sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Nº 3 3 4 4 - (3) - O PAPADO - 2000 ANOS DE HISTÓRIA - 5 DE JANEIRO DE 2018,

Caros amigos:

NOVO ANO - NOVA VIDA

Como já o afirmei, no passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores. 

Esta recolha de textos será feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.


Diariamente pois, serão publicadas normalmente 10 destas biografias - dependendo se podem ser mais ou menos - mediante o tamanho dos textos. Desde já, chamo a atenção para o facto de, por exemplo, a biografia de JOÃO PAULO II é muito longa, pelo que na devida altura apenas essa será publicada, e, possivelmente haverá outros casos.


Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos... 








Foto actual do autor




Nº  3 3 4 4 - (3)



5 de JANEIRO de 2018




Texto do livro 
O PAPADO - 2000 Anos de História
do Círculo de Leitores - 2009 
e compilado por Mendonça Ferreira 






ZÓZIMO - Santo  

Papa desde o ano 417 até ao ano  418

XLI Papa

SÍNTESE

Nasceu na Grécia de uma família originária de Misuraca. Faleceu em 26 de Dezembro de 418. Tem a sua festa a 26 de Dezembro

HISTÓRIA


Eleito em 18 de Março de 417, o seu pontificado foi perturbado pela doutrina pelagiana, uma doutrina herética defendida pelo frade Pelágio (360-422), segundo a qual o pecado original de Adão não se pode perpetuar pela descendência, estando o homem livre e puro à nascença e não necessitando do estado de graça para, quando morrer, subir aos céus.
Celéstio, braço direito de Pelágio e grande orador, dirigiu-se a Roma e conseguiu convencer o Papa com protestos de ortodoxia, servindo-se de dois memoriais, um seu, outro de Pelágio, em que evitavam pronunciar-se claramente acerca do pecado original e da graça submetendo todas as questões à decisão do Sumo Pontifice.
ZÓZIMO convencido da sua boa fé, escreve a Santo AGOSTINHO e demais bispos do norte de África, pedindo que reformulassem as suas objecções contra tal doutrina. Um sínodo de 214 bispos, reunido em Cartago em 418, não teve dificuldade em desmascarar a heresia.
São ZÓZIMO, já esclarecido e inteirado da má-fé de Celéstio e Pelágio, convoca Pelágio à sua presença, mas ele, prevendo o pior, ausenta-se de Roma. O papa redige então um documento a confirmar a condenação do Pelagianismo.
Além de Cartago, o Pelagianismo foi condenado nos Concílios de Jerusalém, Antioquia e Mileve e, oficialmente, combatido no II Concílio de Orange (520).
São ZÓZIMO também defendeu o Bispo de Arles contra o Bispo de Marselha, que lhe disputava a supremacia da Narbonense.
O LIber Pontificalis atribui a São ZÓZIMO o estabelecimento de várias normas disciplinares como: o uso de um manípulo de linho a usar pelos diáconos no braço esquerdo; a extensão a todas as paróquias do privilégio  de benzer o círio pascal, até então, exclusivo das basílicas maiores, bem como a proibição de os escravos e filhos ilegítimos receberem o sacerdócio.
São ZÓZIMO, que, ao que parece, não foi um Papa muito popular, tem o seu corpo sepultado na Igreja de São Lourenço Extra-Muros, em Roma.


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BONIFÁCIO I - Papa 

Papa desde o ano 418 até ao ano 422 

XLII Papa

SÍNTESE

Era romano, filho de um presbitero chamado Jocundo. Foi ordenado por São DÂMASO e representante de Santo INOCÊNCIO I, em Constantinopla, Faleceu em 4 de Setembro de 422. Tem a sua festa a 25 de Outubro.

