sábado, 6 de janeiro de 2018

Nº 3345 - (3) - O PAPADO - 2000 ANOS DE HISTÓRIA - 6 DE JANEIRO DE 2018,

Caros amigos:

NOVO ANO - NOVA VIDA

Como já o afirmei, no passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores. 

Esta recolha de textos será feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.


Diariamente pois, serão publicadas normalmente 10 destas biografias - dependendo se podem ser mais ou menos - mediante o tamanho dos textos. Desde já, chamo a atenção para o facto de, por exemplo, a biografia de JOÃO PAULO II é muito longa, pelo que na devida altura apenas essa será publicada, e, possivelmente haverá outros casos.


Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos... 








Foto actual do autor




Nº  3 3 4 5 - (3)



6 de JANEIRO de 2018




Texto do livro 
O PAPADO - 2000 Anos de História
do Círculo de Leitores - 2009 
e compilado por Mendonça Ferreira 






SÍMACO - Santo  

Papa desde o ano 498 até ao ano  514

LI Papa

SÍNTESE

Nasceu na Sardenha - Itália. Era diácono e foi arcediago da Igreja de Roma. Morreu em 19 de Julho de 514. Tem a sua festa a 19 de Junho.

HISTÓRIA


Foi eleito em 22 de Novembro de 498, no mesmo dia em que foi eleito o Anti-Papa LOURENÇO.
Após a morte de ANASTÁSIO II, as duas facções do pontificado, uma maioritária, contrária às atitudes conciliadoras com a Igreja do Oriente, e outra, um pequeno grupo, favorável à benevolência com os cismáticos, procuram adiantar-se na eleição do sucessor do Papa.
A maioria, reunida na Basilica de Latrão, elege São SÍMACO e a segunda, no mesmo dia, em Santa Maria Maior, escolhe o arcipreste LOURENÇO.
O povo agita-se e a solução é pedida ao imperador Teodorico, que estava em Ravena.
Teodorico, rei dos Ostrogodos, apesar de ariano, tem uma atitude sensata e isenta e diz que deve aceitar-se o que teve maior número de votos, ou seja, São SÍMACO.
Com os ânimos serenados, São SÍMACO toma conta do pontificado e, com espírito cordato, nomeia LOURENÇO bispo de Nocera. Contudo, como visse a Igreja em perigo, convoca no ano seguinte, um sínodo para Roma, do qual sai um decreto  que reconhece ao Papa o direito de poder designar o seu sucessor. No entanto, em situações de dúvida, seria designado o que tivesse obtido o maior número de votos.
O ano de 500 com a visita de Teodorico a Roma, foi um ano calmo.
Em 501, os adversários de São SÍMACO caluniaram-no com acusações sobre a sua administração e conduta moral. Teodorico convoca-o para uma reunião e o papa recusa, o que leva o rei a convocar um Concílio em Roma para o julgar.
Além disso, declara a Sede Apostólica em situação de Sede Vacante. Depois coloca em Roma, PEDRO, bispo de Altino, com autoridade de regente, e este, aproveitando-se da situação, convoca o Bispo de Nocera, LOURENÇO, o Anti-papa que pretendia o trono de São SÍMACO, e aquele aceita, comparecendo à primeira sessão do Concílio. À segunda sessão, depois de ter sido vitima de uma emboscada, já não está presente e vários bispos ausentam-se por considerarem que houve arbitrariedade e má vontade por parte de Teodorico. Na última sessão declararam não haver base para o julgamento do papa, declarando-o pastor legítimo da Igreja e que deveriam considerar-se cismáticos os que lhe recusassem obediência.
Teodorico, irritado com a atitude dos Bispos, impõe o diácono LOURENÇO como senhor de todas as igrejas da cidade, à excepção da Basilica de São PEDRO, onde São SÍMACO vivia refugiado, mas protegido pelo apoio da maioria do povo.
Era uma situação inadmissível e São SÍMACO convoca um Concílio que, a 6 de Novembro de 502 no Vaticano, tem a presença de todos os bispos de Itália, e 17 sacerdotes romanos. Ali defende-se de todos os crimes e condena PEDRO bispo de Altino e, LOURENÇO, o pretenso Anti-papa, como usurpadores de jurisdições que não lhes pertenciam. Tudo parecia estar bem, mas FESTO chefe do Senado e inimigo de São SÍMACO não cede, chegando a sublevar minorias da população que provocam distúrbios e mortes, com clérigos massacrados e virgens consagradas expulsas dos seus mosteiros, passeadas nuas pelas ruas e depois queimadas.
Teodorico, perante esta situação caótica, volta a tomar uma atitude prudente e reconhece os direitos de São SÍMACO. LOURENÇO mostra-se arrependido e viria a terminar a vida depois de rigorosa penitência.
Infelizmente pouco durou esta paz, pois o imperador do Oriente, Anastásio, renova a luta  contra a Igreja do Ocidente, acusando o Papa de maniqueu e inimigo da Sede de Constantinopla.
São SÍMACO defende-se com serenidade e firmeza, apelando para o testemunho dos seus actos, que todos os romanos poderiam confirmar.
Entretanto, refugiados gregos davam conta dos vexames e violências praticados por cismáticos do Oriente contra os fiéis a Roma e vários bispos pedem a intervenção do Papa.
São SÍMACO responde-lhes dizendo que não se pode confundir a verdade com a mentira e que amar e pertencer à Igreja implicava a separação da autoridade civil, quando esta se encontrasse em comunhão com os hereges.
Apesar de ter tido um pontificado tão conturbado, São SÍMACO exerceu grande influência na romanização do reino ostrogodo da Gália e Espanha, sobretudo através de Cesário, Bispo de Arles, que tinha poderes especiais como seu representante.
Dedicou-se à construção de albergues para pobres e peregrinos junto às principais basílicas de Roma, construiu duas Igrejas em honra de São PANCRÁCIO e Santa ÁGUEDA, um oratório em honra dos santos COSME e DAMIÃO e duas basílicas, uma dedicada a Santo ANDRÉ e outra a São MARTINHO.
No tocante à liturgia estabeleceu que o cântico GLÓRIA IN EXCELSIS então exclusivo da Missa da meia-noite no Natal, pudesse ser cantado ou recitado em todos os domingos e nas festas dos mártires, mas apenas pelos bispos. As simples sacerdotes apenas era permitido dizê-lo na Páscoa.
Os escritores coevos salientam, a sua bondade, prudência e, sobretudo, a humildade e serenidade com que aguentou as calúnias dos inimigos.



