Caros amigos:
NOVO ANO - NOVA VIDA
Como podem verificar desde o passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores.
Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.
Atingi em 20 de Janeiro exactamente, o número de 200 Biografias dos primeiros 200 Papas da Igreja Católica (incluindo 33 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha).
Com a média de publicação de 10 Papas por dia = 20 dias, estão publicadas 200 biografias, faltando apenas pouco mais de 60 (o que, significa que em principio, daqui a 5 dias, no fim deste mês 31 de Janeiro) ficarão 50 editadas.
Em 22 de Janeiro, porém, dado o extenso número de Anti-papas que se intercalaram entre o Papa CCI - INOCÊNCIO VII e CCIV - EUGÉNIO IV - «8 Anti-papas», decidi alterar o Nº de publicações, pelo que a partir de agora, as publicações serão em menor número, e, por consequência a minha previsão de poder terminar no fim do corrente mês, já não poderá ser cumprida.
Por este motivo, e também porque como já disse anteriormente as biografias passarão a ser mais longas - veja-se o caso de JOÃO PAULO II, o número de publicações diárias será mais reduzido.
Assim, termine ou não até 20 de Fevereiro (data do meu aniversário) que inicialmente tinha colocado como meta, poderá não ser atingido, ou antes, poderá ser ultrapassado, mas não faz mal.
Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos...
Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.
Atingi em 20 de Janeiro exactamente, o número de 200 Biografias dos primeiros 200 Papas da Igreja Católica (incluindo 33 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha).
Com a média de publicação de 10 Papas por dia = 20 dias, estão publicadas 200 biografias, faltando apenas pouco mais de 60 (o que, significa que em principio, daqui a 5 dias, no fim deste mês 31 de Janeiro) ficarão 50 editadas.
Em 22 de Janeiro, porém, dado o extenso número de Anti-papas que se intercalaram entre o Papa CCI - INOCÊNCIO VII e CCIV - EUGÉNIO IV - «8 Anti-papas», decidi alterar o Nº de publicações, pelo que a partir de agora, as publicações serão em menor número, e, por consequência a minha previsão de poder terminar no fim do corrente mês, já não poderá ser cumprida.
Por este motivo, e também porque como já disse anteriormente as biografias passarão a ser mais longas - veja-se o caso de JOÃO PAULO II, o número de publicações diárias será mais reduzido.
Assim, termine ou não até 20 de Fevereiro (data do meu aniversário) que inicialmente tinha colocado como meta, poderá não ser atingido, ou antes, poderá ser ultrapassado, mas não faz mal.
Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos...
Foto actual do autor
Nº 3 3 6 6 - (3)
Texto do livro
O PAPADO - 2000 Anos de História,
do Círculo de Leitores - 2009
e compilado por Mendonça Ferreira
**************
LEÃO XII - Papa
Papa desde o ano 1823 até 1829
CCL Papa
252º na Wikipédia
252º na Wikipédia
SÍNTESE
Nasceu em Genga, perto de Espoleto - Itália em 22 de Agosto de 1760. Chamava-se ANIBALE DELLA GENGA, de uma familia nobre. Estudou no Colégio Campana, em Ósimo e depois em Piceno e Roma, onde foi ordenado subdiácono e sacerdote. Foi arcebispo de Tire, secretário privado de PIO VI, legado em Lucerna, Colónia e Munique, cardeal-bispo de Senigalia e vigário-geral de Roma, nomeado por PIO VII em 1820. Em 1805 representou o papa PIO VII na Dieta de Ratisbona. Morreu em 10 de fevereiro de 1829.
HISTÓRIA
Os 49 Cardeais reunidos em Conclave inclinavam-se para a escolha do cardeal CONSALVI, braço direito de PIO VII, que, por ser intransigente e conservador, não agradava aos reis de França e da Áustria, que não queriam um Papa demasiado rígido. O conclave acabou por eleger em 5 de Outubro de 1823, o cardeal DELLA GENGA, um homem enfermo, que chegou a dizer: «Elegestes um cadáver», mas acabou por aceitar, tomando o nome de LEÃO XII em memória de LEÃO MAGNO que admirava de modo especial.
Mesmo de aspecto débil, mostrou-se um Papa reformador e com grande rigor moral. A prova disso é a encíclica por ele publicada em 3 de maio de 1824, a prevenir os bispos e os fiéis contra os inimigos mais perigosos da Igreja: o indiferentismo religioso, que conduzia ao materialismo, o filosofismo, que espalhava erros entre os incautos, e as chamadas «sociedade bíblicas», de inspiração racionalista e protestante, que, ao difundirem o conhecimento das Escrituras, lhe alteravam o verdadeiro sentido.
Dois anos depois publica a Bula Qua graviora contra as sociedades secretas e maçónicas.
