sábado, 8 de junho de 2013

IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA - 1º Sábado a seguir ao CORAÇÃO DE JESUS - 8 de Junho de 2013


IMACULADO  CORAÇÃO  DE  MARIA






Festividade no 1º Sábado a seguir à Festa do CORAÇÃO DE JESUS 
ou da Oitava do CORPO DE DEUS

A devoção ao Imaculado Coração de Maria não é nova na Igreja; tem as suas profundas raízes no Evangelho, que repetidamente chama a nossa atenção para o Coração da Mãe de Deus, qual tesouro dos divinos mistérios da Redenção (Lc 2, 19.51); nos mostra o seu amor e a sua gratidão para com Deus (Lc 1, 46 ss.), a sua compaixão e solicitude para com o próximo (Jo 2, 3 ss.), o seu martírio associado à Paixão do Redentor (Jo 19, 15 ss.); a sua imaculada pureza, a sua fé, a sua humildade, todas as suas virtudes (Lc 1, 28 ss. 45; Mt 1, 22 ss.). 
Esta mina preciosa foi explorada pelos Santos Padres e seria fácil aduzir numerosos passos em que eles celebram eloquentemente o Coração da Mãe de Deus, as suas prerrogativas e santidade incomparáveis. Mais tarde, entre os grandes Místicos da Idade Média e depois entre os Santos Teólogos e Ascetas dos séculos seguintes, não faltam insignes devotos do Coração de Maria, como do Coração de Jesus. Mas o culto litúrgico, que devia tornar a sua devoção património comum dos fiéis, começa com São João Eudes, (1601-1680), o qual «movido do grande amor que o inflamava, para com os Corações de Jesus e Maria, foi o primeiro que, não sem divina inspiração, pensou em tributar-lhes culto litúrgico. Da qual dulcíssima devoção deve considerar-se pai... doutor... e apóstolo». O Santo, já em 1643, vinte anos antes de celebrar a festa do Coração de Jesus, celebrava com os seus Religiosos a do Coração de Maria. Esta tornou-se pública em 1648, entrando assim na liturgia comum. 
A partir daquela data, muitos Bispos autorizaram nas próprias dioceses o culto do Coração de Maria e os Sumos Pontífices, concederam aprovação e favores a confrarias e a diversas práticas de piedade em sua honra. Os dois actos mais importantes da Santa Sé em favor do Imaculado Coração de Maria, foram a disposição de Pio VII (1805) de que a festa se pudesse conceder às Dioceses e Institutos religiosos que a pedissem, e a Missa e Ofício próprios aprovados por Pio IX (1855), mas unicamente pro aliquibus locis (para  algumas localidades). 
Entretanto, a devoção continuou a propagar-se, como prova o número sempre crescente de Institutos religiosos que tomaram o nome do Coração de Maria (uns vinte no século XIX); assim, pode-se dizer que, depois da devoção ao Coração de Jesus, conquistou posto relevante na piedade dos fiéis.
Foi sobretudo a partir das Aparições de Fátima que se divulgou pelo mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria, pois, como escreveu o Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira, a «missão especial de Fátima é a difusão no mundo do culto ao Imaculado Coração de Maria. À medida que a perspectiva do tempo nos permitir julgar melhor os acontecimentos de que fomos testemunhas, estou certo  que melhor se verá que Fátima será, para o culto do Coração de Maria, o que Paray-le-Monial foi para o culto do Coração de Jesus» (8-9-1946). 
E a 30 de Maio de 1948, disse o mesmo Prelado no Congresso Mariano de Madrid: «Qual é precisamente a mensagem de Fátima? Creio que poderá resumir-se nestes termos: a manifestação do Coração Imaculado de Maria ao mundo actual, para o salvar».
Deus bondoso e paternal, vem sempre em socorro da pobre humanidade, e a cada época oferece um meio especial para que ela obtenha o perdão dos próprios delitos, se evada aos castigos da sua justiça e alcance as suas graças. Para os nossos tempos, esse meio especial é, segundo as revelações de Fátima, o Imaculado Coração de Maria.
Os desígnios misericordiosos de Deus começaram a manifestar-se nas aparições de Junho e sobretudo de Julho de 1917, na Cova da Iria, e tiveram o seu magnifico epilogo em Espanha, nas visões de 1925 e 1926 em Pontevedra, e 1927 e 1929 em Tuy.