HISTÓRIA

Foi eleito em 28 de Dezembro de 418.
Ainda antes do funeral de São ZÓZIMO, o arcediago EULÁLIO dirige-se com alguns apaniguados para Latrão e faz-se aclamar Papa.
No dia seguinte, a grande maioria dos presbiteros, refeita da surpresa, elege BONIFÁCIO como Papa, um presbitero douto e exemplar que tinha desempenhado com grande acerto difíceis missões diplomáticas no pontificado de Santo INOCÊNCIO
O Imperador Honório, que estava em Ravena, foi mal informado, sanciona a eleição de EULÁLIO e decreta que BONIFÁCIO se ausente de Roma. Logo que é posto ao corrente do que se tinha passado, e vendo a mentira de EULÁLIO, convoca um sínodo para Espoleto, alargado aos bispos da Gália e do Norte de África, e eleição de BONIFÁCIO é confirmada em 3 de Abril de 419.
A grande preocupação deste Papa foi o Pelagianismo  que se tinha concentrado em Marselha, na Gália, e não hesitou em confirmar a condenação da heresia exarada por São ZÓZIMO, o que lhe valeu a simpatia e a adesão de Santo AGOSTINHO.
Durante este pontificado faleceu São JERÓNIMO um grande Doutor da Igreja.
Segundo o Liber Pontificalis, São BONIFÁCIO reforçou as disposições do seu antecessor quanto ao acesso ao sacerdócio, decretando que ninguém o pudesse receber antes dos 30 anos.
Está sepultado no Cemitério de Máximo, junto à sepultura de Santa  FELICIDADE na Via Salária.


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EULÁLIO - Anti-Papa 


Anti-Papa no ano 418-419 

V Anti-Papa

SÍNTESE

Era arquidiácono. Eleito durante o pontificado legítimo de São BONIFÁCIO I, submeteu-se-lhe mais tarde. Terá morrido em 423, quando era bispo de Campânia.


HISTÓRIA

Após a morte de São ZÓZIMO (418) o arcediago EULÁLIO não esperou que as cerimónias fúnebres terminassem, dirigiu-se à pressa para Latrão, acompanhado dos seus apaniguados e fez-se aclamar Papa (Anti) em 27 de Dezembro de 418. O clero, depois da surpresa por esta atitude, reagiu e, no dia seguinte, elegeu São BONIFÁCIO como Papa.
O imperador Honório, que se encontrava em Ravena, mal informado, sanciona a eleição de EULÁLIO e manda que BONIFÁCIO se ausente de Roma. Pouco depois, conhecendo a verdade, convocou um sínodo em Espoleto, alargado aos bispos da Gália e do Norte de África onde a eleição de BONIFÁCIO foi confirmada, mas esta intromissão do poder civil na vida eclesiástica abriu um precedente pouco edificante.
EULÁLIO não se convenceu e pela força das armas tenta entrar em Latrão. Finalmente em 3 de Abril de 419 quando o imperador reconheceu BONIFÁCIO, foi expulso de Roma.
São BONIFÁCIO condenou a heresia exarada pelo seu antecessor, o que lhe valeu a adesão e a simpatia de Santo AGOSTINHO, acabando com a ilegalidade do anti-papa EULÁLIO, que a ele se viria a submeter.



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CELESTINO I - Santo  

Papa desde o ano 422 até ao ano 432

XLIII Papa

SÍNTESE

Nasceu na Campânia. Nápoles (Itália - sendo filho de Prisco, que pertencia à família do imperador Valentiniano. Morreu em 27 de Julho de 432. Tem a sua festa a 27 de Julho.