Dentro da linha reformista e revigoradora da fé, restituiu o Colégio Romano aos jesuítas, para a formação superior do clero, estabeleceu o Colégio Irlandês, incrementou os estudos no Colégio Germânico e celebrou o Ano Santo em 1825, em acção de graças pelos perigo de que a Igreja saíra depois das profanações praticadas durante as campanhas napoleónicas. Nesse Ano Santo, ele próprio visitou descalço as diversas basílicas para ganhar as indulgências.
A nível internacional, assinou concordatas com a Alemanha, países baixos e Suiça e interessou-se pelas novas nações da América Latina e pelo movimento separatista dos católicos irlandeses chefiados por Daniel O' Connel.
A propaganda liberal na França e na Inglaterra apresentavam LEÃO XII como um Papa que fomentava o regresso ao obscurantismo e à mentalidade inquisitorial.
Em Portugal, havia a reacção aos dois anos de governo liberal e, muito embora não se desse grande destaque à Igreja, tinham acabado as hostilidades do tempo do liberalismo.
Em Roma, LEÃO XII dizia ao Marquês do Lavradio, que advogava a causa de Dom MIGUEL: «Dizei-me o que posso fazer. Contudo, devo declarar-vos que prefiro Dom MIGUEL a Dom PEDRO e estimarei ver-.me em condições de o poder reconhecer».
Em 1 de Novembro de 1826 as chuvas torrenciais que inundaram a cidade de Tivoli causaram avultados prejuízos, mas LEÃO XII logo determinou que a cidade só pagasse um quinto dos prejuízos e o estado o restante.
Reconstruiu a Basilica de São Pedro, destruída por um incêndio.
Mandou meter os judeus nos guetos que tinham sido suprimidos durante a revolução e baixou os impostos e as custas da justiça.
Foi um papa pouco popular, que não conseguiu conquistar o amor do povo, devido ás medidas drásticas que tomou na repressão das sociedades secretas e pela intolerância ao liberalismo politico.
PIO VIII - Papa
Papa desde o ano 1829 até 1830
CCLI Papa
253º na Wikipédia
SÍNTESE
Nasceu em Cingoli - Itália em 1761. Chamava-se FRANCESCO SEVERIO CASTIGLIONE , sendo membro de uma familia feudal. estudou em Ósimo, com os Jesuitas, e Direito Canónico em Bolonha e Roma. Vigário geral de Anagni e depois Cingoli e Fano, foi bispo de Montalvo, cardeal-bispo de Cesena (1816) e de Frascati (1821), nomeado por PIO VII. Morreu em 30 de Novembro de 1830.
HISTÓRIA
As divergências entre as cortes de França e da Áustria dificultavam a resolução dos cardeais reunidos em Conclave, que acabaram por eleger, em 5 de Abril de 1829, o cardeal CASTIGLIONE, homem de certa idade, enfermo e quase incapacitado, que tomou o nome de PIO VIII.
Era um homem muito competente, de sólida formação e de grande virtude. A sua valentia ficara demonstrada e era lembrada por ter sido feito prisioneiro quando os Franceses invadiram Itália.
No seu pontificado, de apenas vinte meses, apoiou a independência da Bélgica e dos países baixos.
Na Irlanda, os católicos conseguiram a emancipação, graças à actuação de DANIEL O'CONNEL.
Em Portugal, o país estava dividido entre Dom MIGUEL e Dom PEDRO, mas PIO VIII, embora com palavras amáveis para Dom MIGUEL parecia persuadido da legitimidade de Dom PEDRO.
No Brasil, consegue levar o imperador Dom PEDRO a abolir a escravatura.
Na Turquia, acabou com a perseguição aos Arménios e criou um arcebispado em Constantinopla.
A nível interno, publicou uma Bula, pela qual estabeleceu que os casamentos mistos, entre católicos e não católicos, apenas seriam válidos quando fosse acordado que os filhos seriam educados na fé católica e a encíclica Traditi Humiliati que condenava o indiferentismo religioso, o jansenismo e as sociedades secretas.
Criou o correio do Vaticano, manteve relações com o sultão a favor dos Arménios e validou os decretos do Concilio de Baltimore, de Outubro de 1829, a primeira reunião de bispos realizada nos Estados Unidos.
Faleceu antes da revolução que eclodiu nos Estados Pontificios.
*************
GREGÓRIO XVI - Papa
Papa desde o ano 1831 até 1846
CCLII Papa
254 na Wikipédia
254 na Wikipédia
SÍNTESE
Nasceu em Belluno - Itália em 18 de Setembro de 1765. Chamava-se BARTOLOMEO ALBERTO CAPPELARI oriundo de uma familia nobre. Ingressou aos 22 anos no ramo beneditino de Camáldula, sendo ordenado sacerdote em 1787. Estudou Filosofia e teologia, foi nomeado censor librorum da sua ordem e da Santa Sé e escreveu o livro Triunfo da Santa Sé e da Igreja contra os Assaltos dos Inovadores Repelidos Contra as suas Próprias Armas, contra o Febronianismo e o Jansenismo, que foi traduzido em várias línguas europeias. membro da Academia da Religião católica, fundada por PIO VIII abade do mosteiro de São GREGÓRIO em 1825 foi nomeado cardeal por LEÃO XIII . Foi vigário-geral de Camaldoli, conselheiro da Inquisição, prefeito da Propaganda e examinador de bispos. Morreu em 1 de Junho de 1846.
