Caros amigos:
Agora que o
NATAL e o Ano de 2017
já passaram
- tendo-nos deixado um rasto de tristeza, com terra, casas e pessoas queimadas (mortas e feridas) que dificilmente será esquecido, - além de muitos outros problemas a nível pessoal, em Portugal e em todo o mundo, faço sinceros Votos de que todos possamos recuperar, já a partir de amanhã, dia em que se inicia um Novo Ano.
- tendo-nos deixado um rasto de tristeza, com terra, casas e pessoas queimadas (mortas e feridas) que dificilmente será esquecido, - além de muitos outros problemas a nível pessoal, em Portugal e em todo o mundo, faço sinceros Votos de que todos possamos recuperar, já a partir de amanhã, dia em que se inicia um Novo Ano.
Que todos possamos ter um
Feliz 2018.
Com a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo
Ámen.
ESTE É O ÚLTIMO POST DO ANO DE 2017
Número Especial
Nº 3 3 3 9 - (1*)
Caros Amigos
este Número Especial é dedicado a alguns dos Santos e Beatos que - segundo o Livro SANTOS DE CADA DIA, - ainda não constam como tal, no Martirológio Romano
Assim, dado que as suas biografias figuram no referido Livro, como Apêndice, vou efectuar aqui a sua transcrição
FELIZ ANO NOVO DE 2018
Desejo as melhores Boas Festas a todos os meus leitores
Foto actual do autor
Número Especial
Nº 3 3 3 9 - (1*)
Série - 2017 - (nº 3 6 6) - 1*
31 de DEZEMBRO de 2017 - 1*
SANTOS DE CADA DIA
11º A N O
LOUVADO SEJA PARA SEMPRE
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
E SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
E SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA
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Todos os Católicos com verdadeira Fé,
deverão Comemorar e Lembrar
os Santos e Beatos de cada dia, além de procurar seguir os seus exemplos
deverão Comemorar e Lembrar
os Santos e Beatos de cada dia, além de procurar seguir os seus exemplos
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NOTA DO AUTOR:
Nesta edição do Livro (2004) os futuros Santos e Beatos (portugueses) ainda não estão identificados como tal: por isso, transcrevo exactamente o seu teor, o que aliás, sucederá em todos os outros casos, independentemente de possivelmente já existirem estas biografias, nomeadamente no meu blogue.
PORTUGUESES A CAMINHO DOS ALTARES
ALEXANDRINA MARIA DA COSTA
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
A Beatificação desta Serva de Deus está anunciada para o presente ano de 2004, depois de aprovado pela Santa Sé o milagre que encerra o processo. (Cfr NOTA acima)
ALEXANDRINA MARIA DA COSTA
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
A Beatificação desta Serva de Deus está anunciada para o presente ano de 2004, depois de aprovado pela Santa Sé o milagre que encerra o processo. (Cfr NOTA acima)
ALEXANDRINA MARIA DA COSTA nasceu em Balasar, concelho da Póvoa de Varzim, a 30 de Março de 1904. Aos 14 anos, para se defender e defender duas companheiras das maldosas intenções de dois homens que se introduziram em sua casa, saltou duma janela ao quintal, numa altura de 4 metros. A ciência reconheceu mais tarde ter sido este acto heróico a origem, pelo menos em parte, do seu futuro sofrimento.
Uma mielite na coluna imobilizou-a na cama, consumindo-a num doloroso e longo martírio, por mais de 30 anos.
No seu ardente amor, consagrou-se ao Senhor como Vítima da Eucaristia, para reparar as profanações e o abandono de Jesus Sacramentado. Ofereceu-se também como Vítima pelos pecadores e suplicava:
«Recebei-me ó Maria, como filha amada e consagrai-me toda a Jesus. Encerrai-me para sempre no seu Divino Coração e dizei-Lhe que O ajudareis a crucificar-me... Ó Jesus, imolai-me a cada momento convosco no altar do sacrifício».
Em 1935 e muitas outras vezes o Senhor anunciou-lhe a guerra como castigo dos graves pecados da humanidade. Dizia-lhe:
«São as vítimas dos meus sacrários que sustentarão o braço da justiça divina, para que o mundo não seja destruído, para que não caiam castigos maiores».
No mesmo ano de 1935, Jesus ordenou-lhe que pedisse ao papa a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria e a instituição da sua festa litúrgica, como meio para chamar os homens à prática do bem: «Assim como eu pedi a MARGARIDA MARIA a devoção ao meu Coração Divino, assim te peço a ti que seja consagrado o mundo ao Coração da minha Mãe Santíssima, com uma festa solene em sua honra
(30-7-1935).
Durante a guerra, ofereceu-se como vítima por PIO XII e escreveu-lhe cartas, tranquilizando-o no meio dos perigos das catástrofes internacionais.
Logo a seguir à eleição de PIO XII, Jesus predizia-lhe a 27 de Março de 1939.
«É este o Pontifice que consagrará o mundo ao Imaculado Coração de Maria, minha Mãe».
Três anos depois cumpria-se a palavra de Jesus.
ALEXANDRINA viveu desde 27 de Março de 1942 até à morte, em 13 de Outubro de 1955, sem tomar alimento algum, além da comunhão diária.
Os seus escritos somam 18 volumes, num total de 4 105 páginas dactilografadas.
O Processo informativo sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Serva de Deus, ALEXANDRINA DE BALASAR, decorreu em Braga. Aberto em 14 de Janeiro de 1967, durou 6 anos, teve 110 sessões, sendo ouvidas 48 testemunhas, cujos depoimentos e actas somam 1200 páginas. A Sessão de Encerramento ocorreu em 10 de Abril de 1973.
ANO NOVO
Blogue:
Uma mielite na coluna imobilizou-a na cama, consumindo-a num doloroso e longo martírio, por mais de 30 anos.
No seu ardente amor, consagrou-se ao Senhor como Vítima da Eucaristia, para reparar as profanações e o abandono de Jesus Sacramentado. Ofereceu-se também como Vítima pelos pecadores e suplicava:
«Recebei-me ó Maria, como filha amada e consagrai-me toda a Jesus. Encerrai-me para sempre no seu Divino Coração e dizei-Lhe que O ajudareis a crucificar-me... Ó Jesus, imolai-me a cada momento convosco no altar do sacrifício».
Em 1935 e muitas outras vezes o Senhor anunciou-lhe a guerra como castigo dos graves pecados da humanidade. Dizia-lhe:
«São as vítimas dos meus sacrários que sustentarão o braço da justiça divina, para que o mundo não seja destruído, para que não caiam castigos maiores».
No mesmo ano de 1935, Jesus ordenou-lhe que pedisse ao papa a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria e a instituição da sua festa litúrgica, como meio para chamar os homens à prática do bem: «Assim como eu pedi a MARGARIDA MARIA a devoção ao meu Coração Divino, assim te peço a ti que seja consagrado o mundo ao Coração da minha Mãe Santíssima, com uma festa solene em sua honra
(30-7-1935).
Durante a guerra, ofereceu-se como vítima por PIO XII e escreveu-lhe cartas, tranquilizando-o no meio dos perigos das catástrofes internacionais.
Logo a seguir à eleição de PIO XII, Jesus predizia-lhe a 27 de Março de 1939.
«É este o Pontifice que consagrará o mundo ao Imaculado Coração de Maria, minha Mãe».
Três anos depois cumpria-se a palavra de Jesus.
ALEXANDRINA viveu desde 27 de Março de 1942 até à morte, em 13 de Outubro de 1955, sem tomar alimento algum, além da comunhão diária.
Os seus escritos somam 18 volumes, num total de 4 105 páginas dactilografadas.
O Processo informativo sobre a vida, virtudes e fama de santidade da Serva de Deus, ALEXANDRINA DE BALASAR, decorreu em Braga. Aberto em 14 de Janeiro de 1967, durou 6 anos, teve 110 sessões, sendo ouvidas 48 testemunhas, cujos depoimentos e actas somam 1200 páginas. A Sessão de Encerramento ocorreu em 10 de Abril de 1973.
Padre CRUZ ou
FRANCISCO RODRIGUES DA CRUZ
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
Sacerdote do Patriarcado de Lisboa e depois da Companhia de Jesus (Alcochete - 29 de Julho de 1859 - Lisboa, 1 de Outubro de 1948).
Foi, no seu tempo, o homem mais venerado em Portugal Continental e Insular que, sobretudo nos últimos 25 anos, percorreu sem descanso, a fim de pregar e assistir espiritualmente presos e doentes.
Formado em Teologia na Universidade de Coimbra em 1880 e ordenado sacerdote em 1882, ensinou Filosofia no Seminário de Santarém e dirigiu o Colégio dos Órfãos, em Braga, regressando depois à própria diocese, onde foi director espiritual do seminário Menor (Farrobo e São Vicente) e orientou numerosos tríduos preparatórios das visitas pastorais. Praticava fielmente o que inculcava aos sacerdotes: «A nossa missão é confessar enquanto se apresentarem pecadores, pregar enquanto houver ouvintes e rezar até já não se poder mais».
Manteve e fomentou muito a piedade, converteu muitos pecadores. Da sua união contínua com Deus vinha-lhe uma convicção que impressionava profundamente.
Confessou e deu a primeira comunhão, em 1913, à LÚCIA de Fátima, e em Junho ou Julho de 1917 rezou com ela e com os outros dois Pastorinhos o Terço, dizendo-lhes que não temessem pois era Nossa Senhora que lhes aparecia.
Desejando entrar na Companhia de Jesus, desde 1880, e várias vezes indeferido o seu pedido por falta de saúde, veio a conseguir, em 1929, de PIO XI, licença para fazer os votos religiosos à hora da morte; e, em 1940, de PIO XII, para os fazer imediatamente, sem noviciado. Pronunciou-os no Seminário da Costa, em Guimarães, a 3 de Dezembro de 1940, festa de São FRANCISCO XAVIER, de quem era devotíssimo, mas não ficou obrigado e ficou a residir em casa da Ordem. O seu funeral foi verdadeira apoteose em Lisboa.
Contam-se factos extraordinários do PADRE CRUZ, em vida e depois da morte. Em Fevereiro de 1949, começou a publicar a Vice-Postulação da sua Causa, de dois em dois meses, o boletim Graças do Padre Cruz, hoje com a tiragem de 27 000 exemplares.
A 10 de Março de 1931 começou o processo informativo, em ordem à beatificação e canonização, finalmente entregue à Sagrada Congregação, nessa altura ainda chamada dos Ritos, em Roma, a 17 de Setembro de 1965. Os relatórios dos teólogos que examinaram os escritos, entregues em 1967, constam dum juizo sobre o Padre CRUZ: preocupação pastoral, zelo apostólico, ideia única de levar as almas a Deus; austeridade consigo, simplicidade, humildade, pobreza, resignação nos sofrimentos; sacrifício pelo bem do próximo, principalmente pobres e presos; suas virtudes; preocupação de fazer sempre a vontade de Deus; e as suas devoções para com a Eucaristia, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora. Os dois concluem ter o Padre CRUZ praticado as virtudes cristãs e sacerdotais de modo fora do comum, isto durante 70 anos de sacerdócio. A 30 de Dezembro de 1971, na sessão ordinária da Sagrada Congregação para o Culto dos Santos, foi publicado o Decreto de aprovação dos escritos do Servo de Deus, nada impedindo portanto seguir-se adiante a Causa da sua beatificação.
Dos seus escritos:
«Nada contra Deus, nada sem Deus, tudo por Deus».
«Meu bom Deus, sem Vós nada, convosco tudo e tudo Vosso».
«Eterno Pai, em nome do Vosso Unigénito Filho, Vos peço o Vosso Bom Espírito, de que falais no Santo Evangelho - espírito contrito e humilhado de todos os meus pecados, espírito crente, puro, humilde, caritativo, mortificado, submisso à Vossa Santíssima Vontade».
«Meu Bom Jesus, só quero o que Vos agrada, me leva ao Céu, torna digno da Comunhão e consola o Divino Espírito Santo; e nunca quero o que o que Vos desagrada, me priva do Céu, torna menos digno da Sagrada Comunhão e desgosta o Divino Espírito Santo ainda que de leve. Com a Vossa graça».
«Oh! Minha Mãe Santíssima, ajudai-me a amar-Vos e a fazer-Vos amar».
«Minha Mãe Santíssima, fechai-me para sempre no Coração do Vosso Divino Filho e não permitais que eu caia em pecado toda a minha vida».
«Meu Bom Jesus, ofereço-Vos os meus sofrimentos, resignado com a Vossa vontade Santíssima: os meus bons desejos de praticar muito boas obras de piedade e de caridade: - e os sacrifícios de não poder realizar esses bons desejos».
«Meu Bom Jesus, ofereço-Vos o meu último suspiro em união com os merecimentos da Vossa Paixão e Morte, renovados na santa Missa que for celebrada na hora da minha morte».
«Jesus, Maria e José quero ver-Vos em tudo, e tudo em Vós, e tudo por Vós».
«Meu Bom Jesus, qualquer pensamento que não é do Vosso agrado, nunca quero que me apareça nem demore na minha alma; vejo mas não quero, e desprezo para sempre todas as tentações e o tentador. - Antes mil vezes a morte do que cometer o mais leve pecado. - Antes ficar cego o resto da minha vida do que pecar mesmo levemente contra a santa Modéstia».
«Meu Bom Jesus, peço-Vos que as minhas lágrimas sejam a compaixão dos Vossos sofrimentos, contrição dos meus pecados e reparação das ofensas que recebeis dos pecadores».
FRANCISCO RODRIGUES DA CRUZ
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
Sacerdote do Patriarcado de Lisboa e depois da Companhia de Jesus (Alcochete - 29 de Julho de 1859 - Lisboa, 1 de Outubro de 1948).
Foi, no seu tempo, o homem mais venerado em Portugal Continental e Insular que, sobretudo nos últimos 25 anos, percorreu sem descanso, a fim de pregar e assistir espiritualmente presos e doentes.
Formado em Teologia na Universidade de Coimbra em 1880 e ordenado sacerdote em 1882, ensinou Filosofia no Seminário de Santarém e dirigiu o Colégio dos Órfãos, em Braga, regressando depois à própria diocese, onde foi director espiritual do seminário Menor (Farrobo e São Vicente) e orientou numerosos tríduos preparatórios das visitas pastorais. Praticava fielmente o que inculcava aos sacerdotes: «A nossa missão é confessar enquanto se apresentarem pecadores, pregar enquanto houver ouvintes e rezar até já não se poder mais».
Manteve e fomentou muito a piedade, converteu muitos pecadores. Da sua união contínua com Deus vinha-lhe uma convicção que impressionava profundamente.
Confessou e deu a primeira comunhão, em 1913, à LÚCIA de Fátima, e em Junho ou Julho de 1917 rezou com ela e com os outros dois Pastorinhos o Terço, dizendo-lhes que não temessem pois era Nossa Senhora que lhes aparecia.
Desejando entrar na Companhia de Jesus, desde 1880, e várias vezes indeferido o seu pedido por falta de saúde, veio a conseguir, em 1929, de PIO XI, licença para fazer os votos religiosos à hora da morte; e, em 1940, de PIO XII, para os fazer imediatamente, sem noviciado. Pronunciou-os no Seminário da Costa, em Guimarães, a 3 de Dezembro de 1940, festa de São FRANCISCO XAVIER, de quem era devotíssimo, mas não ficou obrigado e ficou a residir em casa da Ordem. O seu funeral foi verdadeira apoteose em Lisboa.
Contam-se factos extraordinários do PADRE CRUZ, em vida e depois da morte. Em Fevereiro de 1949, começou a publicar a Vice-Postulação da sua Causa, de dois em dois meses, o boletim Graças do Padre Cruz, hoje com a tiragem de 27 000 exemplares.