Em Fátima, no dia 13 de Junho, manifesta-se o Coração de Maria circundado de espinhos, pedindo reparação, enquanto a Senhora pronuncia estas palavras: «Jesus quer estabelecer no mundo a devoção o meu Imaculado Coração».
Na aparição seguinte, os destinos do mundo e das almas aparecem dependentes do Coração Imaculado de Maria:
«Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra vai acabar, mas, se não deixarem de ofender a Deus... começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros Sábados. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia converter-se-á e terão paz; senão, espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer; várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Coração Imaculado triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o Dogma da Fé, etc.).

Tudo quanto Nossa Senhora predisse nesta aparição, realizou-se anos mais tarde, como adiante veremos.

Para bem da terra, mostra-se o Céu empenhado na difusão do culto ao Imaculado Coração de Maria.

Deus quer. Dizia Nossa Senhora aos pastorinhos na 3ª Aparição: «Vistes o inferno para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no  mundo a devoção ao meu Imaculado Coração». A Jacinta repetia à Lúcia: «Já falta pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria».


Jesus quer também: «Jesus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração» (Aparição de Junho). A Jacinta recomendava à Lúcia: «Diz a toda a gente ... que o Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o coração Imaculado de Maria».

Tudo isto o temos profeticamente entrevisto nas palavras de despedida da Jacinta à sua prima Lúcia, que encerram o que há de mais íntimo na mensagem de Fátima:


«Já falta pouco para ir para o céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando fores para dizer isso, não te escondas. Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria, que lhas peçam a Ela, que o Coração de Jesus quer que, a seu lado, se venere o Coração Imaculado de Maria, que peçam a paz ao Coração Imaculado de Maria, que Deus lha entregou a Ela. Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro do peito a queimar-me e fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!».



Temos aqui cinco afirmações de grande alcance:



1. «Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

2. Lúcia é encarregada de o dizer.
3. Deus concede todas as graças por meio do Coração Imaculado de Maria.
4.Coração de Jesus quer que q seu lado se venere o Coração de sua Mãe.
5. É no Coração de Maria que está a paz do mundo».


Podemos sintetizar desta forma as grandes graças que Deus concederá ao mundo por meio do Coração de sua Mãe.



1. Salvação das almas. Disse Nossa Senhora na aparição de 13 de Junho: «A quem abraçar esta devoção prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas como flores postas por mim a adornar o seu trono».

E na aparição de Julho: «Para salvar as almas, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. se fizerem o que eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas».
Aos que praticarem a devoção nos primeiros sábados,  promete Nossa Senhora «assistir-lhes na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação».


2. Refúgio. São para todos os devotos do Imaculado Coração de Maria as palavras que Nossa Senhora dirigiu à Lúcia: «O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus».



3. Todas as graças. Diversas vezes, na mensagem de Fátima, aparece-nos Nossa Senhora como Medianeira Universal. Vemo-lo de modo particular nestas palavras, atrás citadas, da despedida de Jacinta à sua prima Lúcia: «Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Imaculado Coração de Maria, que lhas peçam a Ela».



4. A Paz. Nas aparições de 13 de Maio, 13 de Julho e 13 de Setembro manda Nossa Senhora rezar o terço para alcançar a paz. Em Julho diz também: «Se fizerem o que eu vos disser, terão paz». A Jacinta diz à Lúcia que temos de pedir a paz ao Imaculado Coração de Maria pois «Deus lha entregou a Ela».



