quinta-feira, 2 de maio de 2019

Nº 63 - A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS - 2 DE MAIO DE 2019,

Nº  63


DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS  

 2 DE MAIO DE 2019








Caros Amigos:



60º Bispo do Porto




DOM 
AMÉRICO FERREIRA DOS SANTOS SILVA

Bispo do Porto
1871-1899




Na Lista de Bispos do Porto da WIKIPÉDIA consta a existência de uma longa Biografia sobre DOM João de França Castro e Moura
que, se inicia do seguinte modo:

AMÉRICO FERREIRA DOS SANTOS SILVA


Américo Ferreira dos Santos Silva GCNSC (Massarelos, Porto, 16 de Janeiro de 1830 - Paço Episcopal do Porto, Sé, Porto, 4H00 de 21 de Janeiro de 1899) foi Bispo do Porto e um Cardeal português.

(NOTA DE AF:  Dado o facto de ser mais ou menos idêntica à que vem na CRONOLOGIA da Diocese do Porto, substituía-a por esta última que transcrevo de seguida):

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Por outro lado no livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopalna CRONOLOGIA consta o nome, imagem (acima) e biografia (que abaixo transcrevo)  do Bispo Dom AMÉRICO FERREIRA DOS SANTOS SILVA e também no EPISCOPOLÓGICO com a indicação de que terá exercido essas funções durante cerca de 28 Anos de 1871 até 1899.




A transcrição é como segue:

AMÉRICO FERREIRA DOS SANTOS SILVA nasceu no Porto, na freguesia de Massarelos, a 16 de Janeiro de 1830. Era filho de Dona Carolina Augusta de La Roque e de João Ferreira dos Santos Silva, homem de negócios, cônsul da Bélgica, deputado às Cortes, membro da loja maçónica União Portucalense de Vila Nova de Gaia e 1º barão de Santos.
DOM AMÉRICO iniciou a sua formação no Porto ingressando, a partir de 1840, no Colégio luso-brasileiro de Fonteny-aux-Roses, nos arredores de Paris. Regressou à cidade natal, em 1843, onde terminou os seus estudos preparatórios. Dois anos depois matriculou-se na Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra. Nessa academia obteve o grau de bacharel (em 1850), de licenciado e de doutor (em 1852).
Concluídos os estudos, o futuro prelado foi viver para Lisboa, onde foi ordenado presbítero, em Setembro de 1852. No ano seguinte, tornou-se docente do seminário patriarcal de Santarém, leccionando as disciplinas de teologia fundamental, dogmática especial e pastoral. A partir de 1855 exerceu o cargo de vice-reitor e, em 1861, o de reitor do liceu de Santarém, instituição que tinha sido incorporada no seminário alguns anos antes. Alegando problemas de saúde, DOM AMÉRICO, pediu a exoneração destas funções, em 1862.
De regresso a Lisboa,onde era cónego da Sé desde 1858, exerceu o cargo de juiz da cúria patriarcal, a partir de 1865, ocupando o lugar de vigário capitular da Sede Vacante entre 1869 e 1871. No exercício desta função, a 12 de Outubro de 1869, expediu uma provisão considerada de teor regalista, uma vez que nela se reconhecia ao Estado, como único Padroeiro das igrejas portuguesas, o direito de nomeação de todos os benefícios. Com esta acção, DOM AMÉRICO tornou-se alvo de hostilidade de vários sectores eclesiásticos que o acusavam de aliado do governo liberal/anticlerical. Por outro lado, a sua veneração à cúria romana era vista com desconfiança pelo regime liberalista. Esta polémica, em torno do então vigário capitular, haveria de ter repercussões no momento da sua confirmação como Bispo do Porto. De facto, apesar de ter sido nomeado em Dezembro de 1869, DOM AMÉRICO só seria confirmado em Junho de 1871, fazendo a sua entrada triunfal na catedral a 20 de Setembro desse mesmo ano.
Mesmo depois de ter assumido a Cátedra portuense, DOM AMÉRICO continuou a ser alvo do escrutínio quer de legitimistas, quer de católicos. No entanto, seria o seu papel como mediador nas várias questões que se levantaram entre o governo e a Santa Sé, bem como o seu zelo pastoral e empenho na formação do clero que marcariam o seu pontificado na cidade invicta.
De facto, o prelado do Porto foi incumbido da missão de mediar as negociações entre o Estado português e a Cúria pontifícia, relativamente a três pontos: a situação dos mosteiros de clausura femininos, a dotação económica do clero e a reorganização territorial, das dioceses. Num processo moroso, que conheceu avanços e recuos, DOM AMÉRICO acabaria por ver confirmada a nova Geografia diocesana, proposta pelo governo e com o aval do episcopado português, através da bula do papa LEÃO XIII Gravissimum Christo Ecclesium, de 30 de Setembro de 1881. Ao pontífice portuense caberia a função de executor dessa Bula, emanando, nesse sentido, a sentença de 4 de Setembro de 1882. No rescaldo das novas circunscrições, ficou a diocese do Porto com mais 131 paróquias, antes pertencentes a Braga, a Lamego e ao suprimido bispado de Aveiro, situação que haveria de colocar DOM AMÉRICO novamente na mira dos que o acusavam de regalista.
A verdade é que o pontífice portuense gozava já de elevada consideração, tanto por parte do governo, como do papado. E, nesse sentido, seria mais numa vez chamado para intervir na questão criada em torno da confirmação do Bispo eleito do Algarve, DOM AIRES DE GOUVEIA. DOM AMÉRICO foi parte preponderante no longo processo negocial, que se iniciou em 1871, e que só veio a concluir-se com um acordo entre as partes em 1884, ou seja, 13 anos depois. Tal como nesta, também noutras circunstâncias a via conciliatória foi sempre privilegiada pelo prelado do Porto que reconhecia o frágil contexto político-eclesiástico do seu tempo. Em 1877, as acções de DOM AMÉRICO seriam reconhecidas pelo monarca que o nomeou cardeal nacional. Mas, por novas acusações de regalismo, só dois anos mais tarde o Bispo haveria de receber  a confirmação pontifícia, datada de 12 de Maio, e, com ela, o título de Cardeal dos Santos Coroados.
A par das missões diplomáticas, DOM AMÉRICO dedicou-se com afinco ao seu múnus pastoral, dando especial atenção à questão da educação do clero. para tal organizou o seminário diocesano, dotando-o, em 1872, de estatutos. São eles o reflexo do reconhecimento do prelado em relação à formação prebisteral que se fazia nas dioceses portuguesas, e que também ele havia posto em prática aquando da sua passagem pelo seminário de Santarém. O prestigio da instituição provocou um  aumento do número de candidatos, tendo sido necessário fazer obras de modo a aumentar o edifício. A ligação de DOM AMÉRICO ao seminário do Porto é recordada por num retrato que ainda hoje se conserva nessa Instituição.
A incapacidade de, ainda assim, dar resposta aos pedidos, levou a que DOM AMÉRICO tenha decidido construir de raiz o seminário dos Carvalhos, que, a partir de 1884, ficaria responsável pelos estudos preparatórios. para além da questão do espaço fisico e dos estatutos, DOM AMÉRICO preocupou-se igualmente, com a sustentabilidade económica do seu seminário e, de sobremaneira, com a constituição de um corpo docente qualificado. O antístite portuense preparava, assim, o futuro do clero diocesano. Mas o presente também o preocupava e, por essa razão, privilegiou a realização de exames por provas públicas para a colação de licenças e submeteu a exame sinodal os presbiteros já apresentados, procurando disciplinar a todos através de provisões com exigências concretas.
DOM AMÉRICO não chegou a empreender nenhuma visita pastoral à sua diocese. No entanto, esse facto não o impediu de conhecer a realidade administrativa da mesma, tomando a decisão, em 1882, de criar mais duas comarcas em virtude do novo mapa eclesiástico: a de Amarante (que juntou as paróquias antes subordinadas a Braga) e a de Arouca (com as paroquias que antes pertenciam a Lamego). também estava a par da realidade social, muito particularmente dos movimentos do laicado católico, que na década de 70, davam os primeiros passos em torno do Congresso Católico, da Associação Católica e do jornal A Palavra. O bispo portuense comungava, com estas iniciativas, três princípios fundamentais: a adesão ao papa, a luta contra o protestantismo e a defesa da distinção entre ideologia e o sistema político. Assim, tanto através de provisões e instruções pastorais , como a de organização de actividades e comemorações públicas e cerimónias religiosas. DOM AMÉRICO procurou, por um lado, contrariar as tendências anticlericais, e, por outro, reforçar o papel do catolicismo e da Igreja no conjunto da sociedade.
O pontífice também não foi alheio aos problemas sociais dos seus diocesanos, intervindo directamente na assistência às vítimas da miséria e de calamidades, no apoio à criação e ao funcionamento de instituições de beneficência e na defesa do descanso semanal. E, dando eco à encíclica Rerum Novarum, de 15 de maio de 1881, defendeu a necessidade do intervencionismo do Estado na salvaguarda dos direitos dos trabalhadores, e pronunciou-se a favor do associativismo operário, aprovando, inclusivamente sos Estatutos do Círculo Católico dos Operários do Porto, em 1898.
A partir de 1896 a saúde de DOM AMÉRICO degradou-se, obrigando-o a diminuir a sua acção pastoral. Acabaria por falecer a 21 de janeiro de 1899, decorrendo as cerimónias fúnebres no dia 24. Foi sepultado no jazigo dos Prelados portuenses, na capela-mor da catedral. Findava, assim um episcopado de quase três décadas, caracterizado por "uma intervenção significativa no âmbito da relação entre a Igreja e a sociedade, concretizada na mediação político-religiosa, no apoio ao movimento católico e nas preocupações sociais" (ABREU, 2010, p. 157). Em homenagem ao cardeal DOM AMÉRICO, a edilidade portuense atribuiu o seu nome a uma das ruas da cidade.



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Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO



ANTÓNIO FONSECA

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