Nº 46
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
15 DE ABRIL DE 2019
Caros Amigos:
43º Bispo do Porto
DOM JOÃO DE VALADARES
Bispo do Porto
1627-1635
Na WIKIPÉDIA existe apenas uma referência sobre o Bispo DOM FREI JOÃO DE VALADARES - na sua Lista de Bispos do Porto, que é a seguinte:
Frei João (VII) de Valadares (1627-1635)
*************
No livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopal" aparece o seu nome no EPISCOPOLÓGICO do mesmo Livro, assim como uma biografia e a foto sobre o Bispo DOM FREI JOÃO DE VALADARES que terá exercido essas funções durante cerca de 8 Anos de 1627 até 1635. que passo a transcrever:
**********
Bispo DOM FREI JOÃO DE VALADARES
DOM FREI JOÃO DE VALADARES nasceu em Setúbal. Era filho de Estêvão da Mota de Valadares e de Dona Catarina de Valadares, pessoas nobres. Tinha um irmão, Mendo da Mota de Valadares, membro do Conselho português em Madrid; e uma irmã, Inês de Valadares, mulher de João Fuzeiro de Sande.
A 6 de Junho de 1578 professou como eremita de Santo Agostinho e foi eleito provincial dessa ordem, unanimi consensu, a 10 de maio de 1620.
Em 1605, foi-lhe concedida a distinção de pregador da capela real. Foi também deputado da Mesa da Inquisição de Lisboa, função que em 1620 ainda exercia.
DOM FREI JOÃO DE VALADARES foi nomeado para a diocese de Miranda, em 1620, vaga pela transferência de Dom FRANCISCO PEREIRA para Lamego. Aí governou desde 1621 até 1627. A atribuição desse cargo, e mais tarde a nomeação para Bispo do Porto, deverá estar relacionada com o facto de ser irmão do Dr. Mendo da Costa de Valadares, que também integrou o Conselho de Portugal em Madrid, de 1614 a 1632, e presença regular, especialmente entre 1624 e 1631, na Mesa da Irmandade de Santo António do Portugueses, na corte, a qual, de certo modo, representava o poder português no centro cortesão madrileno.
No período em que foi prelado mirandês visitou, ou mandou visitar, a diocese, total ou parcialmente, todos os anos entre 1623 e 1627.
Em finais de 1627, foi nomeado para a Sé Portuense, mas só faria a sua entrada solene na cidade a 22 de Outubro do ano seguinte. Três dias volvidos após esta entrada, estalou no Porto uma revolta popular, conhecida como «motim das maçaroca», por causa da cobrança de um subsídio estabelecido pelo rei Filipe III de Portugal, em Julho de 1628. Vindo o representante régio à cidade, os homens da Câmara entregaram-lhe o valor que haviam acordado. No entanto, os habitantes da cidade ter-se-ão revoltado contra ele, obrigando-o a fugir. Este episódio, relatado ao rei, teria tido consequências mais graves não fosse a presumível intervenção, entre outros, de FREI JOÃO DE VALADARES, ajudado pelo seu irmão, Dom Mendo, que ainda pertencia ao referido Conselho de Estado.
Da acção pastoral de FREI JOÃO na igreja portuense destacam-se as visitas que fez à diocese, revelando-se um antístite particularmente zeloso na administração dos sacramentos, em especial no da confirmação.
O nome de DOM FREI JOÃO DE VALADARES ficaria também, ligado ao da sua catedral a partir do momento em que mandou construir o altar de prata, na capela do Santíssimo Sacramento. Começou a ser levantado em 1632, pelas mãos dos ourives Manuel Teixeira e Manuel Guedes, genro do primeiro, vindos de Lamego. A sua construção prolongou-se até ao século XIX, do que resultou uma grande heterogeneidade estilística e estética na justaposição dos elementos escalonados que o compõem, representando os seus baixos relevos cenas bíblicas, especialmente centradas na Eucaristia.
Este prelado foi ainda um grande protector do convento de São João-o-Novo, dos monges de Santo Agostinho, de cuja Ordem, como dissemos, tinha sido provincial. Neste convento mandou construir, a expensas suas, um mirante a poente, o dormitório do lado sul, virado para o Douro, e deu início a outro dormitório voltado a nascente.
DOM FREI JOÃO DE VALADARES faleceu a 21 de Maio de 1635, sendo sepultado na capela-mor da Sé do Porto, no jazigo dos bispos portuenses. No paço episcopal de Bragança encontra-se um retrato deste prelado com a seguinte legenda:
"D. Frater Joanes de Valadares ordinis eremitarum sancti augustini natus selobricoe archiepiscupatus Ulyssiponensis postea translatus ad Portuensem ecclesiam ibi obiit, jacet que sepultus."
O Padre Rebelo da Costa chamou-lhe "o Moysés portuense" porque, tal como o Profeta acalmou a ira divina, também, DOM FREI JOÃO teria apaziguado a ira do rei, aquando do "motim das maçarocas"
(COSTA, 1789, p. 83).
A legenda do seu retrato, conservado no paço episcopal do Porto, refere, precisamente, esse seu papel.
*********
Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO
ANTÓNIO FONSECA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.