Nº 04
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
4 DE MARÇO DE 2019
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O 2º Bispo do Porto foi
DOM JOÃO PECULIAR
Bispo do Porto
1137-1138
Bispo do Porto
1137-1138
Segundo o livro OS RETRATOS DOS BISPOS DO PORTO é esta a sua biografia:
Dom JOÃO PECULIAR terá nascido na zona de Coimbra, ou na região do Vouga, por volta do ano de 1100 e faleceu, em Braga, a 3 de Dezembro de 1175. É possível que tenha passado a sua juventude em terras da actual França, de onde seria oriundo o seu pai, e aí terá estudado, eventualmente em Paris, de onde regressou, em finais da década de 1120, com o título de Magister e, acima de tudo, com uma cultura que lhe permitiu, no futuro, ocupar cargos importantes e ter grande influência nas questões religiosas e políticas do nascente reino de Portugal.
Pertenceu à canónica conimbricense e alcançou a dignidade de mestre-escola nessa Sé. Por volta de 1116 contribuiu para a fundação do eremitério de São Cristóvão de Lafões, sendo também sue abade, e foi um dos principais fundadores do mosteiro dos cónegos regrantes de Santa Cruz de Coimbra, em 1131. Neste mister foi acompanhado por Dom TELO, arcediago da Sé mondeguina, por Dom TEOTÓNIO, igualmente arcediago (e futuro Santo...) e por Dom AFONSO HENRIQUES. Esta ligação ao então Infante haveria de se revelar essencial no momento de encontrar o substituto de Dom HUGO (1112-1114/1136). De facto, Dom JOÃO PECULIAR seria a escolha ideal para bispo do Porto uma vez que representava a nova relação de forças e as novas autoridades que dominavam o território portucalense. A sua eleição, ocorrida provavelmente em meados de Junho de 1136, mostra bem não apenas a similitude dos interesses, mas também a convergência dos esforços levados a cabo por Dom AFONSO HENRIQUES e pelos prelados de Braga e de Coimbra, no sentido de promoverem a formação de uma estrutura eclesiástica regional, inteiramente subordinada a Braga, e à qual o antecessor de Dom JOÃO se tinha oposto de forma veemente. Neste contexto não será de estranhar que uma das principais acções de Dom JOÃO PECULIAR tenha sido a de colocar a diocese portuense sob a dependência da metrópole bracarense, pondo fim à isenção alcançada pelo sue antecessor.
Assistiu ao concílio de Burgos, realizado em Outubro de 1136, ainda como bispo eleito e permaneceu nesta condição pelo menos até inícios de Janeiro de 1137. Em Julho deste ano, surge como um dos confirmantes do Tratado de Tui estabelecido entre Afonso VII de Leão e Castela e Dom Afonso Henriques; e em Outubro desse mesmo ano confirmou a carta de doação e coutamento a favor da Sé de Tui feita pelo Infante português.
Por seu lado, Dom Afonso Henriques terá confirmado uma doação feita por Dom JOÃO PECULIAR ao mosteiro de São Cristóvão de Lafões, em 1138. Em Maio o principe português confirmou e ampliou os limites do Couto do Porto, doado ao bispo Dom HUGO pela rainha Dona TERESA em Abril de 1120.
Conhecem-se poucos documentos relativos à acção de Dom JOÃO PECULIAR enquanto prelado portuense. Um dos mais importantes é aquele em que isenta o mosteiro de São Salvador de Grijó, comunidade que, havia alguns anos, tinha ajudado a reformar, da jurisdição do bispo e do interdito. Esta isenção, datada de Outubro de 1137, parece ser mais uma forma de, por um lado, promover o papel dos cónegos regrantes de Santo AGOSTINHO e assegurar a sua liberdade religiosa face a possíveis problemas futuros com os seus sucessores na cátedra. Por outro lado, servia para consolidar o poder episcopal sobre a terra de Santa Maria que, entre 1132 e 1137, havia transitado da jurisdição de Coimbra para a do Porto.
Em Guimarães, no Outono de 1138, Dom JOÃO PECULIAR foi eleito arcebispo de Braga. Durante o seu longo episcopado, este prelado teve um papel, muito activo, quer no campo religioso e eclesiástico, quer no campo político. Neste último, procurou garantir, através de uma notável acção diplomática, muito particularmente junto da santa Sé, as conquistas militares e o crescente prestigio político de Dom Afonso Henriques de quem continuava a ser um dos grandes alicerces no norte do reino. Nas várias viagens que fez à Cúria romana, foi muitas vezes "emissário" do rei, trabalhando afincadamente no sentido de obter, junto dos pontífices, a confirmação de Portugal como reino independente de Castela e Dom Afonso Henriques como seu legítimo rei, revelando que tinha também um concepção política das suas funções eclesiásticas.
