sexta-feira, 23 de outubro de 2009

JOÃO DE CAPISTRANO, SANTO (e outros) - 23 de Outubro

Juan de Capistrano, Santo
Religioso pregador, 23 Outubro

Juan de Capistrano, Santo

Juan de Capistrano, Santo

Religioso pregador
Outubro 23

Etimologicamente significa “Deus é misericórdia”. Vem da língua hebraica.
Nasceu em Capistrano, diocese de Sulmona, Itália, em 1385.
Filho de um cavaleiro francês ou alemão que morreu quando Juan era jovem.
Estudou com esmero na Universidade de Perúgia (Perto de Assis).
Foi advogado e juiz. Em 1412 foi nomeado governador de Perúgia por Landislaus rei de Nápoles, quem tinha controle dessa cidade. Lutou contra a corrupção e o suborno.
Quando estalou a guerra entre Perúgia e Malatesta em 1416, Juan tratou de conseguir a paz, mas em vez disso o tomaram prisioneiro de guerra. Na cadeia decidiu entregar-se de todo a Deus. Teve um sonho em que viu a São Francisco que o chamava a entrar na ordem franciscana. Juan se havia casado justamente antes de cair preso, mas o matrimónio nunca se consumou e foi anulado.
Entrou na ordem franciscana em Perúgia em 4 Outubro de 1416. Tinha 30 anos pelo que o mestre de noviços o pôs à prova dando-lhe os mis humildes ofícios.
Foi discípulo de são Bernardino de Siena que lhe ensinou teologia. Se distinguiu como pregador sendo ainda diácono. Ordenado aos 33 anos. Por 40 anos foi pregador itinerante por Itália e outros países. Uma vez em Brescia (Itália) pregou a uma multidão de 126 000 pessoas que tinham vindo das províncias vizinhas. Por sua radical chamada à conversão e sua simplicidade, a gente o relacionava com São João Baptista. Traziam as coisas de superstição e ocultismo e as queimavam em fogueiras públicas. Tinha grande fama por seu dom de cura e lhe traziam os enfermos para que lhes faça o sinal da cruz. Como São Bernardino, propagou a devoção ao nome de Jesus, por ambos, juntamente com outros franciscanos, foram acusados de hereges. Ele defendeu o grupo com êxito.
Muitos jovens o seguiam na vida religiosa. Estabeleceu comunidades franciscanas. Escreveu extensivamente, sobretudo contra as heresias de sua época. Muitos de seus sermões se conservam.
Dormia e comia pouco. Fazia muita penitência.
Duas vezes a comunidade franciscana o elegeu como vigário geral. Em visita a França conheceu a Santa Colette, reformadora da ordem das clarissas, com quem simpatizava.
Juan tinha grande dom para a diplomacia. Era sábio e prudente, sabendo medir suas palavras para que estas servissem a vontade de Deus. Quatro Pontífices (Martinho V, Eugénio IV, Nicolau V e Calixto III) o empregaram como embaixador em  muitas e mui delicadas missões diplomáticas con muito bons resultados. Três vezes lhe ofereceram nomeá-lo bispo de importantes cidades mas preferiu seguir sendo um pobre pregador.
Foi núncio apostólico na Áustria onde pregou extensivamente e combateu a heresia dos husitas. Também pregou com grande fruto na Polónia, convidado por Casimiro IV.
Os cruzados defendem Europa
Em 1451 o Sultão Mahoma II lançou uma campanha com o fim de lograr a conquista de Europa. Conquistou Constantinopla em 1453 e então se preparou para invadir a Hungria. Em 1454 Sérvia caiu em suas mãos. As notícias procedentes de Sérvia eram horríveis: quem resistia a renunciar a Cristo era torturado. Todo o que fosse cristão era destruído ou confiscado.
Em 1454 Juan Capistrano participou na dieta de Frankfurt e se dispôs a preparar a defesa de Hungria. Foi a Hungria e pregou uma cruzada em defesa da cristandade. Com a idade de 70 anos o Papa Calixto II o indicou para a dirigir. Em Szeged uniu o exército de camponeses que havia reunido com o exército de Hunyady e ambos se dirigiram a Belgrado. Se dizia que os quartéis pareciam casas de religiosos mais que acampamentos militares porque neles se rezava e se pregava a virtude. Se celebrava missa diária. A Juan Capistrano tinham um grande respeito.
Batalha de Belgrado, 1456, salva a Europa dos muçulmanos.
Os muçulmanos atacavam a Belgrado. Contavam con 200 canhões, 50 000 de cavalaria e uma grande frota que penetrou pelo rio Danúbio. Ante a superioridade das forças inimigas, os cristãos pensavam em se retirar. Mas interveio Juan de Capistrano convencendo Hunyady a que atacasse a frota turca apesar de ser muito mais numerosa. No momento em que os defensores da cidade se iam a retirar dando-se por vencidos, Juan os animou levando em seus mãos uma bandeira com a cruz e gritando sem cessar: "Jesus, Jesus, Jesus". Recorreu todos os batalhões gritando entusiasmado: "Crentes valentes, todos a defender nossa santa religião". Juan nunca utilizou as armas deste mundo senão a oração, a penitência e a pregação.
Enquanto se lutava em Belgrado, o Papa pediu a rezar o Angelus pela vitória. Os muçulmanos foram vencidos e tiveram que se retirar da região. Assim se ganhou a batalha de Belgrado em 21-22 de Julho de 1456.
São Juan de Capistrano havia oferecido a Deus sua vida por salvar a cristandade. Deus aceitou sua oferta e de pronto morreu juntamente com Hunyady vítimas do tifo. Os cadáveres dos mortos na batalha causaram uma epidemia de tifo que também contagiou ao santo que já estava débil e ancião. Morreu em Villach, Hungria, uns meses mais tarde, em 23 de Outubro. 
Nos Estados Unidos seu nome é famoso pela missão franciscana na Califórnia que leva seu nome.
Beatificado:
19 Dezembro 1650 por Inocêncio X
Canonizado
: 16 Outubro 1690 por Alejandro VIII

