domingo, 2 de janeiro de 2011

Nº 2 (3) - 3º Ano – 2 DE JANEIRO DE 2011

Continuação (5)
Em continuação da tarefa que encetei no passado dia 28/12/2010,  transcrevo o texto  do Apêndice do livro III – (Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 2010) Santos de Cada Dia, de www.jesuitas.pt – que se intitula no seu primeiro capítulo
Portugueses a caminho dos altares
desta vez com o nome de
MARIA DA CONCEIÇÃO PINTO DA ROCHA
Maria da Conceição Pinto da Rocha nasceu a 16 de Dezembro de 1889, em Viana do Castelo, passando nesta cidade quase toda a sua vida «escondida em Cristo». Faleceu a 2 de Outubro de 1958, com 69 anos de idade. Ela própria nos dá os dados biográficos e o itinerário espiritual, em documentos redigidos com simplicidade, escritos por obediência: «Nasci de pais de condição humilde, mas muito crentes e piedosos. Aos 14 anos senti a minha alma impelida sobrenaturalmente a fazer a doação de mim mesma à Sagrada Família, entregando-me aos seus cuidados, para acompanhar a infância de Jesus na imitação do Seu crescimento nas virtudes e seguir Jesus nos trabalhos do Seu apostolado redentor, que Ele quisesse de mim». «Dos 19 aos 24, impulsionada pelo exemplo de Santa Teresinha, ofereço-me como vítima ao Amor Misericordioso» (cfr. Reparação Expiadora, Ed. das Ir. Reparadoras Missionárias da Santa Face, Lisboa, 1967, p. 29-30). «Dos 24 aos 28, Jesus convida-me a ser vítima de Sacrifício» (Ib. p. 183). «Aos 28 anos de novo me convida, agora, a ser vítima da Expiação por todos os pecados do mundo…» (Ib. p. 211).  É nesta etapa da caminhada, aos 28 anos, a 17 de Outubro de 1917, que o Senhor lhe dá a conhecer o seu plano sobre ela, o seu carisma pessoal e a sua missão. Como um «pensamento estranho», o Senhor fez-lhe sentir o seu apelo: «Assim como Jesus fez Seus os pecados dos homens, imolando-se por eles, como vítima de amor ao Eterno Pai, oferece-te também tu, com Jesus e em Jesus (como se tu e Ele fôsseis um só), pela salvação do mundo». «Vê como minha Mãe, rainha dos Mártires, junto à Cruz, se ofereceu como Vítima e com amor de Mãe pela salvação dos homens. segue-a, fazendo tu, agora, as suas vezes…, continuando a sua missão de vítima co-redentora com Jesus…  Fazendo tu isto, assim como Ela foi Mãe do género humano, assim tu será Mãe dos pequenos pecadores e também de outras almas vítimas, que hão-de vir e formar uma família religiosa, umas no convento e a maior parte delas no meio do mundo» (Ib., p. 31). Porém, Maria da Conceição consciente  de que abrir um caminho não é fácil e supõe por vezes o martírio, apressa-se a expor à Igreja este projeto – no receio de se iludir e na busca da Verdade que sempre a caracterizou; redige ela mesma , apesar da sua falta de cultura, um memorial ao Papa Pio XI, apresentando o «plano», que é benevolentemente acolhido e estimulado à execução: «Um só desejo venho depor aos pés de Vossa santidade; se a Vossa alma Santíssima abençoa e deseja que algumas almas já oferecidas em holocausto pelos pecados do mundo formem uma só família religiosa…, vivam, segundo o chamamento divino a imolar-se diariamente numa vida de oração contínua, tendo ao lado também uma parte ativa… de apostolado de Misericórdia, de socorro aos infelizes… Estas almas oferecidas segundo a sua vocação de vítimas interiores pela redenção dos homens, continuando a redenção de JESUS REDENTOR…» (Ib., p. 47-48) «e o holocausto de Maria junto à cruz» (manuscrito de Junho de 1933). Os restantes anos da sua vida foram ato de profunda e constante fidelidade à realização desta missão, na fé pura, como Abraão. A Fundação, como todas, encontrou resistências humanas, mas ela pedira ao Senhor para as passar todas em sua vida. Assim foi, morrendo antes de ver iniciada a Obra, como o Senhor lhe fizera sentir através dum sonho que muito a impressionara (manuscrito de 1930 – Sonho dos dois conventos). Seus inúmeros e inéditos escritos retratam a sua vida interior e alto grau de vivência das virtudes teologais, sua experiência e profundo conhecimento da psicologia humana, seu dom de discernimento, sua exigência evangélica radicalmente aberta aios valores da pobreza, humildade, caridade misericordiosa, obediência até à morte e sua loucura pela Cruz, em ordem à salvação dos homens. Após 25 anos do falecimento, fez-se a exumação dos restos mortais, a 4 de Outubro de 1983, de forma canónica, em ordem a uma futura Introdução da Causa de Beatificação. Tudo aconteceu como um dia predissera: «De mim, não ficará nada». Deixou, porém, abundante doutrina sobre o espírito de vítima, que procurou viver e ensinar às companheiras e do qual escreveu um dia: «A alma vítima é pó que todos têm direito de pisar» (Circular manuscrita – Abril de 1940). Em 10 de Maio de 1988 chegou de Roma o nihil obstat para a introdução da Causa de Canonização, que foi introduzida a 10 de Junho do mesmo ano. O processo foi aberto a 15 de Junho do ano seguinte, encontrado-se em fase de conclusão.
Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas. pt. – Apêndice do III volume – 2010.
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Do livro SANTOS DE CADA DIA – Apêndice – 4º trimestre de 2010
Transcrição de António Fonseca

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