No campo religioso, lutou sempre pelos seus direitos de metropolita, pela construção de uma "Igreja portuguesa", e, consequentemente, contra a submissão à primazia toledana e contra as exigências de Santiago de Compostela face aos bispados sufragâneos de Coimbra, Viseu e Lamego. Esta forma de agir era consentânea com os ideais de independência que Dom Afonso Henriques encabeçava. Ainda no âmbito religioso Dom JOÃO PECULIAR tomou medidas pioneiras ao nível do governo da Arquidiocese, dividindo, em 1145, o sue património entre a mitra e o cabido. Esta divisão foi a primeira do género feita em Portugal e serviria de modelo a outras realizadas posteriormente em outras dioceses O arcebispo bracarense foi também precursor na criação da dignidade de mestre-escola, em 1148, algo que nos restantes bispados do reino só viria a acontecer em finais do século XII. Este facto revela a importância dada por Dom JOÃO PECULIAR à organização do corpo dignitário da sua Sé, por um lado, e à preparação escolar de futuros clérigos, por outro.
Dom JOÃO PECULIAR faleceu com provecta idade, em 1175. Na Sé Portucalense manteve-se bem viva a sua memória, celebrando-se a 30 de Novembro o aniversário pela sua alma. Atendendo ao seu percursos, Carl Erdmann não hesitou em caracterizá-lo como "fiel servidor" de Dom Afonso Henriques, "apaixonado e até por vezes impulsivo e impetuoso... tenaz, mas não caprichoso; homem prático, que ponderava prudentemente, que não se deixava intimidar e nunca ambicionava o inatingível" (Erdman, 1996, p.38)
Estátua de Dom JOÃO PECULIAR em Braga
Na WIKIPÉDIA existem os seguintes dados:
Na WIKIPÉDIA existem os seguintes dados:
João Peculiar
Dom João Peculiar | |
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Arcebispo da Igreja Católica | |
Arcebispo Primaz de Braga | |
D. João Peculiar na Galeria dos Arcebispos de Braga | |
Título | Primaz das Espanhas |
Ordenação e nomeação | |
Nomeação episcopal | 1136 |
Nomeado arcebispo | 1138 |
Dados pessoais | |
Nascimento | Coimbra |
Morte | Braga 3 de dezembro de 1175 |
Arcebispos Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo | |
João Peculiar (Coimbra? - Braga, 3 de Dezembro de 1175) foi bispo do Porto em 1136, Arcebispo de Braga e primaz das Espanhas entre 1138 e 1175. De acordo com uma tradição apócrifa, foi D. João Peculiar quem teria coroado D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal nas Cortes de Lamego em 1143; as Cortes, porém, são meramente lendárias, e não há registos escritos que provem que algum rei português tenha alguma vez sido coroado.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Dom João Peculiar nasceu em Coimbra, em data desconhecida.[1] Sabe-se que estudou em Coimbra e em Paris. Em 1123 fundou o Convento de São Cristóvão de Lafões, na Beira[desambiguação necessária], próximo de São Pedro do Sul. Foi eleito bispo do Porto em 1136. Arcebispo de Braga e primaz das Espanhas entre 1138 e 1175.[1]
Foi o organizador do encontro do rei português, com Afonso VII de Leão e Castela, em 4 e 5 de Outubro de 1143, do qual resultou o Tratado de Zamora, que marca a independência de Portugal. Acompanhou sempre o novo rei e assistiu à conquista de Lisboa em 1147.[2]
D. João Peculiar fez 14 vezes a viagem de Braga a Roma, para convencer o Papa Inocêncio II a reconhecer a D. Afonso Henriques o título de rei - o que só viria a acontecer em Maio de 1179 pelo Papa Alexandre III. O arcebispo faleceu em 3 de Dezembro de 1175 e foi sepultado na Sé de Braga.[3]
Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Cunha, Dom Rodrigo da (1634). Primeira (-segunda) parte, da historia ecclesiastica dos arcebispos de Braga, e dos Santos, e Varoes illustres, que florecerão neste arcebispado. Por dom Rodrigo da Cunha arcebispo, & senhor de Braga, primàz das Hespanhas. 1. Braga: Manuel Cardoso. 482 páginas
- Universidade de Coimbra (1830). Serie chronologica dos prelados conhecidos da igreja de Braga, desde a fundação da mesma igreja até o presente tempo. Precedida de uma breve Noticia de Braga Antiga, e seguido de um Catalogo dos Bispos Titulares, Coadjutores do Arcepispado. Coimbra: Real Imprensa da Universidade de Coimbra
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- D. João Peculiar (1100? - Braga, 3 de Dezembro de 1175), por João Silva de Sousa, O Portal da História, 2010-2012
- GCatholic (em inglês)
Precedido por Hugo | Bispo do Porto 1136 - 1138 | Sucedido por Pedro Rabaldes |
Precedido por Paio Mendes | Arcebispo Primaz de Braga 1138 - 1175 | Sucedido por Godinho |
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Na publicação de amanhã, prosseguirei agora com a história dos BISPOS DO PORTO
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Na publicação de amanhã, prosseguirei agora com a história dos BISPOS DO PORTO
ANTÓNIO FONSECA
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