Nº 983-2
Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com:
tradução de espanhol para português, por António Fonseca
O texto dos Evangelhos, que inicialmente estavam a ser transcritos e traduzidos de espanhol para português, directamente através do livro acima citado, são agora copiados mediante a 12ª edição do Novo Testamento, da Difusora Bíblica dos Missionários Capuchinhos, (de 1982, salvo erro..). No que se refere às Notas de Comentários continuam a ser traduzidas como anteriormente.AF.
17 de Julho
16º DOMINGO COMUM
Mt 13, 24-43
Propôs-lhes outra parábola: «O reino dos céus é comparável a um homem que semeou boa semente no seu campo. Ora, enquanto dormiam os homens, veio o inimigo, semeou joio no meio do trigo, e afastou-se. Quando a haste cresceu e deu fruto, apareceu também o joio. Os servos do dono da casa foram ter com ele e disseram-lhe: “Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio”? «Foi algum inimigo meu que fez isto» – respondeu ele. Disseram-lhe os servos: «Queres que vamos arrancá-lo»? Não, disse ele, não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo ao mesmo tempo. Deixai um e outro crescer juntamente, até à ceifa; e, na altura da ceifa, direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; e recolhei o trigo no meu celeiro». (…)
1. O ensinamento desta parábola é claro. por julgamento de Deus, ninguém tem nesta vida o direito de erigir-se em juiz do bem e do mal. Ninguém tem portanto, o direito de decidir onde está o bem (o trigo) e onde está o mal (cizânia). E menos ainda, ninguém tem direito de se considerar com poder para pretender extirpar o mal pela raiz (arrancar a cizânia). Porque bem pode ocorrer que, pensando que arranca a cizânia, na realidade está arrancando o trigo.
2. Portanto, ninguém pode constituir-se em juiz dos outros. Ninguém tem direito a fazer isso. Ninguém pode condenar a ninguém, recusar a ninguém, reprovar a quem quer que seja. Porque corre o perigo de se equivocar. De forma que, pensando que faz uma coisa boa, na realidade o que leva a cabo é um dano. Jesus condena assim o puritanismo e a intolerância. Todos temos o perigo de incorrer nesse tipo de conduta. E de sobra, sabemos até que ponto as pessoas andam por aí condenando, recusando, ofendendo, insultando… Mas este perigo é aumentado na medida em que uma pessoa se faz mais religiosa, sobretudo se sua religião é de carácter fundamentalista. Então, a intolerância supera todos os limites e chega a criar ambientes em que não se pode respirar. Este mundo está cheio de fanáticos, que se consideram com o direito e o dever de obrigar a que os outros mudem, até pensar e viver como pensa e vive o fanático intolerante. As pessoas “muito religiosas” dão medo. E fazem a vida insuportável e a convivência amarga.
3. No fundo, o problema está em que, no fim de contas, o bem e o mal são categorias que definem os que têm poder para as definir. F. Nietzsche o disse muito bem: “foram os mesmo bons, quer dizer, os nobres, os poderosos, os homens de posição superior… quem se sentiu e se valorizou a si próprios e a trabalhar como bons, ou seja, como alguma coisa de primeiro lugar, em contraposição a tudo o que é baixo, abjecto, vulgar e plebeu” (Genealogia da moral, 1, 2). E é assim que vamos limpar o campo do Senhor da presuntiva cizânia?
Compilação por
António Fonseca
NOTA FINAL: Desejo esclarecer que os comentários aos textos do Evangelho, aqui expressos, são de inteira responsabilidade do autor do livro A RELIGIÃO DE JESUS e, creio eu… apenas retratam a sua opinião – e não a minha ou de qualquer dos meus leitores, que eventualmente possam não estar de acordo com ela. Eu apenas me limito a traduzir de espanhol para português os Comentários e NEM EU NEM NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A ESTAR DE ACORDO. Desculpem e obrigado. AF.
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