A 10 de Março de 1931 começou o processo informativo, em ordem à beatificação e canonização, finalmente entregue à Sagrada Congregação, nessa altura ainda chamada dos Ritos, em Roma, a 17 de Setembro de 1965. Os relatórios dos teólogos que examinaram os escritos, entregues em 1967, constam dum juizo sobre o Padre CRUZ: preocupação pastoral, zelo apostólico, ideia única de levar as almas a Deus; austeridade consigo, simplicidade, humildade, pobreza, resignação nos sofrimentos; sacrifício pelo bem do próximo, principalmente pobres e presos; suas virtudes; preocupação de fazer sempre a vontade de Deus; e as suas devoções para com a Eucaristia, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora. Os dois concluem ter o Padre CRUZ praticado as virtudes cristãs e sacerdotais de modo fora do comum, isto durante 70 anos de sacerdócio. A 30 de Dezembro de 1971, na sessão ordinária da Sagrada Congregação para o Culto dos Santos, foi publicado o Decreto de aprovação dos escritos do Servo de Deus, nada impedindo portanto seguir-se adiante a Causa da sua beatificação.
Dos seus escritos:
«Nada contra Deus, nada sem Deus, tudo por Deus».
«Meu bom Deus, sem Vós nada, convosco tudo e tudo Vosso».
«Eterno Pai, em nome do Vosso Unigénito Filho, Vos peço o Vosso Bom Espírito, de que falais no Santo Evangelho - espírito contrito e humilhado de todos os meus pecados, espírito crente, puro, humilde, caritativo, mortificado, submisso à Vossa Santíssima Vontade».
«Meu Bom Jesus, só quero o que Vos agrada, me leva ao Céu, torna digno da Comunhão e consola o Divino Espírito Santo; e nunca quero o que o que Vos desagrada, me priva do Céu, torna menos digno da Sagrada Comunhão e desgosta o Divino Espírito Santo ainda que de leve. Com a Vossa graça».
«Oh! Minha Mãe Santíssima, ajudai-me a amar-Vos e a fazer-Vos amar».
«Minha Mãe Santíssima, fechai-me para sempre no Coração do Vosso Divino Filho e não permitais que eu caia em pecado toda a minha vida».
«Meu Bom Jesus, ofereço-Vos os meus sofrimentos, resignado com a Vossa vontade Santíssima: os meus bons desejos de praticar muito boas obras de piedade e de caridade: - e os sacrifícios de não poder realizar esses bons desejos».
«Meu Bom Jesus, ofereço-Vos o meu último suspiro em união com os merecimentos da Vossa Paixão e Morte, renovados na santa Missa que for celebrada na hora da minha morte».
«Jesus, Maria e José quero ver-Vos em tudo, e tudo em Vós, e tudo por Vós».
«Meu Bom Jesus, qualquer pensamento que não é do Vosso agrado, nunca quero que me apareça nem demore na minha alma; vejo mas não quero, e desprezo para sempre todas as tentações e o tentador. - Antes mil vezes a morte do que cometer o mais leve pecado. - Antes ficar cego o resto da minha vida do que pecar mesmo levemente contra a santa Modéstia».
«Meu Bom Jesus, peço-Vos que as minhas lágrimas sejam a compaixão dos Vossos sofrimentos, contrição dos meus pecados e reparação das ofensas que recebeis dos pecadores».
DOM MANUEL MENDES DA CONCEIÇÃO SANTOS
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
Nasceu na freguesia de Olaia, concelho de Torres Novas, em 13 de Dezembro de 1876. Depois de frequentar o Seminário de Santarém e se haver doutorado na Universidade de Santo Apolinário em Roma, foi ordenado de presbitero a 27 de Maio de 1899. Nomeado vice-reitor do Seminário da Guarda em 1905, foi depois designado Bispo de Portalegre, a 9 de Dezembro de 1915 e, finalmente, Arcebispo de Évora, tendo entrado solenemente na sua Sé Metropolitana a 11 de Fevereiro de 1921.
Após uma vida de incansável apostolado e tendo deixado a Arquidiocese provida de Seminários, de Casas Religiosas, do semanário «A Defesa» e da Gráfica Eborense, de centros de actividade espiritual e apostólica e tendo fundado o Instituto Diocesano das Servas da Santa Igreja, para auxiliar os Párocos na evangelização e, especialmente, nas Missões, faleceu santamente no dia 30 de Março de 1955, repousando os seus restos mortais na Sé de Évora.
A 1 de Dezembro de 1971, a Santa Sé, autorizou a abertura do Processo Diocesano para a sua Beatificação e Canonização , que já foi concluído e entregue em Roma, na Sagrada Congregação para as Causas dos Santos.
A sua espiritualidade
«A sua espiritualidade era a da confiança! E aqueles que se ajoelhavam a seus pés, como penitentes, ouviam, inalteravelmente, esta palavra "Coragem e confiança!" (Dom José da Cruz Moreira Pinto - Bispo de Viseu).
Dos seus conselhos espirituais:
«Procure manter a lembrança da presença de Deus, ofereça-Lhe muitas vezes o seu trabalho, e assim sobrenaturalizará a sua vida que, embora agotada e cheia de preocupações, será vivida em Deus».
«É uma prova de amor filial adorarmos, com reconhecimento, os desígnios de Deus que não compreendemos».
«Não se canse de lutar consigo mesma para se tornar verdadeiramente "mansa e humilde", mas sobretudo mansa, condescendente, carinhosa, verdadeiramente amável para com todos».
«Não perca de vista aquela ideia de amar a Jesus pelos que O não amam, de reparar pelos que O ofendem...»
«Deixe-se levar pela mão do Pai Celeste, que a prova, mas não a abandona».
«Imite a Mãe do Céu, trabalhando por Jesus silenciosamente e procurando só a Sua glória».
Do seu acto de oblação:
«Dulcíssimo Jesus, para confessar a Vossa Realeza de amor, para reparar as minhas infidelidades, para Vos atrair as almas, eu me consagro inteiramente e incondicionalmente ao Vosso Sagrado Coração, para o qual quero viver e no qual quero morrer. De ora avante já não pertenço a mim mesmo, e sacrifico à Vossa glória e ao Vosso amor todas as minhas pretensões, todos os meus gostos, todos os meus direitos, tudo o que tenho e o que sou.
(...) Assim imolado ao Vosso Amor, feito Vossa pobre vítima, eu conseguirei ser um sacrário vivo dum Cristo vivo, e é essa a minha única aspiração, que Vós vivais em mim, e que eu viva em Vós! Que eu Vos dê as almas que Vós me confiastes, sobretudo as almas sacerdotais e terei realizado o sonho da minha felicidade. (...) Eis-me, Jesus, Vosso escravo. Aceitai a minha pobre oferta pelas mãos da Vossa Mãe Santíssima , que é a minha Mãe também, e a Ela peço seja minha fiadora junto de Vós. Ámen!»
Chegado a Portugal, carregado de saber e forte espírito sacerdotal, pôs-se logo à disposição do novo Patriarca, o cardeal DOM ANTÓNIO MENDES BELO. É nomeado professor no seminário Patriarcal de Santarém, onde lecciona Teologia e outras cadeiras.
Professor supranumerário do Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, 1918-1929, desempenhou a sua missão com grande competência, granjeando simpatias e admiração por parte de colegas e alunos. Aqui dedica-se à prática efectiva da caridade, à recristianização da juventude e à direcção espiritual.
As aparições de Fátima vão marcar a vida do Padre FORMIGÃO. Começa a interessar-se por elas a 13 de setembro de 1917, aquando da 5ª aparição, estando presente de forma discreta, talvez por incumbência oficiosa, e até com uma atitude algo céptica.
Devido ao contacto com os pastorinhos e à reflexão pessoal, mudará de opinião e tornar-se-á no grande «Apóstolo de Fátima». Houve até quem o chamasse de «4º Vidente de Fátima». Os interrogatórios feitos aos Pastorinhos, os seus escritos e a acção na Comissão nomeada a 3 de maio de 1922 para o respectivo processo canónico vão ser decisivos para a aprovação eclesiástica, a 13 de Outubro de 1930. «Sem ele, Fátima não seria o que é presentemente» diria mais tarde o Cardeal Patriarca de Lisboa Dom ANTÓNIO RIBEIRO.
O Padre FORMIGÃO desenvolveu o ministério sacerdotal nas Dioceses de Lisboa, Bragança (1943-44), Évora (1943-44), Porto (1944-54), por motivos de saúde, Leiria.
«Homem de Deus» é a expressão utilizada por vários Bispos (Patriarca de Lisboa, Arcebispo de Évora, Bispo de Bragança, Bispo de Leiria) sacerdotes e leigos para definir o Padre FORMIGÃO.
O respeito pela liturgia, em especial na celebração da Eucaristia, a obediência ao papa e aos Bispos, a começar pelo Pastor da própria Diocese, o rigor com que cumpria as ordens dos seus Superiores, a entrega total às diversas responsabilidades que lhe foram confiadas, dentro e fora da Diocese, são um exemplo de como se deve servir a Igreja, sem pretensão de protagonismo pessoal e sem espírito de crítica destrutiva. Ele não abdicou da sua capacidade de reflexão, mas soube distinguir a posição da Igreja das suas opiniões pessoais.
O seu apostolado foi variado. Para além do já referido, pense-se na originalidade ao criar a famosa «Associação Nun'Álvares» para jovens do liceu e da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, precursora da Acção Católica. O seu apostolado estende-se ainda aos doentes, aos mais pobres, aos marginalizados, ajudando alguns colegas sacerdotes que bem precisavam de apoio económico. Foi um poeta e escritor fecundo, lançando iniciativas que ainda hoje perduram. Assim, fundou os jornais «Mensageiro de Bragança», «Voz de Fátima», a revista «Stella» e o «Almanaque de Nossa Senhora de Fátima». Publicou vários livros relacionados com as aparições de Fátima: «O que é Fátima», «As grandes maravilhas de Fátima», «Os acontecimentos de Fátima», etc.,.
Embora o Padre FORMIGÃO afirmasse repetidamente que não era o Fundador da Congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima (o que é natural, atendendo à sus humildade), Obra iniciada por ele a 6 de Janeiro de 1926, é certo que ele foi o grande inspirador e impulsionador do Instituto, apesar da colaboração de outras pessoas. Um sacerdote que bebeu o espírito evangélico da mensagem da Senhora de Fátima, sentia-se obrigado a incutir uma dimensão reparadora e eucarística à nova fundação. A participação na Eucaristia, na celebração da Missa e na Adoração ao Santíssimo Sacramento é o pilar da sua espiritualidade.
São inesquecíveis as palavras do cardeal patriarca Dom ANTÓNIO RIBEIRO referindo-se ao Padre FORMIGÃO:
«Trata-se de um padre do Patriarcado de Lisboa, invulgarmente culto e piedoso, cuja actividade apostólica muito contribuiu para o desenvolvimento da vida cristã em Portugal, durante a primeira metade do século XX. os jovens de várias escolas, os seminaristas de Santarém, de Bragança e de Évora, as novas formas de vida consagrada então surgidas da Acção católica e tantas pessoas tocadas pelo seu zelo sacerdotal, ficaram a dever-lhe assinaláveis benefícios, nos campos da formação cívica e eclesial, e da dinâmica evangelizadora da sociedade portuguesa».
O seu processo diocesano de canonização, iniciado em Fátima, diocese de Leiria-Fátima em 15 de Setembro de 2001, encontra-se em avançada fase de instrução, prevendo-se para breve a sua conclusão, com o envio para a santa Sé, para a Congregação para a Causa dos Santos, das provas concludentes da sua vida de santidade.
PADRE AMÉRICO MONTEIRO DE AGUIAR
(Padre AMÉRICO)
O Padre AMÉRICO, nome porque é conhecido, nasceu em Galegos, Penafiel a 23 de Outubro de 1887 e faleceu no Porto, em consequência dum acidente de viação, a 16 de Julho de 1956.
Sentindo vocação sacerdotal, teve de enfrentar a oposição do pai, que o encaminhou para o comércio. Trabalhou em Moçambique dos 18 aos 36 anos, e só aos 41 foi ordenado padre em Coimbra. Nasceu então - como ele dizia - para uma vida plena de frutos. Consumiu a vida sacerdotal na diligência de salvar os ricos pelos pobres, levantando estes da miséria, com o auxilio dos que consciencializou para o essencial dever cristão de «amar em obras e em verdade».
Três obras o notabilizaram. «Casas do Gaiato», «Património dos Pobres» e «Calvário», esta para doentes incuráveis. Mas, sobretudo, foi um pedagogo da caridade, um renovador de mentalidades. Seu tratado espiritual e cientifico - o Evangelho; seu único Mestre - Cristo, revelado pela Igreja; sua grande tribuna - O Gaiato - Antes dele, escreveu em outros jornais.
DOM ANTÓNIO BARROSO
Este grande bispo nasceu em Remelhe, concelho de Barcelos, Distrito e Diocese de Braga, a 5 de Novembro de 1854, e faleceu no Porto, a 31 de Agosto de 1918.
Frequentou o Colégio das Missões Ultramarinas em Cernache do Bonjardim. Foi ordenado sacerdote em 1879.
Chegou a Luanda (8.9.1880), donde partiu a fundar a Missão de São Salvador do Congo (13.2.1881), de imensa projecção religiosa e política. Não só o preocupou a sua missão de padre português, mas ainda a exploração cientifica do Congo. Os relatórios de 15.7.1881, de 20.1.1884, e de 20.5.1886 e o estudo sobre o Congo (1889) revelam-no como eminente missiólogo e cientista perspicaz. Da sua actividade de missionário (1881-1891) dizem alto o hábito de Cristo (1883), o canonicato de Luanda (1884), a portaria de Pinheiro Chagas (1885), a comenda da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1886) e a nomeação para prelado de Moçambique (12.2.1891), confirmada em 21 de Junho com o título de Himéria. Em 20.3.1892 chegou à ilha de Moçambique e assumiu o governo pessoalmente. Percorreu o Niassa, Manica, a Zambézia e o Zumbo; fundou o Instituto Lourenço Marques (1893) e várias missões católicas. O relatório de 1894 - Padroado de Portugal em África - revela a sua notável personalidade de bispo missionário. Em 14.9.1897 era confirmado bispo de Meliapor. Percorreu Calcutá, Bandel, Dacá-Nazorie e Maduré. Cheio de benemerências missionárias, passou para a Sé do Porto em fevereiro de 1889, em que saborearia as glórias do Tabor e sobretudo o fel do seu calvário. O denodo apostólico com que condenou a Lei da Separação (1911) levou-o ao desterro e ao exílio até 1914, facto que havia de repetir-se em 1917. Honrou por igual a Pátria e a Igreja (António Brásio).
DOM BERNARDO DE VASCONCELOS,
BERNARDO VAZ LOBO TEIXEIRA DE VASCONCELOS nasceu na casa do Marvão, em, São Romão do Corgo (Celorico de Basto) em 7 de Julho de 1902.
Depois de ter feito os preparatórios no Colégio de Lamego, foi estudar na Universidade de Coimbra. Ali se expandiu a sua alma de fogo em actividade, fecunda em obras de apostolado: como membro das Conferências de São Vicente de Paulo; como redactor da revista «Estudos» órgão do C.A.D.C. (Centro Acadêmico de Democracia Cristã); como Vice-Presidente da direcção do mesmo C.A.D.C. e Presidente da Liga Eucarística, criada no C.A.D.C. para vivificar a piedade dos sócios.
Em Agosto de 1924 entrou na Ordem de São Bento. professou em 29 de Setembro de 1925. Recebeu as Ordens Menores em 5 e 6 de Janeiro de 1929.
Subir os degraus do altar, ser ordenado sacerdote - era a grande aspiração da sua alma, mas quis oferecer ao Senhor o sacrifício heroico de ficar privado da dignidade sacerdotal.
E Deus aceitou o seu sacrifício. Dom BERNARDO, como se ficou chamando como Beneditino, foi uma hóstia em sangue, sofrendo em seu corpo os duros golpes com que Deus imolava a sua vítima. Sofreu, com resignação edificante, operações repetidas, dolorosíssimas, que lhe mutilam a carne, a ponto de ele próprio chamar ao seu corpo uma «casa esburacada»; sofreu raspagens no ossos, extracção quase diária de pus das feridas, que eram chagas abertas no corpo; sofreu a imobilidade na cama, febre persistente, dores de intestinos e de rins, dificuldades de digestão, perturbações do coração.
