Nº 60
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
29 DE ABRIL DE 2019
Caros Amigos:
57º Bispo do Porto
DOM
JERÓNIMO JOSÉ DA COSTA REBELO
Bispo do Porto
1843-1854
Na Lista de Bispos do Porto da WIKIPÉDIA consta a existência de MANUEL DE SANTA INÊS que, no entanto não foi confirmado pelo Papa.
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No entanto, aponho aqui as indicações que ali constam (não em substituição da biografia de Dom JERÓNIMO REBELO referida na CRONOLOGIA da Diocese do Porto) mas só por curiosidade:
Assim FREI MANUEL DE SANTA INÊS (Baguim do Monte, 2 de Dezembro de 1762 - 1840). Eclesiástico português, Bispo do Porto. Era filho de lavradores de Rio Tinto - Gondomar. Aos dezoito anos, entrou para o Colégio dos Grilos ou Mosteiro dos Religiosos Ermitas Descalços de Santo Agostinho, onde professou em 1781, adoptando então o nome de FREI MANUEL DE SANTA INÊS.
Ocupou diversos cargos eclesiásticos incluindo o de Bispo do Porto. Foi um liberal convicto. Morreu em 1840 aos 78 anos de idade, tendo sido sepultado no cemitério da Lapa, no Porto
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Por outro lado no livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopal" na CRONOLOGIA consta o nome, imagem (acima) e biografia (que abaixo transcrevo) do Bispo Dom JERÓNIMO JOSÉ DA COSTA REBELO e também no EPISCOPOLÓGICO com a indicação de que terá exercido essas funções durante cerca de 11 Anos de 1843 até 1854.
A transcrição é como segue:
JERÓNIMO JOSÉ DA COSTA REBELO nasceu em Braga na Rua dos Chãos de Baixo (freguesia de São João do Souto), a 20 de Outubro de 1783. Era filho do negociante José Joaquim da Costa e de Dona Custódia Maria de Jesus, sendo a sua familia conhecida pela alcunha de Caneta. Teve dois irmãos, José Narciso da Costa Rebelo, cónego de Braga, e Joaquim José da Costa Rebelo, 1º Barão de Gramosa, comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e presidente da Câmara Municipal de Braga entre Janeiro de 1866 e Março de 1868.
Fez os seus primeiros estudos em Braga seguindo depois para a Universidade de Coimbra, onde se formou bacharel na faculdade de Cânones.
DOM JERÓNIMO REBELO iniciou o seu percurso eclesiástico na Colegiada de São Tomé da Correlhã (concelho de Ponte de Lima), passando para a Igreja da Fonte (concelho de Esposende), em 1812. Em Agosto de 1835 foi nomeado vigário capitular da Sé de Lamego, lugar a que teve que resignar após a vitória da revolução de Setembro de 1836, uma vez que era adepto convicto dos ideais constitucionais.
Em 1839 tornou-se cónego da catedral de Braga. No ano seguinte foi escolhido pelo patriarca de Lisboa, DOM FREI FRANCISCO DE SÃO LUÍS, o celebrado Cardeal SARAIVA, para exercer o cargo de vigário geral do patriarcado. No entanto, a morte de FREI MANUEL DE SANTA INÊS (a 24 de Janeiro de 1840), que tinha sido eleito pelo regente Dom Pedro para governar a diocese do Porto mas que nunca fora apresentado e, consequentemente, nunca fora confirmado como tal pela Santa Sé, fez alterar o seu rumo. Assim, por decreto régio de 27 de Janeiro desse ano, foi DOM JERÓNIMO REBELO apresentado ao cabido portucalense como vigário capitular e bispo eleito da mesma Sé. A esta escolha não terá sido alheio o facto de o Prelado ser reconhecidamente constitucionalista e antigo deputado pelo Minho às cortes de 1826.
Apesar de se tratar duma eleição irregular, DOM JERÓNIMO tomou posse do governo da Diocese a 18 de Fevereiro (de 1840) e nessa situação se manteve até 19 de Junho de 1843, momento em que viu a sua nomeação confirmada pela Cúria pontifícia. A sagração episcopal teve lugar na catedral do Porto a 20 de Agosto seguinte, fazendo DOM JERÓNIMO REBELO a sua entrada solene na cidade a 27 do mesmo mês.
Ainda que juridicamente fosse considerado como Bispo "intruso", DOM JERÓNIMO não se coibiu de exercer o seu ministério. Uma das duas primeiras decisões foi a escolha do portuense DR. JOSÉ CORREIA para o cargo de Desembargador do Consistório Eclesiástico, Chanceler e Secretário do Bispado, por provisão de 24 de Fevereiro de 1840. A 28 do mesmo mês expediu a sua primeira Carta pastoral com advertências sob o modo de acção durante o período quaresmal. A 15 de Março envia nova carta pastoral relativa à primeira comunhão das crianças, indicando-se, detalhadamente, todos os procedimentos e a data em que se deveria realizar.
