5 de Dezembro – Domingo – 2º do Advento
Mt 3, 1-12
“Por aquele tempo, João Baptista apresentou-se no deserto da Judeia pregando: “Convertei-vos, porque está perto o Reino de Deus. Isto foi o que anunciou o profeta Isaías dizendo: Uma voz grita no deserto; preparai o caminho do Senhor, alisai os seus caminhos”. João levava um vestido de pele de camelo, com uma correia de couro à cintura, e alimentava-se de gafanhotos e de mel silvestre. E chegava a ele toda a gente, de Jerusalém, da Judeia e do vale do Jordão; confessavam os seus pecados e ele os batizava no Jordão. Ao ver que muitos fariseus e saduceus vinham para que os batizasse, disse-lhes: «Raça de víboras, quem vos ensinou a escapar da ira iminente? Daí o fruto que pede a conversão. E não tenhais ilusões pensando: «Abraão é nosso pai», pois vos digo que Deus é capaz de tirar filhos de Abraão destas pedras. Já fere o machado a base das árvores a árvore que não dá fruto será cortada e deitada ao fogo. Eu vos batizo com água para que vos convertais; mas o que vem depois de mim pode mais do que eu, e não mereço nem desatar-lhe-lhe as sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e fogo. Ele com o balde na mão, levantará a sua pá e reunirá seu trigo no celeiro e queimará a palha numa fogueira que não se apaga».
1. A importância de João Baptista, nos evangelhos, radica em que esta personagem singular apresenta as chaves que explicam, o que realmente representou a figura de Jesus, sua vida, sua mensagem e seu destino final. Desde este ponto de vista, o primeiro que salta à vista é que João foi um «homem marginal» na sociedade e na religião judaica daquele tempo. Quer dizer, João viveu nas margens daquela sociedade e daquela religião. O sítio em que que viveu (o deserto), sua forma de vida (vestimenta e comida estragavante), sua mensagem de denúncia que o enfrentou com os poderes, tanto religiosos como políticos. Tudo isso indica às claras que João não foi um homem integrado no sistema, mas sim «autoexcluído» daquele sistema de poderes e crenças. Isto é o mais patente que se adverte na vida de João Baptista.
2. João viveu assim porque assim viveram os «grandes profetas» de Israel, homens que viveram nos limites e inclusive fora dos limites daquela sociedade. Os profetas bíblicos apresentaram e propuseram um ‘mundo alternativo’: outra forma de ver a vida, outros valores, outros critérios. Por isso, os profetas «trataram com reis, profetas e sacerdotes; mas ao falar de um mundo alternativo, não diziam o que queria escutar a elite» (W. Carter). Isto explica porque João viveu e falou como profeta de um mundo distinto e novo. Porque, para fazer isso, não se pode ser«funcionário» do sistema, mas sim um «autoexcluído» frente ao sistema.
3. A partir destes critérios, se compreende o que João Baptista representou e quis. Assim se prepara o caminho do Senhor. Mediante a denúncia , a exigência, a urgência de uma mudança de vida. Mas isso pode-se fazer somente a partir duma «autoridade» que só tem o que não está integrado naquilo que denuncia. Desde a pompa e o boato, como se vai denunciar a maldade e a a o ridículo que entranha a pompa e o boato?
In: La Religión de JESUS, de José Mª Castillo - www.deesclee.com
Transcrito e traduzido por António Fonseca (com a devida vénia)
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