O seu constante e multímodo sofrimento, aceite generosamente com amor e alegria, prolongou-se durante seis anos, em hospitais e sanatórios, no Porto, na Falperra, na Póvoa de Varzim e na Foz do Douro. até à madrugada de 4 de Julho de 1932, em que Dom BERNARDO, aos trinta anos, entregou a sua alma a Deus, invocando a Santíssima Trindade e dizendo:
«Não chorem: eu vou para o céu... Jesus ! Jesus! Eu sou todo de Jesus!...»
Desde então, numerosos peregrinos acorreram frequentemente ao túmulo de Dom BERNARDO na freguesia onde nasceu. Invocam a sua intercessão e agradecem os favores que, por seu intermédio, têm obtido.
DOM FERNANDO, o Infante Santo
O oitavo e último filho de Dom João I e de Dona Filipa de Lencastre nasceu em Santarém em 1402 e morreu em Fez, Marrocos a 5 de Julho de 1443. Excelentemente educado nas letras divinas e humanas, de austera integridade moral, prudente no governo de sua casa e bens, mereceu particular confiança a seu irmão Dom PEDRO que, ao largar para as «Quatro ou Sete Partidas», lhe entregou o governo das próprias terras.
Recebeu de Dom João I os senhorios de Salvaterra e de Atouguia da Baleia. Como tais bens eram diminutos, Dom Duarte agenciou-lhe da Santa Sé a concessão do mestrado da Ordem de Avis. Pela vida exemplar do INFANTE SANTO, o papa EUGÉNIO IV com vista na cruzada de Rodes contra os Turcos, ofereceu-lhe o chapéu cardinalício, através do abade de Santa Maria de Florença, Dom GOMES, em 1436. Dom FERNANDO não aceitou a dignidade «por lhe parecer de grande carrego de consciência».
Portugal sentia-se economicamente estrangulado na sua nesga de terra ocidental. Abria-se o rumo da expansão atlântica e nomeadamente em Marrocos, depois da feliz aventura de Ceuta em 1415. Dom HENRIQUE e DOM FERNANDO associaram-se ao mesmo sonho africano de penetração continental pelo Magrebe. Caso não secundassem o seu projecto, o segundo ameaçava expatriar-se para Inglaterra. O rei Dom DUARTE acedeu a que se organizasse a expedição a Tânger (1437). Por deficiência de comando e lentidão de movimentos, a empresa redundou, por esta vez, em desastre. As forças desembarcadas viram-se envolvidas pelos Mouros. Houve que pactuar e Dom FERNANDO ofereceu-se para refém como penhor de Portugal entregar Ceuta. Mas as cortes de Torres Novas, no ano seguinte, recusaram-se à cedência da praça.
O prisioneiro foi transferido para Arzila e dali para Fez, onde ficou sujeito às maiores provações e vexames, suportados com heroica paciência. Confortava-o a esperança constante de libertação, implorada em termos comovedores. Sucumbiu, porém, à doença e à miséria.
Não se pode, todavia, fazer do «Principe Constante», assim glorificado pelo dramaturgo espanhol Calderón de la Barca, uma vítima da crueldade de Dom HENRIQUE ou do rei Dom DUARTE. Embora o INFANTE DE SAGRES se tivesse obrigado a entregar Ceuta para recolher-se ele, com as forças sitiadas, aos navios que os esperavam, não podia arrogar-se, no caso de Dom FERNANDO, um mandato que não recebera. E o rei teve o sentido governativo de não sobrepor-se, sem mais, ao que era vontade nacional: não entregar Ceuta.
Dom FERNANDO morreu considerado mártir da fé e do bem de Portugal, tal como este foi expresso em cortes. Pelas suas virtudes pessoais e pela generosidade com que se ofereceu para o cativeiro, suportando-o resignadamente até ao fim, chegou a ter culto na Batalha e em Lisboa, bem merecendo que a sua Causa de Beatificação fosse, oficialmente, introduzida em Roma.
As suas relíquias foram trazidas, em 1451, para Santarém e depois levadas para Tomar e Batalha. E em 1471, Dom AFONSO V, depois de conquistar Arzila, exigiu uma parte, que estava exposta nas muralhas de Fez. Tudo ficou sepultado na Batalha.
Dom FERNANDO disse ou escreveu:
«Oh Portugal, tudo o que recebeste de desonra e infâmia de mim - FERNANDO, teu INFANTE - foi superado por FERNANDO, o frade menor, teu Doutor» (= Santo ANTÓNIO).
PADRE GONÇALO DA SILVEIRA
«No império de Monomotapa no ano de 1561 nasceu para o céu o admirável mártir do Senhor o Padre GONÇALO DA SILVEIRA um dos mais ilustres heróis, com que Deus enriqueceu e enobreceu esta nossa Companhia. Nasceu na Vila de Almeirim aos 23 de Fevereiro de 1526, a tempo que ali assistia a corte. Seus pais foram os Ilustríssimos Condes de Sortelha. Dom Luís da Silveira e Dona Brites de Noronha. Faleceu a condessa deste parto e foi levada ao seu jazigo da vila de Góis. Três dias antes de nascer, o ouviram chorar dentro das entranhas da mãe, como se sentisse a morte que lhe havia de sobrevir do seu nascimento. Criou-se em casa de seu cunhado Luís Alvares de Távora, senhor de Mogadouro.
Desde menino se foi vendo que todo era de Deus. Aborrecia galas, cavalos, montarias e outros exercícios de gente da sua qualidade. Seu gosto era ler por livros devotos, rezar, dar esmolas e fazer pazes entre os meninos que pelejavam. Se algum menino pobre da sua idade enfermava, ia visitá-lo e dava-lhe dinheiro de esmola. Nunca se pôde acabar com ele que bebesse vinho ou o tomasse na boca, nem ainda para apertar as gengivas, quando mudou os dentes; costume que guardou toda a vida, excepto o preciso ao sacrifício da Missa. Era de muita verdade e dizia-a nem que fosse contra si próprio.
Aprendeu gramática num convento de São FRANCISCO dedicado a Santa Margarida, onde se aproveitou muito com a santa doutrina e bons exemplos daqueles virtuosos religiosos. Depois foi mandado estudar para Coimbra, onde viveu dentro do real mosteiro de Santa Cruz. Pouco antes tinham nossos religiosos vindo de novo a Coimbra, de cujos exemplos se pegou tanto, que determinou de os seguir no instituto, posto que eram desconhecidos e desprezíveis aos olhos dos homens. Entrou na Companhia aos 9 de Junho de 1543. Por evitar encontros de parentes, desapareceu de Coimbra, sem se saber que feito «fora dele, indo, por ordem dos superiores ter os exercícios de Santo INÁCIO num retiro, três léguas além da cidade do Porto». Tanto que voltou, como se desse rebate, todos seus parentes voaram a Coimbra, vindo armados até com decretos reais. falando todos com ele, parecia o noviço uma rocha metida no meio do mar, que despede de si, desfeitas, todas as ondas que a ela se arremessam. Por última resolução, com grande denodo lhes disse que, se ali viessem seu pai e sua mãe, que já eram defuntos, por cima de suas cabeças iria pondo os pés, para levar adiante os propósitos que tinha de seguir a Cristo. Desta sorte ficou vencedor no campo, empregando-se todo o estudo da perfeição evangélica.
Os ofícios humildes e mortificativos todos eram seus. Ia ao Mondego com um jumento buscar areia para as obras, em traje vil e abatido, sucedendo-lhe muitas vezes encontrar-se com seus parentes, que passeavam em carroças. Com eles teve sempre e mostrou grande desapego, nem ia às suas casas, senão por ordem dos superiores, e isto mui raras vezes. Se alguns dias estava em suas casas, as deixava em grande reforma. Fazendo oficio de enfermeiro em Coimbra, estava mal duma perna um moço; assistindo o padre à cura, recolheu numa tigela a matéria que da perna caiu, e sentindo asco, levado da força do espírito, se venceu em forma, que bebeu toda aquela podridão.
Por ser de excelente engenho, foi mandado tomar o grau de doutor na nossa universidade de Gandia, fundada por São FRANCISCO DE BORJA que ali vivia antes de ser da Companhia. Voltando a Portugal fez gloriosíssimas missões em diversas partes deste reino, particularmente na provincia do Minho, nas cidades do Porto e Braga, tratando-se com sumo rigor e pobreza. Parecia em todos os povos um novo Apóstolo, porque as comoções eram extraordinárias, e para as fazer, bastava pôr os olhos num homem, tão ilustre, em tanta pobreza de vestidos, que muitas vezes andava com os pés quase descalços, e foi necessário, vindo de Tomar, que os nobres o rodeassem e, tomando-o no ar, lhe meteram os pés nuns sapatos, tirando-lhe os que tinha, por não estarem capazes. seus caminhos fazia sempre a pé.
Era de natural robusto e amassado para semelhantes fadigas. Ele só o queria para aturar trabalhos e mais trabalhos. Foi o primeiro propósito da casa professa de São Roque. Em Lisboa lhe tinham toda a veneração as pessoas reais. Dizendo missa, ao levantar do cálix, lhe viram as mãos todas ensanguentadas, o que se teve por prognóstico do seu martírio. Deste tinha ele a revelação de Deus Nosso Senhor. No dia em que foi declarado por patriarca da Etiópia o nosso Padre JOÃO BARRETO, falando com outros sobre a Índia, disse com fervor: «Eu hei-de ir à Índia, e hei-de ser mártir, e não hei-de ser posto em catálogo de santos». Pediu com grandes instâncias ao nosso Santo Patriarca as missões da Índia; concedeu-lhe o santo a petição. Como a procurasse encontrar o padre provincial, disse o Padre GONÇALO DA SILVEIRA: «Debalde trabalham, porque não há força humana que nos possa impedir esta missão, por estar já decretada e confirmada pelo mesmo Deus».
Vencidas todas as dificuldades, passou à índia no ano de 1556. Na viagem procedeu com aquele espírito de salvar almas que sempre o acompanhou, imitando em tudo o nosso Padre São FRANCISCO XAVIER. Na Índia foi Provincial da Companhia. Além de outras grandes coisas para aumento e conservação da fé, fez que se introduziste o tribunal do Santo Ofício, para sopear aos desaforos dos judeus. Acabando seu governo, entrou em grandes desejos por uma ocasião que se abriu de passar à Cafraria, para converter os gentios, lembrando-lhe muito o que havia anos lhe sucedera em Coimbra: porque tirando ele um mês o seu santo, como temos de costume, segundo então se usava de tirar também um escritinho com algumas palavras da Santa Escritura, lhe caíram a ele as do salmo 46:
«Quem dá aos jumentos a ração que lhes toca, e aos filhos dos corvos a comida que pedem».
Quando lhe saiu o escrito, festejou-o muito, dizendo que os corvos pequeninos eram os Cafrinhos, e que era prognóstico de que lhes havia de ir pregar a fé e dar sustento às almas.
Parece que teve revelação desta empresa, porque vindo de Portugal, como lhe pedissem em Moçambique que ficasse ali pregando, respondeu que não queria por então, que depois ele viria mais devagar, como em verdade o fez, quando foi para Monomotapa. falava com grande fervor desta missão, dizendo que desejava ver-se entre os cafres, cortado em pedaços por amor de Deus. Sucedeu-lhe no provincialato o padre ANTÓNIO DE QUADROS varão também dos muito assinalados na Companhia. Pedindo o Padre GONÇALO a missão da Cafraria, o padre lha concedeu, sendo que ao depois se admirava muito de si mesmo, de lhe ter concedido, nem acabava de entender como fizera tal coisa. Em Janeiro de 1560 partiu em demanda da sua desejada missão, com outro religioso da Companhia. De Moçambique foi ao reino de Tonga, onde trabalhou e deixou o seu companheiro para levar adiante a cristandade que ali abrira.
A força oculta do Espírito Santo o chamava para o grande império do Monomotapa. Tornando a Moçambique se embarcou para Sofala e com grandes trabalhos navegou aqueles rios, em que comerceiam os portugueses. Finalmente no principio do ano de 1561 chegou à corte de Monomotapa, aonde converteu e baptizou o mesmo rei, com muitos dos seus grandes.
Vendo os mouros, que ali viviam, inimigos capitais da lei de Cristo, o rumo feliz que ela tomava, transtornaram com muitos enredos e mentiras ao rei convertido, dizendo que o padre vinha para matar a el-rei, que era grande feiticeiro, que a todos os que se deixavam lavar com aquela água que ele lhes lançava na cabeça, ficavam a ele sujeitos, em forma que haviam de fazer o que ele quisesse. pervertido com estas e outras mentiras, prometeu de o mandar matar. Em efeito mandou alguns cafres que de noite lhe tirassem a vida. Tendo o Padre grandes sinais interiores de ser chegada a sua última hora, andou esperando boa parte da noite pelos verdugos, passeando, para não ser vencido pelo sono, mas finalmente vendo-se muito carregado dele, se encostou sobre uma esteira de canas. Os cafres, que não esperavam outra coisa e de lugar oculto o espreitavam, arremeteram a ele, pondo-se um sobre o peito, e quatro o tomaram pelos pés e braços, e o levaram no ar, outros lhe lançaram uma corada ao pescoço com seu nó corredio, e uns duma parte e outros de outra, o afogaram, lançando o santo mártir muita cópia de sangue pela boca.
Depois levaram o seu santo corpo a rasto e lançaram-no no rio Mutate. Acharam-no cingido com um cilício de ferro, onde disseram que padre tinha os feitiços. Notou-se muito que - sendo o rio povoado de crocodilos, tragadores da gente que nele cai - dali em diante não faziam mal a pessoa alguma que se chegava ao rio. Porque o santo padre em vida tinha profetizado que seu corpo, depois da morte, nem seria achado, nem venerado dos cristãos, quis o Senhor que o venerassem as feras e as aves; porque sendo levado das ondas e lançado num bosque, ali com grande prodígios era assistido de tigres e outras feras e muitas aves que coroavam as árvores, sem haver pessoa que se atrevesse a chegar àquele lugar, por medo das feras; porém de longe se observavam as sentinelas que sobre o corpo faziam.
O Padre NUNO MASCARENHAS sendo assistente em Roma, tratou com calor o negócio da sua canonização, e, como li em carta sua, esperava que o papa desse licença para dele dizermos Missa e rezarmos».
De: Ano Santo da Companhia de Jesus em Portugal pelo Padre António Franco S. J.; é este um dos três textos do dia 15 de Março nesse volume. A redacção não é posterior a 1718, mas a edição única é de 1930.
Os Lusíadas, Canto 10º, estrofe 93, assim cantam a glória do
Padre GONÇALO DA SILVEIRA:
Vê de Benomotapa o grande império,
De Selvática gente, negra e nua,
onde GONÇALO morte e vitupério
Padecerá pela Fé Santa sua.
GUILHERME BRAGA DA CRUZ, Doutor
Nasceu em Braga, em 11 de Junho de 1916, e faleceu a 11 de Março de 1977. Casou com Dona Ofélia Garcia, de quem teve nove filhos.
Fez os estudos secundários no Liceu de Braga. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1937, onde, em 1941, recebeu o doutoramento. desta faculdade veio a ser director e, em seguida, reitor de toda a Universidade.
Conta-se entre os raros que procuraram dar sentido à vida, com o Evangelho bem meditado e tornado norma do proceder. Depois procurou que essa Boa Nova, a lei do amor ao Pai e aos Irmãos, se inserisse na vida da cidade terrena. Jurista e homem de leis, notável e laborioso, escolheu e amou conscientemente uma lei da vida eterna, lembrado das palavras de São PAULO: «CRISTO É A MINHA LEI» (1 Cor 9, 21)
Recebera da família cristianíssima uma educação modelar: aperfeiçoou-a no Centro Acadêmico de Braga, dirigido pelo padre António da Cruz, S. J. tendo subido GUILHERME a Presidente da Congregação de Nossa Senhora. Pertenceu à Direcção do C.A.D.C. de Coimbra como Vice.-Presidente, cargo que exerceu também BERNARDO DE VASCONCELOS, já atrás citado.
