Nº 66
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
A DIOCESE DO PORTO E OS SEUS BISPOS
5 DE MAIO DE 2019
Caros Amigos:
63º Bispo do Porto
DOM
ANTÓNIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES
Bispo do Porto
1929-1942
Na Lista de Bispos do Porto da WIKIPÉDIA consta a existência de uma longa Biografia sobre DOM ANTÓNIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES que, se inicia do seguinte modo:
AGOSTINHO DE JESUS E SOUSA
DOM ANTÓNIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES GOC (São Vicente de Boim , 15 de Agosto de 1885 - Paço da Torre da Marca, Porto, 29 de Março de 1942 foi o 34º Bispo da Diocese de Angra, que governou de 1924 a 1928, bispo titular de Lamia (Lamianus) e coadjutor do Porto de 1928 a 1929 e o 70º Bispo do Porto, Diocese que governou de 1929 até ao seu falecimento em 1942.
(NOTA DE AF: Dado o facto de ser mais ou menos idêntica à que vem na CRONOLOGIA da Diocese do Porto, substituía-a por esta última que transcrevo de seguida):
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Por outro lado no livro "Retratos dos Bispos do Porto na Colecção do Paço Episcopal" na CRONOLOGIA consta o nome, imagem (acima) e biografia (que abaixo transcrevo) do Bispo DOM ANTÓNIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES e também no EPISCOPOLÓGICO com a indicação de que terá exercido essas funções durante cerca de 10 Anos de 1942 até 1952.
A transcrição é como segue:
DOM ANTÓNIO AUGUSTO DE CASTRO MEIRELES nasceu na freguesia de São Vicente de Boim (concelho de Lousada), a 13 de Agosto de 1885. Era filho de Raimundo Duarte Meireles e de Dona Delfina Moreira de Castro, proprietários rurais.
DOM ANTÓNIO fez a sua instrução primária na cidade de Penafiel e ali iniciou os estudos secundários, no colégio de Nossa Senhora do Carmo. Em 1900 foi admitido no seminário dos Carvalhos, e, em 1903, matriculou-se no seminário de Nossa Senhora da Conceição do Porto, onde prosseguiu os estudos até Julho de 1906, alcançando no primeiro ano a classificação de "distinto" e nos imediatos de acessit. Nesse mesmo ano iniciou a sua actividade docente no Colégio dos Carvalhos. Terminou o curso de teologia com a classificação máxima de acessit, recebendo o prémio CARDEAL DOM AMÉRICO por ter sido o melhor aluno do seu ano. A 22 de Abril de 1908 foi ordenado padre, realizando a sua missa nova na sua freguesia natal. No mesmo ano, e usufruindo de uma bolsa financiada pela Bula da Cruzada, DOM ANTÓNIO matriculou-se na faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra. Paralelamente, ingressou na Faculdade de Direito, formando-se com 17 valores em 1913. No decorrer desse ano, alcançou o grau de bacharel, em teologia, com a classificação de 19 valores.
Concluído o curso de Direito abriu um consultório de advocacia, designado Agência de Negócios Jurídicos e Eclesiásticos, no Porto, no Largo de São João Novo, nº 7. Trabalhava em parceria om os advogados Gaspar Augusto Pinto da Silva e Luís Maria Lopes da Fonseca.
Em 1915, concorreu às eleições para a Assembleia Constituinte, pelo círculo de Oliveira de Azeméis, tornando-se no primeiro (e único) clérigo deputado eleito do Centro Católico Português. Como tribuno, defendeu os direitos da Igreja, o sentido patriótico, o papel edificante do catolicismo na História de Portugal, e a indivisibilidade entre este e a nação. Das suas intervenções destaca-se a que fez contra ordem de exílio decretada contra DOM ANTÓNIO BARROSO, Bispo do Porto, a 8 de Agosto de 1917.
Exercia a função de professor de ciências eclesiásticas no Seminário do Porto e de reitor do Colégio de Ermesinde quando o Papa PIO IX o nomeou Bispo de Angra no Consistório de 20 de Dezembro de 1923. Seria ordenado no Porto, a 20 de Junho de 1924, chegando à Ilha Terceira no mês de Agosto.
Da sua passagem pelos Açores destaca-se a realização da Visita pastoral a toda a Diocese, ou seja, ao conjunto das nove ilhas, assim como a aquisição dos jornais A Democracia e a União. Através deles o Prelado açoriano pretendia promover a "boa imprensa", um conceito criado pelo papa LEÃO XIII, e contrariar as vozes da "má imprensa", no caso concreto a dos maçons e republicanos, consolidar o Centro Católico Português nos Açores, difundir a estratégia eleitoral dos católicos açorianos e unir as populações que viviam num espaço territorialmente descontínuo. Fundou, o Circulo Católico Beato João Baptista Machado, assim como várias delegações do Centro Católico.
O múnus episcopal de DOM ANTÓNIO AUGUSTO CASTRO MEIRELES caracterizou-se, em especial, pelo rigor disciplinar que impunha ao clero diocesano e pela regulamentação das Festas do Divino Espírito Santo, fortemente enraizadas na piedade popular das gentes dos Açores.