HISTÓRIA

Foi escolhido por unanimidade, sem oposição, e eleito Papa em 10 de Setembro de 422, seis dias depois da morte de São BONIFÁCIO
O seu pontificado foi afectado por uma nova heresia, o Nestorianismo que atingia uma verdade fundamental no Cristianismo
Como podia Jesus Cristo ser simultaneamente Deus e Homem?
Cristo continuava a ser o problema, como já fora para outros hereges que lhe negaram a humanidade, reduzindo-o a simples aparência. Elevado à dignidade patriarcal de Constantinopla em 428, Nestório afirmava que Maria não podia chamar-se Mãe de Deus, mas simplesmente Mãe de Cristo, uma vez que, contra o que a Igreja sempre admitira, em Cristo não havia apenas uma Pessoa (a divina), mas duas: uma divina e outra humana. Maria gerara e dera à luz a Pessoa humana e, por isso, só essa podia chamar-se Mãe
Saiu a contradizê-lo o bispo de Alexandria, São CIRILO iniciando uma polémica cada vez mais contundente.
CELESTINO reúne um Sínodo em Agosto de 430 e comunica ao bispo que condenava a doutrina de Nestório, encarregando-o, como seu legado, de comunicar ao patriarca de Constantinopla a sua destituição, caso não se retractasse por escrito. Ao mesmo tempo escreve a Nestório exortando-o à ortodoxia e avisando-o de que deveria obedecer às determinações do patriarca de Alexandria, sob pena de ser deposto.
Nestório discorda, não obedece e recorre ao imperador, pedindo que o assunto fosse julgado em Concílio. O imperador concorda e São CELESTINO aceita e nomeia três delegados seus para a sua realização em Éfeso. Aberto o Concílio no domingo de Pentecostes de 431, com a presença de 4 Bispos, Nestório nega-se a comparecer, alegando a ausência de vários bispos orientais, São CIRILO, que adiara a abertura por 15 dias, dá início à discussão das doutrinas de Nestório, que foram condenadas por unanimidade.
Numa segunda sessão, com a presença dos representantes antioquenos e dos legados do Papa, confirma-se, de novo, a rejeição da doutrina Nestoriana como herética. Os bispos antioquenos não aceitam tal decisão e protestam junto do imperador, que manda prender São CIRILO, mas depois muda de opinião e permite que o Concílio se conclua em Setembro do mesmo ano.
Neste concílio foi também atribuído a Maria o título de «Mãe de Deus».
São CELESTINO suprimiu o Semipelagianismo nas Gálias e enviou para a Irlanda e Escócia, os apóstolos São PATRÍCIO e São PALÁDIO, em campanha missionária.
Atribui-se-lhe a introdução do Cântico dos Salmos na Liturgia, como preparação da Celebração Eucarística, bem como o «Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós», acrescentado à recitação da Ave-Maria.
Quando faleceu, deixou uma Igreja não pacificada de todo, pois Nestório continuava a difundir as suas heresias. Foi sepultado no cemitério de Santa Priscila e no túmulo os seus contemporâneos escreveram: «A sua alma santíssima goza já da visão de Deus».


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SISTO III - Santo  

Papa desde o ano 432 até ao ano 440

XLIV Papa



SÍNTESE

Nasceu em Roma em 360, no seio da família Envídia e foi o segundo Papa da família Colonna. Chamava-se XISTUS. Era sacerdote e diácono. Faleceu em Roma, em 19 de Agosto de 440. Tem a sua festa em 28 de Março.. 

HISTÓRIA

Foi eleito em 31 de Julho de 432.
Sacerdote romano que se teria, segundo Santo AGOSTINHO, convertido do Pelagianismo, tendo conseguido, com tacto e compreensão, o regresso à ortodoxia de diversos bispos antioquenos, seguidores de Nestório.
Para exaltar a fé proclamada no Concílio de Éfeso (431) sobre a maternidade divina de Maria, dedica uma basílica em sua honra, restaurando a antiga basílica liberiana, que passa a chamar-se Santa Maria Maior.
São SISTO foi vítima das maiores calúnias. Basso, pessoa de qualidade, mas sem religião, acusou o pontífice dum grande delito. A acusação provocou um  escândalo tão contundente que o imperador Valentiniano convocou um Concílio para lidar com a denúncia. Reuniu o Concílio, formado por 56 bispos, tornou-se patente a inocência de São SISTO III e o acusador foi excomungado, tendo morrido uns meses depois com  ostras de grande arrependimento. O Papa com espírito caritativo, assistiu-lhe na última enfermidade, absolveu-o da excomunhão e administrou-lhe o Sagrado Viático.
Reconquistou a Ilíria e contribuiu para a reconstrução de Roma, muito maltratada depois da pilhagem de Alarico.
Também mostrou eficiência ao preparar o pontificado de São LEÃO MAGNO seu sucessor. Está sepultado em São Lourenço Extramuros.

