Nº 56
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
25 DE ABRIL DE 2019
Caros Amigos:
53º Bispo do Porto
DOM
FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA
Bispo do Porto
1771-1793
Na Lista de Bispos do Porto da WIKIPÉDIA consta apenas a indicação abaixo:
JOÃO (X) RAFAEL DE MENDONÇA (1771-1793)
Por outro lado no livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopal" na CRONOLOGIA consta o nome, imagem (acima) e biografia (que abaixo transcrevo) do Bispo DOM FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA e também no EPISCOPOLÓGICO com a indicação de que terá exercido essas funções durante cerca de 22 Anos de 1771 até 1793
A transcrição é como segue:
DOM FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA ou MENDÔÇA, nasceu em Lisboa, a 25 de Abril de 1717. e era filho de Nuno de Mendonça, 4º Conde de Vale dos reis, e da condessa Dona Leonor Maria Antónia de Noronha, filha de Dom Pedro de Noronha, 1º Marquês de Angeja e da marquesa Dona Isabel de Mendonça. Teve vários irmãos, entre eles Dom José Francisco Miguel António de Mendonça, 5º cardeal patriarca de Lisboa (1786-1808).
DOM FREI JOÃO RAFAEL tomou o hábito de religioso no convento de Santa Maria de Belém, na Ordem de São Jerónimo, onde professou. Estudou na Universidade de Coimbra tendo aí alcançado o grau de Doutor em Teologia. Foi eleito abade do colégio Jerónimo, nessa mesma cidade, função que exerceu em simultâneo com a docência universitária. Mais tarde renunciou ao ensino para ser abade do mosteiro de São Marcos, em São Silvestre do Campo, na diocese mondeguina. Posteriormente seria nomeado abade do mosteiro de Santa Maria de Belém, em Lisboa, a cuja reparação depois do terramoto de 1755, se dedicou com grande afinco. DOM FREI JOÃO RAFAEL concluiu a reedificação do seu cenóbio, merecendo os elogios do rei Dom José e de toda a Congregação de São Jerónimo acabando eleito, por duas vezes, geral e superior da referida Congregação.
Em 1770, a 7 de Agosto, foi eleito Prelado do recém-criado Bispado de Pinhel, não chegando, porém, a receber a bula da confirmação por ter sido transferido para o Porto, a 27 de maio de 1771. DOM FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA foi confirmado pelo papa CLEMENTE XIV, em 29 de Julho desse ano, e sagrado em Lisboa, a 10 de Novembro seguinte. A entrada solene do novo bispo aconteceu apenas a 2 de Fevereiro de 1772.
Como pastor à frente dos destinos da Diocese Portuense, competiu-lhe dar execução ao breve do papa CLEMENTE XIV, de 21 de Julho de 1773, que extinguia a Companhia de Jesus. Em 1779, o extinto colégio de São Lourenço, que tinha pertencido aos Inacianos, foi comprado pelos Eremitas Descalços de Santo Agostinho à Universidade de Coimbra, que o havia recebido em doação após a extinção da Companhia.
Em maio de 1773, o marquês de Pombal decretou o fim da distinção entre cristãos-velhos e cristãos-novos. Em conformidade, revelou-se necessário que os Bispos das várias dioceses determinassem o novo modo de fazer as diligências de genere, tarefa que competiu a DOM FREI JOÃO RAFAEL.
Conseguiu o Bispo do Porto, aliado ao cabido, ao Bispo de Penafiel e ao colégio da Igreja Patriarcal, uma sentença favorável, em 1786, contra a Companhia dos Vinhos do Alto Douro que os tentava impedir de cobrar antigos privilégios. A argumentação do antístite portuense baseava-se no foral de Dom Manuel, de 20 de Junho de 1517, onde se garantiam os direitos de portagem, milheiros e maltosta.
Em 1779, DOM FREI JOÃO RAFAEL foi aclamado presidente da Irmandade de Clérigos nascida da união de três instituições, a saber: a Confraria dos Clérigos Pobres de Nossa Senhora da Misericórdia, a Irmandade de São Filipe de Nery e a Confraria dos Clérigos de São Pedro. A 12 de Dezembro desse ano sagrou a respectiva igreja cuja construção se tinha iniciado em Junho de 1732. A sua ligação a esta Irmandade é testemunhada por um quadro que ainda hoje aí se conserva, e cuja legenda diz:
"O Ex.mº e R.mo Sr. D. Fr. Joaõ (sic) 1º desta ven.el Irmand.e foi aclamado prezid.te no anno de 1779 e no dito sagrou esta nossa (sic) igr.ª"
No exercício do múnus episcopal, DOM FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA realizou várias visitas pastorais, deslocou-se pessoalmente a algumas freguesias da diocese e mandando vigários em seu nome a várias outras, Destas visitas resultaram diversos capítulos gerais, registados nos livros de visitações, que revela, a vontade do Prelado em corrigir os comportamentos dos clérigos, em especial dos sacerdotes, no que respeitava à forma como se vestiam, às suas obrigações na realização dos ofícios divinos e à administração dos sacramentos. Publicou, ainda, uma série de editais respeitantes a temas como a licença para confessar, o ensino da doutrina aos fiéis, a licença de matrimónio para os paroquianos, os assentos dos defuntos, ou a venda de alimentos às portas das igrejas em dias de jejum. Aos fregueses o Bispo portuense exigia-lhes que não fizessem ou procurassem quem fizesse exorcismos e lesse o Evangelho a mulheres sem autorização do Prelado, e que não encomendassem missas ou sermões a quem lhes colocasse um preço.
A prelazia de DOM FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA marcou um momento de grandes transformações na paisagem urbana do morro da Sé. De facto, em 1771, o Bispo mandou demolir o antigo paço episcopal para aí erguer um imponente edifício "desde (os) fundamentos", como refere a legenda do seu retrato, com uma majestosa escadaria interior, amplos salões e um grande número de salas e de quartos. A obra apenas em parte ficaria concluída durante o seu episcopado. A ascendência nobre do Prelado, testemunhada pelas suas armas de fé presentes em vários locais do paço, aliada á pompa característica do tempo ficam bem patentes no "palácio" construído.
Para além deste edifício, o Bispo ordenou a feitura do retábulo de talha dourada da capela de São Vicente da Sé. Decidiu, também, a construção da casa da câmara eclesiástica, junto ao paço, da casa do auditório e da livraria da mitra, colocando em todas elas as suas armas. despendeu ainda avultadas quantias no melhoramento das quintas do Prado (no Porto), de Santa Cruz (do Bispo) e de Penafiel.
DOM FREI JOÃO RAFAEL DE MENDONÇA faleceu no seu paço episcopal, a 6 de Junho de 1793, sendo sepultado no dia 9 desse mês na catedral, no jazigo dos Prelados portucalenses. Apesar da vasta obra edificada que deixou, Este Bispo seria recordado pelo seu carácter de esmoler, sendo apelidado de "pai dos pobres", e como "defensor incansável da imunidade eclesiástica" e "protector do carácter sacerdotal"
(COSTA, 2001, p, 91)
**********
*********
Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO
ANTÓNIO FONSECA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.