quarta-feira, 17 de abril de 2019

Nº 48 - A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS - 17 DE ABRIL DE 2019

Nº  48

DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS  

 17 DE ABRIL DE 2019









Caros Amigos:



45º Bispo do Porto






DOM 
NICOLAU MONTEIRO 


Bispo do Porto
1671-1672 (*)

(*)  
de 1639 (data de falecimento de Dom GASPAR DO REGO DA FONSECA), a Sé do Porto esteve Vaga, durante mais de 30 anos



No entanto na Lista de Bispos do Porto da WIKIPÉDIA consta o que se segue:

FRANCISCO PEREIRA PINTO (1640) nomeado por Dom Filipe IV de Espanha, nunca chegou a tomar posse. A Sé Episcopal permaneceu oficialmente vaga até 1670, devido ao papa não ter confirmado os dois bispos (que se lhe seguiram) e que foram nomeados por Dom João IV de Portugal.

SEBASTIÃO CÉSAR DE MENESES (1641-?) eleito mas não confirmado pelo papa.

FREI PEDRO (VII) DE MENEZES (?-1670), eleito mas não confirmado pelo papa.

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Por outro lado, no livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopal" é dado relevo à foto (acima...), na Cronologia e no EPISCOPOLÓGICO sobre o o Bispo DOM NICOLAU MONTEIRO que terá exercido essas funções durante cerca de 2 Anos de 1631 até 1672. 

Que a seguir transcrevo:

DOM NICOLAU MONTEIRO, nasceu no Porto, na freguesia de São Nicolau, no dia 6 de Dezembro de 1581. Era filho de Nicolau Velho e de Dona Maria Monteiro, e sobrinho de João Álvares Moutinho, prior da Colegiada de São Martinho de Cedofeita.
Estudou na Universidade de Coimbra, doutorando-se na Faculdade de Cânones. Completados os seus estudos, dirigiu-se a Roma onde obteve, após concurso público, um canonicato na diocese conimbricense, em 1614. Como cónego e provisor desse bispado deu a conhecer a ordem do papa GREGÓRIO XV para que se celebrasse, a 2 de dezembro de 1621, a festa do bem-aventurado Padre FRANCISCO XAVIER, evangelizador do oriente. Em 1626 resignou à posse da sua conezia, em favor de SIMÃO PINTO, meio cónego.
Terá sido nessa altura que regressou à sua cidade natal, para substituir seu tio Dom João Álvares Moutinho, como prior da Colegiada de Cedofeita. Em 1630 fez obras no altar-mor da igreja da Colegiada e construiu a capela de São José, onde sua mãe seria sepultada.
Em finais de 1644 foi um dos agentes enviados à cúria romana, pelo rei Dom João IV, para resolver o problema do provimento dos bispados portugueses. De facto, após a restauração da independência, em 1640, as relações entre Portugal e a Santa Sé encontravam-se num impasse agravado, em especial, pelas pressões e violências feitas pela diplomacia castelhana presente em Roma. Os embaixadores lusos  chegaram a ser vítimas de atentados à própria vida. O mais grave foi contra Dom NICOLAU MONTEIRO e ocorreu a 2 de Abril de 1645, às portas da Igreja de Santa Maria del Popolo, tendo o clérigo escapado mas falecido num seu criado.
O empenho de DOM NICOLAU como embaixador haveria de se reflectir, também, na produção de obras literárias. Assim, em 1645, publicou-se em Lisboa, pelo editor Paulo Craesbech, a 

"Relação das verdadeiras rasoens em favor do Estado Ecclesiastico deste reino de Portugal feito em Roma  no principio do anno corrente superabundante às que alli havião feito pelo mesmo Reino no anno de 1642 os bispos de Lamego e Eleito de Elvas pelo Doutor Nicolau Monteiro, Prior da Colegiada de Cedofeita e agente do mesmo Estado naquela Cúria e Eleito Bispo de Portalegre".

Esta obra, traduzida do italiano por Gaspar Clemente Botelho, cónego de Elvas, é um opúsculo de oito páginas em 8º, e nela o autor desenvolve oito razões, ou argumentos, a favor do provimento das cadeiras episcopais vagas.
Em 1649, também em Lisboa, na Oficina de Domingos Lopes Roza, publicou-se o livro 

"Vox Turturis Portugalliae Gemens ad Pontificem Summum Pro Rege suo (ut audiatur) juste gemit ac clamat: Clamat semper, ac gemit iure civili, humana actione, ordinatione divina, ac obsequio regio animatta. Libellus suplex D. Nicolau Monteiro, Collegiatae insignis de Cedofeita Prioris, cura et opera ordinatus".