Servando e Germán, Santos
Biografia, 23 de Outubro

Servando y Germán Santos

Servando e Germán, Santos

Outubro 23

Etimologicamente significa “o que guarda e lanceiro, guerreiro”. Vêm da língua latina e alemã.
Disse Miqueas: “¿Quem como tu, Senhor, que tire a culpa? Te compadecerás uma vez mais de nós e nos perdoarás”.
Se pode dizer que há santos com sorte. Em tempos difíceis logrou nada menos que sobreviver às perseguições dos imperadores romanos.
Desde Cádiz até Mérida era sumamente conhecido Servando juntamente com são Germán.
Mas nem tudo iam a ser alegrias e venturas para este santo e seu companheiro.
Sua fama, seus milagres e sua santidade chegaram até aos ouvidos do lugar-tenente de Diocleciano, o mais feroz perseguidor dos cristãos.
Ia de caminho a Tânger. Mandou, uma vez que se inteirou da notícia, que os apanhassem prisioneiros em Mérida.
E efectivamente, orgulhoso de sua pesquisa, os atou à sua cavalgadura e, passando tormentos, fome e sede.
Os havia feito prisioneiros na volta de Tânger.
Mas como eram tão valentes, antes inclusive de que chegaram a Mérida, ordenou que lhes cortaram a cabeça cerca de Osuna e Cádiz respectivamente.
Os cristãos, quando puderam, com grande veneração, respeito e oração, trasladaram seus corpos a Mérida o de Germán e a Sevilha el de são Servando.
Era o ano 305.
¡Felicidades a quem leve algum destes nomes!

Alúcio, Santo
Padroeiro de Pescia, 23 Outubro

Alucio, Santo

Alúcio, Santo

Santo Alúcio, padroeiro de Pescia de Toscana, era pastor.
Devido ao grande interesse que tomou pelo hospital de Val di Nievole, foi nomeado director dele e se o considera como seu segundo fundador.
Mais tarde, Alúcio se dedicou a fundar albergues nos portos e passagens perigosas das montanhas e a outras obras de beneficência pública, tais como a construção de uma ponte sobre o Arno.
Os jovens que formou para o serviço nos hospitais, receberam o nome de irmãos de Santo Alúcio.
Se contam muitos milagres do santo e a ele se atribui a reconciliação entre as cidades inimigas de Ravena e Faenza. Em 1182, quarenta e oito anos depois da morte de Santo Alúcio, suas relíquias foram trasladadas para o hospital de Val di Nievole, que recebeu seu nome.
O culto do santo foi confirmado por Pío IX, que concedeu uma missa própria para o dia de sua festa.

