sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Nº 3 3 5 8 - (3) - O PAPADO - 2000 ANOS DE HISTÓRIA - 19 DE JANEIRO DE 2018,

Caros amigos:

NOVO ANO - NOVA VIDA

Como podem verificar desde o passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores. 

Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.


Atingi em 11 de Janeiro pois, o número de 100 Biografias dos primeiros 100 Papas da Igreja Católica (incluindo 11 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha). 

À média de 10 Papas por dia (o que, eventualmente - e contando com as Biografias mais longas - que, nesses casos, será drasticamente reduzida apenas a Uma) esta Lista no meu Blogue poderá durar até perto do fim do Ano de 2018.

Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos... 








Foto actual do autor




Nº  3 3 5 8 - (3)




19 de JANEIRO de 2018


Texto do livro 
O PAPADO - 2000 Anos de História
do Círculo de Leitores - 2009 
e compilado por Mendonça Ferreira 


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Beato GREGÓRIO X - Papa  

Papa desde o ano 1271 até 1276


CLXXXI Papa

SÍNTESE

Nasceu em Placência - Itália, em 1210. Chamava-se TEOBALDO VISCONTI. Era arcediago de Liége. Morreu em 10 de janeiro de 1276, em Arezzo. Foi beatificado em 1713, por CLEMENTE XI. Tem a sua festa a 10 de janeiro.





HISTÓRIA

 Depois da morte de CLEMENTE IV, seguiram-se dois anos e nove meses sem Papa eleito (Sede Vacante), pois os cardeais eleitores estavam divididos entre os partidários do conde de Anjou e os favoráveis aos Alemães, para restauração do Império, sem que fosse possível obter a maioria de dois terços de votos, necessária de acordo com as normas da eleição.
É então que São BOAVENTURA, ministro geral dos franciscanos, aconselha as autoridades e o povo de Viterbo, e estes, seguindo o conselho, erguem um muro à volta do local das reuniões, racionam a entrada de alimentos e destapam o telhado do palácio. Os 17 cardeais ali reunidos vêem-se obrigados a resolver tudo e a 1 de Setembro de 1271 elegem o arcebispo de Liége, TEOBALDO VISCONTI que se encontrava na Terra Santa, integrado na Cruzada de EDUARDO DE INGLATERRA.
Passaram-se mais seis meses at
é que, finalmente, o eleito chegou a Viterbo para receber as ordens sacerdotais, tendo sido sagrado Papa, em Roma, em 27 de Março de 1272, com o nome de GREGÓRIO X.
Para evitar casos semelhantes, GREGÓRIO X no Concilio de Lyon em 1274, promulga a constituição Ubi periculum, com normas obrigando que dez dias após a morte de um papa os cardeais eleitores se reúnam fechados à chave (e daqui nasce a palavra «conclave»), inteiramente incomunicáveis sob pena de excomunhão, recebendo apenas os víveres indispensáveis, e, passados três dias,  apenas um prato e, passados cinco dias, só pão e água.
Nesse concilio, que reuniu cerca de 500 bispos e abades, com a presença de diversos embaixadores de países cristãos, deu-se a desejada união entre as Igrejas de Roma e de Constantinopla, infelizmente pouco duradoura.
De facto, o imperador oriental, MIGUEL PALEÓLOGO, enviou dois representantes da Igreja do oriente ao concílio, os quais declaram acatar a autoridade do único representante de Cristo e, no cântico do Credo, repetiram por três vezes a palavra FILIOQUE, que era o pomo da discórdia desde 1054.
Terminado o concilio, quando os representantes bizantinos regressaram ao oriente, trataram de consumar a união numa missa cantada no palácio imperial, orando durante ele por «GREGÓRIO pontífice supremo da Igreja apostólica e Papa ecuménico». O clero grego, na sua maioria cismático, reagiu contra esta unidade conciliar, dando origem a diversos motins e cismas, que levaram a nova ruptura oito anos mais tarde.