HISTÓRIA
O novo Papa era uma pessoa virtuosa, mas demasiado conservador para os tempos, em transição, que exigiam mais politicamente.
A Europa divida-se entre o absolutismo (Prússia, Áustria e Rússia) e o liberalismo (França e Inglaterra) com agitação noutras nações, como em Portugal, Espanha e na própria Itália, onde a Carbonária, os maçons e os Bonapartistas tentavam aniquilar o poder temporal do Papa.
A revolução de 1830 alastrou aos Estados Pontificios e os revolucionários negavam-se a aceitar a autoridade do Papa. GREGÓRIO XVI enviou um grupo de cardeais para os convencer, mas estes ficaram presos. A ordem acabou por ser restabelecida com a ajuda de um forte exército austríaco.
Impunham-se reformas radicais que formam pedidas pela Áustria, Rússia, França, Prússia e Inglaterra, porém o Papa, demasiado conservador, não acedeu aos pedidos. Quando as tropas austríacas se retiraram, rebentou de novo a revolução, que só foi dominada, muito tempo depois, devido a nova ajuda do exército austriaco.
A maior preocupação de GREGÓRIO XVI eram os Estados Pontificios e o seu desenvolvimento, pelo que introduz barcos a vapor, estabelece uma rede de vacinas e cria várias instituições de caridade e assistência, a par de grandes reformas administrativas, jurídicas e financeiras.
Protege as ciências e as artes, funda os museus Etrusco e Egípcio do Vaticano e restaura a basílica de São Paulo, destruída por um incêndio em 1823.
Os Estados Pontificios não acompanham o desenvolvimento industrial, há falta de trabalho e a juventude adere às ideias revolucionárias da libertação e unificação italiana.
No campo da disciplina interna, GREGÓRIO XVI foi um grande defensor da ortodoxia ameaçada pela ideologia liberal, sobretudo em França.
O sonho de uma Igreja ligada à democracia leva-o a publicar uma encíclica Mirari vos em que expõe os perigos do indiferentismo religioso.
Papa zeloso e atento, condenou o movimento teológico racionalista de Hermes, bem como o anti-racionalismo externo de Bautain, exortou os bispos da Bélgica e da Polónia para que se mantivessem fora da política, interveio na Alemanha, no conflito sobre os matrimónios mistos, firmou uma convenção com o imperador FREDERICO GUILHERME III, condenou na Alemanha um movimento a favor da abolição do celibato eclesiástico e advertiu o czar da Rússia a propósito dos atropelos sofridos pelos católicos.
Fomentou as missões na América e na Oceânia, enviou missionários para a Abissínia, Índia, China, Polinésia e América do Norte e incrementou o número de bispos nos Estados Unidos.
Na Espanha, o liberalismo, apoiado pela Maçonaria, procurava impor-se. O ódio iconoclasta fez incendiar diversos conventos e assassinar dezenas de religiosos em Saragoça, Barcelona e Múrcia. Em 4 de Julho de 1835 foi suprimida a Companhia de Jesus e fechados e confiscados alguns conventos de outras ordens religiosas.
Em 1 de Março de 1841, GREGÓRIO XVI faz ouvir a sua voz, lamentando e condenando os roubos e perseguições à Igreja, mas o governo, como resposta, pretende nomear párocos, vários capitulares e bispos rejeitados pela Santa Sé, aprisionando os que não queriam obedecer. Elabora ainda um plano de reforma para separar da obediência de Roma, a Igreja de Espanha. GREGÓRIO XVI publica uma encíclica a denunciar e a condena estes intentos.
O perigo foi afastado com um novo ministério saído do movimento de 1843, que derrogou os decretos mais ofensivos para a Igreja e negociou uma Concordata promulgada em 1845 onde se reconhecia que a religião da nação espanhola era a católica, apostólica e romana, estabelecendo que o estado se obrigava a manter o culto e os seus ministros.
Em Portugal, a situação também era alarmante para GREGÓRIO XVI, pois o liberalismo movia uma luta pertinaz contra o clero e, de um modo especial , às ordens religiosas.
Pouco depois de coroado, o Papa, atento ao que se passava em Portugal , com Dom PEDRO e Dom MIGUEL a disputarem a coroa, expediu a constituição apostólica Solicitudo ecclesiarum em que salientava a isenção politica da Igreja para tratar dos problemas de ordem espiritual sob qualquer forma de governo.
Pouco depois trocavam-se credenciais entre o governo e Dom MIGUEL e Santa Sé. De Paris onde se encontrava, Dom PEDRO fez sentir o seu desagrado ao papa, ameaçando com um Cisma. De facto, depois de desembarcar no Mindelo a 8 de Julho de 1832 e tendo entrado em Lisboa, Dom PEDRO convida o representante da Santa Sé a ausentar-se do reino.