Colaborou na Reforma do Código de Direito Civil, no capítulo das leis da família, assunto que tratou na sua tese de doutoramento. Carregado de trabalho, ainda encontrava tempo para se dedicar aos Cursos de Cristandade e às Conferências de São Vicente de Paulo. Tendo nove filhos todos a estudar, ainda teve a caridade de sentar à sua mesa, e receber em casa durante anos, um estudante universitário, cujo pai foi preso pelos japoneses em Timor.
O Arcebispo de Braga, Dom EURICO DIAS NOGUEIRA na Eucaristia do funeral, celebrado em Tadim - Braga, terra de seus avós, proclamou, de forma magnifica e autorizada, pois foi seu aluno na faculdade de Direito e conviveu com ele em Coimbra vários anos:
«Todos nós somos devedores ao grande português e cristão... todos, pelo seu alto exemplo que soube dar, como cidadão e crente, como profissional e chefe de família».
O Catedrático da Universidade de Coimbra, depois Arcebispo de Évora, Dom MANUEL TRINDADE SALGUEIRO seu confessor e seu amigo, sintetizou tudo nestas palavras:
«A sua vida clara, luminosa, desdobrada à face de Deus e à face dos homens, revela a coerência harmoniosa entre a vida e a fé».
DOM MANUEL DE ALMEIDA TRINDADE, Bispo de Aveiro e Presidente da Conferência Episcopal, escreveu:
«O Doutor GUILHERME BRAGA DA CRUZ tem craveira de santo».
E o Reverendo Professor Doutor Avelino de Jesus da Costa assim se exprimiu referindo-se ao Doutor GUILHERME BRAGA DA CRUZ:
«Inteireza inquebrantável de carácter, dedicado servidor de Deus, da Igreja e da Universidade».
«Procurava reverter tudo para a maior glória de Deus». «Não merecerá a honra do altar?»
E assim manifestava o falecido Catedrático a orientação que imprimia à sua vida:
«A única coisa que vale a pena ambicionar nesta vida é a paz interior, que resulta da satisfação do dever cumprido. É preciso considerar a vida deste mundo, com preparação para a vida do outro».
).
PADRE JOSÉ APARÍCIO DA SILVA
Nasceu em Fundada, Vila de Rei, em 1879 e entrou na Companhia de Jesus em 1895. Era sobrinho do Padre SEBASTIÃO APARÍCIO, bem notável pelo apostolado que exerceu em Timor e em Macau.
Foi JOSÉ ordenado sacerdote em 1912; e em 1914 terminou a sua formação religiosa em Tronchiennes, na Bélgica, fazendo a 3ª Provação. Em 1915 assume como Superior a direcção da Escola Apostólica que prepara jovens para a entrada no Noviciado. Então tinham-na os Jesuítas portugueses em São Martin de Trevejo, em Espanha
Em 1921 é elevado ao cargo de sócio do Padre Provincial, CÂNDIDO MENDES a quem auxiliou no governo da Província de Portugal. Pouco depois, ficou sendo também Superior da Residência e Casa de Retiros de Tuy, na Galiza.
Neste período dirige espiritualmente a Irmã LÚCIA de Fátima que se preparava para os votos como religiosa de Santa DOROTEIA.
A seguir vai ele para Santa Maria de Oys, como Mestre de Noviços e depois para o Seminário menor, como director espiritual dos alunos, sendo posteriormente nomeado Reitor do mesmo, já em Macieira de Cambra.
Em 1938 parte para o Brasil como reitor da casa de Formação dos Jesuítas em Baturité, no Ceará. Dez anos depois, é elevado ao cargo de Provincial da Vice-Província do Norte do Brasil, em 1951, apesar da sua idade já avançada, fica à frente dos destinos do Colégio Nóbrega, no Recife até 1956. Foi, por último, Superior da residência de Santo Inácio, em Casa Forte, no Recife, onde, vítima duma queda, ficou com a saúde bastante abalada.
Passou os últimos quatro anos na enfermaria do Colégio Nóbrega, onde faleceu santamente a 21 de Maio de 1966, com 87 anos de idade e 71 de vida religiosa na Companhia de Jesus, todos consagrados inteiramente a Deus e à Virgem Nossa Senhora.
A respeito dele assim se exprime o conhecido escritor SEBASTIÃO MARTINS DOS REIS em carta de 1967:
«Apesar de tantos anos volvidos sobre o conhecimento fugaz e superficial da sua pessoa, ainda o recordo bastante bem. A impressão que me deixou foi a de um homem muito sensato e ponderado, com invulgares dotes de prudência e de governo, de profundo espírito sobrenatural e com raro equilíbrio psicológico.
O seu nome está indissoluvelmente ligado à Irmã LÚCIA e à devoção dos Primeiros Sábados. Por isso se tem de citar e invocar na história de Fátima, embora de forma esporádica e fragmentária».
E o grande escritor e pensador brasileiro, Dr. PLÍNIO CORRÊA DE OLIVEIRA, escreve:
«Tive com o Padre JOSÉ APARÍCIO um contacto fugaz, mas que me deixou grata e duradoura impressão».
«Havia chegado a meu conhecimento que estava residindo em Recife um virtuoso sacerdote jesuíta, o qual fora confessor da Irmã LÚCIA. Era plausível que o contacto entre o referido confessor e a sua piedosa penitente não se tivesse cingido ao confessionário, e que assim que o reverendo Padre APARÍCIO tivesse algo a contar de interessante sobre a vidente de Fátima. Foi com o intuito de colher dados sobre esta que procurei o padre APARÍCIO».
«Nessa oportunidade, eu pude apreciar nele, em grau pouco comum, qualidades valiosas. Sua acolhida extremamente amável, não excluía uma grande dignidade de trato, que incutia verdadeiro respeito, seu espírito, inquestionavelmente embebido de fé, tinha uma circunspecção que se conjugava harmonicamente uma certa forma equilibrada de arrojo. Sentia-se nele uma profunda consciência do seu sacerdócio e da sua condição de filho de Santo INÁCIO».
O Padre APARÍCIO foi grande apóstolo do Imaculado Coração da Virgem Mãe e da devoção dos 5 Primeiros Sábados, em Portugal e sobretudo no Brasil.
Por fins de 1986 saiu da Editorial Franciscana a substanciosa biografia O PADRE APARÍCIO da autoria do Padre António Maria Martins, S. J.
MARIA CLARA DO MENINO JESUS, Irmã
Era possuidora de grandes virtudes, realizava prodígios e fundou no Louriçal, em 1630, um recolhimento para senhoras idosas. Nele morreu em 1631. Depois a casa foi transformada em convento de clausura. A primeira pedra do edifício, que subsiste e se mantém fiel ao seu destino, albergando religiosas Clarissas do Desagravo, foi benzida em 1690.
A construção terminou graças ao interesse de Dom JOÃO V, sendo ainda somente principe. Viu-se atacado por violenta enfermidade, o que o levou a prometer concluir o convento, se Deus lhe concedesse a cura por intercessão de MARIA DO LADO. E, sendo ouvido, cumpriu o voto, depois de perfeitamente restabelecido. Obtido o breve papal, a autorização do Geral dos Franciscanos e do Bispo-Conde, mandou vir de Évora algumas freiras, que deram início à comunidade contemplativa. A Igreja foi terminada em 1739.
Bem antes falecera MARIA DO LADO. A sua beatificação foi pedida a Roma e por ela se interessou vivamente Dona MARIA I. Tentados alguns passos, veio a apurar-se que ao processo faltava um cardeal ponente. Feito o convite ao Cardeal DÓRIA, este acedeu e todos os papéis foram entregues ao secretário da Congregação dos Ritos, como ela se chamava até há pouco. Mas a verdade é que o processo de MARIA DO LADO, ou Irmã MARIA DO SAGRADO LADO, caiu no esquecimento até agora. O nome evoca a lança do soldado abrir o Coração de Jesus.
Nasceu RITA LOPES DE ALMEIDA - em religião, RITA AMADA DE JESUS - em Casalmendinho, freguesia de Ribafeita, diocese de Viseu, a 5 de Março de 1848 e foi baptizada a 11 do mesmo mês.
Era, no grupo de 5 irmãos, a quarta filha do casal - Manuel Lopes de Almeida e Josefa de Almeida - que se esmerava na educação e formação religiosa de seus filhos.
Esta, por sua vez, menina viva, inteligente e piedosa, mostrou desde tenra idade certa inclinação para as coisas de Jesus. A sua juventude foi marcada pelo desejo ardente da glória de Deus e salvação das almas, de modo particular, das meninas orfãs e desamparadas, porque via o perigo em que se encontravam estas jovens no meio de um mundo tão perverso, como ela lhe chamava.
Com este zelo, inspirada pelo Espírito Santo e movida pelas lições da Sagrada Família, fundou a Congregação de Jesus, Maria e José sobre os sólidos fundamentos da da humildade e simplicidade. Encontrou nesta sua Obra inúmeras dificuldades, mas tudo venceu, pois era dotada de carácter firme, vontade inabalável e confiança no Senhor a toda a prova.
Esta fundação teve o seu berço na diocese de Viseu, mais concretamente em Guimiei-Ribafeita, aos 24 de Setembro de 1880. O primeiro Noviciado da Congregação foi instalado em Tourais, concelho de Seia, diocese da Guarda, sob a orientação espiritual dos Padres Jesuítas, nomeadamente do Padre JOSÉ UDALRICO DA LAPA, o qual, bastantes anos mais tarde (depois de ter ido trabalhar na Califórnia - EUA) voltou a encontrar e a ser o apoio da Congregação no Brasil. Este Padre era Goês, dotado de geniais qualidades.
A aprovação pontifícia foi dada ainda em vida da Fundadora, que orientava a acompanhava as suas Irmãs, fez que a sua Congregação crescesse com bastante rapidez. Em 1910 hora da perseguição religiosa em Portugal, contava já umas 92 Irmãs e 8 Comunidades.
Para assegurar a continuidade da sua Obra a Madre Fundadora enviou para o Brasil alguns grupo de Irmãs, vindo ela a falecer com fama de santidade a 6 de Janeiro de 1913, data em que seguia o 3º Grupo de Irmãs em direcção ao Brasil. Após a sua morte seguiram mais 6 Grupos. Aí cresceu e se expandiu, voltando a Portugal só em 1934.
Hoje tem, em Portugal, provincia constituída, mas a Casa Generalícia continua em São Paulo - Brasil.
A Causa da Canonização de MADRE RITA AMADA DE JESUS foi introduzida em 1991, na diocese de Viseu, tendo o processo diocesano sido concluído em 1994. A 20 de Dezembro de 2003, no Vaticano, na presença do santo Padre JOÃO PAULO II e do Cardeal Dom JOSÉ SARAIVA MARTINS, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, a Madre RITA AMADA DE JESUS foi proclamada «Venerável» mediante a leitura do respectivo Decreto.
MARIA DA CONCEIÇÃO FERRÃO PIMENTEL conhecida pelo nome de SÃOZINHA, nasceu em Coimbra, no dia 1 de Fevereiro de 1923. Menina rica, filha única, bonita, aluna distinta, condecorada com muitas medalhas pelos seus triunfos escolares, piedosa, pura como um anjo, sofria uma grande tristeza: seu pai, médico distinto, não praticava a religião.
Quantos sacrifícios e orações ofereceu pela sua conversão a filha querida!
Sobretudo no Natal e Páscoa pedia e esperava tão grande graça. No Natal de 1939, o último que passou na terra, desabafa com a mãe:
«Ainda não foi desta que o paizinho recebeu Nosso Senhor e eu estava tão cheia de esperança, e nem sequer foi beijar o Menino Jesus como os outros».
Para arrancar ao Céu tão grande graça faz o maior de todos os sacrifícios: oferece a sua vida pela conversão do pai. Aceitou o Senhor tão heroica oferta. Depois de dois meses de atroz sofrimento, morre aos 17 anos de idade, em Lisboa, aos 6 de Julho de 1940.
Esmagado pela dor, continuava empedernido seu pai, até que chegou o dia da graça.
«Aprouve a Deus - escreve o Doutor Alfredo Pimentel - que a missa do 30º dia em sufrágio da alma de SÃOZINHA fosse rezada, justamente na Igreja de São Francisco, em Alenquer, onde ela fizera a sua Primeira Comunhão, no dia mais feliz da sua vida. Ali, depois de evocar, com o coração retalhado de saudade, a doce figura de minha filha, as suas virtudes heroicas, a sua candura e simplicidade, toda a sua vida de amor e abnegação, revi, com a alma repassada de amargura, todo o meu passado de indiferença religiosa e compreendi que, para além da vida terrena, outra vida, mais perfeita e mais bela, nos espera no seio de Deus.
Então, quase instintivamente, abeirei-me do confessionário e fiz com humildade a minha confissão aos pés do confessor, preparando-me assim para receber comovidamente a Sagrada Comunhão. SÃOZINHA a minha querida Filha, acabava de ver realizado o que tão ardentemente pedia ao Senhor! Desde então procuro, com a graça de Deus, cumprir todos os meus deveres de cristão».
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
Nasceu na freguesia de Olaia, concelho de Torres Novas, em 13 de Dezembro de 1876. Depois de frequentar o Seminário de Santarém e se haver doutorado na Universidade de Santo Apolinário em Roma, foi ordenado de presbitero a 27 de Maio de 1899. Nomeado vice-reitor do Seminário da Guarda em 1905, foi depois designado Bispo de Portalegre, a 9 de Dezembro de 1915 e, finalmente, Arcebispo de Évora, tendo entrado solenemente na sua Sé Metropolitana a 11 de Fevereiro de 1921.
Após uma vida de incansável apostolado e tendo deixado a Arquidiocese provida de Seminários, de Casas Religiosas, do semanário «A Defesa» e da Gráfica Eborense, de centros de actividade espiritual e apostólica e tendo fundado o Instituto Diocesano das Servas da Santa Igreja, para auxiliar os Párocos na evangelização e, especialmente, nas Missões, faleceu santamente no dia 30 de Março de 1955, repousando os seus restos mortais na Sé de Évora.
A 1 de Dezembro de 1971, a Santa Sé, autorizou a abertura do Processo Diocesano para a sua Beatificação e Canonização , que já foi concluído e entregue em Roma, na Sagrada Congregação para as Causas dos Santos.
A sua espiritualidade
«A sua espiritualidade era a da confiança! E aqueles que se ajoelhavam a seus pés, como penitentes, ouviam, inalteravelmente, esta palavra "Coragem e confiança!" (Dom José da Cruz Moreira Pinto - Bispo de Viseu).
Dos seus conselhos espirituais:
«Procure manter a lembrança da presença de Deus, ofereça-Lhe muitas vezes o seu trabalho, e assim sobrenaturalizará a sua vida que, embora agotada e cheia de preocupações, será vivida em Deus».
«É uma prova de amor filial adorarmos, com reconhecimento, os desígnios de Deus que não compreendemos».
«Não se canse de lutar consigo mesma para se tornar verdadeiramente "mansa e humilde", mas sobretudo mansa, condescendente, carinhosa, verdadeiramente amável para com todos».
«Não perca de vista aquela ideia de amar a Jesus pelos que O não amam, de reparar pelos que O ofendem...»
«Deixe-se levar pela mão do Pai Celeste, que a prova, mas não a abandona».
«Imite a Mãe do Céu, trabalhando por Jesus silenciosamente e procurando só a Sua glória».
Do seu acto de oblação:
«Dulcíssimo Jesus, para confessar a Vossa Realeza de amor, para reparar as minhas infidelidades, para Vos atrair as almas, eu me consagro inteiramente e incondicionalmente ao Vosso Sagrado Coração, para o qual quero viver e no qual quero morrer. De ora avante já não pertenço a mim mesmo, e sacrifico à Vossa glória e ao Vosso amor todas as minhas pretensões, todos os meus gostos, todos os meus direitos, tudo o que tenho e o que sou.