Por ocasião do Concilio, falecem em 7 de março de 1274 o grande luminar da  ciência teológico-filosófica, São TOMÁS DE AQUINO, quando se dirigia para o Concilio, e São BOAVENTURA, a seguir à quarta sessão.
O próprio GREGÓRIO X pouco sobreviveu, pois, durante a viagem de regresso, morreu em Arezzo.
Foi um papa de profunda piedade, austero, de uma impressionante humildade e caridade e que, logo que faleceu, começou a ser venerado pelo povo como santo, tendo o seu culto sido confirmado em 1713, pelo Papa CLEMENTE XI.
No que respeita a Portugal, GREGÓRIO X interveio nas divergências entre o rei Dom AFONSO III e o clero, ordenando ao Monarca, pela bula De regno Portugaliae, que reparasse os danos causados à Igreja, sob pena de excomunhão, mas Dom AFONSO III só acatou a ordem de Roma à hora da morte.


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Beato INOCÊNCIO V  -  Papa  

Papa no ano 1276

CLXXXII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Champigny - Sabóia, em 1225. de uma família nobre. Chamava-se PIERRE DE TARENTAISE. Foi professor de Teologia na Universidade de Paris. Era frade dominicano. Foi arcebispo de Lyon, em 1222, e cardeal-bispo de Óstia, em 1223. Morreu em 22 de Junho de 1276. Foi beatificado pelo papa LEÃO XIII. Tem a sua festa a 22 de Junho.




HISTÓRIA

Foi admitido, ainda criança, no convento dominicano de Lyon, completou a sua educação na Universidade de Paris, tendo ALBERTO MAGNO como mestre, e depois de ordenado sobressaiu pela suja eloquência e, principalmente, como professor de Teologia, a ponto de ser designado por «Doctor famosíssimus».
Quando era arcebispo de Lyon, foi nomeado por GREGÓRIO X para preparar o segundo concilio naquela cidade.
A sua grande capacidade levou-o a ser eleito papa em 21 de Janeiro de 1276, tomando o nome de INOCÊNCIO V
Muito se esperava deste papa, mas teve um breve pontificado de escassos cinco meses. Ainda começou a organizar uma Cruzada para libertar a Espanha de uma poderosa invasão de sarracenos, procurou consolidar a união entre as Igrejas Ortodoxa e Romana, conseguida no Concilio de Lyon, tratou de conciliar Guelfos e Gibelinos na Itália, tratou de restaurar a paz entre as cidades de Pisa e de Lucca, foi intermediário entre RUDOLFO DE HABSBURGO e CARLOS DE ANJOU, retirou o embargo que pesava sobre Florença. 
Foi autor de numerosas obras sobre Filosofia, Teologia e Direito Canónico, sendo a principal os Comentários às Sentenças de Pedro Lombardo.







ADRIANO V - Papa

Papa desde 1276


CLXXXIII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Trigoso - Itália, entre 1210 e 1215, pertencia à família dos Fieschi, condes de Lavagna e era sobrinho do papa INOCÊNCIO IV. Chamava-se OTTOBONO DE FIESCHI. Era um simples diácono com o título honorifico de Cardeal. Morreu em Viterbo, inesperadamente, em 11 de Agosto de 1276.

HISTÓRIA

Foi enviado de INOCÊNCIO IV a pregar uma Cruzada em Inglaterra e a reconciliar HENRIQUE IV com os seus barões.
Foi eleito Papa em 11 de Julho de 1276, mas não chegou a ser coroado. No entanto, nesse mês de Pontificado, declarou abolidas as normas de GREGÓRIO X, morrendo antes de as substituir.
Foi sepultado na Igreja de São Francisco, em Viterbo, atribuída a ARNOLFO DE CAMBIO.


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JOÃO XXI - Papa

Papa desde o ano 1276 até ao ano de 1277 


CLXXXIV Papa 


SÍNTESE

Nasceu em Lisboa entre 1205 e 1021. Chamava-se PEDRO JULIÃO, mas era conhecido por PEDRO HISPANO. Filho de um médico, ingressou na Universidade de Paris, onde frequentou as aulas de Dialéctica, Lógica, Física Aristotélica e Metafísica e obteve o grau de mestre em Filosofia. Cursou medicina, provavelmente em Montpellier. Ensinou Medicina na Universidade de Siena, entre 1245 e 1250. Foi médico particular do papa GREGÓRIO X. Era cardeal de Túsculo, eleito pelo papa GREGÓRIO X. Morreu em 20 de maio de 1277, menos de um ano depois de ter sido eleito.