5. Conversão da Rússia. Outro grande dom de Deus ao mundo por meio do Coração Imaculado de Maria. Escutemos a descrição da deslumbrante aparição em que é referida a conversão dessa grande nação: 

A 13 de Junho de 1929, na capela do convento das religiosas Doroteias, em Tuy, numa Hora Santa das 11 para a meia-noite, cumpriu se a promessa feita por Nossa Senhora no dia 13 de Julho em Fátima: «Virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração». A vidente encontrava-se em oração:
«A única luz era a da lâmpada. De repente, iluminou-se toda a  capela com uma luz sobrenatural e sobre o altar apareceu uma Cruz de luz que chega até ao tecto. Em uma luz mais clara, via-se na parte superior da Cruz, uma face de homem, com o corpo até à cinta (Pai), sobre o peito uma pomba também de luz (Espírito Santo), e pregado na Cruz, o corpo de outro homem (Filho).
Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um cálix e uma hóstia grande sobre a qual caíam algumas gotas de sangue que corriam pelas faces do Crucificado  e de uma ferida do peito. Escorrendo pela hóstia, essas gotas caíam dentro do cálix. Sob o braço direito da Cruz estava Nossa Senhora (... era Nossa Senhora de Fátima com o seu Imaculado Coração... na mão esquerda... sem espada nem rosas, mas com uma coroa de espinhos e chamas...) com seu Imaculado Coração na mão... Sob o braço esquerdo (da Cruz), umas letras grandes, como se fossem de água cristalina que corressem para cima do altar, formavam estas palavras: Graça e Misericórdia.
Compreendi que me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade, e recebi luzes sobre este mistério que me não é permitido revelar.
Depois Nossa Senhora disse-me:
«É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união com todos os bispos do mundo, a consagração da Rússia ao meu Coração, prometendo salvá-la por este meio».
Esta deslumbrante manifestação, fecho de abóbada das aparições de Fátima, mostra-nos Maria, como Co-Redentora e Medianeira da Graça, ao lado do sacrifício da Cruz, renovado no altar.
Afirma o Papa Pio XI, na encíclica Miserentissimus Redemptor que a Consagração e a Reparação são as duas práticas fundamentais da devoção ao Coração de Jesus. O mesmo se pode aplicar ao Coração Imaculado de Maria.

Consagração. A consagração é o ápice de todos os actos de culto, pois consiste no reconhecimento do poder, grandeza, mérito e bondade de alguém, com a consequente submissão, dedicação e entrega a essa pessoa. Na devoção ao Imaculado Coração de Maria significa um acto de fé no amor e reconhecimento da transcendência de Maria na obra da salvação e na consciente entrega confiante a essa Mãe e Rainha.
Nossa Senhora em Fátima pediu a consagração - feita pelo Papa e pelos bispos em união com ele - do mundo e particularmente da Rússia.
Os Vigários de Cristo escutaram estes apelos.

Pio XII, na solene conclusão das Bodas de Prata das Aparições de Fátima, em radio-mensagem dirigida a Portugal, consagrou o mundo inteiro ao Imaculado Coração de Maria e na festa seguinte da Imaculada  Conceição, 8 de Dezembro de 1942, renovou esse acto na Basílica de São Pedro no Vaticano com estas expressivas palavras:

«A Vós, ao Vosso Coração Imaculado, nesta hora trágica da  história humana confiamos, entregamos, consagramos não só a Santa Igreja mas todo o mundo».

A Rússia, para a qual neste acto de consagração havia um pedido de especial protecção, foi consagrada dez anos mais tarde, a 7 de Julho de 1952:

«Nós - para mais facilmente o ouvidas as Nossas e as vossas fervorosas preces e para darmos a esta singular prova da Nossa benevolência - assim como há alguns anos consagramos todo o género humano ao Coração Imaculado da Virgem Mãe de Deus, assim também agora, de modo especialíssimo dedicamos e consagramos todos os povos da Rússia ao mesmo Coração Imaculado».

Querendo Pio XII todo o mundo entregue ao Imaculado Coração de Maria, várias vezes estimulou as Dioceses, paróquias e sobretudo as famílias a imitarem o seu exemplo:

«Desejamos que, sempre que as circunstâncias o aconselharem, se faça esta Consagração (ao Imaculado Coração de Maria) tanto nas Dioceses como em cada uma das Paróquias e nas famílias. Temos confiança que desta Consagração particular e pública brotarão abundantes frutos e favores celestes» (Enc. Auspicia Quaedam, 1 de Maio de 1948).