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LOURENÇO - Anti-Papa 

Anti-Papa no ano 498  e entre 501 e 505 

VI Anti-Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma, em 460. Foi arcediago de Santa Maria Maior. Morreu por desterro em 520.

HISTÓRIA

Por morte de ANASTÁSIO II, a facção maioritária do Pontificado, contrária às atitudes da Igreja do Oriente, reunida na Basilica de Latrão, elege SÍMACO,  natural da Sardenha, como Papa. A outra facção, favorável à benevolência com os cismáticos, reunida na Basilica de Santa Maria Maior, elege, no mesmo dia 22 de Novembro de 498, o arcipreste LOURENÇO como Anti-Papa.
O povo não aceita esta eleição e o rei Godo, Teodorico, que estava em Ravena, declara que devia aceitar-se como legítimo aquele que tivesse obtido mais votos na eleição. Deste modo, SÍMACO, que fora escolhido pela maioria do clero e do Senado, assume o pontificado.
LOURENÇO submete-se ao papa e este benévolo, nomeia-o Bispo de Nocera.
Mais tarde, Teodorico entra em luta com São SÍMACO e coloca em Roma, PEDRO, Bispo de Altino, com autoridade de regente. PEDRO aceita e chama LOURENÇO, antigo pretendente ao pontificado.
Teodorico, na sua luta, pretende julgar o Papa, mas não consegue e impõe LOURENÇO como senhor de todas as igrejas, com excepção da Basilica de São Pedro, onde São SÍMACO vive refugiado, protegido e auxiliado pela população.
Perante tal situação, que não podia manter-se, São SIMACO convoca em 6 de Novembro de 502 um Concílio para o Vaticano e nele são condenados PEDRO, Bispo de Altino e LOURENÇO como usurpadores.
Teodorico muda de ideias e volta a reconhecer os direitos de São SIMACO, ao mesmo tempo que LOURENÇO (506) desiste de ser Papa, submetendo-se e terminando a vida numa rigorosa penitência voluntária numa propriedade rural, em solidão. Aí morreu no desterro em 520.