HISTÓRIA

 PEDRO JULIÃO, tornou-se o único Papa português, ao ser eleito em 15 de Setembro de 1276, com o nome de JOÃO XXI

"Dizem os historiadores que deveria ter-se chamado JOÃO XIX, mas erros cometidos com JOÃO XIV e um Anti-Papa, com o nome de JOÃO XX, que nunca existiu, determinaram que fosse JOÃO XXI".

Como PEDRO HISPANO, muito tempo antes de ser papa e até com o nome de PEDRO HISPANO PORTUCALENSE, escreveu algumas obras famosas. Destacam-se: Summulae logicales, um compêndio de lógica, adoptado nas universidades europeias e com mais de 260 edições impressas entre 1474 e 1639; Scientia libri de anima, um tratado de Psicologia; e Thesaurus Pauperum = «O Tesouro dos pobres», sobre medicina, com 81 edições em diversas línguas.
Regressado a Portugal, esteve na diocese de Lisboa, foi arcebispo e prior de Santa Maria de Guimarães e chegou a ser nomeado Deão para a diocese de Braga, mas não pôde aceitar, porque no Concilio de Lyon foi nomeado por GREGÓRIO X bispo-cardeal de Túsculo.
Foram as suas grandes qualidades pessoais e intelectuais que o tornaram preferido dos cardeais eleitores, mas pouco tempo de pontificado, cerca de oito meses, não o deixou fazer mais. Mesmo assim, saíram da sua chancelaria mais de uma centena de documentos importantes.
Interveio com prudência, mas com energia, no conflito entre FILIPE, de França e AFONSO o Sábio, de Castela, e empenhou-se em salvar as possessões cristãs na Terra Santa, ameaçadas pelos muçulmanos, desenvolvendo uma intensa actividade diplomática, enviando Núncios a diversas nações e ao próprio rei dos Tártaros, que lhe tinha pedido evangelizadores da fé cristã.
Quanto à Igreja do oriente, pretendendo consolidá-la, enviou emissários ao imperador MIGUEL PALEÓLOGO, convidando-o a proceder em conformidade com o acordado pelos seus embaixadores no Concílio de Lyon.
No campo doutrinal, JOÃO XXI interveio na Universidade de Paris, ao constar-lhe que havia perigo de deixar contaminar a filosofia tradicional com o aristotelismo averroísta - ,ordenou uma investigação da qual saíram condenadas 219 teses defendidas pelos seus professores.
Mostrando impressionante sensibilidade, concedia audiências a ricos e pobres, por igual, a qualquer hora, mostrando especial predilecção pelos estudantes e homens de letras, a quem protegeu.
Morreu vítima do desmoronamento de uma estância por ele mandada construir em Viterbo e ficou sepultado na catedral da cidade.
Quanto a Portugal, o seu país de origem, teve uma actuação perfeitamente imparcial.
Logo que soube da eleição, Dom AFONSO III escreveu-lhe falando da corrupção e dos excessos do clero, tentando demonstrar que era ele que tinha razão.
JOÃO XXI escreveu-lhe a dizer que apenas pretendia promover a paz em Portugal, de modo a que o país pudesse encontrar sempre na Igreja uma verdadeira mãe. Terminava notificando-o do envio de um legado português, com o qual o rei poderia trocar impressões sobre o assunto.
Chegado o Núncio, o franciscano FREI NICOLAU em Fevereiro de 1277, Dom AFONSO III continuou com evasivas e a dissimular. FREI NICOLAU, esgotados todos os recursos para um entendimento e com o apoio de todo o clero e do povo, publica solenemente as disposições da Bula Papal na porta da catedral, declarando lançado todo o interdito a todo o reino e excomungado o Monarca. Dom AFONSO III só viria a arrepender-se à hora da morte e, em 16 de Fevereiro do ano seguinte, fez vir à sua presença o bispo de Évora Dom DURÃO, os vigários do bispado de Lisboa e os párocos dos Dominicanos  e dos Franciscanos, bem como alguns fidalgos da corte, e perante eles jurou sobre os Evangelhos submeter-se à vontade da santa Sé, devolvendo o que tinha indevidamente tomado e exortado mo seu sucessor Dom DINIS, a cumprir as suas últimas vontades.
Este Papa português, um grande intelectual, homem sério e cheio de virtudes, apenas teve pouco tempo para fazer o muito que poderia ter feito pela Igreja e pela Cristandade.