(...) Assim imolado ao Vosso Amor, feito Vossa pobre vítima, eu conseguirei ser um sacrário vivo dum Cristo vivo, e é essa a minha única aspiração, que Vós vivais em mim, e que eu viva em Vós! Que eu Vos dê as almas que Vós me confiastes, sobretudo as almas sacerdotais e terei realizado o sonho da minha felicidade. (...) Eis-me, Jesus, Vosso escravo. Aceitai a minha pobre oferta pelas mãos da Vossa Mãe Santíssima , que é a minha Mãe também, e a Ela peço seja minha fiadora junto de Vós. Ámen!»
SÍLVIA CARDOSO
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
Vida heroica
No Ano Santo de 1950, ao findar o dia 1º de Novembro, em que o santo Padre PIO XII definiu solenemente o dogma da Assunção de Nossa Senhora, e ao raiar já o dia 2, Comemoração de Finados, faleceu santamente, com 68 anos de idade, na casa da Torre, em Paços de Ferreira, Dona SÍLVIA CARDOSO, grande apóstola de Portugal.
Pouco antes de morrer, exclamou com lágrimas nos olhos:
«Nosso Senhor bem sabe que a minha grande paixão é a vontade de Deus».
Esquecida inteiramente de si, sujeitando-se a qualquer sacrifício, mesmo a não se alimentar ou a passar mal, aceitando todas as dificuldades, dando tudo quanto possuía, até a própria cama, sem fazer o mínimo caso de respeitos ou considerações humanas, Dona SILVIA vivia na ânsia ardente de fazer que Deus fosse amado por todos os corações.
«O Amor levado a todos, sem jamais findar», escrevia em 8-9-1947.
Interessava-se por tudo quanto fosse para glória de Deus, honra da Santa Igreja e bem das almas. Onde houvesse um pecador a converter, uma família a consagrar, um caso dificil a solucionar, uma necessidade a que valer, para lá voava, como Anjo da Paz e Mensageira da Salvação. Com espantosa energia ergueu e sustentou hospitais e creches, patronatos, lares e casas de retiro, sempre no intuito de salvar almas.
«Sou conhecida dos que de mim se abeiram para lhes valer. Nada valho! Apenas sou um instrumento tosco nas mãos de Deus» (3.10.1935).
O Centro.
Foram as chamas do Coração de Jesus que atearam na alma de Dona SÍLVIA as labaredas do amor divino, como ela mesmo deixou escrito nestas palavras do seu testamento:
«Aqui somos passageiros seguindo para a pátria, onde espero por mercê de Deus ser para sempre d'Aquele Coração que toda a minha vida encheu.
A minha última súplica será: que Jesus seja conhecido, honrado, louvado, amado e imitado, e se lhe dê glória em tudo e sempre. Vinde, meu Jesus, vinde ao meu peito, que o Vosso Coração viva no meu, desprendei-o de tudo e ligai-me somente ao Vosso Coração, para que no sacrário eu viva sempre unida a Jesus e abraçada à Cruz. No Vosso Coração nos unimos, e ao Eterno Pai O oferecemos. Tudo por Vós, Sagrado Coração; tudo por Vosso Amor, tudo para vossa maior honra e glória, meu Jesus. Amo-vos com o vosso mesmo Amor, porque m'O destes, Senhor».
Testemunhos
Dentre os testemunhos acerca da sua virtude, destacamos apenas estes:
O Cardeal CEREJEIRA: «De outros se tem dito que morreram de amor. Dona SÍLVIA era intimamente consumida pelo Divino Amor. Desde que toda se consagrou a Deus, o Espírito de Cristo apossou-se dela... Havia nela muito da loucura dos santos. Amou de todo o coração Deus, Cristo, a Igreja, as almas; e não soube jamais pôr medida ao seu amor. O caminho que ela seguiu é o caminho da santidade».
Dom AGOSTINHO DE JESUS E SOUSA, Bispo do Porto: «Piedosa e desprendida, esquecida de si, só pensava no próximo, a cujas misérias físicas e mais ainda morais se esforçava por dar remédio... Na sólida piedade de Dona SÍLVIA CARDOSO deve-se procurar o segredo da sua infatigável actividade».
Dom DOMINGOS GONÇALVES, Bispo da Guarda: «Nunca conheci ninguém, como Dona SÍLVIA CARDOSO que, pela sua abnegação, zelo e caridade, melhor aprendesse e retratasse a doutrina sublime de Jesus. Como o Apóstolo, esta Mulher Forte do Evangelho fez-se tudo para todos,a fim de salvar a todos».
O processo de beatificação
A 6 de Junho de 1984, o Bispo do Porto deu posse aos membros da Comissão encarregada do processo.
Texto do livro SANTOS DE CADA DIA, da Editorial A. O. de Braga:
Vida heroica
No Ano Santo de 1950, ao findar o dia 1º de Novembro, em que o santo Padre PIO XII definiu solenemente o dogma da Assunção de Nossa Senhora, e ao raiar já o dia 2, Comemoração de Finados, faleceu santamente, com 68 anos de idade, na casa da Torre, em Paços de Ferreira, Dona SÍLVIA CARDOSO, grande apóstola de Portugal.
Pouco antes de morrer, exclamou com lágrimas nos olhos:
«Nosso Senhor bem sabe que a minha grande paixão é a vontade de Deus».
Esquecida inteiramente de si, sujeitando-se a qualquer sacrifício, mesmo a não se alimentar ou a passar mal, aceitando todas as dificuldades, dando tudo quanto possuía, até a própria cama, sem fazer o mínimo caso de respeitos ou considerações humanas, Dona SILVIA vivia na ânsia ardente de fazer que Deus fosse amado por todos os corações.
«O Amor levado a todos, sem jamais findar», escrevia em 8-9-1947.
Interessava-se por tudo quanto fosse para glória de Deus, honra da Santa Igreja e bem das almas. Onde houvesse um pecador a converter, uma família a consagrar, um caso dificil a solucionar, uma necessidade a que valer, para lá voava, como Anjo da Paz e Mensageira da Salvação. Com espantosa energia ergueu e sustentou hospitais e creches, patronatos, lares e casas de retiro, sempre no intuito de salvar almas.
«Sou conhecida dos que de mim se abeiram para lhes valer. Nada valho! Apenas sou um instrumento tosco nas mãos de Deus» (3.10.1935).
O Centro.
Foram as chamas do Coração de Jesus que atearam na alma de Dona SÍLVIA as labaredas do amor divino, como ela mesmo deixou escrito nestas palavras do seu testamento:
«Aqui somos passageiros seguindo para a pátria, onde espero por mercê de Deus ser para sempre d'Aquele Coração que toda a minha vida encheu.
A minha última súplica será: que Jesus seja conhecido, honrado, louvado, amado e imitado, e se lhe dê glória em tudo e sempre. Vinde, meu Jesus, vinde ao meu peito, que o Vosso Coração viva no meu, desprendei-o de tudo e ligai-me somente ao Vosso Coração, para que no sacrário eu viva sempre unida a Jesus e abraçada à Cruz. No Vosso Coração nos unimos, e ao Eterno Pai O oferecemos. Tudo por Vós, Sagrado Coração; tudo por Vosso Amor, tudo para vossa maior honra e glória, meu Jesus. Amo-vos com o vosso mesmo Amor, porque m'O destes, Senhor».
Testemunhos
Dentre os testemunhos acerca da sua virtude, destacamos apenas estes:
O Cardeal CEREJEIRA: «De outros se tem dito que morreram de amor. Dona SÍLVIA era intimamente consumida pelo Divino Amor. Desde que toda se consagrou a Deus, o Espírito de Cristo apossou-se dela... Havia nela muito da loucura dos santos. Amou de todo o coração Deus, Cristo, a Igreja, as almas; e não soube jamais pôr medida ao seu amor. O caminho que ela seguiu é o caminho da santidade».
Dom AGOSTINHO DE JESUS E SOUSA, Bispo do Porto: «Piedosa e desprendida, esquecida de si, só pensava no próximo, a cujas misérias físicas e mais ainda morais se esforçava por dar remédio... Na sólida piedade de Dona SÍLVIA CARDOSO deve-se procurar o segredo da sua infatigável actividade».
Dom DOMINGOS GONÇALVES, Bispo da Guarda: «Nunca conheci ninguém, como Dona SÍLVIA CARDOSO que, pela sua abnegação, zelo e caridade, melhor aprendesse e retratasse a doutrina sublime de Jesus. Como o Apóstolo, esta Mulher Forte do Evangelho fez-se tudo para todos,a fim de salvar a todos».
O processo de beatificação
A 6 de Junho de 1984, o Bispo do Porto deu posse aos membros da Comissão encarregada do processo.
MARIA DA CONCEIÇÃO PINTO DA ROCHA
MARIA DA CONCEIÇÃO PINTO DA ROCHA nasceu a 16 de Dezembro de 1889, em, Viana do Castelo, passando nesta cidade quase toda a sua vida «escondida em Cristo». Faleceu a 2 de Outubro de 1958 com 69 anos de idade.
Ela própria nos dá os dados biográficos e o itinerário espiritual, em documentos redigidos com simplicidade, escritos por obediência:
«Nasci de pais de condição humilde, mas muito crentes e piedosos. Aos 14 anos senti a minha alma impelida sobrenaturalmente a fazer a doação de mim mesma à Sagrada Família, entregando-me aos seus cuidados , para acompanhar a infância de Jesus na imitação do Seu crescimento nas virtudes e seguir Jesus nos trabalhos do Seu apostolado Redentor, que Ele quisesse de mim».
«Dos 19 aos 24, impulsionada pelo exemplo de Santa TERESINHA, ofereço-me como vítimas ao Amor Misericordioso» (cfr. Reparação Expiadora, Ed. das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, Lisboa, 1967, p. 29-30)
«Dos 24 aos 28, Jesus convida-me a ser vítima de Sacrificio (Ib. p. 183)
«Aos 28 anos de novo me convida, agora, a ser vítima de Expiação por todos os pecados do mundo...» (Ib. p. 211)
É nesta etapa da caminhada, aos 28 anos, a 17 de Outubro de 1917, que o Senhor lhe dá a conhecer o plano sobre ela, o seu carisma pessoal e a sua missão. Como um «pensamento estranho», o Senhor fez-lhe sentir o seu apelo:
«Assim como Jesus fez Seus os pecados dos homens, imolando-se por eles, como vítima de amor ao Eterno pai, oferece-te também tu, com Jesus e em Jesus (como se tu e Ele fosseis um só), pela salvação do mundo».
«Vê como minha Mãe, Rainha dos Mártires, junto à Cruz, se ofereceu como Vítima e com amor de Mãe pela salvação dos homens. Segue-a, fazendo tu, agora, as suas vezes... continuando a sua missão de vítima co-redentora com Jesus.
Fazendo tu isto, assim como Ela foi Mãe do género humano, assim tu serás Mãe dos pequenos pecadores e também de algumas outras vítimas, que hão-de vir e formar uma família religiosa, umas no convento e a maior parte delas no meio do mundo» (Ib. p. 31)
Porém, MARIA DA CONCEIÇÃO, consciente de que abrir um caminho não é fácil e supõe por vezes o martírio, apressa-se a expor à Igreja este projecto - no receio de se iludir e na busca da Verdade que sempre a caracterizou; redige ela mesma, apesar da sua falta de cultura, um Memorial ao papa PIO XI, apresentando o «plano» que é benevolentemente acolhido e estimulado à execução.
«Um só desejo venho depor aos pés de Vossa Santidade: se a vossa alma Santíssima abençoa e deseja que algumas almas já oferecidas em holocausto pelos pecados do mundo formem uma só família religiosa... vivam, segundo o chamamento Divino a imolar-se diariamente numa vida de oração contínua, tendo ao lado também uma parte activa... de apostolado da Misericórdia, de socorro aos infelizes...
Estas almas oferecidas segundo a sua vocação de vítimas interiores pela redenção dos homens, continuando a redenção de JESUS REDENTOR... » (ib. p. 47-48) «e o holocausto de Maria junto à cruz» (manuscrito de Junho de 1933).
Os restantes anos da sua vida foram acto de profunda e constante fidelidade à realização desta missão, na fé pura, como ABRAÃO. A Fundação, como todas, encontrou resistências humanas, mas ela pedira ao Senhor para as passar todas em sua vida.
Assim foi, morrendo antes de ver iniciada a Obra, como o Senhor lhe fizera sentir, através dum sonho que muito a impressionara (manuscrito de 1930 - Sonho dos dois conventos).
Seus inúmeros e inéditos escritos retratam a sua vida interior e alto grau de vivência das virtudes teologais, sua experiência e profundo conhecimento da psicologia humana, seu dom de discernimento, sua exigência evangélica radicalmente aberta aos valores da pobreza, humildade, caridade misericordiosa, obediência até à morte e sua loucura pela Cruz, em ordem à salvação dos homens.
Após 25 anos do falecimento,fez-se a exumação dos restos mortais, a 4 de Outubro de 1983, de forma canónica, em ordem a uma futura Introdução da Causa de Beatificação. Tudo aconteceu como um dia predissera: «De mim, não ficará nada». Deixou, porém, abundante doutrina sobre o espírito de vítima, que procurou viver e ensinar às companheiras e do qual escreveu um dia: «A alma vítima é pó que todos têm o direito de pisar» (Circular manuscrita - Abril de 1940).
Em 10 de Maio de 1988 chegou de Roma o nihil obstat para a Introdução da Causa de Canonização, que foi introduzida em 10 de Junho do mesmo ano. O processo foi aberto a 15 de Junho do ano seguinte, encontrando-se em fase de conclusão.
MARIA DA CONCEIÇÃO PINTO DA ROCHA nasceu a 16 de Dezembro de 1889, em, Viana do Castelo, passando nesta cidade quase toda a sua vida «escondida em Cristo». Faleceu a 2 de Outubro de 1958 com 69 anos de idade.
Ela própria nos dá os dados biográficos e o itinerário espiritual, em documentos redigidos com simplicidade, escritos por obediência:
«Nasci de pais de condição humilde, mas muito crentes e piedosos. Aos 14 anos senti a minha alma impelida sobrenaturalmente a fazer a doação de mim mesma à Sagrada Família, entregando-me aos seus cuidados , para acompanhar a infância de Jesus na imitação do Seu crescimento nas virtudes e seguir Jesus nos trabalhos do Seu apostolado Redentor, que Ele quisesse de mim».
«Dos 19 aos 24, impulsionada pelo exemplo de Santa TERESINHA, ofereço-me como vítimas ao Amor Misericordioso» (cfr. Reparação Expiadora, Ed. das Irmãs Reparadoras Missionárias da Santa Face, Lisboa, 1967, p. 29-30)
«Dos 24 aos 28, Jesus convida-me a ser vítima de Sacrificio (Ib. p. 183)
«Aos 28 anos de novo me convida, agora, a ser vítima de Expiação por todos os pecados do mundo...» (Ib. p. 211)
É nesta etapa da caminhada, aos 28 anos, a 17 de Outubro de 1917, que o Senhor lhe dá a conhecer o plano sobre ela, o seu carisma pessoal e a sua missão. Como um «pensamento estranho», o Senhor fez-lhe sentir o seu apelo:
«Assim como Jesus fez Seus os pecados dos homens, imolando-se por eles, como vítima de amor ao Eterno pai, oferece-te também tu, com Jesus e em Jesus (como se tu e Ele fosseis um só), pela salvação do mundo».
«Vê como minha Mãe, Rainha dos Mártires, junto à Cruz, se ofereceu como Vítima e com amor de Mãe pela salvação dos homens. Segue-a, fazendo tu, agora, as suas vezes... continuando a sua missão de vítima co-redentora com Jesus.
Fazendo tu isto, assim como Ela foi Mãe do género humano, assim tu serás Mãe dos pequenos pecadores e também de algumas outras vítimas, que hão-de vir e formar uma família religiosa, umas no convento e a maior parte delas no meio do mundo» (Ib. p. 31)
Porém, MARIA DA CONCEIÇÃO, consciente de que abrir um caminho não é fácil e supõe por vezes o martírio, apressa-se a expor à Igreja este projecto - no receio de se iludir e na busca da Verdade que sempre a caracterizou; redige ela mesma, apesar da sua falta de cultura, um Memorial ao papa PIO XI, apresentando o «plano» que é benevolentemente acolhido e estimulado à execução.