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HORMISDAS - Santo  

Papa desde o ano 514 até ao ano 523

LII Papa

SÍNTESE

Natural de Frosinone, Campânia- Itália, casou, enviuvou e tinha filhos, vindo um deles a ser o Papa SILVÉRIO (536-537), quando recebeu o diaconato. Morreu em Roma em 6 de Agosto de 523. Tem a sua festa a 6 de Agosto.

HISTÓRIA

O seu pontificado, com início em 20 de Julho de 514, ficou assinalado pelo fim do Cisma que desde há 35 anos mantinha a Igreja do Oriente separada de Roma.
Pressionado pelo conde Vitaliano, de fé católica, que derrotara as tropas imperiais, o imperador Anastásio manda emissários ao Papa para a realização de um Concílio destinado ao restabelecimento da unidade. Tudo era falso, pois Anastásio pretendia apenas iludir Vitaliano e levá-lo a assinar um tratado de paz, mas o imperador morre repentinamente em 519, vitimado por um raio no seu próprio palácio, sucedendo-lhe Justino, que compreende a necessidade da paz e da unidade religiosa.
publica um édito a ordenar o reconhecimento do Concílio de Calcedónia e pede aos bispos que redijam uma profissão de fé nesse sentido. Ao mesmo tempo, levanta o exílio dos bispos fiéis a Roma, reintegrando-os na posse dos seus bens e convida o papa a deslocar-se ou a enviar delegados ao Oriente.
HORMISDAS aceita e a 28 de Março de 519 o patriarca de Constantinopla JOÃO, assina a profissão de fé por ele enviada.
Terminava um cisma de 35 anos. A fórmula de fé de HORMISDAS, para repor a ortodoxia do Concílio de Calcedónia,  e enviada a Antioquia e Alexandria,onde é acolhida e subscrita por quase todos os bispos.
Já sem o peso destes problemas Santo HORMISDAS nomeia como seus vigários o bispo de Vienne, Santo AVEITO, para a Gália e os bispos JOÃO, de Tarragona e SALÚSTIO de Sevilha, para Espanha Bética e Lusitânia. Pouco depois em 518, escreve aos bispos de Espanha recomendando que não ordenem clérigos, sem a necessária erudição e a imprescendivel virtude.
O Liber Pontificalis atribuiu-lhe a restauração e consolidação do episcopado africano, maltratado pelos Vândalos e arianos, bem como uma enérgica intervenção em Roma contra um activo grupo de Maniqueus, cujos livros manda queimar numa grande fogueira frente à Basilica de São João de Latrão.
Deixou cerca de 90 cartas, a maior parte tendo por assunto o cisma de Acácio.
Pouco antes de morrer, recebeu uma coroa de ouro para o túmulo de São PEDRO, enviada por CLÓVIS, rei dos Francos.



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JOÃO I - Santo  

Papa desde o ano 523 até ao ano 526

LIII Papa



SÍNTESE


Nasceu em Papulónia, na Toscana - Itália, em 470, sendo filho de Constâncio. Morreu em 18 de Maio de 526, em Ravena.

HISTÓRIA

Foi eleito em 10 de Agosto de 523.
O imperador Justino, que tornara possível a unificação da fé, com a Igreja do oriente a< abandonar o cisma e a regressar à obediência a Roma, publica um édito contra os hereges arianos, que perseguidos enviam legados a Itália, a pedir auxilio ao rei Teodorico. Este, também, de crença ariana, sente-se atingido e toma atitudes hostis contra os católicos, uma delas a prisão do filósofo Boécio, expoente da cultura filosófica e humanista cristã. Não contente, intima o Papa a ir a Constantinopla para obrigar o Imperador a cessar a perseguição aos arianos e para que lhes restituísse os bens confiscados.
Recebido triunfalmente em Constantinopla, JOÃO i como prova de gratidão, coroa solenemente Justino como imperador.
Aborrecido com esse gesto, Teodorico manda-o meter na prisão em Ravena, onde veio a falecer pouco tempo depois. 
Trasladado para Roma, foi sepultado na Basilica de São Pedro onde o seguinte epitáfio assinalada a sua memória 
«Sumo sacerdote do Senhor! Sucumbiste como vítima imolada a Cristo


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FÉLIX IV 


Papa desde o ano 526 até ao ano 530

LIV Papa

SÍNTESE

Terá nascido em Benevento - Itália. Morreu em 22 de Setembro de 530. Tem a sua festa a 30 de Janeiro.

