sábado, 13 de abril de 2019

Nº 44 - A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS - 13 DE ABRIL DE 2019,

Nº  44 

DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS  

 12 DE ABRIL DE 2019









Caros Amigos:



41º Bispo do Porto





DOM GONÇALO DE MORAIS 


Bispo do Porto
1602-1617



No livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopal" aparece uma biografia bastante extensa que vou transcrever em seguida, além da indicação do seu nome no EPISCOPOLÓGICO do mesmo Livro. Assim sobre o Bispo DOM GONÇALO DE MORAIS que terá exercido essas funções durante cerca de 15 Anos de 1602 até 1617, é esta a Biografia:



Dom FREI GONÇALO DE MORAIS nasceu em Vila Franca de Lampaças (concelho de Bragança) no dia 9 de Janeiro de 1543. Era filho de António Borges de Morais, que vivia em Ansiães na altura da morte do bispo, casado com Dona Inês de Mesquita, cavaleiro-fidalgo, primeiro capitão da Vila de Ansiães e primeiro Morgado de Selôres (concelho de Ansiães); e uma irmã, Brites de Morais, que casou com Fernando de Mesquita.
Pouco tempo depois de nascer, Dom GONÇALO ficou órfão de pai e foi viver para Ansiães, com sua mãe e os dois irmãos. Com 15 anos, e já com conhecimentos em gramática, recebeu o hábito de São Bento no mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto (Cabeceiras de Basto), a 19 de Dezembro de 1558. Foi estudar lógica e teologia para a Universidade de Coimbra, recolhendo-se com outros monges no paço das Escolas até se fundar o colégio beneditino, fora da porta do castelo. A 25 de Fevereiro de 1564 recebeu o diaconato. 
Antes de ascender à cátedra portuense foi prior do recém-fundado mosteiro dos Doze Apóstolos de Santarém (entre 1581 e 1587), de Santo André de Rendufe (entre 1587 e 1590), abade geral da Congregação Beneditina Portuguesa (entre 1590 e 1593) e abade de São Bento da Saúde, em Lisboa (entre 1596 e 1599). Encontrava-se em Lisboa quando o rei Filipe II, em Janeiro de 1602, o nomeou Bispo do Porto, lugar que estava vago desde a morte de Dom JERÓNIMO DE MENESES, ocorrida a 12 de Novembro de 1600. Este monarca teria por Dom FREI GONÇALO elevada consideração, uma vez que já tinha sido por sua influência que o beneditino fora eleito abade geral. Por outro lado, cerca de 1587 tinha-o agraciado com uma pensão vitalícia de 400 cruzados, a ser paga através de rendas da arquidiocese de Lisboa.
A nomeação de Dom FREI GONÇALO foi confirmada pelo papa CLEMENTE VIII, a 26 de Junho de 1602, através da bula Gratiae divinae praemium, e o prelado foi sagrado em Lisboa, no mês de Setembro, pelo arcebispo Dom Manuel de Castro. A entrada solene na diocese do Porto teve lugar a 30 de Outubro desse ano
Da sua acção enquanto pastor da Igreja Portucalense, destaca-se o facto de ter visitado pessoalmente toda a diocese, logo em 1603, e as suas visitas anuais  a cada uma das quatro comarcas do bispado. Em 1611 convocou um sínodo diocesano, que não chegou a realizar-se em virtude  de ter sido suspenso pelo próprio bispo que se desentendeu com os procuradores sinodais. A forma zelosa, e até intransigente, como governou a sua Sé acabaria por lhe trazer alguns dissabores, nomeadamente com as Ordens de Cristo e de Malta por causa de visitas a igrejas suas que eram isentas. Em 1615 acabaria por ser condenado, pela Relação do Porto, à pena de desterro do país, por não ter respeitado a sentença que o obrigava a confirmar a nomeação de certo clérigo na Igreja de Fandinhães (concelho do Marco de Canavezes), cujo padroado pertencia à Casa de Marialva. As intervenções de Filipe II e do papa Paulo V acabariam por resolver a questão, em 1617, com a anulação da sentença. Mas o seu episcopado ficaria para sempre marcado pelas obras que realizou, entre 1606 e 1610, na capela-mor, na sacristia e na capela de São VICENTE da catedral portuense, a que a legenda do seu retrato, conservado no paço episcopal, também faz referência.  De facto, a capela-mor foi toda reconstruida, em estilo maneirista, e dotada de retábulo e coro, com a pedra de armas do bispo esculpida sobre o arco cruzeiro. Uma inscrição do lado da Epístola da capela-mor assinala: 
ESTA CAPELLA RETABOLO E CORO FEZ O S(r). B(ispo). D. F(r). GONÇALO DE MORAES COMEÇOU-SE NO ANNO DE 1606 ACABOU-SE PELLA PASCHOA DE 1610.
Na sacristia mandou colocar arcazes e armários, para guarda das alfaias de culto e paramentos, bem como lavatórios e mesas de mármore. Na capela de Nossa Senhora da Saúde, ou de São Vicente, ampliou o panteão dos bispos, para onde havia de trasladar os corpos dos seus antecessores. Depois, na capela-mor da catedral, fez um novo panteão para si e seus sucessores, estabelecendo para tal um contrato com o cabido que foi aprovado pelo Papa PAULO V, num breve de 13 de Setembro de 1610. Através de doações enriqueceu a sua catedral com um pontifical de tela branca, uma estante coral de bronze assinalada com as suas armas, um púlpito de jaspe, além de vários ornamentos.
Para além da obra edificada, deixou FREI GONÇALO DE MORAIS obra escrita, nomeadamente, um tratado ascético para o exercício da contemplação com o título Relectio menstrua et hebdomadaria, de que terá existido um tomo; um conjunto intitulado Vinte e sinco sermoens pregados até o anno de 1610 quando era Bispo e algumas practicas espirituaes aos seus monges; e a publicação de uma bula do papa PAULO V, precedida de uma Provisão, datada de 1 de Janeiro de 1608 e impressa em Lisboa, em 1609. Coligiu numa série de apontamentos para escrever uma história eclesiástica da diocese do Porto. No entanto, acabaria por falecer antes de concretizar esse projecto, o qual foi continuado e concretizado pelo seu sucessor Dom RODRIGO DA CUNHA através do seu Catalogo e Historia dos Bispos do Porto, de 1623.
Instituiu na Sé dois ofícios anuais, por sua alma, e para cumprimento dos mesmos deixou ao cabido um padrão de juro de 120 mil reis, a administração da fábrica da capela-mor da Sé e a capela de São Gregório, que havia mandado construir à frente do aljube para prestar serviço aos presos. No Livro de Aniversários do Cabido do Porto, encontra-se a entrada relativa à execução desses ofícios. 