Arnoldo Rèche, Beato
Irmão Cristão de La Salle, 23 Outubro

Arnoldo Rèche, Beato

Arnoldo Rèche, Beato

Julio Nicolás Rèche nasce num família pobre de Landroff em Lorraine.
Abandona cedo a escola para trabalhar como moço de cavalariças, cocheiro e finalmente carreteiro ao serviço de uma empresa de construção.
Sendo jovem, é conhecido por seus companheiros de trabalho por sua piedade e sua autodisciplina. Conhece aos Irmãos Cristãos de La Salle por primeira vez quando segue aulas nocturnas e pede para ingressar na congregação tomando por nome Arnoldo.
Ensina durante quatro anos num pensionato da rua de Veneza em Reims. Apesar das exigências de um tempo completo dedicado ao ensino, logra estudar e chega a ser competente em teologia, matemáticas, ciências e agricultura que ensina a pequenos grupos de alunos mais adiantados.
Durante a guerra Franco-Prussiana de 1870, trabalha com outros Irmãos como enfermeiro, para dar resposta às necessidades médicas e espirituais dos feridos dos dois lados. Por isso é condecorado com a cruz de bronze.
A intensidade de sua vida de oração e seu amor pelas práticas de penitência decidem os superiores nomeá-lo Director do Noviciado de Thillois. Conquista o coração daqueles de quem está encarregado por sua atenção evidente a seu desenvolvimento espiritual e profissional.
Se fala de pequenos milagres de cura, assim como de sua surpreendente capacidade para discernir os pensamentos secretos. O Irmão Arnoldo é conhecido por sua devoção à Paixão do Salvador e sua docilidade ao Espírito Santo, que, como a miúdo o faz observar "fortifica o coração dos homens". Quando el Noviciado se muda para um novo centro em Courlancy perto de Reims em 1885, o Irmão Arnoldo contribui a fazê-lo dedicar ao Sagrado Coração. Falece com a idade de 52 anos, com fama de santidade, somente uns meses depois de haver sido nomeado Director do Sagrado Coração.


Nascido em Landroff, França, em 2 de Setembro de 1838
Entrado no Noviciado, em 23 de Dezembro de 1862
Falecido em Reims, França, em 23 de Outubro de 1890
Beatificado em 1 de Novembro de 1987.

Juan Ángel Porro, Beato
Religioso Servita, 23 Outubro

Juan Ángel Porro, Beato

Juan Ángel Porro, Beato

Juan Ángel Porro nasceu no ducado de Milão o ano 1451.
Ingressou na Ordem dos Servos de Maria e viveu primeiro no convento milanês de Santa Maria; mais tarde, foi trasladado para Florença.
Se retirou para Monte Senario, permanecendo ali quase vinte anos, para se dedicar por completo à penitência e à contemplação.
Finalmente regressou a Milão, onde se ocupou de maneira especial da cristã educação das crianças.
Morreu em 23 de Outubro de 1505.
O papa Clemente XII o proclamou Beato em 1737.