HISTÓRIA

O rei godo, Teodorico, estava preocupado com a prisão e morte do papa JOÃO I e, para calar o povo e o clero, recomendou para a sucessão, FÉLIX, um sacerdote romano de reconhecido espírito conciliador, que foi eleito em 12 de Outubro de 526.
O  clero e o povo optaram, a bem da paz, por eleger o candidato do rei. Entretanto, Teodorico morre repentinamente, o que deu lugar à criação de lendas falando em castigos de Deus.
Aproveitando a compreensão de Amalasunta, mãe do falecido rei e então regente, FÉLIX IV obtém a concessão do antigo privilégio de qualquer demanda judicial contra um membro do clero ficar directamente sujeita ao poder eclesiástico, assim como a cedência de dois templos pagãos, junto ao Fórum, que transforma na basílica destinada aos santos irmãos médicos COSME e DAMIÃO, uma homenagem diplomática à Igreja do Oriente em reforço das boas relações.
Como acção pastoral houve intervenção de São FÉLIX IV relacionada com doutrinas semipelagianas que ameaçavam dividir a unidade da fé católica na Gália. Os bispos recorreram ao Papa e este envia-lhes, por intermédio de Cesareu, Bispo de Arles, uma explanação doutrinal sobre a graça, os Capitula, com textos quase todos extraídos das obras de Santo AGOSTINHO e que constituía uma norma de fé assinada por todos os bispos no Concilio de Orange, em 520.
Antes de morrer e vendo Roma dividida em dois partidos um favorável ao rei godo e outro ao imperador de Bizâncio, concede o pálio episcopal ao arcediago BONIFÁCIO, seu auxiliar de confiança, propondo-o como seu sucessor, o que, diga-se, não conseguiu, com a eleição de DIÓSCORO.
O seu pontificado fica assinalado pela difusão em Itália do monacato de São BENTO (490-543) o qual em 529 inicia a construção do Convento do Monte Cassino, casa-mãe de uma Ordem que deu à Igreja numerosos Papas.


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DIÓSCORO  - Anti-Papa

Anti-Papa no ano 530

VII Anti-Papa

SÍNTESE


Era romano e desconhece-se a data e local do seu nascimento. Foi diácono em Alexandria. Morreu subitamente em 14 de Outubro de 530, 23 dias depois da sua presumível eleição como Papa (Anti)

HISTÓRIA


O Papa FÉLIX IV, antes de morrer, pretendendo evitar as discussões entre partidários de Bizâncio e dos Godos, designou o arcediago BONIFÁCIO como seu sucessor, com o nome de BONIFÁCIO II. Contudo, como tal procedimento só seria válido com a concordância do clero e do povo, uma facção de filobizantinos resolveu eleger o diácono de Alexandria, DIÓSCORO, o qual foi consagrado Papa (anti) em 22 de Setembro de 539, por ter obtido maior número de votos que BONIFÁCIO II.
Com esta eleição surgiram graves problemas, que só terminaram com a morte súbita de DIÓSCORO, 23 dias depois da sua eleição.
BONIFÁCIO II foi então aceite pelo senado, pelo clero e pelo povo, não deixando de condenar a memória de DIÓSCORO, pelo que muitos analistas o consideraram como Anti-Papa, porque a sua eleição teria sido canonicamente irregular. No entanto, bem analisados os factos, não se pode duvidar da sua legitimidade, tanto mais que AGAPITO I reabilitou a sua memória, conseguindo que um Concílio romano levantasse a excomunhão de BONIFÁCIO II.

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BONIFÁCIO II 

Papa desde o ano 530 até ao ano 532

LV Papa

SÍNTESE

De origem romana, pois nasceu em Roma. Morreu em 17 de Outubro de 532.