NICOLAU III - Papa

Papa de 1277 a 1280


CLXXXV Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma, em 1212, sendo descendente de uma familia ilustre, o seu pai fora senador e amigo de São FRANCISCO DE ASSIS. Chamava-se GIOVANNI GAETANO ORSINI. Era cardeal-diácono de São NICOLAU, nomeado por INOCÊNCIO IV. legado de vários papas junto de cortes europeias e inquisidor-geral, nomeado por INOCÊNCIO IV. Morreu em 22 de Agosto de 1280, no castelo de Seviano, perto de Viterbo.



HISTÓRIA

Só passados seis meses após a morte de JOÃO XXI se encontrou um substituto à altura do Pontifice falecido.
Os cardeais eleitores continuavam divididos entre um papa francês ou italiano e não conseguiam fazer a eleição.
Os habitantes de Viterbo, onde estavam reunidos, fartos de esperar, recorreram aos processos de GREGÓRIO X e tornam os cardeais incomunicáveis, até que, em 25 de Novembro de 1277, elegeram o Cardeal GIOVANNI ORSINI que tinha já 60 anos. O novo papa foi sagrado no Vaticano a 26 de Dezembro desse ano e tomou o nome de NICOLAU III, começando imediatamente a governar a Igreja com grande autoridade. Comparável a INOCÊNCIO III como diz Seppelt «profundamente compenetrado da dignidade própria de um representante de Cristo e sucessor do Principe dos Apóstolos» ou representante de uma ilustre familia romana «possuindo um conceito principesco da própria pessoa que o levaria a praticar um nepotismo sem limites», no dizer de GREGOROVIOUS.
NICOLAU III foi um papa voltado para os interesses mundanos e políticos. Nessa linha e para enfraquecer o poder de CARLOS DE ANJOU procurou relacionar-se com ROBERTO DE HABSBURGO, convidando-o a confirmar os acordos estabelecidos com GREGÓRIO X mediante um documento que indicasse exactamente os territórios da santa Sé. A 11 de Julho de 1278, pela constituição Fundamenta militantis Ecclesial, fica estabelecido que os senadores se sujeitam ao poder papal, salvaguardando o direito eleitoral dos cidadãos romanos, bem  como o dos cardeais, a quem competia eleger, com plena liberdade, os sucessores de PEDRO.
Foi um Papa ambicioso, mais terreno que espiritual, dado a um luxo excessivo, nesse espírito, mandou ampliar o Vaticano, iniciando os seus famosos jardins, reestruturou a basilica Lateranense e renovou a Basilica de São Pedro, com uma galeria de todos os Papas falecidos.
Empenhou-se também na reconciliação com a Igreja do oriente.
Aprovou a Regra da Ordem de São Francisco.
Um ano antes da sua morte, publicou a constituição Exiit qui seminat, fundamental para interpretar a Regra de São Francisco, aprovando aí a estrita observância da pobreza.
Faleceu perto de Viterbo, vítima de apoplexia, sendo sepultado no Vaticano.






MARTINHO IV - Papa


Papa desde o ano 1281 até 1285.


CLXXXVI Papa

SÍNTESE

Nasceu nas proximidades de Angers - França. Chamava-se SIMON DE BRION. Foi sacerdote em Ruão, desde 1260, grão chanceler do Selo e chanceler do rei de França, LUÍS IX. Em 1261 era cardeal e foi legado papal na corte de França. Morreu em Perúsia, em 28 de Março de 1285.


HISTÓRIA

Foi eleito num conclave realizado em Viterbo, muito perturbado por motins iniciados em Roma numa luta entre as famílias ANIBALDI e ORSINI para conseguirem eleger senadores.
CARLOS DE ANJOU, no seu intento de dominar Roma, sequestrou dois Cardeais ORSINI e, pressionando-os, conseguiu a eleição de um papa francês em 22 de fevereiro de 1281, depois de seis meses de Sede vacante.

