Nº 991-2
Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com:
tradução de espanhol para português, por António Fonseca
O texto dos Evangelhos, que inicialmente estavam a ser transcritos e traduzidos de espanhol para português, directamente através do livro acima citado, são agora copiados mediante a 12ª edição do Novo Testamento, da Difusora Bíblica dos Missionários Capuchinhos, (de 1982, salvo erro..). No que se refere às Notas de Comentários continuam a ser traduzidas como anteriormente.AF.
25 de Julho
DIA DE SANTIAGO APÓSTOLO
Mt 20, 20-28
Aproximou-se então de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu, com os seus filhos, e prostrou-se diante d’Ele, para Lhe fazer um pedido. «Que queres»? perguntou-lhe Ele. Ela respondeu-Lhe: «Ordena que estes meus dois filhos se sentem um à Tua direita e o outro à Tua esquerda, no Teu reino». Jesus retorquiu: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu estou para beber»? Eles responderam-Lhe: «Podemos». Jesus replicou-lhes: «Na verdade, bebereis o Meu cálice, mas o sentar-se à Minha direita ou à Minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles para quem Meu Pai o tem reservado». Ouvindo isto, os outros dez ficaram indignados com os dois irmãos. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os chefes das nações governam-nas como seus senhores, e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós; pelo contrário, quem quiser fazer-se grande entre vós, seja vosso escravo. Do mesmo modo, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida pelo resgate de muitos».
1. Para compreender o alcance deste episódio, é indispensável ter em conta, antes do mais, que tudo o que aqui se conta é a confrontação das apetências dos Doze com o projecto de Jesus. Não se trata das apetências das pessoas ou dos discípulos em geral, mas especificamente dos Apóstolos, que pretendiam exactamente o contrário daquilo que Jesus via como seu programa central. Este relato se redigiu, pelo menos, trinta e cinco anos depois da morte de Jesus (E. Cuvillier). Ou seja, redigiu-se quando já as comunidades cristãs estavam organizadas, com seus dirigentes que se sabiam estar relacionados com os Apóstolos.
2. Mateus situa este incidente imediatamente antes da entrada de Jesus em Jerusalém (Mt 21, 1-11). Marcos o põe quando Jesus inicia o caminho para a Paixão (Mc 10, 32-45). Lucas é mais radical e coloca a confrontação na cena de despedida, na instituição da Eucaristia (Lc 22, 24-27). Os Doze já sabiam que Jesus não estava ligado nem à realeza nem ao sacerdócio. Eles sabiam que Jesus era um profeta (Mc 6, 4; 8, 11; Lc 7, 39; 13, 33; 14, 9). Portanto, quando apetecem os primeiros postos, sem dúvida pensavam que o mais eficaz para realizar o que Jesus queria era ter poder, ser importantes, estar acima dos outros.
3. Não só os Zebedeus, mas sim todos, os Doze, se equivocaram e pretenderam desviar o projecto profético de Jesus. O que Jesus quis foi deixar claro que este mundo não se arranja desde os “selecionados”, os “poderosos”, os “famosos” ou os mais “importantes”, mas desde o fundo, desde os escravos e os servidores (Mt 20, 26-28; Mc 10, 42-45; Lc, 22, 27). Só invertendo a “ordem” deste mundo se arranja este mundo. Mas resulta que são precisamente os dirigentes da comunidade cristã, os altos cargos da Igreja, os que têm mais perigo de desvirtuar o que Jesus quis. E pôr o que quis ao serviço de interesses mundanos. A história da igreja encarrega-se de demonstrar que isto é verdade.
Compilação por
António Fonseca
NOTA FINAL: Desejo esclarecer que os comentários aos textos do Evangelho, aqui expressos, são de inteira responsabilidade do autor do livro A RELIGIÃO DE JESUS e, creio eu… apenas retratam a sua opinião – e não a minha ou de qualquer dos meus leitores, que eventualmente possam não estar de acordo com ela. Eu apenas me limito a traduzir de espanhol para português os Comentários e NEM EU NEM NINGUÉM ESTÁ OBRIGADO A ESTAR DE ACORDO. Desculpem e obrigado. AF.
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