Juan Buono, Beato
Religioso, 23 Outubro

Juan Buono, Beato

Juan Buono, Beato

Nasce em Mântua em 1168.
Não obstante seu apelido, que é uma abreviação de Buonomini, Juan não se distinguiu por sua piedade na juventude.
Quando morreu seu pai, tendo Juan apenas 16 anos, partiu de Mântua e começou a ganhar a vida como actor nas cortes e palácios de Itália.
Não obstante as orações de sua devota mãe, Juan levava uma vida licenciosa e um pouco louca. Em 1208, quando tinha cerca de quarenta anos, uma perigosa enfermidade o pôs às portas da morte. Interpretou aquilo como um sinal do céu e mudou de vida enquanto recobrou a saúde, como o havia prometido.
Tais promessas são fáceis de fazer, mas menos fáceis de guardar. Juan abriu seu coração ao bispo de Mântua, que o aconselhou a vida eremítica. Numa paragem das cercanias de Cesena o beato se dedicou a dominar seu corpo na solidão e a adquirir os hábitos da devoção e da virtude.
Cedo adquiriu grande fama de santidade e se lhe reuniram alguns discípulos. Durante algum tempo, o Beato Juan os dirigiu segundo a inspiração de momento. Mais tarde, construíram uma igreja e a comunidade tomou uma forma mais definida. Inocêncio IV lhes impôs a regra de Santo Agostinho ao aprovar a congregação.
O Beato Juan recebeu numerosas ilustrações sobrenaturais na oração e obrou muitos milagres extraordinários.
Nem sequer em sa velhice afrouxou na mortificação: observava três quaresmas cada ano, no mais cru do inverno se vestia com telas muito ligeiras, em sua cela havia três leitos, dos quais um era mau, outro pior e o terceiro péssimo.
O demónio seguiu tentando-o violentamente até ao fim de sua vida. Por outro lado, não faltou quem o caluniasse, mas a vida que levava o beato desmentia todas as acusações. O número de penitentes e pessoas que acudiam a visitar aumentou de tal modo, que Juan decidiu fugir secretamente. Depois de haver caminhado toda a noite, se encontrou novamente, ao amanhecer, ante a porta de sua cela, no qual viu uma manifestação de que a vontade de Deus era que permanecesse ali.
Morreu em Mântua em 1249. Deus honrou seu sepulcro com numerosos milagres. A Congregação que havia fundado não conservou muito tempo a independência. Os "Boniti", como os chamava o povo, chegaram a ter onze conventos aos poucos anos da morte de seu fundador; mas em 1256 o Papa Alejandro IV os fundiu com outras congregações na ordem dos ermitãos de Santo Agostinho. Os frades agostinhos e os agostinhos da Assunção celebram a festa do Beato Juan Buoni, cujo nome foi incluído no Martirológio Romano em 1672.

Leonardo Olivera Buera, Beato
Mártir, 23 Outubro

Leonardo Olivera Buera, Beato

Leonardo Olivera Buera, Beato

Eis em poucas palavras a vida de um homem que viveu sempre ao serviço dos outros. Sacerdote exemplar, dedicado integralmente a seu ministério, passou por esta vida fazendo o bem e isto o atesta um de seus beneficiários, eu, filho de uma sua irmã, que ao ficar órfão de pai, nos acolheu em su casa a minha mãe e a mim. Aos quatro anos faleceu minha mãe, em pouco tempo minha avó materna que vivia connosco e fiquei sozinho com ele.
Dez anos vivi em sua companhia sendo testemunha de sua grandeza de alma, de sua bondade para com todos, de sua vida austera e de seu trabalho intenso, de seu labor calado como apóstolo do Evangelho.
Se levantava todavia de noite para rezar suas orações diárias, logo permanecia em seu escritório até à hora da Santa Missa e das Confissões. Pela tarde permanecia assiduamente recebendo visitas de alunos, ex-alunos, irmãos da comunidade, sendo raro o dia que não terminasse seu trabalho às 10 ou 11 da noite.
Minha máxima ilusão consistia em poder sair a passear com ele pelo passeio da Bonanova nos dias de festa e dialogar com ele. Certa tarde me disse num destes passeios (eu teria aproximadamente nove anos): "Olha Joaquim... ¿Sabes qual seria a minha máxima ilusão nesta vida? , pois seria a de dá-la por Jesus Cristo, sendo mártir, dando a vida por Ele".
Aquelas palavras ficaram gravadas em meu coração e foram como uma premonição do que ocorreria ano e pico mais tarde.
Na tarde de 23 de Outubro de 1936, chegam a casa de sua irmã Aurélia em Valência (onde nos havíamos refugiado meu tio eu), três homens con fuzil. Perguntam por ele e se manifesta sacerdote de Jesus Cristo elevando seus olhos ao céu. Levaram-no e entre mofas e insultos foi assassinado a tiros a caminho de Saler. Seu corpo e seu rosto ficam crivados de balas, mas sua alma Santa sobe ao céu para ocupar um posto junto a Jesus Cristo a que tanto havia amado em vida.
Foi beatificado em Roma e se eu como testemunha de sua vida, tivesse novamente de manifestar quem foi ele; diria que foi uma alma que passou por este mundo fazendo o bem, vivendo humildemente, sendo o pão de lágrimas de toda a família e de quantos necessitaram de seu conselho.
No fim, foi um sacerdote católico que viveu para o Evangelho e para ser testemunha de Jesus Cristo aqui na terra.
Estou convencido que desde o céu intercederá por nós e que se cumprirá o que um dia disse Tertuliano: "O sangue dos mártires é semente de novos cristãos".
O beato Leonardo Olivera é um dos mártires da Igreja em Espanha.