HISTÓRIA


Foi o primeiro Papa de sangue germânico, eleito em  22 de Setembro de 530 e, logo a seguir, convocou uma assembleia na Basílica de São Pedro para impor a legitimidade da eleição por designação do papa, como fizera FÉLIX IV. Não conseguiu concordância e desistiu, reconhecendo ter errado. Os Papas teriam sempre de ser eleitos por maioria de votos e nunca designados ou impostos por ninguém, até porque a designação pelos Pontífices ultrapassava os seus poderes.
O Liber Pontificalis começou a ser escrito no seu tempo por um clérigo anónimo.
Confirmou os Cânones do Concílio de Orange como norma de fé.
O seu epitáfio nas grutas vaticanas exalta-lhe a simplicidade e misericórdia.






JOÃO II - Santo  

Papa desde o ano 533 até ao ano 535

LVI Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma em 470. Chamava-se Mercúrio. Morreu em 8 de Maio de 535.

HISTÓRIA

Foi eleito em 2 de Dezembro de 533 e como tinha o nome de MERCÚRIO entendeu que não ficava bem a um Papa ter o nome de uma divindade pagã e mudou-o para JOÃO, sendo o primeiro Papa a adoptar um nome diferente do seu, prerrogativa que, mais tarde, todos os Papas seguiriam.
Com a morte do jovem Atalarico, consumido por vícios, o novo imperador do Oriente, Justiniano, com o seu reino godo muito enfraquecido, tenta alargar o seu poder a Roma. Procura insinuar-se junto de JOÃO II e envia-lhe legados com  presentes e uma profissão de fé totalmente ortodoxa. Ao mesmo tempo pede a condenação dos Acemetas suspeitos de Nestorianismo, que costumavam rejeitar a divindade de Cristo, JOÃO II, depois de um sínodo em 534, não hesita em condená-los e escreve ao imperador louvando os seus protestos de fé católica, escrevendo também a outros bispos orientais.
Roma, sem confiança nos Godos, preparava-se para entrar na ordem bizantina.



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AGAPITO I - Santo  

Papa desde o ano 535 até ao ano 536

LVII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma e era descendente de senadores romanos. Como arquidiácono exerceu nas Igrejas de São JOÃO e de São PAULO. Morreu inesperadamente, em Bizâncio, em 22 de Abril de 536. Tem a sua festa a 20 de Setembro.


HISTÓRIA

Descendente de senadores romanos, foi eleito em 13 de Maio de 535 com o apoio dos partidários de DIÓSCORO, que em 530 tinha sido eleito Papa com o apoio da facção filobizantina, tendo obtido mais votos do que BONIFÁCIO II, o que este a destitui-lo e a excomungá-lo.
Um dos primeiros actos de AGAPITO I foi reabrir o processo de condenação daquele Papa (ou Anti), fazendo-o reexaminar para ser levantada a excomunhão determinada por BONIFÁCIO II.
Um Concílio romano, reunido para o efeito, levantou a excomunhão  e rejeitou a eleição pontifícia por designação papal, como BONIFÁCIO pretendia, deixando o poder eleitoral ao clero e ao povo.
Mas o breve pontificado de AGAPITO I teria de resolver outros problemas. O imperador do Oriente, Justiniano, conquistou o Norte de África aos Vândalos e ocupou também a Sicília.
Teodato, rei dos Godos, sente a Itália ameaçada, mas não tem força para se opor ao poder dos Bizantinos. Então, força AGAPITO I a presidir a uma embaixada junto da corte de Constantinopla, com o fim, de obter a paz e convencer Justiniano a desistir dos seus intentos de unificação imperial.
AGAPITO aceita a incumbência, mas vê-se obrigado a empenhar parte do tesouro sagrado de São Pedro, movido pelo desejo de consolidar a unidade da fé.
Bem acolhido pelo imperador não o conseguiu demover dos seus intentos. Entretanto, reúne em Constantinopla um sínodo que afasta e substitui o Patriarca ANTIMO, de tendências monofisistas.
No seu breve pontificado fundou escolas para adultos e crianças pobres e uma biblioteca no próprio palácio familiar, para centro de investigação de carácter teológico. A sua ideia viria a ter seguimento pela acção do colaborador CASSIODORO, que, no seu mosteiro da Calábria, instalou uma oficina de tradutores e editores, a quem muito ficou a dever a cultura medieval.
Adoece inesperadamente e a 22 de Abril de 536 falece, sem completar um ano de pontificado, diz-se que envenenado por conspiração de Teodora, esposa do imperador.
Todos  choram a sua morte e, nesse mesmo ano, o seu cadáver seria transportado para Roma e aí sepultado no átrio da Basilica de São Pedro, em 20 de Setembro do mesmo ano.