O novo Papa foi consagrado em Orvieto, um mês depois, a 23 de março de 1281, e escolheu o nome de MARTINHO IV, quando deveria ter-se chamado MARTINHO II, mas devido á confusão com o nome dos Papas MARINHO I e MARINHO II, também chamados erradamente, MARTINHO II e MARTINHO III, preferiu optar por MARTINHO IV, acabando com as confusões.
Este Papa foi pouco hábil politicamente e deixou-se dominar por CARLOS DE ANJOU, restituindo-lhe o título de senador de Roma e entregando a franceses a administração dos estados Pontifícios.
Na tentativa de CARLOS DE ANJOU de se apoderar do Império do oriente, apoio-o contra o Imperador MIGUEL PALEÓLOGO o que levou ao rompimento da união das Igrejas do oriente e do Ocidente, conseguida em 1274.,
A maior nódoa do seu pontificado  foram as chamadas «Vésperas Sicilianas» um massacre terrível, ocorrido quando os Sicilianos quiseram libertar-se da tirania de CARLOS DE ANJOU.
Faleceu em Perúsia o Papa que residia em Orvieto, sem nunca ter morado em Roma.














HONÓRIO IV - Papa 

Papa desde o ano 1285 até ao ano 1287

CLXXXVII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma, em 1210, no seio de uma familia romana, muito influente. Chamava-se GIOVANNI SAVELLI e era sobrinho-neto do Papa HONÓRIO III. estudou na Universidade de Paris. Foi superior da Igreja de Berton, diocese de Norwich. Era cardeal desde 1261. Morreu em 3 de Abril de 1287.



HISTÓRIA

Pela morte de CARLOS DE ANJOU, os cardeais eleitores foram breves na eleição do novo Papa, em Perúsia, em 2 de Abril de 1285, Aos 75 anos e quase paralítico, o cardeal SAVELLI tomou o nome de HONÓRIO IV.
A doença do papa, a gota, agravou-se e viu-se na necessidade de transferir o cargo para seu irmão, PANDOLFO SAVELLI, atingido pelo mesmo mal.
A este respeito. GREGOROVIOUS escrevia: 
«Coisa singular era ver estes dois irmãos, um como Papa, outro como senador incapazes de se moverem. HONÓRIO encontrava-se tão encolhido de mãos e pés que não podia aguentar-se de pé e, ao celebrar, necessitava de ajudar-se de um mecanismo para elevar a hóstia, enquanto PANDOLFO se fazia transportar numa cadeira. Contudo, estes dois excelentes homens albergavam um espírito robusto, sendo pela sua prudência  e energia, dignos de apreço».
HONÓRIO IV, mesmo doente  empenhou-se em restaurar a paz, alterada por CARLOS DE ANJOU, e, como prova de boa vontade, levantou o interdito a Viterbo, lançado por MARTINHO IV.
Aprovou definitivamente a ordem carmelita e a dos Eremitas de Santo Agostinho, protegeu as ordens mendicantes, ao mesmo tempo que condenou a seita dos chamados «Irmãos Apostólicos», que, professando um misticismo muito suspeito, podia conduzir à heresia.
Na Universidade de Paris, foi muito acertada a sua intervenção em ordem à aprendizagem do árabe e outras línguas orientais, que facilitassem a missionação dos muçulmanos.
Após um pontificado positivo  e pacifico, apesar de atormentado pela doença HONÓRIO IV faleceu, sendo sepultado no Vaticano. Mais tarde o papa PAULO III mandou trasladar os seus restos mortais para Aracoeli, para junto dos de sua mãe.









NICOLAU IV - Papa 

Papa nos anos 1288 até 1292

CLXXXVIII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Lisciano - Itália, em 1230. Chamava-se GIROLAMO MASEI DE ASCOLI. Era franciscano. Foi professor de Filosofia e teologia,  ministro-geral da Ordem Franciscana e cardeal-bispo de Palestrina, desde 1281. Morreu em 4 de Abril de 1292.