Para ver mais sobre os 233 mártires em Espanha faz "click" AQUI.

Ver também texto do blogue Comunidade de São Paulo do Viso publicado em 17-10-2009

Severino Boécio, Santo
Mártir, 23 Outubro

Severino Boecio, Santo

Severino Boécio, Santo

Anício Manlio Severino Boécio, nasceu no ano 480. Pertencia a uma das mais ilustres famílias romanas, a "gens Anicia", da que também descendia provavelmente o Papa São Gregório Magno.

Severino, que perdeu muito jovem a seus pais, ficou ao cuidado de Aurélio Símaco, de quem chegou a ser íntimo amigo e com cuja filha, Rusticiana, contraiu matrimónio. A isto se reduz quanto sabemos acerca de sua juventude. Devia ser sem dúvida muito estudioso, pois antes de cumprir trinta anos era já famoso por sua erudição. Severino Boécio empreendeu a tradução para latim de todas as obras de Platão e Aristóteles, cuja harmonia fundamental queria demonstrar. Desgraçadamente, não conseguiu terminar esta tarefa; sem embargo, Casiodoro observa que, graças a suas traduções, os italianos conheceram não só a Platão e Aristóteles, mas também "ao músico Pitágoras, ao astrónomo Ptolomeu, ao matemático Nicómaco, ao geómetra Euclides... e ao físico Arquimedes." Ele nos dá uma ideia da multiplicidade dos talentos e interesses de Boecio, que além disso fez apontamentos pessoais em matéria de lógica, matemáticas, geometria e música. Por outro lado, não carecia de talento prático, já que Casiodoro lhe pede numa carta que construa um relógio de água e um relógio de sol para o rei de Borgonha. Boécio era também teólogo (não esqueçamos que a família dos Anícios era cristã desde a época de Constantino) e se conservam vários tratados seus em particular um sobre a Santíssima Trindade. As obras de Boécio exerceram grande influência na Idade Média, sobretudo no desenvolvimento da lógica. Não em vão se lhe chamou "o último dos filósofos romanos e o primeiro dos teólogos escolásticos". Suas traduções foram durante muito tempo a base de estudo da filosofia grega no ocidente.
Boécio nasceu pouco depois de que Rómulo "Augústulo", o último dos imperadores romanos de ocidente, entregou o poder ao bárbaro Odoacro. Quando este foi assassinado e o patrício Teodorico assumiu o poder em Itália, Boécio tinha uns treze anos. O pai de Boécio havia aceite o novo estado de coisas, e Odoacro lhe havia confiado um cargo de importância. Boécio seguiu o exemplo e entrou na vida pública, não obstante seu amor pela escolástica. O próprio explica que o moveu a isso a doutrina de Platão, segundo a qual "as nações seriam felizes se os filósofos as governassem, ou se tivessem a sorte de que seus governantes se convertessem em filósofos". Teodorico o nomeou cônsul no ano 510. Doze anos mais tarde, Boécio chegou ao que ele qualificou de "momento mais brilhante de sua vida", pois seus dois filhos foram nomeados cônsules e ele pronunciou ante eles um discurso de louvor a Teodorico. Pouco depois o rei o nomeou "mestre de ofícios", que era um dos cargos mais importantes e de maior responsabilidade. Mas sua queda estava muito próxima. 
O ancião Teodorico entrou em suspeitas de que certos membros do senado romano estavam conspirando em Constantinopla com o imperador Justiniano para tirar os ostrogodos de Itália. O ex-cônsul Albino foi acusado de participar na conspiração e Boécio subiu à tribuna a defendê-lo. Não sabemos concerteza se tal conspiração existiu ou não; em todo o caso, parece certo que Boécio não tomou parte nela. Sem embargo, foi encarcerado na prisão de Ticinum (Pavía). Era acusado não só de traição, mas também de sacrilégio, quer dizer, de haver empregado as matemáticas e a astronomia para fins ímpios. Os juízes falaram contra ele e Boécio pronunciou um discurso amargo de despeito contra o senado, já que só Símaco, seu sogro, havia saído a defendê-lo.
Durante os nove meses que passou preso, Boécio escreveu a "Consolação da Filosofia", que é a mais famosa de suas obras. Se trata de um diálogo interrompido por vários poemas, entre o autor e a filosofia. Esta consola a Boécio ao mostrar-lhe a vaidade dos efémeros êxitos terrenos e o valor eterno das ideias: a desgraça não afecta a quem sabe apreciar a divina sabedoria, o governo do universo é justo e equitativo apesar das aparências. O autor não fala da fé cristã, mas trata numerosos problemas de metafísica e ética, A "Consolação da Filosofia" chegou a ser uma das obras mais populares na Idade Média, não só entre os filósofos e teólogos. Foi um dos livros que traduziu para inglês o rei Alfredo o Grande. 
A prisão de Boécio terminou com o assassinato. Segundo se disse, foi brutalmente torturado. Foi sepultado na antiga catedral de Ticinum. Suas relíquias se encontram actualmente na igreja de São Pedro em Ciel d´Oro, em Pavia.