SILVÉRIO - Santo  

Papa desde o ano 536 até ao ano 537


LVIII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Fosinone, perto de Roma. Era subdiácono romano e filho do Papa Santo HORMISDAS, que enviuvara e tinha dois filhos aquando da ordenação,. Morreu de fome no desterro na ilha da Palmária, em 2 de Dezembro de 537. A sua festa é em 20 de Junho.


HISTÓRIA

Foi um pontificado muito curto e cheio de perturbações, pois a eleição deu-se a 8 de Junho de 536 e São SILVÉRIO faleceu em Dezembro do ano seguinte.
Ao saber da morte do Papa AGAPITO I, o rei godo Teodorico, apressa-se a impor a eleição de um Papa da sua confiança.
O povo e o clero de Roma aceita, SILVÉRIO, dadas as suas qualidades, embora receando a vingança de Teodato.
Pouco depois as tropas do general Belisário às ordens do imperador Justiniano, invadem a Itália com intuitos de conquista e unificação. Teodato, amedrontado, é destituido e assassinado pelos seus próprios soldados que deixam Roma para se concentrarem em Ravena. 
SILVÉRIO, para evitar derramamento de sangue, aconselha o Senado a acolher bem as tropas de Belisário, até porque a junção do Ocidente a Bizâncio o libertava da ameaça do domínio dos Godos, bárbaros e arianos.
Vitiges, sucessor de Teodato, sitia Roma, que, apesar da fome, resiste mais de um ano.
Por essa altura, em Roma, conjurava-se contra SILVÉRIO. A imperatriz Teodora, que não esquecera nem perdoara a deposição de ANTIMO, envia de Constantinopla, com instruções secretas contra o Papa, o diácono romano VIGILIO que ali se encontrava desde a morte de São BONIFÁCIO. VIGILIO ajudado por Antonina, mulher de Belisário, faz circular, como assinada pelo Papa, uma carta em que SILVÉRIO pede a Vitiges o auxilio dos Godos para libertação de Roma.
Chamado à presença de Belisário para se justificar, SILVÉRIO vai acompanhado por VIGILIO, que o introduz nos aposentos de Antonina, que, acompanhada do general, se fingia enferma. Belisário grita e insulta-o e SILVÉRIO é posto fora sem que lhe aceitem os seus protestos de inocência. Belisário manda arrancar-lhe as vestes episcopais e condena-o ao degredo na ilha Palmária, no mar Tirreno.
O bispo de Pátara, para onde SILVÉRIO foram anteriormente enviado, parte de imediato para Constantinopla para o defender junto de Justiniano.
O imperador manda regressar o papa a Roma para ser, de novo, imparcialmente julgado, mas suas ordens já não chegam a tempo e pouco depois, no meio de vexames e humilhações, o Papa morre, provavelmente à fome.
Uma ralação da época dá-lhe o merecido título de «confessor da fé» pois a sua morte terá tido origem  na recusa da reposição do patriarca Antimo  e em não prometer o livre curso do arianismo.






VIGILIO 

Papa desde o ano 537 até ao ano 555


LIX Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma. em 500, no seio de uma família nobre. Morreu em Siracusa, em 7 de Junho de 555.