«Um só desejo venho depor aos pés de Vossa Santidade: se a vossa alma Santíssima abençoa e deseja que algumas almas já oferecidas em holocausto pelos pecados do mundo formem uma só família religiosa... vivam, segundo o chamamento Divino a imolar-se diariamente numa vida de oração contínua, tendo ao lado também uma parte activa... de apostolado da Misericórdia, de socorro aos infelizes...
Estas almas oferecidas segundo a sua vocação de vítimas interiores pela redenção dos homens, continuando a redenção de JESUS REDENTOR... » (ib. p. 47-48) «e o holocausto de Maria junto à cruz» (manuscrito de Junho de 1933).
Os restantes anos da sua vida foram acto de profunda e constante fidelidade à realização desta missão, na fé pura, como ABRAÃO. A Fundação, como todas, encontrou resistências humanas, mas ela pedira ao Senhor para as passar todas em sua vida.
Assim foi, morrendo antes de ver iniciada a Obra, como o Senhor lhe fizera sentir, através dum sonho que muito a impressionara (manuscrito de 1930 - Sonho dos dois conventos).
Seus inúmeros e inéditos escritos retratam a sua vida interior e alto grau de vivência das virtudes teologais, sua experiência e profundo conhecimento da psicologia humana, seu dom de discernimento, sua exigência evangélica radicalmente aberta aos valores da pobreza, humildade, caridade misericordiosa, obediência até à morte e sua loucura pela Cruz, em ordem à salvação dos homens.
Após 25 anos do falecimento,fez-se a exumação dos restos mortais, a 4 de Outubro de 1983, de forma canónica, em ordem a uma futura Introdução da Causa de Beatificação. Tudo aconteceu como um dia predissera: «De mim, não ficará nada». Deixou, porém, abundante doutrina sobre o espírito de vítima, que procurou viver e ensinar às companheiras e do qual escreveu um dia: «A alma vítima é pó que todos têm o direito de pisar» (Circular manuscrita - Abril de 1940).
Em 10 de Maio de 1988 chegou de Roma o nihil obstat para a Introdução da Causa de Canonização, que foi introduzida em 10 de Junho do mesmo ano. O processo foi aberto a 15 de Junho do ano seguinte, encontrando-se em fase de conclusão.
PADRE MANUEL NUNES FORMIGÃO
O Padre MANUEL NUNES FORMIGÃO nasceu a 1 de Janeiro de 1883, em Tomar, e faleceu a 30 de Janeiro de 1958, em Fátima. Foi baptizado a 18 de Fevereiro de 1883, sendo seus pais, Manuel Nunes Formigão, 2º sargento de Infantaria e Maria da Piedade Mendes Dias, fervorosos cristãos, que na altura do seu nascimento habitavam no Convento de Cristo em Tomar, na ala destinada a residência dos oficiais do Exército.
Tendo frequentado os Seminários do Patriarcado de Lisboa, foi mandado para Roma em Outubro de 1903, pelo seu Bispo, o Cardeal Patriarca Dom JOSÉ SEBASTIÃO NETO, a fim de se especializar em Teologia e Direito canónico, na Universidade Gregoriana. Com sucesso obtém, a 13 de Julho de 1906, a Láurea em Direito canónico e a 4 de Julho de 1909, o doutoramento em teologia.
De acentuar o dia da sua ordenação sacerdotal, ocorrida na Basilica de São João de Latrão, «cabeça e mãe de todas as Igrejas» a 4 de Abril de 1908. No dia seguinte celebrou a sua Primeira Missa no quarto-capela onde morreu São LUÍS GONZAGA na Igreja de Santo Inácio, em Roma.Terminados os estudos, o Padre FORMIGÃO regressa a Portugal com uma paragem de algum tempo em Lourdes, por cujo santuário mariano possuía grande veneração, prestando ali os mais variados serviços. Queria divulgar mais em Portugal a mensagem das aparições de Lourdes, o que depois não vai acontecer, devido às aparições de Fátima.
Chegado a Portugal, carregado de saber e forte espírito sacerdotal, pôs-se logo à disposição do novo Patriarca, o cardeal DOM ANTÓNIO MENDES BELO. É nomeado professor no seminário Patriarcal de Santarém, onde lecciona Teologia e outras cadeiras.
Professor supranumerário do Liceu Sá da Bandeira, em Santarém, 1918-1929, desempenhou a sua missão com grande competência, granjeando simpatias e admiração por parte de colegas e alunos. Aqui dedica-se à prática efectiva da caridade, à recristianização da juventude e à direcção espiritual.
As aparições de Fátima vão marcar a vida do Padre FORMIGÃO. Começa a interessar-se por elas a 13 de setembro de 1917, aquando da 5ª aparição, estando presente de forma discreta, talvez por incumbência oficiosa, e até com uma atitude algo céptica.
Devido ao contacto com os pastorinhos e à reflexão pessoal, mudará de opinião e tornar-se-á no grande «Apóstolo de Fátima». Houve até quem o chamasse de «4º Vidente de Fátima». Os interrogatórios feitos aos Pastorinhos, os seus escritos e a acção na Comissão nomeada a 3 de maio de 1922 para o respectivo processo canónico vão ser decisivos para a aprovação eclesiástica, a 13 de Outubro de 1930. «Sem ele, Fátima não seria o que é presentemente» diria mais tarde o Cardeal Patriarca de Lisboa Dom ANTÓNIO RIBEIRO.
O Padre FORMIGÃO desenvolveu o ministério sacerdotal nas Dioceses de Lisboa, Bragança (1943-44), Évora (1943-44), Porto (1944-54), por motivos de saúde, Leiria.
«Homem de Deus» é a expressão utilizada por vários Bispos (Patriarca de Lisboa, Arcebispo de Évora, Bispo de Bragança, Bispo de Leiria) sacerdotes e leigos para definir o Padre FORMIGÃO.
O respeito pela liturgia, em especial na celebração da Eucaristia, a obediência ao papa e aos Bispos, a começar pelo Pastor da própria Diocese, o rigor com que cumpria as ordens dos seus Superiores, a entrega total às diversas responsabilidades que lhe foram confiadas, dentro e fora da Diocese, são um exemplo de como se deve servir a Igreja, sem pretensão de protagonismo pessoal e sem espírito de crítica destrutiva. Ele não abdicou da sua capacidade de reflexão, mas soube distinguir a posição da Igreja das suas opiniões pessoais.
O seu apostolado foi variado. Para além do já referido, pense-se na originalidade ao criar a famosa «Associação Nun'Álvares» para jovens do liceu e da Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, precursora da Acção Católica. O seu apostolado estende-se ainda aos doentes, aos mais pobres, aos marginalizados, ajudando alguns colegas sacerdotes que bem precisavam de apoio económico. Foi um poeta e escritor fecundo, lançando iniciativas que ainda hoje perduram. Assim, fundou os jornais «Mensageiro de Bragança», «Voz de Fátima», a revista «Stella» e o «Almanaque de Nossa Senhora de Fátima». Publicou vários livros relacionados com as aparições de Fátima: «O que é Fátima», «As grandes maravilhas de Fátima», «Os acontecimentos de Fátima», etc.,.
Embora o Padre FORMIGÃO afirmasse repetidamente que não era o Fundador da Congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores de Fátima (o que é natural, atendendo à sus humildade), Obra iniciada por ele a 6 de Janeiro de 1926, é certo que ele foi o grande inspirador e impulsionador do Instituto, apesar da colaboração de outras pessoas. Um sacerdote que bebeu o espírito evangélico da mensagem da Senhora de Fátima, sentia-se obrigado a incutir uma dimensão reparadora e eucarística à nova fundação. A participação na Eucaristia, na celebração da Missa e na Adoração ao Santíssimo Sacramento é o pilar da sua espiritualidade.
São inesquecíveis as palavras do cardeal patriarca Dom ANTÓNIO RIBEIRO referindo-se ao Padre FORMIGÃO:
«Trata-se de um padre do Patriarcado de Lisboa, invulgarmente culto e piedoso, cuja actividade apostólica muito contribuiu para o desenvolvimento da vida cristã em Portugal, durante a primeira metade do século XX. os jovens de várias escolas, os seminaristas de Santarém, de Bragança e de Évora, as novas formas de vida consagrada então surgidas da Acção católica e tantas pessoas tocadas pelo seu zelo sacerdotal, ficaram a dever-lhe assinaláveis benefícios, nos campos da formação cívica e eclesial, e da dinâmica evangelizadora da sociedade portuguesa».
O seu processo diocesano de canonização, iniciado em Fátima, diocese de Leiria-Fátima em 15 de Setembro de 2001, encontra-se em avançada fase de instrução, prevendo-se para breve a sua conclusão, com o envio para a santa Sé, para a Congregação para a Causa dos Santos, das provas concludentes da sua vida de santidade.
PADRE AMÉRICO MONTEIRO DE AGUIAR
(Padre AMÉRICO)
O Padre AMÉRICO, nome porque é conhecido, nasceu em Galegos, Penafiel a 23 de Outubro de 1887 e faleceu no Porto, em consequência dum acidente de viação, a 16 de Julho de 1956.
Sentindo vocação sacerdotal, teve de enfrentar a oposição do pai, que o encaminhou para o comércio. Trabalhou em Moçambique dos 18 aos 36 anos, e só aos 41 foi ordenado padre em Coimbra. Nasceu então - como ele dizia - para uma vida plena de frutos. Consumiu a vida sacerdotal na diligência de salvar os ricos pelos pobres, levantando estes da miséria, com o auxilio dos que consciencializou para o essencial dever cristão de «amar em obras e em verdade».
Três obras o notabilizaram. «Casas do Gaiato», «Património dos Pobres» e «Calvário», esta para doentes incuráveis. Mas, sobretudo, foi um pedagogo da caridade, um renovador de mentalidades. Seu tratado espiritual e cientifico - o Evangelho; seu único Mestre - Cristo, revelado pela Igreja; sua grande tribuna - O Gaiato - Antes dele, escreveu em outros jornais.
DOM ANTÓNIO BARROSO
Este grande bispo nasceu em Remelhe, concelho de Barcelos, Distrito e Diocese de Braga, a 5 de Novembro de 1854, e faleceu no Porto, a 31 de Agosto de 1918.
Frequentou o Colégio das Missões Ultramarinas em Cernache do Bonjardim. Foi ordenado sacerdote em 1879.
Chegou a Luanda (8.9.1880), donde partiu a fundar a Missão de São Salvador do Congo (13.2.1881), de imensa projecção religiosa e política. Não só o preocupou a sua missão de padre português, mas ainda a exploração cientifica do Congo. Os relatórios de 15.7.1881, de 20.1.1884, e de 20.5.1886 e o estudo sobre o Congo (1889) revelam-no como eminente missiólogo e cientista perspicaz. Da sua actividade de missionário (1881-1891) dizem alto o hábito de Cristo (1883), o canonicato de Luanda (1884), a portaria de Pinheiro Chagas (1885), a comenda da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa (1886) e a nomeação para prelado de Moçambique (12.2.1891), confirmada em 21 de Junho com o título de Himéria. Em 20.3.1892 chegou à ilha de Moçambique e assumiu o governo pessoalmente. Percorreu o Niassa, Manica, a Zambézia e o Zumbo; fundou o Instituto Lourenço Marques (1893) e várias missões católicas. O relatório de 1894 - Padroado de Portugal em África - revela a sua notável personalidade de bispo missionário. Em 14.9.1897 era confirmado bispo de Meliapor. Percorreu Calcutá, Bandel, Dacá-Nazorie e Maduré. Cheio de benemerências missionárias, passou para a Sé do Porto em fevereiro de 1889, em que saborearia as glórias do Tabor e sobretudo o fel do seu calvário. O denodo apostólico com que condenou a Lei da Separação (1911) levou-o ao desterro e ao exílio até 1914, facto que havia de repetir-se em 1917. Honrou por igual a Pátria e a Igreja (António Brásio).
DOM BERNARDO DE VASCONCELOS,
BERNARDO VAZ LOBO TEIXEIRA DE VASCONCELOS nasceu na casa do Marvão, em, São Romão do Corgo (Celorico de Basto) em 7 de Julho de 1902.
Depois de ter feito os preparatórios no Colégio de Lamego, foi estudar na Universidade de Coimbra. Ali se expandiu a sua alma de fogo em actividade, fecunda em obras de apostolado: como membro das Conferências de São Vicente de Paulo; como redactor da revista «Estudos» órgão do C.A.D.C. (Centro Acadêmico de Democracia Cristã); como Vice-Presidente da direcção do mesmo C.A.D.C. e Presidente da Liga Eucarística, criada no C.A.D.C. para vivificar a piedade dos sócios.
Em Agosto de 1924 entrou na Ordem de São Bento. professou em 29 de Setembro de 1925. Recebeu as Ordens Menores em 5 e 6 de Janeiro de 1929.
Subir os degraus do altar, ser ordenado sacerdote - era a grande aspiração da sua alma, mas quis oferecer ao Senhor o sacrifício heroico de ficar privado da dignidade sacerdotal.
E Deus aceitou o seu sacrifício. Dom BERNARDO, como se ficou chamando como Beneditino, foi uma hóstia em sangue, sofrendo em seu corpo os duros golpes com que Deus imolava a sua vítima. Sofreu, com resignação edificante, operações repetidas, dolorosíssimas, que lhe mutilam a carne, a ponto de ele próprio chamar ao seu corpo uma «casa esburacada»; sofreu raspagens no ossos, extracção quase diária de pus das feridas, que eram chagas abertas no corpo; sofreu a imobilidade na cama, febre persistente, dores de intestinos e de rins, dificuldades de digestão, perturbações do coração.
O seu constante e multímodo sofrimento, aceite generosamente com amor e alegria, prolongou-se durante seis anos, em hospitais e sanatórios, no Porto, na Falperra, na Póvoa de Varzim e na Foz do Douro. até à madrugada de 4 de Julho de 1932, em que Dom BERNARDO, aos trinta anos, entregou a sua alma a Deus, invocando a Santíssima Trindade e dizendo:
«Não chorem: eu vou para o céu... Jesus ! Jesus! Eu sou todo de Jesus!...»
Desde então, numerosos peregrinos acorreram frequentemente ao túmulo de Dom BERNARDO na freguesia onde nasceu. Invocam a sua intercessão e agradecem os favores que, por seu intermédio, têm obtido.
DOM FERNANDO, o Infante Santo
O oitavo e último filho de Dom João I e de Dona Filipa de Lencastre nasceu em Santarém em 1402 e morreu em Fez, Marrocos a 5 de Julho de 1443. Excelentemente educado nas letras divinas e humanas, de austera integridade moral, prudente no governo de sua casa e bens, mereceu particular confiança a seu irmão Dom PEDRO que, ao largar para as «Quatro ou Sete Partidas», lhe entregou o governo das próprias terras.
Recebeu de Dom João I os senhorios de Salvaterra e de Atouguia da Baleia. Como tais bens eram diminutos, Dom Duarte agenciou-lhe da Santa Sé a concessão do mestrado da Ordem de Avis. Pela vida exemplar do INFANTE SANTO, o papa EUGÉNIO IV com vista na cruzada de Rodes contra os Turcos, ofereceu-lhe o chapéu cardinalício, através do abade de Santa Maria de Florença, Dom GOMES, em 1436. Dom FERNANDO não aceitou a dignidade «por lhe parecer de grande carrego de consciência».
Portugal sentia-se economicamente estrangulado na sua nesga de terra ocidental. Abria-se o rumo da expansão atlântica e nomeadamente em Marrocos, depois da feliz aventura de Ceuta em 1415. Dom HENRIQUE e DOM FERNANDO associaram-se ao mesmo sonho africano de penetração continental pelo Magrebe. Caso não secundassem o seu projecto, o segundo ameaçava expatriar-se para Inglaterra. O rei Dom DUARTE acedeu a que se organizasse a expedição a Tânger (1437). Por deficiência de comando e lentidão de movimentos, a empresa redundou, por esta vez, em desastre. As forças desembarcadas viram-se envolvidas pelos Mouros. Houve que pactuar e Dom FERNANDO ofereceu-se para refém como penhor de Portugal entregar Ceuta. Mas as cortes de Torres Novas, no ano seguinte, recusaram-se à cedência da praça.