De salientar, igualmente, a acção educativa através da criação do Colégio Sena Freitas, inaugurado em 1925, e do Colégio da Esperança, em 1918, ambos em Ponta Delgada, e dirigidos pelas Irmãs de São Francisco de Sales. Fundou, ainda a obra Florinhas de Santo António, na Horta, para acolher crianças orfãs e pobres. Precisamente por este seu contributo na área do ensino foi DOM ANTÓNIO agraciado com o grau de oficial da Ordem de Cristo, em 1918.
A pedido de DOM ANTÓNIO BARBOSA LEÃO, Bispo do Porto, foi DOM ANTÓNIO AUGUSTO nomeado seu coadjutor, a 23 de Junho de 1928, com futura sucessão, e com o título de Bispo de Lamia (Lamianus). No exercício destas funções, DOM ANTÓNIO DE CASTRO MEIRELES fez Visita Pastoral à Diocese de modo a conhecer de perto a realidade da mesma. Cerca de um ano depois, após a morte do Prelado titular (DOM ANTÓNIO BARBOSA LEÃO) ocorrida a 21 de Junho de 1929, DOM ANTÓNIO MEIRELES ascendeu à Cátedra Portucalense.
No decurso do sue pontificado, DOM ANTÓNIO AUGUSTO manteve as mesmas preocupações que demonstrara nos Açores: a acção pastoral e o ensino. No campo da acção pastoral, salienta-se a visita à Diocese, o cuidado com a pastoral juvenil, o interesse pelos problemas dos operários e dos presos, o apoio a obras de assistência, creches e infantários, patronatos, cruzadas de caridade, cozinhas económicas. No campo da formação destaca-se a alteração para quatro anos de estudo nos seminários, a fundação do Seminário de Trancoso, em Gaia, em 1930; o estabelecimento, em todas as paróquias da Associação da Doutrina Cristã para dar resposta à questão do ensino religioso. DOM ANTÓNIO instituiu igualmente, o Conselho Central Diocesano para coordenar o movimento catequético, trabalhar em conjunto com os párocos na promoção da instrução católica, fomentar cursos de religião na cidade, zelar pelo funcionamento dos diversos Centros.
A organização da Sé também mereceu a atenção de DOM ANTÓNIO, tanto na sua componente humana como física. Com efeito, o Prelado portuense reformulou, por um lado, os Estatutos do Cabido acrescentando-lhes 40 artigos, a 8 de Dezembro de 1930. Por outro lado, participou activamente na edificação dos painéis azulejares da galilé, através da comparticipação nas despesas dos azulejos e na escolha das legendas que deveriam figurar nesses painéis.
Estava DOM ANTÓNIO MEIRELES à frente do Bispado quando deflagrou a 2ª Guerra Mundial. Não lhe ficou indiferente o Prelado portuense, escrevendo duas pastorais, em Outubro e Novembro de 1940, apelando á oração pela paz no mundo e pelas vítimas do conflito e, se possível, á peregrinação a Fátima a 13 de Outubro. Mas o episcopado de DOM ANTÓNIO ficaria marcado também pelas acusações a si feitas pelo Padre Manuel Pinto da Costa. O caso tivera início ainda no episcopado de DOM ANTÓNIO BARBOSA LEÃO e prendia-se com a herança de uma quinta na freguesia da Madalena, em Amarante. O Padre Pinto da Costa fez várias acusações a DOM ANTÓNIO AUGUSTO as quais foram apresentadas à Nunciatura Apostólica de Lisboa e directamente à Santa Sé, por meio da Congregação do Concilio, num processo datado de Outubro de 1934. DOM ANTÓNIO apresentou a sua defesa e a Cúria romana, após avaliar o caso, reafirmou a sua confiança no Prelado, condenando o padre Pinto da Costa e exonerando-o das suas funções. O réu viu-se na contingência de se retratar por carta (de 16 de Março de 1940) e por depoimento assinado (de 9 de Março de 1942) o que não impediu que outras vozes se levantassem contra o Bispo, difamando a sua reputação. Uma grande franja da população da cidade manifestaria o seu apoio a DOM ANTÓNIO DE CASTRO MEIRELES, rumando ao Paço da Torre da Marca para lho demonstrar. No entanto, no rescaldo deste litígio foi a saúde do Prelado portuense que saiu mais prejudicada.
Assim a 29 de Março de 1942, viria a falecer, ao fim de praticamente 13 anos de episcopado. Concluídas as cerimónias fúnebres, foi sepultado, como desejara, no cemitério da sua terra natal, São Vicente de Boim. Desaparecia, assim, um Prelado de facetas múltiplas: "Estudante aplicado, advogado brilhante, sacerdote exemplar, parlamentar distinto, Prelado muito ilustre"
(BROCHADO, 1999, p. 44).
Em 1955 foram erigidas duas estátuas em bronze de DOM ANTÓNIO DE CASTRO MEIRELES, do escultor Henrique Moreira, uma na rua da Prelada (actual Largo junto da Igreja do Carvalhido), no Porto, e outra no centro de Lousada. Também a freguesia de Boim o recorda na sua toponímia, e os retratos existentes nos Paços episcopais do Porto e de Angra do Heroísmo aí perpetuam a sua memória.
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Na publicação de amanhã, prosseguirei com a história dos BISPOS DO PORTO
ANTÓNIO FONSECA
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