HISTÓRIA

Começou por ser manejado por duas mulheres sem escrúpulos e por Belisário contra o Papa São SILVÉRIO.
Oriundo da aristocracia romana, recebeu o sólio pontifício, em 11 de Novembro de 537, por imposição do general bizantino que conseguiu que o clero romano lhe legitimasse a eleição.
Pressionado pela sua cúmplice, imperatriz Teodora, que esperava que ele reabilitasse Antimo e com o apoio do Monofisismo, VIGILIO não cede e dá-lhe por carta uma resposta inequívoca: 
«Se antes disse, errada e imprudentemente, o que não devia dizer, não posso agora de modo algum, aceder ao teu pedido, reabilitando esse herege».
«Apesar de me sentir indigno, sou o representante do apóstolo PEDRO, revestido da mesma dignidade dos meus veneráveis predecessores SILVÉRIO e AGAPITO que condenaram Antimo».
Teodora, despeitada, fica à espera de se vingar.
O imperador Justiniano, arrogando-se uma autoridade superior à do Papa, mete-se nos campos da teologia, gerando uma controvérsia  que ficou conhecida como «Controvérsia dos Três Capítulos».
Como os Monofisistas  chamavam Nestorianos aos seguidores do Concílio de Calcedónia, surgiu a ideia de publicar a condenação dos Três Teólogos já falecidos, entre os quais Teodoro de Mopsuéstia, suspeitos de Nestorianismo. Desse modo se calariam os Monofisistas sem se aludir ao Concilio de Calcedónia. A condenação tinha três Capítulos, daí o nome da Controvérsia, mas o édito foi considerado inoportuno e desnecessário pelo papa.
Aproveitando esta atitude de VIGILIO a imperatriz Teodora pensa na vingança e leva o imperador Justiniano a chamar o Papa a Constantinopla, a fim de o convencer a subscrever o decreto, tal como sob coacção, tinham feito os bispos orientais. VIGILIO recusa e o imperador dá ordens para que lho levem à força.
Estava a celebrar os ofícios sagrados na Igreja de Santa Cecília, em 22 de Novembro de 545, quando um grupo de soldados, chefiados por Antimo, interrompe a missa e o faz sair de Roma, sob escolta. Chegado à capital do Oriente, cerca de um mês depois, é recebido com fingida apoteose por Justiniano, mas VIGILIO sentiu que era prisioneiro.
De início teve coragem para não se submeter, mas acabou por subscrever a condenação dos «Três Capítulos».
Querendo salvaguardar a sua total adesão ao Concilio de Calcedónia e lamentando as dificuldades de um cargo que tanto ambicionara, sentiu que só lhe restava uma saída: a convocação de uma comissão episcopal. Justiniano não fez grandes reparos à proposta e publicou um novo édito com a condenação dos «Três capítulos».
VIGILIO refugia-se numa basílica da cidade, onde os soldados imperiais o vão procurar, mas resiste, apoiado pelo povo e alguns clérigos fiéis.
Na antevéspera de Natal de 551, iludindo as sentinelas, VIGILIO consegue evadir-se e com alguns amigos, entre eles o Bispo de Milão, chegar a Calcedónia, de onde, em 5 de Fevereiro de 552, escreve uma encíclica de esclarecimento e protesto ao mundo cristão, declarando a sua adesão inquebrantável à fé exarada nos quatro grandes concílios ecuménicos.
O imperador, vendo que nada consegue, escreve com hábil diplomacia, em tom amigo e humilde, e envia a carta por Belisário, a propor a reconciliação.
VIGILIO com garantia de protecção, regressa a Constantinopla certo de que assim lho exigia o bem da Igreja e propõe a realização de um Concilio Ecuménico em Itália. O Imperador concorda, mas na condição de o Concílio se realizar em Constantinopla e os bispos participantes serem por ele designados, excluindo representantes da Itália, Gália e Espanha e com poucos africanos. Nestas condições, VIGILIO recusa-se a participar e a 14 de Maio de 553 envia a Justiniano o célebre Constitum compilado em grande parte pelo seu auxiliar e sucessor PELÁGIO, onde expõe 60 proposições de Teodoro de Mopsuéstia, quase todas relativas a Cristologia, exprimindo sobre cada uma um  juizo enérgico e severo «em virtude da autoridade apostólica», mas negando-se a condenar a sua memória porque o Concílio de Calcedónia também o não fizera.
O imperador, furioso, manda encarcerar os diáconos, secretários de VIGILIO e ele, só, doente e já velho, acaba por concordar com a publicação proferida pelos bispos conciliares contra Teodoro de Mopsuéstia e dando anuência ao concilio conduzido contra a sua vontade.
A atitude de VIGILIO provocou efeitos nefastos no Ocidente e no Norte de África, onde foi interpretada como condenação do Concílio de Calcedónia e, implicitamente, a negação da infabilidade papal. Um sínodo reunido em Cartago, lança mesmo a excomunhão sobre o papa.
Com tudo isto, VIGILIO sente-se humilhado pela sua falta de coerência e firmeza e arrependido dos processos utilizados para chegar a Sumo Pontifice.
Justiniano, entretanto, permite-lhe que regresse a Roma, para onde partiu na Primavera de 555, mas não chegou ao seu destino porque, debilitado e enfermo, morreu em Siracusa, na Sicília.
Anote-se que durante o seu pontificado chega à Galécia, proveniente da Panónia (Hungria) São MARTINHO, que viria a ser chamado Dumiense (ou de Dume) em atenção à sua primeira sede episcopal em Dume, nos arredores de Braga, a também bracarense, por ter ficado à frente deste diocese de 569 a 579
Acontecimento de relevo durante este pontificado foi a morte de São BENTO (547).