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LEÃO I - MAGNO - Santo  


Papa desde o ano 440 até ao ano 461

XLV Papa

SÍNTESE

Nasceu em Volterra, na Toscana, Itália. Foi diácono no tempo do Papa CELESTINO I, que o encarregou de difíceis missões. Morreu em Roma, em 10 de Novembro de 461. Tem a sua festa a 10 de Novembro.

HISTÓRIA

Eleito Papa em 29 de Setembro de 440, foi um Papa invulgar, a quem a história deu o nome de MAGNO, o Grande.
Foi o primeiro a defender o principio da independência e supremacia da autoridade religiosa frente à civil, impondo-se como protótipo, para o futuro, do pontífice romano ideal.
Foram vinte anos agitados e difíceis de um pontificado em que soube, com a sua forte personalidade, vigor apostólico e solidez da sua doutrina, restabelecer a paz e a unidade religiosa, alicerçando ao mesmo tempo, o primado em bases mais sólidas e indiscutíveis, perante as restantes sedes episcopais ou patriarcais da Igreja.
Estava na Gália em missão da defesa da ortodoxia, quando lhe comunicaram ter sido escolhido para suceder a São SISTO III. Tinha então 40 anos e aceitou sem medo dos tempos conturbados e difíceis que iria encontrar.
Primeiro os maniqueus, com um perigoso foco infiltrado em Roma, e a seguir os priscilianistas, que perturbavam a paz na Peninsula Hispânica, foram as dificuldades iniciais. Alertado por São TURIBIO DE ASTORGA, São LEÃO MAGNO, aconselha-o, por carta de 21 de Julho de 447, a reunir em Concilio todos os bispos hispânicos, por se tratar de uma doutrina mais perigosa do que o maniqueísmo, que se revestia de aparências ortodoxas. Pouco depois os bispos reuniram em Toledo e redigiram uma «regra de fé» esclarecedora da ortodoxia.
O maior combate travou-o contra o monofisismo do arquimandrita de Constantinopla, Eutiques, o qual pregava a existência de uma só natureza, a divina, em Cristo, ou, mais exactamente, uma tal absorção da natureza humana pela divina que, no extremo oposto ao Nestorianismo, apenas esta subsistia.
Num sínodo celebrado em Constantinopla no ano de 448, Eutiques mete os pés pelas mãos e o patriarca FLAVIANO não hesita em condenar a heresia. Eutiques, porém, recusa submeter-se e com o apoio do imperador apela para o Papa contando-lhe, a seu modo, o que se passara. O Papa no entanto, depois de uma demora prudente, redige a célebre Epístola Dogmática, em que expõe, com toda a precisão, a doutrina católica quanto às duas naturezas de Cristo e a sua união às duas naturezas de Cristo e a sua união numa só pessoa.
Eutiques não se conforma e, com o apoio do imperador de Constantinopla, reúne um sínodo em Éfeso, onde, com os seus apaniguados, rejeita todo o conteúdo da Epístola Dogmática e, não contentes com isso, procedem, à deposição de FLAVIANO e de todos os defensores da ortodoxia pontifícia, com cenas de violência física e o apoio de soldados imperiais.
São LEÃO MAGNO qualificou o sínodo como um latrocínio: «Ehpesium, non judicium sed latrocinium».
Bem tentou o papa demover o imperador, mas o principal agitador. Dióscoro, bispo de Alexandria, ousou até decretar uma excomunhão contra o próprio Papa.
Entretanto, a Providência deu uma ajuda. Em 450, morre o imperador vítima de uma queda de cavalo e suia irmã a imperatriz Pulquéria, então no trono, manda regressar do exílio todos os bispos fiéis a Roma, faz conduzir a Constantinopla, com grande pompa, os restos mortais de FLAVIANO, falecido no exílio, e escreve a São LEÃO MAGNO a cuja obediência se submete, propondo-lhe a realização de um Concilio Ecuménico, para acabar de vez com todas as dissenssões.