O prisioneiro foi transferido para Arzila e dali para Fez, onde ficou sujeito às maiores provações e vexames, suportados com heroica paciência. Confortava-o a esperança constante de libertação, implorada em termos comovedores. Sucumbiu, porém, à doença e à miséria.
Não se pode, todavia, fazer do «Principe Constante», assim glorificado pelo dramaturgo espanhol Calderón de la Barca, uma vítima da crueldade de Dom HENRIQUE ou do rei Dom DUARTE. Embora o INFANTE DE SAGRES se tivesse obrigado a entregar Ceuta para recolher-se ele, com as forças sitiadas, aos navios que os esperavam, não podia arrogar-se, no caso de Dom FERNANDO, um mandato que não recebera. E o rei teve o sentido governativo de não sobrepor-se, sem mais, ao que era vontade nacional: não entregar Ceuta.
Dom FERNANDO morreu considerado mártir da fé e do bem de Portugal, tal como este foi expresso em cortes. Pelas suas virtudes pessoais e pela generosidade com que se ofereceu para o cativeiro, suportando-o resignadamente até ao fim, chegou a ter culto na Batalha e em Lisboa, bem merecendo que a sua Causa de Beatificação fosse, oficialmente, introduzida em Roma.
As suas relíquias foram trazidas, em 1451, para Santarém e depois levadas para Tomar e Batalha. E em 1471, Dom AFONSO V, depois de conquistar Arzila, exigiu uma parte, que estava exposta nas muralhas de Fez. Tudo ficou sepultado na Batalha.
Dom FERNANDO disse ou escreveu:
«Oh Portugal, tudo o que recebeste de desonra e infâmia de mim - FERNANDO, teu INFANTE - foi superado por FERNANDO, o frade menor, teu Doutor» (= Santo ANTÓNIO).
PADRE GONÇALO DA SILVEIRA
«No império de Monomotapa no ano de 1561 nasceu para o céu o admirável mártir do Senhor o Padre GONÇALO DA SILVEIRA um dos mais ilustres heróis, com que Deus enriqueceu e enobreceu esta nossa Companhia. Nasceu na Vila de Almeirim aos 23 de Fevereiro de 1526, a tempo que ali assistia a corte. Seus pais foram os Ilustríssimos Condes de Sortelha. Dom Luís da Silveira e Dona Brites de Noronha. Faleceu a condessa deste parto e foi levada ao seu jazigo da vila de Góis. Três dias antes de nascer, o ouviram chorar dentro das entranhas da mãe, como se sentisse a morte que lhe havia de sobrevir do seu nascimento. Criou-se em casa de seu cunhado Luís Alvares de Távora, senhor de Mogadouro.
Desde menino se foi vendo que todo era de Deus. Aborrecia galas, cavalos, montarias e outros exercícios de gente da sua qualidade. Seu gosto era ler por livros devotos, rezar, dar esmolas e fazer pazes entre os meninos que pelejavam. Se algum menino pobre da sua idade enfermava, ia visitá-lo e dava-lhe dinheiro de esmola. Nunca se pôde acabar com ele que bebesse vinho ou o tomasse na boca, nem ainda para apertar as gengivas, quando mudou os dentes; costume que guardou toda a vida, excepto o preciso ao sacrifício da Missa. Era de muita verdade e dizia-a nem que fosse contra si próprio.
Aprendeu gramática num convento de São FRANCISCO dedicado a Santa Margarida, onde se aproveitou muito com a santa doutrina e bons exemplos daqueles virtuosos religiosos. Depois foi mandado estudar para Coimbra, onde viveu dentro do real mosteiro de Santa Cruz. Pouco antes tinham nossos religiosos vindo de novo a Coimbra, de cujos exemplos se pegou tanto, que determinou de os seguir no instituto, posto que eram desconhecidos e desprezíveis aos olhos dos homens. Entrou na Companhia aos 9 de Junho de 1543. Por evitar encontros de parentes, desapareceu de Coimbra, sem se saber que feito «fora dele, indo, por ordem dos superiores ter os exercícios de Santo INÁCIO num retiro, três léguas além da cidade do Porto». Tanto que voltou, como se desse rebate, todos seus parentes voaram a Coimbra, vindo armados até com decretos reais. falando todos com ele, parecia o noviço uma rocha metida no meio do mar, que despede de si, desfeitas, todas as ondas que a ela se arremessam. Por última resolução, com grande denodo lhes disse que, se ali viessem seu pai e sua mãe, que já eram defuntos, por cima de suas cabeças iria pondo os pés, para levar adiante os propósitos que tinha de seguir a Cristo. Desta sorte ficou vencedor no campo, empregando-se todo o estudo da perfeição evangélica.
Os ofícios humildes e mortificativos todos eram seus. Ia ao Mondego com um jumento buscar areia para as obras, em traje vil e abatido, sucedendo-lhe muitas vezes encontrar-se com seus parentes, que passeavam em carroças. Com eles teve sempre e mostrou grande desapego, nem ia às suas casas, senão por ordem dos superiores, e isto mui raras vezes. Se alguns dias estava em suas casas, as deixava em grande reforma. Fazendo oficio de enfermeiro em Coimbra, estava mal duma perna um moço; assistindo o padre à cura, recolheu numa tigela a matéria que da perna caiu, e sentindo asco, levado da força do espírito, se venceu em forma, que bebeu toda aquela podridão.
Por ser de excelente engenho, foi mandado tomar o grau de doutor na nossa universidade de Gandia, fundada por São FRANCISCO DE BORJA que ali vivia antes de ser da Companhia. Voltando a Portugal fez gloriosíssimas missões em diversas partes deste reino, particularmente na provincia do Minho, nas cidades do Porto e Braga, tratando-se com sumo rigor e pobreza. Parecia em todos os povos um novo Apóstolo, porque as comoções eram extraordinárias, e para as fazer, bastava pôr os olhos num homem, tão ilustre, em tanta pobreza de vestidos, que muitas vezes andava com os pés quase descalços, e foi necessário, vindo de Tomar, que os nobres o rodeassem e, tomando-o no ar, lhe meteram os pés nuns sapatos, tirando-lhe os que tinha, por não estarem capazes. seus caminhos fazia sempre a pé.
Era de natural robusto e amassado para semelhantes fadigas. Ele só o queria para aturar trabalhos e mais trabalhos. Foi o primeiro propósito da casa professa de São Roque. Em Lisboa lhe tinham toda a veneração as pessoas reais. Dizendo missa, ao levantar do cálix, lhe viram as mãos todas ensanguentadas, o que se teve por prognóstico do seu martírio. Deste tinha ele a revelação de Deus Nosso Senhor. No dia em que foi declarado por patriarca da Etiópia o nosso Padre JOÃO BARRETO, falando com outros sobre a Índia, disse com fervor: «Eu hei-de ir à Índia, e hei-de ser mártir, e não hei-de ser posto em catálogo de santos». Pediu com grandes instâncias ao nosso Santo Patriarca as missões da Índia; concedeu-lhe o santo a petição. Como a procurasse encontrar o padre provincial, disse o Padre GONÇALO DA SILVEIRA: «Debalde trabalham, porque não há força humana que nos possa impedir esta missão, por estar já decretada e confirmada pelo mesmo Deus».
Vencidas todas as dificuldades, passou à índia no ano de 1556. Na viagem procedeu com aquele espírito de salvar almas que sempre o acompanhou, imitando em tudo o nosso Padre São FRANCISCO XAVIER. Na Índia foi Provincial da Companhia. Além de outras grandes coisas para aumento e conservação da fé, fez que se introduziste o tribunal do Santo Ofício, para sopear aos desaforos dos judeus. Acabando seu governo, entrou em grandes desejos por uma ocasião que se abriu de passar à Cafraria, para converter os gentios, lembrando-lhe muito o que havia anos lhe sucedera em Coimbra: porque tirando ele um mês o seu santo, como temos de costume, segundo então se usava de tirar também um escritinho com algumas palavras da Santa Escritura, lhe caíram a ele as do salmo 46:
«Quem dá aos jumentos a ração que lhes toca, e aos filhos dos corvos a comida que pedem».
Quando lhe saiu o escrito, festejou-o muito, dizendo que os corvos pequeninos eram os Cafrinhos, e que era prognóstico de que lhes havia de ir pregar a fé e dar sustento às almas.
Parece que teve revelação desta empresa, porque vindo de Portugal, como lhe pedissem em Moçambique que ficasse ali pregando, respondeu que não queria por então, que depois ele viria mais devagar, como em verdade o fez, quando foi para Monomotapa. falava com grande fervor desta missão, dizendo que desejava ver-se entre os cafres, cortado em pedaços por amor de Deus. Sucedeu-lhe no provincialato o padre ANTÓNIO DE QUADROS varão também dos muito assinalados na Companhia. Pedindo o Padre GONÇALO a missão da Cafraria, o padre lha concedeu, sendo que ao depois se admirava muito de si mesmo, de lhe ter concedido, nem acabava de entender como fizera tal coisa. Em Janeiro de 1560 partiu em demanda da sua desejada missão, com outro religioso da Companhia. De Moçambique foi ao reino de Tonga, onde trabalhou e deixou o seu companheiro para levar adiante a cristandade que ali abrira.
A força oculta do Espírito Santo o chamava para o grande império do Monomotapa. Tornando a Moçambique se embarcou para Sofala e com grandes trabalhos navegou aqueles rios, em que comerceiam os portugueses. Finalmente no principio do ano de 1561 chegou à corte de Monomotapa, aonde converteu e baptizou o mesmo rei, com muitos dos seus grandes.
Vendo os mouros, que ali viviam, inimigos capitais da lei de Cristo, o rumo feliz que ela tomava, transtornaram com muitos enredos e mentiras ao rei convertido, dizendo que o padre vinha para matar a el-rei, que era grande feiticeiro, que a todos os que se deixavam lavar com aquela água que ele lhes lançava na cabeça, ficavam a ele sujeitos, em forma que haviam de fazer o que ele quisesse. pervertido com estas e outras mentiras, prometeu de o mandar matar. Em efeito mandou alguns cafres que de noite lhe tirassem a vida. Tendo o Padre grandes sinais interiores de ser chegada a sua última hora, andou esperando boa parte da noite pelos verdugos, passeando, para não ser vencido pelo sono, mas finalmente vendo-se muito carregado dele, se encostou sobre uma esteira de canas. Os cafres, que não esperavam outra coisa e de lugar oculto o espreitavam, arremeteram a ele, pondo-se um sobre o peito, e quatro o tomaram pelos pés e braços, e o levaram no ar, outros lhe lançaram uma corada ao pescoço com seu nó corredio, e uns duma parte e outros de outra, o afogaram, lançando o santo mártir muita cópia de sangue pela boca.
Depois levaram o seu santo corpo a rasto e lançaram-no no rio Mutate. Acharam-no cingido com um cilício de ferro, onde disseram que padre tinha os feitiços. Notou-se muito que - sendo o rio povoado de crocodilos, tragadores da gente que nele cai - dali em diante não faziam mal a pessoa alguma que se chegava ao rio. Porque o santo padre em vida tinha profetizado que seu corpo, depois da morte, nem seria achado, nem venerado dos cristãos, quis o Senhor que o venerassem as feras e as aves; porque sendo levado das ondas e lançado num bosque, ali com grande prodígios era assistido de tigres e outras feras e muitas aves que coroavam as árvores, sem haver pessoa que se atrevesse a chegar àquele lugar, por medo das feras; porém de longe se observavam as sentinelas que sobre o corpo faziam.
O Padre NUNO MASCARENHAS sendo assistente em Roma, tratou com calor o negócio da sua canonização, e, como li em carta sua, esperava que o papa desse licença para dele dizermos Missa e rezarmos».
De: Ano Santo da Companhia de Jesus em Portugal pelo Padre António Franco S. J.; é este um dos três textos do dia 15 de Março nesse volume. A redacção não é posterior a 1718, mas a edição única é de 1930.
Os Lusíadas, Canto 10º, estrofe 93, assim cantam a glória do
Padre GONÇALO DA SILVEIRA:
Vê de Benomotapa o grande império,
De Selvática gente, negra e nua,
onde GONÇALO morte e vitupério
Padecerá pela Fé Santa sua.
GUILHERME BRAGA DA CRUZ, Doutor
Nasceu em Braga, em 11 de Junho de 1916, e faleceu a 11 de Março de 1977. Casou com Dona Ofélia Garcia, de quem teve nove filhos.
Fez os estudos secundários no Liceu de Braga. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1937, onde, em 1941, recebeu o doutoramento. desta faculdade veio a ser director e, em seguida, reitor de toda a Universidade.
Conta-se entre os raros que procuraram dar sentido à vida, com o Evangelho bem meditado e tornado norma do proceder. Depois procurou que essa Boa Nova, a lei do amor ao Pai e aos Irmãos, se inserisse na vida da cidade terrena. Jurista e homem de leis, notável e laborioso, escolheu e amou conscientemente uma lei da vida eterna, lembrado das palavras de São PAULO: «CRISTO É A MINHA LEI» (1 Cor 9, 21)
Recebera da família cristianíssima uma educação modelar: aperfeiçoou-a no Centro Acadêmico de Braga, dirigido pelo padre António da Cruz, S. J. tendo subido GUILHERME a Presidente da Congregação de Nossa Senhora. Pertenceu à Direcção do C.A.D.C. de Coimbra como Vice.-Presidente, cargo que exerceu também BERNARDO DE VASCONCELOS, já atrás citado.
Colaborou na Reforma do Código de Direito Civil, no capítulo das leis da família, assunto que tratou na sua tese de doutoramento. Carregado de trabalho, ainda encontrava tempo para se dedicar aos Cursos de Cristandade e às Conferências de São Vicente de Paulo. Tendo nove filhos todos a estudar, ainda teve a caridade de sentar à sua mesa, e receber em casa durante anos, um estudante universitário, cujo pai foi preso pelos japoneses em Timor.
O Arcebispo de Braga, Dom EURICO DIAS NOGUEIRA na Eucaristia do funeral, celebrado em Tadim - Braga, terra de seus avós, proclamou, de forma magnifica e autorizada, pois foi seu aluno na faculdade de Direito e conviveu com ele em Coimbra vários anos:
«Todos nós somos devedores ao grande português e cristão... todos, pelo seu alto exemplo que soube dar, como cidadão e crente, como profissional e chefe de família».
O Catedrático da Universidade de Coimbra, depois Arcebispo de Évora, Dom MANUEL TRINDADE SALGUEIRO seu confessor e seu amigo, sintetizou tudo nestas palavras:
«A sua vida clara, luminosa, desdobrada à face de Deus e à face dos homens, revela a coerência harmoniosa entre a vida e a fé».
DOM MANUEL DE ALMEIDA TRINDADE, Bispo de Aveiro e Presidente da Conferência Episcopal, escreveu:
«O Doutor GUILHERME BRAGA DA CRUZ tem craveira de santo».
E o Reverendo Professor Doutor Avelino de Jesus da Costa assim se exprimiu referindo-se ao Doutor GUILHERME BRAGA DA CRUZ:
«Inteireza inquebrantável de carácter, dedicado servidor de Deus, da Igreja e da Universidade».
«Procurava reverter tudo para a maior glória de Deus». «Não merecerá a honra do altar?»
E assim manifestava o falecido Catedrático a orientação que imprimia à sua vida:
«A única coisa que vale a pena ambicionar nesta vida é a paz interior, que resulta da satisfação do dever cumprido. É preciso considerar a vida deste mundo, com preparação para a vida do outro».
).
PADRE JOSÉ APARÍCIO DA SILVA
Nasceu em Fundada, Vila de Rei, em 1879 e entrou na Companhia de Jesus em 1895. Era sobrinho do Padre SEBASTIÃO APARÍCIO, bem notável pelo apostolado que exerceu em Timor e em Macau.
