domingo, 23 de janeiro de 2011

23 DE JANEIRO DE 2011 – 3º DOMINGO DO TEMPO COMUM - CICLO A - 2010/2011

 

 

Do livro A Religião de Jesus, de José Mª CastilloComentário ao Evangelho do diaCiclo A (2010-2011)Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbaowww.edesclee.cominfo@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca

 

22 de Janeiro  -  DOMINGO  -  3º DO TEMPO COMUM

 

Mt 4, 12-17

 

Tendo ouvido dizer que João fora preso, retirou-Se para a Galileia. Depois, abandonando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade situada à beira-mar na região de Zabulão e Nefetali,para que se cumprisse o que o profeta Isaías anunciara: «Terra de Zabulão e Nefetali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, e aos que jaziam na sombria região da morte, surgiu-lhes uma luz"». A partir desse momento, Jesus começou a pregar, dizendo: «Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus».
 
1. Muitos dos leitores atuais dos evangelhos não concedem especial importância ao facto de Jesus ter decidido ir à Galileia e ficar ali até pouco antes da sua paixão e morte. É verdade que o evangelho de João fala de várias visitas de Jesus a Jerusalém. Mas isso deve-se à particular teologia do IV Evangelho. O mais seguro historicamente é que Jesus exerceu quase todo o seu ministério apostólico na Galileia.
 
2. Galileia era uma região tão pobre, tão abandonada e tão mal vista, no tempo de Jesus e bastante depois, que chamar a alguém “galileu” era um insulto. Desprezivelmente, aos seguidores de Jesus, antes de os chamarem “cristãos, eram tratados por “galileus” (Act 2, 7). E muito mais tarde, no século IV, o imperador Juliano, para ofender os cristãos, falava da “loucura dos galileus” (Epist. 83, a Artabio). Além disso, os galileus não observavam as obrigações relativas ao Templo (M. Naderim 2, 4). Daí que aos galileus tinham-nos por impuros, ignorantes e com quem não se devia manter relações (TB Pesahim 49b). Até se fez famosa a exclamação de Yojanán ben Zakkai: “Galileia, Galileia, tu odeias a Torah” (TJ Sabbat 15d) – (M. Pérez Fernández). E a tudo isto há que somar as frequentes revoltas políticas que se produziam na Galileia, o que fazia mais suspeitas as suas gentes. Sabe-se que Pilatos mandou assassinar um grupo de galileus que ofereciam sacrifícios religiosos (Lc 13, 1).
 
3. Pois bem, Jesus viu que com essa gente era com quem devia conviver e entre eles apresentar o seu Evangelho. Naquele país de “pagãos” de “escuridão e restos de morte” (Is 8, 23; 9, 1), ali precisamente foi onde Jesus escolheu viver e conviver. Porquê? Uma vez mais encontramos o critério básico de Jesus: a salvação vem de baixo, como a história se faz desde as vítimas. Se estamos em baixo na vida, se somos vítimas de tantas coisas, desde aí nos convertemos em fonte de luz e de futuro”.

www.edescleee.com

 

Compilação e tradução de

 

António Fonseca

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