"Em 27 n(sic) deste mes (Outubro) anno de 1617 morreo Dom FREI GONÇALO DE MORAIS bispo do Porto e ordenou que lhe dissessem uma missa quotidiana com lumes de vellas e no fim de cada huma responso sobre sua sepultura. Outrosi hão de fazer hum anniversario neste dia em que morreo e outro o dia despois dos fieis de Deus de Novembro no oitavairo de Todos os Santos, com vesperas e officio de 9 liçois e missa dita por dinidade e com quoatro cetros (sic) de que se fez contrato por Villafane tabeliam que esta no cartorio do cabido onde se veram largamente como se obrigaram comprir o assima dito
(ADP, Cartório do Cabido, Liv. 1574, fl. 76v).

Faleceu no dia 26 de Outubro de 1617 e, apesar do acordo feito com o bispo, o cabido opôs-se à sua tumulação na capela-mor. Esta atitude foi uma espécie de retaliação dos capitulares, com os quais o prelado tivera relações difíceis, quase desde o início do seu episcopado. Por isso, foi sepultado na capela de São Vicente junto aos seus antecessores, sendo trasladado para a capela-mor passados alguns anos, como refere o epitáfio do seu mausoléu:

SEPULTURA DO BISPO DOM FREI GONÇALO DE MORAES RELIGIOSO E GERAL QUE FOI DA ORDEM DO GLORIOSO P(atriarca) S(ão) BENTO O QUAL FEZ ESTA CAPELA. REQUIESCAT IN PACE. FALECEO NA ERA DE 1617 A VINTE E SEIS DE OUTUBRO.

Nas palavras de Geraldo Coelho Dias, DOM FREI GONÇALO "para além das suas qualidades de piedoso e esmoler, foi disciplinador, à boa maneira do espírito do Concílio de Trento" (DIAS, 2002, p. 383)




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Na WIKIPÉDIA estranhamente (ou não) não encontrei qualquer referência sobre o Bispo DOM FREI GONÇALO DE MORAIS  - excepto a indicação contida na Lista dos Bispos do Porto, que diz apenas:

  1. Frei Gonçalo (II) de Morais (1602-1617)

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Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO



ANTÓNIO FONSECA

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