O Papa aceita a proposta e o Concílio reunido em Calcedónia, em Outubro de 451, teve a presença de cerca de 600 bispos, todos orientais, à excepção de dois e dos legados pontifícios, dele saindo o triunfo da ortodoxia romana.
O Patriarca de Alexandria, Dióscoro, que estava companhado de 17 bispos egípcios, ainda tentou um golpe de força propondo a condenação do Papa, mas falhou e o Concilio pediu a sua deposição.
Acalmados os ânimos, numa segunda sessão foram examinadas as cartas de São CIRILO e a Epístola Dogmática de São LEÃO MAGNO. Ao terminar a leitura da Epístola, todos os padres conciliares proferiram esta exclamação que ficaria célebre: «Esta é a fé dos Apóstolos. PEDRO falou pela boca de LEÃO».
Contudo os Monofisistas não desistiram, tendo conseguido colocar adeptos nas sedes eclesiásticas de Alexandria, Antioquia e Jerusalém, à custa de distúrbios e lutas sangrentas, e, mesmo condenados no Concílio, apoderaram-se, por algum tempo, de quase toda a região oriental.
Para além das lutas contra o Monofisismo, São LEÃO MAGNO salvou a civilização ocidental do perigo da invasão dos Hunos. De facto, comandados por Átila, os bárbaros invadem a Itália, a caminho de Roma, em 452.
O imperador Valentiniano, assusta-se e envia-lhes uma delegação conciliadora presidida pelo próprio Papa. Átila ficou impressionado com a majestade do Pontifice e retira-se aterrorizado sem pilhar Roma.
O povo depressa esquece os perigos passados e entra em desaforos. O próprio imperador escandaliza com a sua devassidão e acaba por ser assassinado por Petrónio Máximo, por lhe ter seduzido a mulher, o qual ocupa o trono. A imperatriz Eudóxia vê-se obrigada a casar com Petrónio e, por vingança, pede auxilio a Genserico, rei dos Vândalos, prometendo abrir-lhe as portas de Roma. Genserico aceita  e em Maio de 455 desembarca perto de Roma. A população  aterrorizada assassina o imperador.
Mais uma vez é o Papa quem procura deter o perigo, mas Genserico não cede, concordando apenas em não incendiar a cidade e em livrar das pilhagens as basílicas de São Pedro, São Paulo e de Latrão.
É novamente a grandeza de São LEÃO MAGNO a conjurar perigo, pelo menos, em grande parte, e Genserico, saciado com o saque, deixa a cidade e retira-se para África com os navios carregados com grandes riquezas, levando também  a imperatriz Eudóxia, causadora de tudo isto.
São LEÃO MAGNO reage a todos os males que caíram sobre a cidade e à desolação do povo. Ajuda-os, anima-os e a cidade começa a refazer-se. Esta sua acção em prol de Roma, valeu-lhe ficar para sempre conhecido como «Defensor Urbis».
Na Peninsula Hispânica, os visigodos que tinham passado os Pirinéus em 414, eivados de arianismo, cometem violências contra os cristãos fiéis a Roma, saqueando e destruindo parcialmente Astorga e Braga, em 456. Quase todas as igrejas da Peninsula sofreram semelhantes horrores.
Para além de todas as lutas e dificuldades, São LEÃO MAGNO deixou-nos 90 magníficos sermões e homilias e o mais antigo Missal Romano, o Sacramentário Leonino. As suas obras oratórias valeram-lhe o título de Doutor da Igreja, que lhe foi conferido em 1754.
Foi o primeiro Papa a ser sepultado no átrio da Basilica de São Pedro. Mais tarde, em 668, os seus restos mortais foram trasladados para o interior da Basilica, onde lhe é dedicado um lindíssimo altar decorado com um alto-relevo que representa o seu encontro com Átila.