«Que todas as famílias cristãs se consagrem ao Coração Imaculado de Maria. Tal acto de fé será, para os esposos, precioso auxilio espiritual no cumprimento dos deveres de castidade e fidelidade conjugal; manterá na sua pureza o ambiente do lar em que crescem os filhos; mais ainda, fará da família, amparada pela devoção mariana, célula viva para a transformação social e para conquista apostólica» (Enc Le Pèlerinage de Lourdes, 2 de Julho de 1957).

No seu breve pontificado, várias vezes se referiu João XXIII à Consagração ao Coração de Maria feito por Pio XII e à «Consagração da Nação Portuguesa ao Imaculado Coração de Maria» (8-3-1961). Encorajou e pediu orações pela Consagração de Itália ao Imaculado Coração de Maria (13.9.1959).
Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do Concilio Vaticano II, a 1 de Novembro de 1964, na presença do Episcopado do mundo inteiro, pronunciou estas palavras:

«O nosso olhar abre-se para os horizontes sem fim do mundo inteiro, objecto das atenções mais vivas do Concilio Ecuménico e que o nosso predecessor Pio XII, de veneranda memória, não sem inspiração do alto, solenemente consagrou ao Coração Imaculado de Maria. Esse acto de consagração julgamos oportuno recordá-lo hoje de modo particular... Ao teu Coração Imaculado, ó Maria, recomendamos finalmente o género humano inteiro».

Na Exortação «Signum Magnum», publicada no dia da sua visita a Fátima, 13 de maio de 1967, emite estes votos:

«Exortamos todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente  a sua própria consagração ao Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo acto e culto com uma vida cada vez mais conforme à vontade divina, e em espírito de serviço filial e de devota imitação da sua Celeste rainha».

João Paulo II, o Papa de Maria (Totus tuus, todo teu, ó Maria), consagrou-lhe a Santa Igreja e cada uma das nações por onde peregrinou. Em Fátima, a 13 de maio de 1982, e em Roma, a 16 de Outubro de 1983, com os Padres Sinodais presentes na canonização do capuchinho São Leopoldo, e sobretudo a 25 de Março de 1984, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima da capelinha das Aparições, consagrou-lhe o  mundo inteiro.

«Estou aqui, unido com  todos os Pastores da Igreja, por aquele vinculo particular, pelo qual constituímos um corpo e um colégio... No vínculo desta unidade, pronuncio as palavras deste Acto, no qual desejo incluir, uma vez mais, as esperanças e as angústias da Igreja no mundo contemporâneo». 

Quanto à consagração da Rússia, pedida por Nossa Senhora, os diversos papas nunca a esqueceram.

A 31 de Dezembro de 1942, o Papa Pio XII consagrou o mundo inteiro o Imaculado Coração de Maria, com um pedido de especial protecção para a Rússia ao mesmo Imaculado Coração, como atrás ficou expresso.

Estava feita pelo Santo Padre a consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Para se cumprirem inteiramente os desejos de Nossa Senhora, faltava que «todos os Bispos do mundo» a fizessem também «em união» com ele.

Isto procurou realizá-lo o Santo Padre João Paulo II.

Nas consagrações proferidas em Fátima e em Roma, depois de dizer: «Estamos aqui unidos com todos os Pastores da Igreja por um  vínculo particular pelo qual constituímos um corpo e um colégio», proferiu estas palavras: «De modo especial Vos entregamos e consagramos aqueles homens e aquelas nações que desta entrega e desta consagração têm particular necessidade». 

A 8 de Dezembro de 1983 dirigiu a todos os Bispos do mundo uma carta, na qual pedia que fizessem em união com ele a consagração no dia 24 ou 25 de Março: «Ficarei muito grato se nesse dia 24 de Março ou então no dia 25 quiserdes renovar este acto juntamente comigo».

O Santo Padre fez o acto de consagração no domingo, dia 25 de Março, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima da Capelinha das Aparições, ida propositadamente a Roma. Ao texto oficial impresso acrescentou espontâneamente esta frase: «Ilumina, de modo especial,  os povos em relação aos quais aguardas que a Ti os consagremos».