GREGÓRIO XVI, em 30 de setembro de 1833, protesta contra essa prepotência e declara nulos os decretos de Dom PEDRO.
Durante alguns anos continuaram as divergências entre PORTUGAL e a Santa Sé, até que em 1838, o papa, pelo Breve Multa praeclare, extingue o privilégio do Padroado de Portugal no ultramar. reduzindo-o ao arcebispado de Goa e aos bispados de Macau, ficando os restantes territórios sujeitos directamente a vigários apostólicos da santa Sé.
O governo português, já então com a rainha Dona MARIA II a reinar, cedeu e as relações diplomáticas foram reatadas em 1841. No ano seguinte, o Papa presenteou Dona MARIA II com a Rosa de Ouro.
GREGÓRIO XVI faleceu aos 81 anos, depois de um pontificado austero e cheio de zelo apostólico. Ao receber os últimos sacramentos, disse para os cardeais presentes. «Quero morrer como monge e não como soberano?».
,
*************
Beato PIO IX - Papa
Papa de 1846 a 1878
SÍNTESE
Nasceu em Senigallia, na Úmbria - Itália em 13 de maio de 1792. Chamava-se GIOVANNI MARIA MASTAFAI FERRETI. Estudou em Volterra e em Roma, sendo ordenado presbitero em 1819. Foi director espiritual do Orfanato Tata Giovanni, em Roma, nomeado por PIO VII depois delegado apostólico no Chile e, ao regressar, cónego de Santa Maria, na Via Lara, director do Hospital de São Miguel e, mais tarde, arcebispo de Espoleto, em 1827 GREGÓRIO XVI nomeou-o cardeal em 1832 e transferiu-o para a diocese de Ímola. Morreu em 5 de fevereiro de 1878. O seu processo de beatificação foi iniciado em 1907 por São PIO X e concluído por JOÃO PAULO II no ano de 2000.
HISTÓRIA
O Conclave, composto por 50 cardeais, reuniu no Quirinal e em dois dias de reunião, ao quarto escrutínio, elegeu, em 21 de Junho de 1846, o cardeal MASTAFAI FERRETI que tomou o nome de PIO IX.
Quando foi eleito, PIO IX encontrou a Itália perturbada por movimentos que pretendiam o desaparecimento dos Estados Pontificios.
O Papa inicia o Pontificado amnistiando todos os réus de crimes políticos, começando reformas na administração dos Estados Pontificios e também de ordem social, com a construção de linhas férreas, redução de tarifas aduaneiras, moderação na censura da Imprensa e outras, o que agradou ao povo, que chegou a aclamá-lo.
Durante dois anos tudo correu bem chegando a ganhar fama de papa liberal, patriótico e reformador.
Em 1848, a Áustria ocupa militarmente Ferrara. PIO IX protesta com energia e GARIBALDI, que estava na América, aproveita-se da situação e felicita-o, chamando-lhe «reivindicador dos direitos de uma Itália livre», o que não agrada a PIO IX, por ver que se estavam a aproveitar dele. Cria a «Consulta de Estado», para efectuar melhoramentos económicos e administrativos nos Estados Pontificios.
Os revolucionários não se contentam, assassinam o primeiro ministro PELLEGRINO ROSI e forçam a porta do Quirinal.
O papa, retido pela força no Quirinal, e para evitar o pior, concorda em formar um ministério laico, de acordo com as exigências dos revoltosos.
Retido no Quirinal, sem liberdade para dirigir a Igreja, PIO IX consegue fugir disfarçado e refugia-se em Gaeta, no reino de Nápoles, enquanto Roma ficava em poder dos revolucionários, que, depois de abolirem o poder temporal do Papa, nomeiam uma Assembleia Constituinte e proclamam a República em 9 de Fevereiro de 1849. Os bens da Igreja são confiscados, retiram aos bispos a jurisdição sobre universidades e escolas, a administração dos hospitais e asilos. Seguem-se profanações, vários membros do clero são assassinados e expulsas comunidades religiosas dos seus conventos.
PIO IX pede ajuda a França, Áustria, Espanha, Nápoles, Prússia e Rússia. Em 29 de Junho de 1848, as tropas francesas restauram a ordem no território, mas foram ainda precisos dois anos para que o Papa entrasse em Roma, a 11 de Abril de 1850, entre aclamações do povo.
A verdade, porém, é que que com todos estes golpes a Igreja ia perdendo o seu poder temporal, enquanto a Itália ia nascendo como nação independente.