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HILÁRIO  - Santo  

Papa desde o ano 461 até ao ano 468

XLVI Papa

SÍNTESE


Natural da Sardenha, era arquidiácono. Faleceu em 29 de Fevereiro de 468. Tem a sua festa a 28 de Fevereiro.

HISTÓRIA

Foi eleito Papa após a morte de São LEÃO MAGNO, em 19 de Novembro de 461. Era membro da missão que representou a Igreja Católica no Concílio de Éfeso (431), onde se distinguiu.
Já no trono de São PEDRO, a sua acção foi predominantemente centralizadora, em especial nas questões  que diziam respeito às Gálias e à Peninsula Hispânica, tendo defendido intransigentemente os direitos do Metropolita.
Interveio em Espanha, onde diversas comunidades cristãs se deixavam absorver pelo Arianismo e estabeleceu um Vicariato confiado  a ZENÃO, bispo de Sevilha, para que velasse pelos direitos apostólicos.
Na Gália, impõe o bispo de Arles como principal autoridade, com os poderes de Vigário Pontifício, a fim de reforçar a unidade de todos os bispos, mantendo a obediência a Roma.
Proibiu os bispos de nomearem os seus sucessores.
Com o imperador Artémio, Santo HILÁRIO mostrou-se muito firme, criticando-o porque permitira a celebração das Lupercais, festas pagãs que o Papa considerou ofensivas e perigosas para a pureza da fé. Numa visita posterior à Basilica de São Pedro, o imperador viu-se confrontado com críticas de Santo HILÁRIO e prometeu sobre o túmulo de São Pedro que, de futuro, se oporia ao alastramento do mal.
Sabe-se, ainda, que, Santo HILÁRIO gastou somas consideráveis na construção do Mosteiro de São Lourenço, na edificação de um Oratório em honra de Santo ESTEVÃO, no baptistério de Latrão e na fundação de duas bibliotecas.
Combateu as heresias de Eutiques e Nestor, respectivamente o Monofisismo e o Nestorianismo.


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SIMPLÍCIO - Santo  

Papa desde o ano 468 até ao ano 483

XLVII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Tivoli, Itália, sendo filho de um cristão chamado CASTINO. Era sacerdote em Roma. Morreu em 10 de Março de 483. Tem a sua festa a 2 de Março.

