24 de Dezembro – Sexta-feira – Férias do Advento
Lc 1, 67-69
Naquele tempo, Zacarias, pai de João, cheio de Espírito Santo, profetizou dizendo: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu a seu povo, suscitando-nos uma força de salvação na casa de David, seu servo, segundo o havia predito desde antigamente pela boca dos seus santos profetas. É a salvação que nos livra de nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam; realizando a misericórdia que teve com nossos pais, recordando sua santa aliança e o juramento que fez a nosso pai Abraão. Para nos conceder que, livres de temor, arrancados da mão dos inimigos, lhe sirvamos em santidade e justiça, em sua presença todos os nossos dias. E a ti. menino, te chamarão profeta do Altíssimo, porque irás adiante do Senhor, a preparar seus caminhos, anunciando ao seu povo a salvação, o perdão dos seus pecados. Pela impenetrável misericórdia de nosso Deus, nos visitará o sol que nasce do alto, para iluminar aos que vivem nas trevas e na sombra da morte; para guiar nossos passos no caminho da paz”.
1. Como ocorre com o hino de “Magnificat”, igualmente neste caso (o “Benedictus”), se discute se foi composto por Lucas (Harnack, Erdmann) ou, melhor, se tem uma origem anterior. O mais provável é que se trata dum hino composto por cristãos que provinham, do judaísmo. Daí a mistura de uma linguagem e uns motivos claramente judeus, que se fundem com ideias próprias do cristianismo (R. E. Brown).
2. A ideia central desta prece se refere a uma salvação cumprida em Jesus, o Messias. Trata-se , pois, de uma apresentação plenamente evangélica. Mas não devemos esquecer que, neste caso e a diferença do “Magnificat”, aqui não se trata da oração de uma rapariga do povo, uma jovem pobre e humilde da humilde Galileia, mas sim que estamos perante a bênção que dirige a Deus um sacerdote do Templo, na capital Jerusalém. Como é lógico, as profundas diferenças, de quem pronunciou estas preces, determinaram as profundas diferenças de seus conteúdos. No “Benedictus”, um homem, sagrado e consagrado, funcionário do Templo, na capital. No “Magnificat”, uma mulher, laica, inculta, pobre e desconhecida, vivendo num povoado humilde da humilde Galileia.
3. Pelo que ficou dito, se compreende que o “Magnificat” tem um sentido social, que não se encontra no “Benedictus”. Enquanto que, pelo contrário, o “Benedictus” expressa sentimentos próprios de um pensamento religioso, frequente nas tradições religiosas: A “salvação dos nossos inimigos” e da mão “de todos os que nos odeiam” (Lc 1, 71). E se insiste em que seremos “arrancados da mão dos inimigos” (Lc 1, 74). A oração de Maria fala dos “pobres” que se verão libertados da opressão dos “ricos” e “potentados”, enquanto que Zacarias fala de “inimigos” e dos “que nos odeiam”. Maria e Zacarias representam dois modelos de religiosidade, e dois projetos de salvação.
Extracto do livro A RELIGIÃO DE JESUS, de José Mª Castillo, TRADUZIDO PARA PORTUGUÊS POR
Extracto do livro A RELIGIÃO DE JESUS, de José Mª Castillo, TRADUZIDO PARA PORTUGUÊS POR
António Fonseca
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