No Piemonte, instigados pelo conde CAMILO BENSO DE CAVOUR os revolucionários adquirem força e o conde é eleito presidente do Conselho em 1852, introduzindo, de imediato, reformas do sentido liberal e entrando em conflito com a Santa Sé, retirando aos eclesiásticos o direito de ensinar e confiscando os bens da Igreja. CAVOUR foi mais longe, consegue o apoio de NAPOLEÃO III, de França, que leva os Austríacos, principal apoio do Papa, a abandonarem os estados Pontificios em 1835. O imperador intervém, ficando a França com Sabóia e Nice e o Piemonte com a Lombardia, ocupando no ano seguinte a Toscana e Parma, até ocupar os Estados Pontificios.
O Papa tem apenas Roma e, em 17 de março de 1861, VITOR MANUEL é proclamado Rei de Itália.
A Santa Sé reduz-se ao Vaticano, ficando o papa apenas a tratar do governo espiritual da Igreja.
A vida agitada, provocada pela unificação italiana, não impediu, contudo, o Papa de ser um governante zeloso da Igreja.
Em 1850 reconstitui na Inglaterra a hierarquia episcopal, perante as reclamações dos protestantes.
Em 1851 assina uma Concordata com a Espanha para reorganizar a vida eclesiástica e, em 1853, repõe a hierarquia religiosa na Holanda.
Em 8 de Dezembro de 1854, perante mais de 200 bispos, proclamou o Dogma da Imaculada Conceição de Maria, pela Bula Ineffabilis Deus.
Em 23 de Setembro de 1856, depois de promover a devoção do Sagrado Coração de Jesus, decretou as suas festas em todo o mundo católico.
Em Portugal Dom PEDRO V depois da proclamação dogmática, determina festejos nacionais e, em 1862, constitui-se em Braga uma comissão para erguer um monumento no Sameiro à Imaculada Conceição, sendo a primeira pedra benzida em 29 de Agosto de 1869.
Em 11 de fevereiro de 1858, a Imaculada Conceição apareceu a BERNARDETE SOUBIROUS uma camponesa de 14 anos, numa gruta perto de Lourdes, em França.
Em 1864, PIO IX publica a encíclica Quanta cura, através da qual condena os erros relacionados com o ensino, a perseguição das ordens religiosas e as relações entre a Igreja e o Estado. A encíclica era acompanhada pelo célebre Syllabus.
O impacto produzido pela publicação levou governos de países como a França e a Itália a proibirem a suja divulgação pelos bispos.
Em 1867, fez a celebração solene do 18º Centenário do martírio dos Santos apóstolos PEDRO e PAULO. Nessa altura PIO IX comunica os bispos reunidos em Roma que vai realizar um Concilio ecuménico, o que parecia impossível dada a insegurança em que se vivia. GARIBALDI invade nesse ano os Estados Pontificios e, apesar de liderar um forte exército, é derrotado pelas tropas dos estados Pontificios.
PIO IX cumpre o prometido e em 29 de Junho de 1868 publica a Bula Aeterni Patris a convocar o Concilio Vaticano I, marcando a abertura para 8 de Dezembro de 1869.
A reacção não se fez esperar por parte das forças do racionalismo e do liberalismo, que convocaram uma assembleia internacional para a mesma data, com o intuito de acompanhar as fases do Concilio, que, mesmo assim, se realizou e teve resoluções importantes, sendo interrompido por ter rebentado a Guerra Franco-Prussiana, com a França a ter de retirar de Roma os soldados que garantiam a independência e a ordem na Cidade Eterna.
Roma vê-se invadida por revolucionários, edifícios religiosos são transformados em dependências do governo e até a familia real passou a viver no palácio episcopal do Quirinal.
Em Paris, a Comuna prende, mata e incendeia. Na Prússia há perseguições, com o governo a apoiar os «velhos católicos», grupo cismático que negava a infabilidade pontifícia. A Áustria denuncia a Concordata com a Santa Sé. Na Suiça, fecham-se escolas católicas, prendem-se sacerdotes e proíbem-se ordens religiosas e até no Brasil são presos alguns bispos e sacerdotes.
A Europa causa problemas ao Papa, mas em 1871 tem o privilégio de celebrar as bodas de prata do seu pontificado - o único a fazê-lo depois de São Pedro -, recebendo felicitações de toda a parte.
Cinco anos depois celebra o Jubileu dos 50 anos da sua sagração episcopal, o que leva a Roma uma peregrinação de cerca de 400 jornalistas católicos de diversos países.
PIO IX adoece gravemente, todos esperam o pior e o rei VITOR MANUEL chega a firmar um decreto ordenando honras fúnebres, mas o papa melhora e o rei que, pouco depois morre reconciliado com a Igreja. No leito do rei, PIO IX graceja:
«Não contente com ter--me tirado o posto na terra, adiantou-se a ir-mo apanhar também no céu».
PIO IX pouco lhe sobreviveu porque faleceu um mês depois.
Um papa, que apesar dos tempos conturbados que viveu, teve as qualidades indispensáveis para assumir o pontificado, possuindo a qualidade mais elevada, a santidade, que lhe foi reconhecida com a beatificação de JOÃO PAULO II no ano 2000.
PIO IX com o seu pontificado de quase 32 anos, fica na história da Igreja como o segundo mais longo depois do de São PEDRO.