Entre Maio e Agosto, DOM JERÓNIMO REBELO dedicou-se a matérias relacionadas com a disciplina do clero, escrevendo várias cartas circulares. Nelas se debruça sobre o modo de trajar dos clérigos e a regularização de requerimentos e processos de licenças dos párocos. A 22 de Setembro, o Prelado deu instruções sobre a formação dos eclesiásticos, regulamentando as palestras, denominadas Conferências, que passariam a ser semanais e deveriam privilegiar os temas da teologia moral e da liturgia. Com efeito, DOM JERÓNIMO fez da formação e do ensino uma das suas principais preocupações. As progressivas tentativas de laicização do ensino eclesiástico e a falta de definição do mesmo nos liceus públicos levou a que o Prelado tomasse a iniciativa de abrir no paço episcopal, em Outubro de 1841, aulas de teologia dogmática e teologia moral. O curso seria bienal e devia serr frequentado por todos aqueles que desejassem ser eclesiasticos, que pretendessem habilitar-se a confessores ou a fazer os exames sinodais. Para professores, o Bispo escolheu dois egressos beneditinos: ANTÓNIO ROBERTO JORGE e BALTAZAR VELOSO SEQUEIRA.
Ainda no ano de 1841, DOM JERÓNIMO REBELO redigiu novas cartas circulares onde exprimiu a sua preocupação face a erros e falhas processuais cometidas por clérigos e impôs alterações a alguns procedimentos normativos. Em relação aos primeiros, destaca a falta de renovação das licenças e das cartas de encomendação e a negação do beneplácito para as dispensas matrimoniais, expedidas directamente a eclesiásticos, sem reconhecimento das autoridades públicas competentes. Quanto ás mudanças normativas, estabelece a nova forma de realizar os assento de Baptismo, Casamento e Óbito. Este cuidado relativo ao cumprimento das normas juridicas levaria o Prelado portuense a escrever, também no ano de 1841, uma pastoral dedicada ao processo de matrimónio e outra sobre a obrigatoriedade da assistência aos párocos no dia das eleições, de modo a reconhecerem a identidade dos paroquianos/eleitores, a colaborarem no recenseamento dos mesmos.
Para além desta vertente "legalista" e rigorosa, DOM JERÓNIMO DA COSTA REBELO revelou, em diversas pastorais e cartas circulares, o seu zelo com o bem-estar da população, em especial com o dos mais desfavorecidos, como os expostos, ou com aqueles cujo trabalho dependia das condições climatéricas, como os agricultores, juntando-se às suas preces ora por chuva, ora por tempo seco.
DOM JERÓNIMO REBELO mostrou-se também atento à organização territorial da diocese. Nesse sentido, em maio de 1840, subdividiu as quatro comarcas existentes em vários distritos (hoje equivalentes a vigararias), nomeadamente: três na Maia, quatro na fFira, cinco em Penafiel e três em Sobre-Tâmega. Esta divisão mostrou-se muito eficaz porque atendeu ao desenvolvimento das diversas localidades e tornou mais célere a comunicação entre a Sé e os vigários da Vara colocados em cada um desses distritos. pela mesma reforma extinguiu o Vicariato geral de Penafiel que tinha sido criado em 1778.
Apesar do Bispo exercer o seu múnus episcopal com aparente normalidade, a verdade é que DOM JERÓNIMO devido á instabilidade política e ao corte de relações com a Santa Sé, continuava a ser apenas eleito. O antístite, em cartas escritas a diversas entidades, reconhecia e lamentava tal situação. Por essa razão, com grande júbilo participar ao cabido a sua confirmação no Consistório de 19 de Junho de 1843, como resultado do restabelecimento dos contactos entre o Estado português e a Cúria romana.
Como Bispo sagrado, DOM JERÓNIMO empenhou-se na reparação da Sé e do Paço Episcopal, muito danificados durante o cerco da cidade de 1832-1833. E apesar de, paulatinamente, terem diminuido as suas inytervenções, continuou a manter uma acção pastoral zelosa, escrevendo cartas e circulares relativas á disciplina e às normas (sobre o tempo quaresmal, o catecismo, o registo paroquial), ou reflectindo sobre os problemas sociais e do quotidiano (como a questão do infaticidio, dos surtos de cólera e do mau tempo). Mostrava-se um interlocutor privilegiado da Cúria papal (transmitindo as informações sobre a redução dos dias santos, o Jubileu do papa PIO IX), do governo (comunicando a reforma da instrução pública) e da corte (anunciando os partos e as exéquias da rainha e a proclamação do novo rei).
Após a publicação da Bula da Cruzada, em 1849, alcançou o Bispo um subsídio para a reedificação do seminário episcopal no edificio do extinto Colégio de São Lourenço.
DOM JERÓNIMO DA COSTA REBELO viria a falecer a 27 de Fevereiro de 1854, sendo o sue funeral realizado a 3 de Março seguinte. Foi sepultado no jazigo dos Prelados portuenses na capela-mor da Sé. Despedia-se, assim a cidade de "um homem moderado, com bom senso, pacificador de afastados, com capacidade administrativa e promotor da instrução do clero" (AZEVEDO, 2004, p. 221).
Deste Prelado conservam-se vários retratos, designadamente, no Paço Episcopal portuense, na galeria dos benfeitores do Santuário do Bom Jesus do Monte, em Braga, na Santa Casa da Misericórdia de Braga e na secretaria da igreja dos Clérigos, no Porto, Na Biblioteca Nacional de Portugal existe também uma gravura de DOM JERÓNIMO de 1848, atribuída ao pintor Auguste Roquemont.
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Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO
ANTÓNIO FONSECA
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