Foi JOSÉ ordenado sacerdote em 1912; e em 1914 terminou a sua formação religiosa em Tronchiennes, na Bélgica, fazendo a 3ª Provação. Em 1915 assume como Superior a direcção da Escola Apostólica que prepara jovens para a entrada no Noviciado. Então tinham-na os Jesuítas portugueses em São Martin de Trevejo, em Espanha
Em 1921 é elevado ao cargo de sócio do Padre Provincial, CÂNDIDO MENDES a quem auxiliou no governo da Província de Portugal. Pouco depois, ficou sendo também Superior da Residência e Casa de Retiros de Tuy, na Galiza.
Neste período dirige espiritualmente a Irmã LÚCIA de Fátima que se preparava para os votos como religiosa de Santa DOROTEIA.
A seguir vai ele para Santa Maria de Oys, como Mestre de Noviços e depois para o Seminário menor, como director espiritual dos alunos, sendo posteriormente nomeado Reitor do mesmo, já em Macieira de Cambra.
Em 1938 parte para o Brasil como reitor da casa de Formação dos Jesuítas em Baturité, no Ceará. Dez anos depois, é elevado ao cargo de Provincial da Vice-Província do Norte do Brasil, em 1951, apesar da sua idade já avançada, fica à frente dos destinos do Colégio Nóbrega, no Recife até 1956. Foi, por último, Superior da residência de Santo Inácio, em Casa Forte, no Recife, onde, vítima duma queda, ficou com a saúde bastante abalada.
Passou os últimos quatro anos na enfermaria do Colégio Nóbrega, onde faleceu santamente a 21 de Maio de 1966, com 87 anos de idade e 71 de vida religiosa na Companhia de Jesus, todos consagrados inteiramente a Deus e à Virgem Nossa Senhora.
A respeito dele assim se exprime o conhecido escritor SEBASTIÃO MARTINS DOS REIS em carta de 1967:
«Apesar de tantos anos volvidos sobre o conhecimento fugaz e superficial da sua pessoa, ainda o recordo bastante bem. A impressão que me deixou foi a de um homem muito sensato e ponderado, com invulgares dotes de prudência e de governo, de profundo espírito sobrenatural e com raro equilíbrio psicológico.
O seu nome está indissoluvelmente ligado à Irmã LÚCIA e à devoção dos Primeiros Sábados. Por isso se tem de citar e invocar na história de Fátima, embora de forma esporádica e fragmentária».
E o grande escritor e pensador brasileiro, Dr. PLÍNIO CORRÊA DE OLIVEIRA, escreve:
«Tive com o Padre JOSÉ APARÍCIO um contacto fugaz, mas que me deixou grata e duradoura impressão».
«Havia chegado a meu conhecimento que estava residindo em Recife um virtuoso sacerdote jesuíta, o qual fora confessor da Irmã LÚCIA. Era plausível que o contacto entre o referido confessor e a sua piedosa penitente não se tivesse cingido ao confessionário, e que assim que o reverendo Padre APARÍCIO tivesse algo a contar de interessante sobre a vidente de Fátima. Foi com o intuito de colher dados sobre esta que procurei o padre APARÍCIO».
«Nessa oportunidade, eu pude apreciar nele, em grau pouco comum, qualidades valiosas. Sua acolhida extremamente amável, não excluía uma grande dignidade de trato, que incutia verdadeiro respeito, seu espírito, inquestionavelmente embebido de fé, tinha uma circunspecção que se conjugava harmonicamente uma certa forma equilibrada de arrojo. Sentia-se nele uma profunda consciência do seu sacerdócio e da sua condição de filho de Santo INÁCIO».
O Padre APARÍCIO foi grande apóstolo do Imaculado Coração da Virgem Mãe e da devoção dos 5 Primeiros Sábados, em Portugal e sobretudo no Brasil.
Por fins de 1986 saiu da Editorial Franciscana a substanciosa biografia O PADRE APARÍCIO da autoria do Padre António Maria Martins, S. J.
MARIA CLARA DO MENINO JESUS, Irmã
A Irmã MARIA CLARA DO MENINO JESUS foi a pedra angular da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Nasceu no seio de uma nobre família na Quinta do Bosque, Amadora, a 13 de Junho de 1843. No baptismo recebeu o nome de LIBÂNIA DO CARMO GALVÃO MEXIA DE MOURA TELES E ALBUQUERQUE.
Órfã de mãe, perdeu o pai por volta dos 14 anos de idade, altura em que ingressou no Asilo da Ajuda, fundado por Dom Pedro V para acolher as filhas das vítimas das epidemias que tantas mortes causaram em Lisboa. Cinco anos mais tarde, quando o Governo Português decretou a expulsão das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo que orientavam o Asilo, a Marquesa de Valada, amiga da família, aproveitou a oportunidade para a levar para o seu palácio, tratando-a como filha.
Dotada de riquíssima personalidade que o sofrimento ajudara a temperar e que se caracteriza por forte espírito de determinação e por finíssimo sentido dos outros, decidiu trocar o palácio por uma vida de entrega a nobres ideais no caminho da abnegação e da caridade. Tendo confiado o seu segredo ao Padre RAIMUNDO DOS ANJOS BEIRÃO este encaminhou-a para a vida religiosa por ver nela, por um lado, a resposta de Deus, ao sonho que há muito acalentava e, por outro lado, à pessoa providencial para a concretização desse mesmo sonho: fundar uma Congregação que se dedicasse à missão de minorar o sofrimento de todos os necessitados.
Um tempo de preparação no Noviciado das Irmãs Franciscanas em Calais, França, foi o primeiro passo. No dia 3 de maio de 1871, quando foi nomeada Superiora do Convento de São Patrício e Mestra de Noviças nasceu verdadeiramente a nova Congregação.
À aprovação dos estatutos pelo Governo português em 22 de Maio de 1874, seguiu.se a aprovação pontifícia, em 27 de Março de 1876 e o consequente reconhecimento da Irmã MARIA CLARA DO MENINO JESUS como Fundadora e Primeira Superiora Geral da nova Congregação.
Dois anos mais tarde, a 13 de Julho de 1878, morreu o Padre BEIRÃO e a Madre MARIA CLARA apenas com 35 anos de idade, teve de enfrentar, sozinha, os problemas e dificuldades que servem de alicerces a todas as obras de Deus. Sob a sua orientação sábia, corajosa e animada de verdadeiro ardor apostólico-missionário, a jovem Congregação expandiu-se rapidamente por todo o território nacional, chegando a Angola em 1883, a Goa em 1886, à Guiné e Cabo Verde em 1893 e mais tarde a quatro Continentes.
No dia 1 de Dezembro de 1899, aos 56 anos de idade, Deus chamou-a a receber a recompensa da sua entrega incondicional à causa do Reino na vivência e na transmissão do carisma Franciscano da Hospitalidade e do Serviço.
Órfã de mãe, perdeu o pai por volta dos 14 anos de idade, altura em que ingressou no Asilo da Ajuda, fundado por Dom Pedro V para acolher as filhas das vítimas das epidemias que tantas mortes causaram em Lisboa. Cinco anos mais tarde, quando o Governo Português decretou a expulsão das Irmãs da Caridade de São Vicente de Paulo que orientavam o Asilo, a Marquesa de Valada, amiga da família, aproveitou a oportunidade para a levar para o seu palácio, tratando-a como filha.
Dotada de riquíssima personalidade que o sofrimento ajudara a temperar e que se caracteriza por forte espírito de determinação e por finíssimo sentido dos outros, decidiu trocar o palácio por uma vida de entrega a nobres ideais no caminho da abnegação e da caridade. Tendo confiado o seu segredo ao Padre RAIMUNDO DOS ANJOS BEIRÃO este encaminhou-a para a vida religiosa por ver nela, por um lado, a resposta de Deus, ao sonho que há muito acalentava e, por outro lado, à pessoa providencial para a concretização desse mesmo sonho: fundar uma Congregação que se dedicasse à missão de minorar o sofrimento de todos os necessitados.
Um tempo de preparação no Noviciado das Irmãs Franciscanas em Calais, França, foi o primeiro passo. No dia 3 de maio de 1871, quando foi nomeada Superiora do Convento de São Patrício e Mestra de Noviças nasceu verdadeiramente a nova Congregação.
À aprovação dos estatutos pelo Governo português em 22 de Maio de 1874, seguiu.se a aprovação pontifícia, em 27 de Março de 1876 e o consequente reconhecimento da Irmã MARIA CLARA DO MENINO JESUS como Fundadora e Primeira Superiora Geral da nova Congregação.
Dois anos mais tarde, a 13 de Julho de 1878, morreu o Padre BEIRÃO e a Madre MARIA CLARA apenas com 35 anos de idade, teve de enfrentar, sozinha, os problemas e dificuldades que servem de alicerces a todas as obras de Deus. Sob a sua orientação sábia, corajosa e animada de verdadeiro ardor apostólico-missionário, a jovem Congregação expandiu-se rapidamente por todo o território nacional, chegando a Angola em 1883, a Goa em 1886, à Guiné e Cabo Verde em 1893 e mais tarde a quatro Continentes.
No dia 1 de Dezembro de 1899, aos 56 anos de idade, Deus chamou-a a receber a recompensa da sua entrega incondicional à causa do Reino na vivência e na transmissão do carisma Franciscano da Hospitalidade e do Serviço.
MARIA DO LADO
Era possuidora de grandes virtudes, realizava prodígios e fundou no Louriçal, em 1630, um recolhimento para senhoras idosas. Nele morreu em 1631. Depois a casa foi transformada em convento de clausura. A primeira pedra do edifício, que subsiste e se mantém fiel ao seu destino, albergando religiosas Clarissas do Desagravo, foi benzida em 1690.
A construção terminou graças ao interesse de Dom JOÃO V, sendo ainda somente principe. Viu-se atacado por violenta enfermidade, o que o levou a prometer concluir o convento, se Deus lhe concedesse a cura por intercessão de MARIA DO LADO. E, sendo ouvido, cumpriu o voto, depois de perfeitamente restabelecido. Obtido o breve papal, a autorização do Geral dos Franciscanos e do Bispo-Conde, mandou vir de Évora algumas freiras, que deram início à comunidade contemplativa. A Igreja foi terminada em 1739.
Bem antes falecera MARIA DO LADO. A sua beatificação foi pedida a Roma e por ela se interessou vivamente Dona MARIA I. Tentados alguns passos, veio a apurar-se que ao processo faltava um cardeal ponente. Feito o convite ao Cardeal DÓRIA, este acedeu e todos os papéis foram entregues ao secretário da Congregação dos Ritos, como ela se chamava até há pouco. Mas a verdade é que o processo de MARIA DO LADO, ou Irmã MARIA DO SAGRADO LADO, caiu no esquecimento até agora. O nome evoca a lança do soldado abrir o Coração de Jesus.
RITA AMADA DE JESUS, Irmã
Nasceu RITA LOPES DE ALMEIDA - em religião, RITA AMADA DE JESUS - em Casalmendinho, freguesia de Ribafeita, diocese de Viseu, a 5 de Março de 1848 e foi baptizada a 11 do mesmo mês.
Era, no grupo de 5 irmãos, a quarta filha do casal - Manuel Lopes de Almeida e Josefa de Almeida - que se esmerava na educação e formação religiosa de seus filhos.
Esta, por sua vez, menina viva, inteligente e piedosa, mostrou desde tenra idade certa inclinação para as coisas de Jesus. A sua juventude foi marcada pelo desejo ardente da glória de Deus e salvação das almas, de modo particular, das meninas orfãs e desamparadas, porque via o perigo em que se encontravam estas jovens no meio de um mundo tão perverso, como ela lhe chamava.
Com este zelo, inspirada pelo Espírito Santo e movida pelas lições da Sagrada Família, fundou a Congregação de Jesus, Maria e José sobre os sólidos fundamentos da da humildade e simplicidade. Encontrou nesta sua Obra inúmeras dificuldades, mas tudo venceu, pois era dotada de carácter firme, vontade inabalável e confiança no Senhor a toda a prova.
Esta fundação teve o seu berço na diocese de Viseu, mais concretamente em Guimiei-Ribafeita, aos 24 de Setembro de 1880. O primeiro Noviciado da Congregação foi instalado em Tourais, concelho de Seia, diocese da Guarda, sob a orientação espiritual dos Padres Jesuítas, nomeadamente do Padre JOSÉ UDALRICO DA LAPA, o qual, bastantes anos mais tarde (depois de ter ido trabalhar na Califórnia - EUA) voltou a encontrar e a ser o apoio da Congregação no Brasil. Este Padre era Goês, dotado de geniais qualidades.
A aprovação pontifícia foi dada ainda em vida da Fundadora, que orientava a acompanhava as suas Irmãs, fez que a sua Congregação crescesse com bastante rapidez. Em 1910 hora da perseguição religiosa em Portugal, contava já umas 92 Irmãs e 8 Comunidades.
Para assegurar a continuidade da sua Obra a Madre Fundadora enviou para o Brasil alguns grupo de Irmãs, vindo ela a falecer com fama de santidade a 6 de Janeiro de 1913, data em que seguia o 3º Grupo de Irmãs em direcção ao Brasil. Após a sua morte seguiram mais 6 Grupos. Aí cresceu e se expandiu, voltando a Portugal só em 1934.
Hoje tem, em Portugal, provincia constituída, mas a Casa Generalícia continua em São Paulo - Brasil.
A Causa da Canonização de MADRE RITA AMADA DE JESUS foi introduzida em 1991, na diocese de Viseu, tendo o processo diocesano sido concluído em 1994. A 20 de Dezembro de 2003, no Vaticano, na presença do santo Padre JOÃO PAULO II e do Cardeal Dom JOSÉ SARAIVA MARTINS, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, a Madre RITA AMADA DE JESUS foi proclamada «Venerável» mediante a leitura do respectivo Decreto.
SÃOZINHA
(Maria da Conceição Ferrão de Pimentel)
MARIA DA CONCEIÇÃO FERRÃO PIMENTEL conhecida pelo nome de SÃOZINHA, nasceu em Coimbra, no dia 1 de Fevereiro de 1923. Menina rica, filha única, bonita, aluna distinta, condecorada com muitas medalhas pelos seus triunfos escolares, piedosa, pura como um anjo, sofria uma grande tristeza: seu pai, médico distinto, não praticava a religião.
Quantos sacrifícios e orações ofereceu pela sua conversão a filha querida!
Sobretudo no Natal e Páscoa pedia e esperava tão grande graça. No Natal de 1939, o último que passou na terra, desabafa com a mãe:
«Ainda não foi desta que o paizinho recebeu Nosso Senhor e eu estava tão cheia de esperança, e nem sequer foi beijar o Menino Jesus como os outros».
Para arrancar ao Céu tão grande graça faz o maior de todos os sacrifícios: oferece a sua vida pela conversão do pai. Aceitou o Senhor tão heroica oferta. Depois de dois meses de atroz sofrimento, morre aos 17 anos de idade, em Lisboa, aos 6 de Julho de 1940.
Esmagado pela dor, continuava empedernido seu pai, até que chegou o dia da graça.
«Aprouve a Deus - escreve o Doutor Alfredo Pimentel - que a missa do 30º dia em sufrágio da alma de SÃOZINHA fosse rezada, justamente na Igreja de São Francisco, em Alenquer, onde ela fizera a sua Primeira Comunhão, no dia mais feliz da sua vida. Ali, depois de evocar, com o coração retalhado de saudade, a doce figura de minha filha, as suas virtudes heroicas, a sua candura e simplicidade, toda a sua vida de amor e abnegação, revi, com a alma repassada de amargura, todo o meu passado de indiferença religiosa e compreendi que, para além da vida terrena, outra vida, mais perfeita e mais bela, nos espera no seio de Deus.
Então, quase instintivamente, abeirei-me do confessionário e fiz com humildade a minha confissão aos pés do confessor, preparando-me assim para receber comovidamente a Sagrada Comunhão. SÃOZINHA a minha querida Filha, acabava de ver realizado o que tão ardentemente pedia ao Senhor! Desde então procuro, com a graça de Deus, cumprir todos os meus deveres de cristão».
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Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.
Textos recolhidos
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MARTIROLÓGIO ROMANO
Ed. Conferência Episcopal Portuguesa - MMXIII
e
sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros
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ANTÓNIO FONSECA
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