). Os diáconos podem ser homens casados. Não têm poder para celebrar a Eucaristia, nem para perdoar os pecados pelo sacramento da Penitência. Servem os pobres e são os auxiliares do bispo e do padre, nomeadamente na celebração dos divinos mistérios.
15.8 O Matrimónio
Cada criança nasce no seio duma família. O rosto do pai e da mãe representam o que a criança vê em primeiro lugar. No sorriso dos pais, a criança descobre os primeiros traços de humanidade. É pela mão dos pais que ela aprende a andar. Deles aprende a confiar no amor. Um ser humano que é privado desta experiência no início da sua vida, terá dificuldade em confiar nos outros, a acreditar que, no amor, é possível dar e receber.
É amando que o homem se torna plenamente o que ele é. Pois Deus - que é amor - criou-o à sua imagem: homem e mulher (Gn 1,27). Quando um homem e uma mulher se encontram, se amam, já não querem viver um sem o outro; então, prometem fidelidade para toda a vida. Ambos administram mutuamente o sacramento do Matrimónio. E porque não se trata somente do amor destas duas pessoas, mas também do amor de Deus, fazem esta promessa em público, diante do padre que representa a Igreja e das testemunhas. A sua união é selada por um dom mútuo entre ambos: tornam-se "um só corpo e uma só alma" encontrando assim a sua plenitude e a felicidade. Do seu amor pode nascer uma nova vida: o homem e a mulher tornam-se pai e mãe. A sua vida dilata-se. Cada criança é um dom de Deus, mas também uma responsabilidade. Por isso é bom que os esposos projectem a sua vida diante de Deus e da sua consciência.
O Matrimónio é uma aliança para toda a vida. Jesus disse: "O que Deus uniu não o separe o homem." (Mc 10,9). Para muitos esta palavra é dura, pois não há garantia de êxito numa relação: as pessoas podem enganar-se, o amor pode acabar perante a doença ou em situações de sofrimento. Pode acontecer que duas pessoas que se amavam, não se compreendam mais. Já não são capazes de dialogar entre si, tornam-se estranhas uma para a outra. Há casamentos que fracassam.
Mas os cristãos devem confiar que, mesmo neste caso, não os abandona o amor de Deus nem da Igreja de Cristo.
O compromisso matrimonial:
Eu te recebo por minha esposa (meu esposo)
e prometo ser-te fiel,
amar-te e respeitar-te,
na alegria e na tristeza,
na saúde e na doença,
todos os dias da nossa vida.
O sacramento do Matrimónio: "A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade, são essenciais ao Matrimónio. A poligamia é incompatível com a unidade do Matrimónio; o divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da fecundidade desvia a vida conjugal do seu 'dom mais excelente', o filho (Gaudium et Spes 50,1)" (Catecismo da Igreja Católica 1964).
Com o acima digo, considero este texto digno de ser levado ao conhecimento de todos os católicos,
e, assim, embora não hajam possivelmente tantas pessoas a verem este blogue como eu desejaria, ´
resolvi fazer esta transcrição, pedindo a devida autorização àquele site, que agradeço desde já.
António Fonseca
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