HISTÓRIA

Depois de onze meses de Sede Vacante, foi eleito, em 22 de Abril de 1288, o cardeal GIROLAMO MASEI DE ASCOLI, o primeiro Papa franciscano, que tomou o nome de NICOLAU IV
Começou por viver em Roma, mas a situação tornou-se caótica e teve de se refugiar em Riéti.
Durante o seu pontificado deu-se a queda de São João de Acre. NICOLAU IV consegue que se faça nova Cruzada para socorrer os Lugares Santos, mas a armada cristã. ao chegar, vê a inutilidade da sua intervenção, com os desentendimentos entre as tropas de Pisa e de Génova e entre os Templários e os Hospitalários, e resolve regressar sem entrar em combate.
Perdia a Terra Santa, NICOLAU IV procura intensificar a acção missionária da Igreja entre os Mongóis. Já INOCÊNCIO IV tinha enviado, em 1245, legados com cartas suas ao rei e povo tártaro, mas isso não originou qualquer movimento de conversão. Agora, inesperadamente, chega Roma um enviado de Argun, Cã da Pérsia, um embaixador recentemente convertido, com uma saudação para o Papa. Em resposta, NICOLAU IV envia dois legados seus, mas quando chegaram já o tinha morrido.
NICOLAU IV enviou a Pequim o franciscano MONTE CORVINO com cartas para o imperador, para alguns patriarcas e para os reis da Geórgia, Pérsia e Etiópia. MONTE CORVINO chegou a Pequim em 1293, entregando as cartas ao imperador, mas já NICOLAU tinha falecido, sendo enterrado em Santa Maria Maior.
Durante o seu pontificado, além da preocupação com o Oriente, NICOLAU IV procurou dar incremento à cultura fundando as universidades de Montepulciano e Montpellier. Também a Universidade de Lisboa ficou ligada ao seu nome, pois, com data de 12 de Novembro de 1288, vários religiosos portugueses, entre eles o Abade de Alcobaça e os priores de Santa Cruz de Coimbra, de Santa Maria de Guimarães e da Colegiada de Alcáçova, em Santarém, escrevem uma carta ao papa pedindo autorização para utilizarem as rendas dos mosteiros e Igrejas no pagamento aos mestres e doutores do Studium que tencionavam criar em Lisboa.
NICOLAU IV, por Bula de 9 de Agosto de 1290, não só autoriza, como concede alguns privilégios aos professores e alunos, confirmando o ensino de cânones, leis, medicina e artes e autorizando a concessão de licenciaturas, que seriam conferidas, ou confirmadas, pelo Bispo Lisbonense.
NICOLAU IV conseguiu, também, pôr fim em Portugal às dissensões entre o poder real e o clero, que já se arrastavam desde o reinado de Dom AFONSO II e agravara por Dom AFONSO III. Com a subida de Dom DINIS  ao trono, elaborou-se uma concordata  que foi aprovada por NICOLAU IV, na Bula  Cum olim, de 7 de Março de 1289.














São CELESTINO V -  Papa

Papa no ano 1294

CLXXXIX Papa

SÍNTESE

Nasceu em Isérnia, Apúlia - Itália em 1221, de uma familia humilde. Chamava-se PEDRO CELESTINO, também conhecido por PEDRO DEL MORRONE. Era abade beneditino  e eremita. Morreu em 19 de Maio de 1296, no castelo de Anagni. Foi canonizado por CLEMENTE V em 1313. Tem a sua festa a 19 de Maio.