No que respeita a Portugal, durante este pontificado, apesar das invasões francesas, da expulsão dos jesuítas e da extinção de ordens religiosas, o povo continuava fiel às devoções ao Santíssimo Sacramento, à Paixão de Cristo e a Nossa Senhora.
Em maio de 1851, o cardeal.-patriarca de Lisboa aprovou a devoção do Mês de Maia. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que decaíra com a expulsão dos jesuítas, reanima-se com o seu regresso, fundando em Lisboa em 17 de Abril de 1864 o primeiro núcleo do Apostolado da Oração. O seu inegável influxo foi proclamado, anos depois, em carta pastoral do cardeal-patriarca Dom MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA em 13 de março de 1935, dizendo:
«É convicção unanime que principalmente ao Apostolado da Oração se deve a restauração religiosa da nossa pátria, depois da crise da fé e piedade provocada pelo liberalismo do século passado».
PIO IX encontra-se ligado a essa devoção por ter beatificado, em 1864, a confidente das revelações do Coração de Jesus, Santa MARGARIDA MARIA.
Papa no ano 1878-1903
Nasceu em Carpineto - Itália em 2 de Março de 1810. Chamava-se VICENZO GIOACHINO PECCI e era o sexto filho de uma familia de baixa nobreza. Foi educado pelos Jesuitas em Viterbo e depois na Academia de Eclesiásticos Nobres e na Universidade Sapienza, de Roma, onde se doutorou em Direito Canónico e Civil. Foi ordenado sacerdote aos 27 anos; entrou ao serviço de PIO IX com tratamento de monsenhor. Foi consagrado bispo em 1843, Núncio em Bruxelas, Bispo de Perúsia e cardeal em 1853. Morreu em 20 de Julho de 1903.
HISTÓRIA
Alguns governos pretendiam um papa acessível e contemporizador, orquestrando uma campanha para provocar a desordem e um cisma, mas o consistório de 61 cardeais elegeu, logo no segundo dia de reuniões, em 20 de fevereiro de 1878, o cardeal PECCI, que tomou o nome de LEÃO XIII.
O pontificado iniciou-se com grandes dificuldades, dadas as ideologias liberais que grassavam por toda a Europa.
Na Itália, poucos meses depois da eleição, LEÃO XIII assiste impotente ao roubo de bens pertencentes a conventos, por parte do governo, que suprime associações católicas de apostolado e de ensino do catecismo.
Na França, os operários da Internacional Socialista exaltavam a Comuna, profanavam
Igrejas e prendiam e matavam os católicos mais influentes.
Em Portugal, a situação também não era melhor, com a opinião pública a ser influenciada por ideias laicistas.
LEÃO XIII no meio desta onda de anticlericalismo, mostrou-se um papa excepcional, pois em vez de recorrer a protestos veementes prefere a diplomacia e obtém excelentes resultados.
Em 1882 restabeleceu as relações entre o Vaticano e a Prússia e resolve os diferendos com a Suiça e diversos países da América Latina. Melhora as relações com a Espanha, a Inglaterra, os Estados Unidos e com a França, enviando ao episcopado francês a Encíclica Nobilissima Gallorum Gens, exorta os católicos a manterem a actividade politica, prescindindo da legitimidade, monárquica ou republicana, indiferente para a vivência da fé. Esta atitude condescendente do papa agradou a muitos católicos e evitou uma ruptura completa entre a França e Roma.
Em 1888, na Encíclica Libertas, traça com lucidez a fronteira entre o permanente e o mutável, o admissível e o respeitável, em assuntos como as relações entre o poder temporal e o poder espiritual ou a noção da liberdade de consciência, de culto e de imprensa.
A sua formação humanista dá corpo a uma doutrina de grande lucidez e transcendência.
Na Encíclica Inscrustabile Dei, de 21 de Abril de 1878, expõe os males e os erros que oprimem e pervertem a sociedade, refutam a calúnia dos que acusam a Santa Sé como obstáculo à civilização e condena os usurpadores dos Estados Pontificios e dos direitos da Igreja, rejeita os erros do socialismo, destruidores da autoridade, da prosperidade, da familia e da religião e exorta os governantes a aceitar o auxilio da Igreja, recomendando aos bispos a criação de associações católicas de operários.
Em 4 de Agosto de 1879, publica a Encíclica Aeterni Patris elogiando a doutrina filosófica de São TOMÁS DE AQUINO e recomendando o seu ensino à juventude.
Em 3 de Dezembro de 1880 a Encíclica Sancta Dei Civitas dirigida ao campo missionário, tem por objecto a Propagação da Fé, as obras da Santa Infância e as escolas católicas do oriente. A Encíclica seguinte, Grande munus, foi dirigida aos cismáticos dos povos eslavos, em que lembra o que durante séculos os seus antecessores tinham feito por eles. Esta Encíclica teve grande repercussão e, no ano seguinte, uma peregrinação de 1200 eslavos dirigiu-se a Roma para saudar o papa. Ainda em 1881, surge nova Encíclica sobre o Matrimónio Cristão, recordando os deveres dos pais para com os filhos, vítimas do divórcio.