HISTÓRIA

 Foi eleito em 3 de Março de 468.
Foi íntimo cooperante de São LEÃO MAGNO e seu legado no Concílio de Éfeso. Era o indicado para ser o Pontifice, mas os tempos eram adversos e pouco favoráveis e São SIMPLICIO deparou-se com vários contratempos.
Em 476 fica amargurado com a queda definitiva do Império Romano do Ocidente, quando Odoarco, antigo auxiliar de Átila e rei dos Hérulos, se faz aclamar como rei e à frente de soldados germânicos toma a cidade de Pavia, onde se refugiara o jovem e inexperiente imperador Rómulo Augústulo.
Odoarco mostra-se prudente e moderado e o Senado envia emissários a Bizâncio para que o imperador do Oriente assuma também a coroa do Ocidente, mas om imperador recusa.
Entretanto Odoarco (ou Odoacro) recebe o título de patrício e declara-se rei de toda a Itália. Acabava a Idade Antiga e começava a Idade Média sob o poder dos bárbaros.
São SIMPLICIO tem de aceitar a situação, ainda mais preocupante porque Odoacro era ariano. Mas a Igreja reagiu e, sem o apoio do imperador, o Papado tornou-se mais forte, consciente da sua responsabilidade perante a civilização cristã.
A Igreja sente-se com força para caminhar sozinha, para cristianizar os bárbaros e, graças a esse esforço, em breve surgiria o novo império cristão, o Império Romano-Germânico.
Entretanto, a Igreja do Oriente ameaçava ruptura com Roma.  Os monofisistas, apoiados por Basilisco, agora no trono, procuravam eliminar a fórmula de São LEÃO MAGNO, com que nunca tinham concordado. Para isso fizeram com que Basilisco publicasse uma declaração repondo a rebeldia do «latrocínio de Éfeso».
Dá-se a queda do imperador Basilisco e com a subida ao trono de ZENÃO (474-491) os Monofisistas voltam a cair em desgraça por intervenção do Patriarca ACÁCIO. Deste com a melhor intenção redige um formulário de fé de mútuo entendimento, o Honotícon sem qualquer referência à fórmula de São LEÃO MAGNO.
A situação no Oriente, metade herético (os monofisistas) e metade cismático (os acacianos) tornou-se preocupante.
Embora o Honotícon tivesse chegado ao Ocidente depois da morte de São SIMPLICIO, este teve conhecimento do texto e da situação, dela discordando, e para atalhar o perigo escreveu por duas vezes a Acácio, patriarca de Constantinopla, chamando-lhe a atenção para os desvios doutrinários que o texto continha. 
Com a queda do Império, Roma era uma cidade que já não impunha nem respeito nem receio.
Segundo o Liber Pontificalis, São SIMPLICIO dedicou-se à construção e renovação de algumas basílicas e deu grande impulso à vida litúrgica, instituindo um serviço rotativo completo nos principais lugares de culto da cidade. mandou erguer no monte Esquilino o primeiro templo dedicado a Santo ANDRÉ, irmão de São PEDRO.
Durante io seu pontificado, nasceu em Núrsia, na Úmbria - Itália, pelo ano de 480, São BENTO aquele que iria ser o grande Patrono da Europa, fundador da Ordem beneditina, esteio da Igreja e da civilização cristã na Idade Média.



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FÉLIX III (*) - Santo  

Papa desde o ano 401 até ao ano 417
(*) devia chamar-se FÉLIX II, mas ficou FÉLIX III, em virtude do seu antecessor com esse nome (355-365), apesar de ilegítimo, ter sido considerado, por algum tempo, na Lista Oficial dos Papas

XLVIII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma, pertencendo à família Anícia, de nobreza senatorial romana. esteve casado antes de ser bispo e foi bisavô de São GREGÓRIO MAGNO. Morreu em Roma, em 1 de Março de 492. Tem a sua festa a 25 de Fevereiro.

HISTÓRIA

Foi eleito em 13 de Março de 483 e devia chamar-se FÉLIX II, mas ficou FÉLIX III, em virtude do seu antecessor com esse nome (355-365), apesar de ilegítimo, ter sido considerado, por algum tempo, na Lista Oficial dos Papas.
São FÉLIX III recebeu o diaconado depois de enviuvar e foi o primeiro Papa oriundo da nobreza senatirial romana.
Enérgico e determinado, envia legados a Constantinopla para esclarecer a relação das posições monofisistas quanto ao Honotícon.
Os legados deixaram-se amedrontar e aceitaram a comunhão oficial com os Monofisistas. FÉLIX III, desapontado, repreende-os severamente e profere a excomunhão contra o patriarca Acácio. Este pretende a ajuda do imperador Zenão, mas FÉLIX III não se amedronta e declara: 
«O imperador é um filho da Igreja e não um Bispo. Em matéria de fé tem de aprender e não ensinar». 
 Porém, nas cartas que manda ao imperador é bem mais benigno e conciliador.
Alguns historiadores acusam FÉLIX III de ter sido, com esta atitude, o causador da cisão verificada durante 35 anos (484-519) com a Igreja do Oriente, mas ele não podia agir de outro modo, perante a ameaça contra a unidade da fé e a atitude prepotente do patriarca Acácio.
Este pontificado foi também atribulado devido às perseguições dos Vândalos no Norte de África, que levaram muitos cristãos a abraçar o arianismo.
São FÉLIX III foi compreensivo no acolhimento e readmissão dos lapsi, ou apóstatas, como digno continuador dos caminhos abertos por São LEÃO MAGNO.
Dadas as relações dos seus familiares com a Basilica de São Paulo Extramuros, foi ali sepultado.