HISTÓRIA

PEDRO CELESTINO, aos seis anos, disse à mãe: «Mamã, quero ser um bom servo de Deus..
E assim foi. Viveu dez anos como eremita, depois foi para Roma, ordenou-se e entrou para a Ordem beneditina. Depois voltou a ser eremita com o nome de PEDRO DEL MORRONE, nome tirado do morro onde estava a cela que edificara para viver.
Em 1251 fundou, com mais dois companheiros, um pequeno convento perto do morro Majella e o superior deu à ordem o nome de CELESTINO (aprovada por URBANO IV em 1264 e filiada nos beneditinos).
Era este o escolhido para a tiara papal, mas a sua eleição, por desentendimento entre os cardeais eleitores, só foi conseguida ao fim de 27 meses de Sede Vacante, em 5 de Julho de 1284, em Perúsia, tomando o nome de CELESTINO V. O novo Papa era um homem de quase 80 anos, que muito hesitou na aceitação de tão dificil cargo, mas acabou por concordar por imperativo der consciência.
Na sua sagração aconteceu o insólito. Viu-se um ancião de longas barbas brancas, montando num jumento escanzelado, conduzido pela arreata por CARLOS II DE ANJOU e por seu filho CARLOS MARTEL, a ser delirantemente aclamado pela multidão.
PTOLOMEU DE LUCCA, testemunha ocular, descreve assim a cena: 
«Eram mais de 200 mil na sua coroação e eu no  meio deles. E o mais estranho e que não vinham para pedir prebendas, mas apenas para serem abençoados pelo novo Papa, que teve de estar quase todo o dia à janela vencido pelo clamor de todos os quem lhe pediam que os abençoasse».
CELESTINO V um homem simples, não se sentindo bem no palácio pontifício, pediu que lhe arranjassem uma simples cela, onde passou a viver, procurando conciliar os seus costumes de anacoreta com o governo da Igreja.
Era um homem tímido. ingénuo, inexperiente e inculto, que mal sabia latim e que se sentia diminuido ao ter de tratar com os altos personagens que recebia.
CARLOS DE ANJOU aproveitou-se disso e levou-o a aceitar a viver em Áquila, onde conseguiu que aprovasse várias decisões.
CELESTINO V, demasiado bom para ser desconfiado e não tendo ciência jurídica, deixou-se manobrar e caiu em armadilhas, como a de nomear arcebispo de Lyon um filho de CARLOS DE ANJOU, que tinha apenas 21 anos, e criar, duma assentada, 12 cardeais, dos quais 7 franceses e 2 napolitanos, favoráveis às pretensões de CARLOS DE ANJOU não havendo um único romano.
A quantidade de abusos era tal que chegou a dizer-se que ele governava, não com a plenitude do seu poder, mas da sua simplicidade.
Felizmente para ele, num acto de lucidez, que só uma alma santa e humilde poderia tomar, sentindo que não tinha capacidade para governar e depois de consultar os juristas, resolveu renunciar.
Ainda tentaram demovê-lo, mas CELESTINO V apoiado em juristas doutos e prudentes, como o célebre cardeal Gaetani, manteve a decisão. Convoca um consistório, perante o qual, sem os adornos pontifícios e sentado no chão, proclama a sua renúncia, a 13 de Dezembro de 1294. Tinha governado a Igreja apenas durante cinco meses.
Sentia saudades da sua vida de penitente e de ermita, mas como havia o perigo de se criar à sua volta um movimento de lunáticos, o douto cardeal Gaetani obrigou-o a recolher-se ao castelo de Frosinone, em Anagni, onde permaneceu em «honesta reclusão» até à morte.
O facto de a protecção a CELESTINO V ter sido dada pelo cardeal Gaetani, que foi o seu sucessor com o nome de BONIFÁCIO VIII, levou muitos partidários de CELESTINO V e até, posteriormente, historiadores a acusá-lo de oportunista e de ter sido ele a obrigar CELESTINO V a abdicar, vivendo depois quase como prisioneiro. A maioria das opiniões parece, contudo, não concordar com este ponto de vista. De qualquer forma, perante um homem bom e simples como era PEDRO CELESTINO, o Papa CELESTINO V, a forma como o cardeal Gaetani procedeu deixa muitas dúvidas quanto aos seus motivos.













BONIFÁCIO VIII  -  Papa

Papa de 1294 a 1303

CLCX Papa

SÍNTESE

Nasceu em Anagni - Itália, em 1230, de uma familia abastada, de origem espanhola. Chamava-se BENEDETTO GAETANI. Estudou em Todi, em Espoleto e em Paris. Era cardeal-diácono desde 1281 e foi ordenado presbitero, sendo cardeal-presbitero em 1291. Doutorou-se em Direito Civil e Canónico, sendo escolhido por INOCÊNCIO IV para advogado consistorial e notário papal. Morreu em 11 de Outubro de 1303, em Roma.