PELÁGIO I 

Papa desde o ano 556 até ao ano 561


LX Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma, em 500. Era diácono da Igreja romana. Em 536 acompanhou o Papa AGAPITO I na sua viagem a Constantinopla. Faleceu em Roma, no Pórtico de São Pedro, em 3 de Março de 561.

HISTÓRIA

Foi diácono da Igreja Romana, aprocrisiário em Constantinopla, defendeu os «Três Capítulos», evitou o Cisma da Sicília e a morte dos romanos quando da invasão de Tótila.
Emissário dos três Papas anteriores, AGAPITO I, São SILVÉRIO e VIGILIO, de quem foi secretário, estava naturalmente indicado para ser seu sucessor.
A verdade é que houve um interregno de dez meses para que fosse eleito Papa, o que só aconteceu a 16 de Abril de 556; tal facto terá ficado a dever-se à prepotência do imperador Justiniano, então senhor do Império do Ocidente, que pretendia um Pontifice menos dificil que VIGILIO, ou que, ao menos, aceitasse, como ele, o Concílio de Constantinopla.
O certo é que PELÁGIO, que estivera ao lado de VIGILIO na questão dos «Três Capítulos» acabaria por reconhecer igualmente a legitimidade do Concilio, quem sabe se por pressão do imperador Justiniano, já que ele o fez Papa. A sua atitude anti-Bizâncio não foi bem aceite pelo clero italiano, chegando mesmo a gerar-se uma ameaça de Cisma, pela recusa da comunhão com ele, por parte dos bispos de Milão, Alquileia e Norte de África. Enfrentava então  forte oposição, uma vez que se duvidava da sua ortodoxia.
PELÁGIO entendeu que devia agir com clarividência e, para eliminar qualquer dúvida, publicou uma explicita declaração de fé com  adesão inequívoca aos concílios ecuménicos anteriores ao de Constantinopla, sem qualquer alusão a este para não ferir as susceptibilidades de qualquer das partes.
Por ocasião da Páscoa, celebrada com grande solenidade em São Pedro proferiu um inesperado juramento sobre os Evangelhos, protestando a sua total inocência quanto ás acusações que lhe faziam no campo da fé. Escreve mesmo ao rei Gildeberto, da Gália, declarando que em Constantinopla não se haviam discutido questões de fé e que, após a morte da imperatriz Teodora, já nada havia a temer.
Vencidos estes obstáculos procura reorganizar a vida eclesiástica de Roma, abalada pelas constantes e prolongadas ausências de VIGILIO em Constantinopla e, ao mesmo  tempo, empenha-se no auxilio material à população de Roma e outras cidades de Itália devastadas pelas guerras ente os Godos e Bizâncio e pelas incursões dos bárbaros alamanos e francos.
Nessa emergência, além da sua inesgotável caridade, revelou-se um administrador inteligente e prático dos bens pontifícios e mandou construir a Igreja dos Santos Apóstolos, em Roma. 

Nota:  Pouco depois do falecimento do Papa, realizar-se-ia o primeiro Concílio de Braga sob a presidência do Bispo LUCRÉCIO e com  a participação do Bispo de Dume, São MARTINHO e dos bispos ANDRÉ, de Iria, LUCÊNCIO de Coimbra e ainda os de Lugo, Tui, Astorga e Orense - concilio cuja importância sobressai nos assuntos tratados: necessidade dos concílios provinciais, uniformidade litúrgica; normas para o apostolado; disciplina eclesiástica; erradicação da heresia priscilianista.








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Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.

Textos recolhidos

In

O Papado  -  2000 Anos de História 
Ed. Círculo de Leitores - 2009

e

sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros






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