GELÁSIO - Santo  

Papa desde o ano 492 até ao ano 496


XLIX Papa

SÍNTESE

Era romano, de origem africana. Foi colaborador e o braço direito do Papa São FÉLIX III. Morreu em 19 de Novembro de 496. Tem a sua festa a 21 de Novembro.


HISTÓRIA

Começou o seu pontificado tentando uma aproximação ao imperador de Constantinopla, mas este não lhe deu atenção.
GELÁSIO não desiste  e volta a escrever-lhe lembrando a distinção entre a autoridade civil e a religiosa, tomando ainda uma posição firme quanto ao poder dos bispos.
Nenhum Papa antes dele, nem mesmo São LEÃO MAGNO, afirmara a realidade e natureza do Primado, como ele fez.
Consciente desta dignidade e responsabilidade de Vigário de Cristo, mostrou-se grande defensor da ortodoxia frente à teimosia oriental do Honotícon. Embora sem resultados práticos, condena o Maniqueísmo e o Pelagianismo e procura erradicar os últimos vestígios do Paganismo, proibindo as Lupercais, festas pagãs, com que o povo pretendia esconjurar as epidemias e os demónios.
São GELÁSIO salienta-se pelo desenvolvimento e enriquecimento  da liturgia.
O LIber Pontificalis  atribui-lhe inovações na celebração da Missa.
Foi o escritor mais fecundo de todos os Papas, com várias homilias e hinos por ele compostos e outros escritos.
Chegaram aos nossos dias diversas Decretais e algumas obras teológicas de refutação do Pelagianismo e Monofisismo, bem como 42 cartas e fragmentos de outras 49.
Morreu a 19 de Novembro de 496 e o Liber Pontificalis dá-lhe o título de «pai dos pobres», dizendo que «morreu pobre depois de enriquecer os necessitados», tendo sido enterrado dois dias depois, em 21 de Novembro de 496






ANASTÁSIO II - Santo  

Papa desde o ano 496 até ao ano 498


L Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma. Morreu a 24 de Novembro de 498

HISTÓRIA

Foi eleito em 24 de Novembro de 496 e logo que assumiu o pontificado tentou atrair a Igreja do Oriente à comunhão com Roma. 
A sua benevolência levou-o a enviar legados a Constantinopla para comunicar ao imperador a sua eleição, pedindo-lhe para reconhecer o Primado da Sede Romana e garantindo que todos os baptizados ordenados por Acácio  seriam, apesar de tudo, abrangidos pela comunhão da Igreja romana. O clero romano não gostou desta condescendência  e a situação agravou-se quando o diácono FOTINO, enviado pelo Bispo de Tessalónica, até então seguidor de Acácio, agora disposto à ortodoxia romana é recebido à comunhão pelo Papa.
Ao clero romano pareceu ruinosa e uma traição à fé esta atitude benevolente - chegando até a afirmar-se que Santo ANASTÁSIO pretendia anular as decisões dos seus antecessores. A investigação histórica mais recente rejeita semelhante acusação e define o perfil de Anastásio II dentro da mais pura ortodoxia.
Facto muito importante neste pontificado foi a conversão de CLÓVIS, rei dos Francos, a seguir à vitória sobre os Alemães na batalha de Tolbiac, em 496. Este facto seria de grande importância para o futuro da Cristandade em França como compreenderam os bispos galo-romanos que passaram a ter CLÓVIS como seu rei e protector.



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Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.

Textos recolhidos

In

O Papado  -  2000 Anos de História 
Ed. Círculo de Leitores - 2009

e

sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros








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