Trata-se de uma obra de 49 capítulos, com  259 páginas de texto e oito de índice, onde D. NICOLAU MONTEIRO lamenta a falta de bispos.
Em 1653 foi publicada uma obra anónima, que os especialistas atribuem a D. NICOLAU, editada em latim e em português, intitulada, respectivamente, 

"Balatus Ovium, Opus a Tribus Lusitanici Regni Ordinibus, Supremo Pastori et Summo Pontifici D. N. Innocemntio X oblatum. Parisiis, Apud Sebastianum Cramoisy, Architypographum Regis et Regina et Gabrielem Cramoisy, Via Jacobea sub Ciconiis, M.DC.LIII," 
e
"Balidos das Igrejas de Portugal ao Supremo Pastor, Summo Pontifice Romano. Pellos tres Estados do Reyno. Impresso em Paris por Sebastiam Cramoisy, Impressor del Rey Christianissimi e da raynha e Gabriel Cramoisy. M. DC. LIII."

A edição latina, em  8º, tem 280, páginas e, no fim, uma folha colada com erratas. A versão em vernáculo, com igual formato, tem 320 páginas, e inclui um Sumário do conteúdo  no Livro. Ambas as edições foram precedidas  da 

"Carta dos Tres estados do reyno de Portugal escrita a S.de Innocencio X sobre o desamparo de suas Igrejas", 

datada de Lisboa, a 8 de Outubro de 1649, com 16 páginas. nesta obra, o Autor expõe o estado em que se encontravam as sés episcopais sem bispos e reclama, perante o papa, o provimento das catedrais vagas.
Apesar de seus esforços, de viva voz e por voz escrita, DOM NICOLAU não alcançou os seus intentos junto do Sumo Pontifice. No entanto, o seu empenho havia de ser agraciado por Dom João IV que, no ano de 1645, o elegeu para Bispo de Portalegre. Esta eleição não obteria qualquer efeito prático, uma vez que o papa continuava a não reconhecer as eleições feitas pelo monarca português. A consideração do rei por Dom NICOLAU revelar-se-ia, ainda, na sua designação para preceptor dos príncipes Dom Teodósio, Dom Afonso (futuro Dom Afonso VI) e Dom Pedro (futuro Dom Pedro II). para exercer este cargo renunciou ao priorado de Cedofeita, recebendo de Dom João IV, em contrapartida, a prebenda de mestre-escola da Colegiada de Barcelos.
Em 1655, foi nomeado prelado da diocese da Guarda, mas também neste caso não chegou a ser provido. Em 1668 acabaria por ser apresentado, pelo principe regente Dom Pedro, para a Sé do Porto. No entanto, a inexistência de canais diplomáticos, a morte do papa CLEMENTE IX, em Dezembro de 1669, e a dificuldade em determinar os termos que deviam constar nas bulas de confirmação, explicam o intervalo de mais de dois anos entre a eleição e a tomada de posse efectiva do bispado. De facto, só em 15 de Dezembro de 1670 é que CLEMENTE X expediu a bula Gratiae Dininae Praemium confirmando DOM NICOLAU como bispo portuense, findando assim, um período de 32 anos de vacância na Sé do Porto.

DOM NICOLAU MONTEIRO contava, praticamente, com 90 anos quando foi empossado, a 12 de Abril de 1671, através do procurador Dr. Manuel Osório Cabral, arcediago do Porto. Foi sagrado em 31 de maio de 1670, na igreja do Oratório em Lisboa, sendo sagrante o Núncio Apostólico Dom FRANCISCO RAVIZZA. fez entrada solene na cidade no dia 26 de Julho de 1671.
Apesar da sua provecta idade e do pouco tempo que governou DOM NICOLAU deixou a sua marca no Porto. Foi por sua iniciativa que se demoliu a antiga Igreja de São Nicolau, benzendo o prelado a primeira pedra do novo edifício, a 6 de Dezembro de 1671, o qual ostenta, no arco da porta principal, as armas de fé do prelado.
Enquanto pastor da sua Igreja, escolheu dois esmoleres, um para atender aqueles que batiam à porta do seu paço e outro para visitar e socorrer os pobres envergonhados. procedeu. ainda, à administração do sacramento da confirmação e à ordenação de diversos clérigos que, por causa das várias décadas da Sé vacante, há muito tempo não se realizava.
DOM NICOLAU foi também provedor da Misericórdia do Porto, instituição a quem deixou um legado de 12 mil cruzados, destinado ao tratamento dos doentes pobres, e onde também se conserva um seu retrato.
Este prelado portuense acabaria por falecer a 20 de Dezembro de 1672, sendo sepultado no panteão dos bispos na capela-mor da catedral. Sobre esta figura diz A. Ferreira Pinto que 
"foi numa grande glória da Restauração com o seu grande saber e zelosa actividade. Canonista insigne (...) a sua vida marca uma autêntica individualidade de grande amor pátrio", 
e remata perguntando: 
"não merecerá que o seu nome esteja sempre visível em qualquer avenida ou rua importante da cidade?"

(PINTO, 1940, P. 349 E 361)
A Câmara do Porto, concordando com esta distinção, acabaria por atribuir o nome de Dom NICOLAU MONTEIRO a uma rua da Freguesia de Cedofeita.




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Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO



ANTÓNIO FONSECA

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