O czar da Rússia, ALEXANDRE II morre em março de 1881, vítima de um atentado à bomba e LEÃO XIII aproveita o acontecimento e publica a Encíclica Diuturmum, lembrando aos governantes os princípios do catolicismo contra os crimes e injustiças entre os homens.
Atento á ciência, reorganiza o observatório astronómico do Vaticano, e, para incrementar os estudos bíblicos, escreve a Encíclica Providentissimus Deus, expondo os princípios da Hermenêutica.
Nova Encíclica, agora sobre a Maçonaria, o seu carácter anti-religioso e as suas influências perniciosas, é publicada em 20 de Abril de 1884, com o título Humanum genus. No ano seguinte, a Encíclica Imortale Dei, sobre a constituição cristã dos Estados, e, em 10 de janeiro de 1890, a Encíclica Sapientiae Christianae complementa a anterior e expôs os deveres dos católicos na sociedade. Esta Encíclica recebeu elogios unanimes, mesmo dos não afectos á Igreja.
Em 1891, a Encíclica Christianum condena a escravatura nalgumas regiões de África.
À doutrina liderada por ISAAC HECKER, nos Estados Unidos, responde LEÃO XIII com a carta Testem benevolentiae, de 22 de janeiro de 1899, que levou o movimento a submeter-se.
A luta de classes e do operariado teve LEÃO XIII a publicar a sua mais famosa Encíclica, a Rerum novarum, de 15 de Agosto de 1891, estabelecendo as bases justas para as relações entre patrões e operários, com a interpretação de direitos e deveres, com interesses solidários entre o capital e o trabalho. Esta Encíclica foi acolhida com entusiasmo e apoio por todo o mundo e muitos trabalhadores acorrem a Roma para testemunhar a sua gratidão ao Papa. A Encíclica Graves communi de 1901, terá encaminhado os católicos para as democracias cristãs.
Em Abril de 1895 LEÃO XIII envia uma carta apostólica aos ingleses para procurarem o reino de Cristo na unidade da fé e, meses depois, nova carta, a Apostolicae curae declarando inválidas e nulas as ordenações segundo o rito anglicano. Em 29 de Junho de 1896, a Encíclica Satis cognitum esclarece que a verdadeira união entre cristãos só ,pode verificar-se com a cabeça visível da Igreja.
Procurando o incremento da fé, escreve Encíclicas para fomentar a recitação do Rosário, a devoção a São JOSÉ e à Sagrada Família e as Encíclicas Provida matris de 5 de maio de 1895, sobre o modo de celebrar o Pentecostes e a Divinum illud munus, de 1897, sobre as operações do Espírito Santo na Igreja e nas almas.
Mencionem-se ainda e Encíclica Annum Sacrum de 25 de maio de 1899, para promover a devoção do Sagrado Coração de Jesus, e a Mirae caritatis, de 1902, exaltando o culto da Eucaristia.
Celebrou o Ano Santo com o Jubileu de 1900, levando a Roma milhares de peregrinos, e a Encíclica Tametsi, de Novembro de 1900, é uma exaltação a Cristo como redentor da humanidade.
Nos últimos anos do seu pontificado, mostrou menos rigidez na sua atitude política, mas recuperou para a Igreja o prestigio perdido nos últimos séculos em todo o muno.
LEÃO XIII faleceu aos 93 anos de idade, depois de ter celebrado o Jubileu dos 25 anos do seu pontificado.
Beato PIO IX - Papa
Papa de 1846 a 1878
CCLIII Papa
255º na Wikipédia
255º na Wikipédia
SÍNTESE
Nasceu em Senigallia, na Úmbria - Itália em 13 de maio de 1792. Chamava-se GIOVANNI MARIA MASTAFAI FERRETI. Estudou em Volterra e em Roma, sendo ordenado presbitero em 1819. Foi director espiritual do Orfanato Tata Giovanni, em Roma, nomeado por PIO VII depois delegado apostólico no Chile e, ao regressar, cónego de Santa Maria, na Via Lara, director do Hospital de São Miguel e, mais tarde, arcebispo de Espoleto, em 1827 GREGÓRIO XVI nomeou-o cardeal em 1832 e transferiu-o para a diocese de Ímola. Morreu em 5 de fevereiro de 1878. O seu processo de beatificação foi iniciado em 1907 por São PIO X e concluído por JOÃO PAULO II no ano de 2000.
HISTÓRIA
Quando foi eleito, PIO IX encontrou a Itália perturbada por movimentos que pretendiam o desaparecimento dos Estados Pontificios.
O Papa inicia o Pontificado amnistiando todos os réus de crimes políticos, começando reformas na administração dos Estados Pontificios e também de ordem social, com a construção de linhas férreas, redução de tarifas aduaneiras, moderação na censura da Imprensa e outras, o que agradou ao povo, que chegou a aclamá-lo.