HISTÓRIA


 O  Cardeal GAETANI era, aquando da morte de CELESTINO V, uma pessoa controversa. Os partidários do falecido Papa acusavam-no de o ter obrigado a abdicar e tê-lo mantido prisioneiro até à  morte.
As suas atitudes levaram DANTE ALIGHIERI a colocá-lo no seu Inferno, entre os simoníacos, e , séculos mais tarde, escritores como JEAN DUCHÉ, na História do Mundo, no volume O Fogo de Deus, avalia-o deste modo: 
«O Cardeal GAETANI era um homem com temperamento apaixonado, autoritário, desabrido e mesmo assim foi BONIFÁCIO VIII».
Em 1300, por ocasião das festas do Jubileu Secular, grandes multidões acorreram a Roma e aí o Papa aparece diante dos peregrinos vestido com as insignias imperiais, enquanto os arautos gritavam: «Eu sou César! Eu sou o Imperador!" À frente dele mandou levar dois gládios».
Foi neste Jubileu que BONIFÁCIO VIII regulamentou a tiara, atribuindo-lhe a altura de uma vara, em virtude de NOÉ ter construído a Arca usando essa medida, tiara que orna com numa segunda coroa manifestamente temporal.
Este era o homem que os cardeais eleitores escolheram para Papa em 24 de Dezembro de 1294 e que, entronizado em Roma, em 23 de Janeiro de 1295 tomou o nome de BONIFÁCIO VIII.
Pouco depois de eleito, saiu de Nápoles para Roma, para fugir à influência de CARLOS II, que tanto mal tinha causado ao seu antecessor.
CARLOS II, rei de Nápoles, ainda tentou a amizade e os favores do novo Papa, conduzindo pelas rédeas o palafrém que ele cavalgava no dia da coroação, mas BONIFÁCIO VIII não se deixou submeter ao poder temporal. Dai, talvez, a segunda coroa da tiara pontifícia por ele introduzida em 1300, para afirmar a sua independência também como senhor temporal.
A sua luta com FILIPE o Belo, rei de França, demonstrou a clareza da sua concepção de poder, Na bula intitulada Clericis laicos, declarou os leigos inimigos do clero e em 1302 editou a famosa Bula Unam sanctam, em que sobrepunha as funções do papa ao poder secular, lembrando ao Monarca a antiga imagem das «duas espadas» (a temporal e a espiritual), esta que deve estar sempre nas mãos da grelha e aquela com obrigação de ser manejada a favor e não contra ela. BONIFÁCIO VIII culminou essa intervenção com a frase «Declaramos e definimos que a todo o homem é necessária, para se salvar, a sujeição ao Papa».
O rei de França desencadeia uma furiosa campanha contra o papa, utilizando as  maiores calúnias, chegando a afirmar que ele era simoníaco e herege.
Mesmo sem acreditarem em FILIPE o Belo, ele conseguiu criar um ambiente  de animosidade contra o papa, apoiado pelos partidários de CELESTINO V.
Depois de várias Bulas que não eram aceites pelo rei de França e das inevitáveis excomunhões por parte do papa, FILIPE o Belo, resolveu apoderar-se de BONIFÁCIO VIII para o fazer julgar num tribunal nacional e conseguiu um levantamento contra ele, com o apoio dos Colonna, partidários de CELESTINO V.
Vários mercenários conseguem entrar no palácio papal, em Anagni, saqueando-o e maltratando o Sumo Pontifice, mas BONIFÁCIO VIII mostrou-se digno e corajoso. Envergando as suas vestes papais, com a tiara posta segurando as chaves, insignia do poder pontifical, e o crucifixo contra o peito, enfrentou, sereno, os adversários, declarando: «Já que fui abandonado como Cristo, penso morrer como um papa». Depois, aos que o insultavam, respondeu sereno: «Aqui tendes o meu pescoço e a minha cabeça».
Mas as ordens de FILIPE o Belo, eram que ele fosse levado para França sob prisão e, em 3 de Setembro de 1303, GUILHERME DE NOGARET em nome do rei, aprisionou-o durante três dias sem qualquer alimento, até que o povo de Anagni e amotinou e o libertou, conduzindo-o a Roma, onde foi recebido em triunfo.
Pouco depois, atraiçoado pelos ORSINI, que o retiveram prisioneiro, abalado física e psiquicamente, faleceu em Roma e foi sepultado na cripta do Vaticano.
Figura controversa, atacado, por muitos, difamado por outros, não se pode negar que foi um papa virtuoso e devotado defensor dos direitos da Igreja.
A ele se ficou a dever o sexto livro das Constituições Pontifícias (compilação das publicadas pelos pontífices antecedentes) e dois sermões para a canonização de São LUÍS, rei de França, bem como as composições Ave Virgo e Deus qui pro redemptione mundi.
Elevou à maior solenidade litúrgica a festa dos Apóstolos e Evangelistas. restabeleceu a Biblioteca do Vaticano e fundou as universidades de Fermo e Sapienza, em Roma, Ordenou o restauro das grandes basílicas romanas, concluindo a catedral de Orvieto.
Também apoiou artistas, como GIOTTO, autor do seu retrato, conservado em São João de Latrão.

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Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.

Textos recolhidos

In

O Papado  -  2000 Anos de História 
Ed. Círculo de Leitores - 2009

e

sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros






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