Ao que parece, todo o mundo considerou a Boécio como mártir. A influência e popularidade de suas obras na Idade Média se deveu, em parte, a que havia morrido pela fé. Sem embargo, todas as provas indicam melhor que morreu por razões políticas. Certo que Teodorico era ariano, mas esse elemento não interveio na condenação de seu antigo ministro de Estado. Não é impossível que a ideia do martírio de Boécio haja procedido da convicção popular de que havia sido condenado "injustamente", já que na antiguidade se confundia facilmente o martírio com a condenação injusta, ainda que não interviesse o ódio da fé.
Desde o século XVIII, se apresentou um problema ainda mais fundamental: ¿Boécio praticava realmente o cristianismo na época de sua morte? Está fora de dúvida que durante muito tempo foi cristão e praticou sua religião. Com efeito, em 1877, se descobriu uma nova prova para confirmar que Boécio foi realmente o autor dos tratados teológicos que se lhe atribuem. Mas a dificuldade é a seguinte: ¿Como é possível que um cristão que havia escrito tratados em defesa da fé, se haja contentado, sob o peso de uma acusação injusta e achando-se ameaçado de morte, com escrever uma obra para próprio consolo, em que não há nada de propriamente cristão, excepto uma ou duas citações indirectas da Bíblia? Segundo Boswell, o historiador Johnson formulava assim o problema em 1770: "É surpreendente, dado o tema da obra e a situação em que se achava Boécio, que haja sido ´magis philosophus quam christianus´ (mais filósofo que cristão)". 
É impossível ignorar tal problema, por mais que ninguém o haja pranteado na Idade Média. Basta dizer que, quando se pranteou por primeira vez, os principais eruditos optaram mais por "descristianizar" a Boécio; mas, pouco a pouco, a teoria oposta foi tomando força, e actualmente se crê que Boécio permaneceu cristão até ao fim de sua vida. Citemos simplesmente a dos eruditos, um protestante e um católico: "O velho problema da posição religiosa de Boécio carece de sentido... Um teólogo cristão pode muito bem escrever a ´Consolação´, não para expor seu próprio ponto de vista, mas para ver enquanto filósofo os principais problemas do pensamento" (E. K. , em Harvard Studies in Classical Philology, vol. XI, pte. I). A Consolação da Filosofia é "uma obra mestra. Apesar de sua atitude deliberadamente reticente, constitui uma expressão perfeita da fusão do espírito cristão com a tradição clássica" (Christopher Dawson, em The Making of Europe, p. 51).

Em Pavía e na igreja de Santa Maria no Pórtico de Roma se celebra todavia a festa de São Severino Boécio, mártir. Poderia pensar-se que a confirmação de seu culto, levada a cabo por León XIII em 1883, sanou definitivamente os problemas do martírio e da religião de Boécio. Mas uma confirmação de culto, ainda que exija o maior respeito, não é um acto em que ele exerce sua infalibilidade. A confirmação do culto permite simplesmente que se siga venerando a uma personagem e nem sempre é precedida de um exame a fundo dos problemas históricos relacionados com esse personagem.

http://es.catholic.net/santoral

Recolha, transcrição e tradução incompleta por António Fonseca

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