Reparação. Tem-se escrito que o ponto característico e mais «novo» das aparições do Coração de Jesus Santa Margarida Maria em Paray-le-Monial é a reparação. O mesmo se poderia afirmar acerca da mensagem de Fátima: uma das suas notas distintas é a reparação ao Coração de Maria.  Até Fátima, era costume representar o Coração de Nossa Senhora cercada de rosas. Em Fátima aparece circundado de espinhos, que ferem e magoam. São os nossos pecados, blasfémias e ingratidões. 
Logo na segunda Aparição viram os Pastorinhos o Coração de Maria «cercado de espinhos» que parecia estarem-lhe cravados. «Compreendemos - escreve Lúcia - que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação».

Na Aparição seguinte, anuncia a Mãe de Deus que virá mais tarde pedir a «Comunhão reparadora dos primeiros sábados» e ensina-lhes este oferecimento  que hão-de repetir muitas vezes, sobretudo quando fizerem algum sacrifício: «Ó Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria».

Este carácter reparador aparece sobretudo nas Aparições de Pontevedra e de Tuy.

A 10 de Dezembro de 1925, estando a vidente Lúcia na primeira desta cidades - é ela própria que escreve em terceira pessoa - , apareceu-lhe  Santíssima Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem  luminosa, um Menino. A Santíssima Virgem, pondo-lhe a mão no ombro, mostrou-lhe ao mesmo tempo um Coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo tempo, disse o Menino:

«Tem pena do coração da tua Santíssima Mãe, que está coberto de espinhos, que os homens ingratos, a todos os momentos, lhe cravam, sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar».

Em seguida, disse a Santíssima Virgem:

«Olha, minha filha, o meu Coração cercado de espinhos,  que os homens ingratos a todos os momentos me cravam com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, procura consolar-me, e diz que todos aqueles que durante cinco meses no primeiro sábado, se confessarem, receberam a Sagrada Comunhão  rezarem um terço e me fizerem 15 minutos de companhia,  meditando nos 15 mistérios do Rosário com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes na hora da morte com todas as graças necessárias para  a salvação dessas almas».

Cumpriu-se o que Nossa Senhora tinha dito na aparição de 13 de Julho em Fátima: «Virei pedir a devoção reparadora dos primeiros sábados».

A 15 de Fevereiro de 1926 e a 17 de Dezembro de 1927 é o próprio Jesus que insiste para que se estabeleça e propague esta devoção.

Perguntou o P. José Bernardo Gonçalves, um dos Directores espirituais da Irmã Lúcia, porque haviam  de ser cinco e não 9 ou 7 os Primeiros Sábados

A vidente respondeu:
«Ficando na Capela, com Nosso Senhor, parte da noite do dia 29 para 30 deste mês de Maio, 1930, e falando a Nosso Senhor das perguntas 4 e 5, senti-me de repente possuída de mais intimidade da Divina presença; e, se me não engano, foi-me revelado o seguinte: «Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfémias proferidas contra o Imaculado Coração de Maria:

1. - As blasfémias contra a Imaculada Conceição.
2. - Contra a sua Virgindade.
3. - Contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebê-la como Mãe dos homens.
4. - Os que procuram infundir nos corações das crianças, a indiferença,  o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe.,
5. - Os que a ultrajam directamente nas suas sagradas imagens.

Eis, minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir esta pequena reparação: e de, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com  essas almas que tiveram a desgraça de A ofender».

Tal é a transcendência desta devoção que a Vidente de Fátima pôde escrever:

«Da prática de devoção dos Primeiros Sábados unida à consagração ao Imaculado Coração de Maria depende a guerra ou a paz do mundo; por isso eu desejo tanto a sua propagação e sobretudo por ser essa a vontade do nosso Bom Deus e da nossa tão querida Mãe do Céu». (19-3-1939).

A devoção reparadora dos cinco primeiros sábados foi aprovada e tornada pública pelo Bispo de Leiria, Dom José Alves Correia da Silva, na Peregrinação de 13 de Setembro de 1939, treze dias depois de começada a segunda guerra mundial, que teve início no primeiro dia de Setembro desse ano.  

8-6-2013  -  10:05 horas

ANTÓNIO FONSECA

Sem comentários:

Enviar um comentário

Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.

Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso

Nº 5 801 - SÉRIE DE 2024 - Nº (277) - SANTOS DE CADA DIA - 2 DE OUTUBRO DE 2024

   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 277º  Número da ...