Durante dois anos tudo correu bem chegando a ganhar fama de papa liberal, patriótico e reformador.
Em 1848, a Áustria ocupa militarmente Ferrara. PIO IX protesta com energia e GARIBALDI, que estava na América, aproveita-se da situação e felicita-o, chamando-lhe «reivindicador dos direitos de uma Itália livre», o que não agrada a PIO IX, por ver que se estavam a aproveitar dele. Cria a «Consulta de Estado», para efectuar melhoramentos económicos e administrativos nos Estados Pontificios.
Os revolucionários não se contentam, assassinam o primeiro ministro PELLEGRINO ROSI e forçam a porta do Quirinal.
O papa, retido pela força no Quirinal, e para evitar o pior, concorda em formar um ministério laico, de acordo com as exigências dos revoltosos.
Retido no Quirinal, sem liberdade para dirigir a Igreja, PIO IX consegue fugir disfarçado e refugia-se em Gaeta, no reino de Nápoles, enquanto Roma ficava em poder dos revolucionários, que, depois de abolirem o poder temporal do Papa, nomeiam uma Assembleia Constituinte e proclamam a República em 9 de Fevereiro de 1849. Os bens da Igreja são confiscados, retiram aos bispos a jurisdição sobre universidades e escolas, a administração dos hospitais e asilos. Seguem-se profanações, vários membros do clero são assassinados e expulsas comunidades religiosas dos seus conventos.
PIO IX pede ajuda a França, Áustria, Espanha, Nápoles, Prússia e Rússia. Em 29 de Junho de 1848, as tropas francesas restauram a ordem no território, mas foram ainda precisos dois anos para que o Papa entrasse em Roma, a 11 de Abril de 1850, entre aclamações do povo.
A verdade, porém, é que que com todos estes golpes a Igreja ia perdendo o seu poder temporal, enquanto a Itália ia nascendo como nação independente.
No Piemonte, instigados pelo conde CAMILO BENSO DE CAVOUR os revolucionários adquirem força e o conde é eleito presidente do Conselho em 1852, introduzindo, de imediato, reformas do sentido liberal e entrando em conflito com a Santa Sé, retirando aos eclesiásticos o direito de ensinar e confiscando os bens da Igreja. CAVOUR foi mais longe, consegue o apoio de NAPOLEÃO III, de França, que leva os Austríacos, principal apoio do Papa, a abandonarem os estados Pontificios em 1835. O imperador intervém, ficando a França com Sabóia e Nice e o Piemonte com a Lombardia, ocupando no ano seguinte a Toscana e Parma, até ocupar os Estados Pontificios.
O Papa tem apenas Roma e, em 17 de março de 1861, VITOR MANUEL é proclamado Rei de Itália.
A Santa Sé reduz-se ao Vaticano, ficando o papa apenas a tratar do governo espiritual da Igreja.
A vida agitada, provocada pela unificação italiana, não impediu, contudo, o Papa de ser um governante zeloso da Igreja.
Em 1850 reconstitui na Inglaterra a hierarquia episcopal, perante as reclamações dos protestantes.
Em 1851 assina uma Concordata com a Espanha para reorganizar a vida eclesiástica e, em 1853, repõe a hierarquia religiosa na Holanda.
Em 8 de Dezembro de 1854, perante mais de 200 bispos, proclamou o Dogma da Imaculada Conceição de Maria, pela Bula Ineffabilis Deus.
Em 23 de Setembro de 1856, depois de promover a devoção do Sagrado Coração de Jesus, decretou as suas festas em todo o mundo católico.
Em Portugal Dom PEDRO V depois da proclamação dogmática, determina festejos nacionais e, em 1862, constitui-se em Braga uma comissão para erguer um monumento no Sameiro à Imaculada Conceição, sendo a primeira pedra benzida em 29 de Agosto de 1869.
Em 11 de fevereiro de 1858, a Imaculada Conceição apareceu a BERNARDETE SOUBIROUS uma camponesa de 14 anos, numa gruta perto de Lourdes, em França.
Em 1864, PIO IX publica a encíclica Quanta cura, através da qual condena os erros relacionados com o ensino, a perseguição das ordens religiosas e as relações entre a Igreja e o Estado. A encíclica era acompanhada pelo célebre Syllabus.
O impacto produzido pela publicação levou governos de países como a França e a Itália a proibirem a suja divulgação pelos bispos.
Em 1867, fez a celebração solene do 18º Centenário do martírio dos Santos apóstolos PEDRO e PAULO. Nessa altura PIO IX comunica os bispos reunidos em Roma que vai realizar um Concilio ecuménico, o que parecia impossível dada a insegurança em que se vivia. GARIBALDI invade nesse ano os Estados Pontificios e, apesar de liderar um forte exército, é derrotado pelas tropas dos estados Pontificios.
PIO IX cumpre o prometido e em 29 de Junho de 1868 publica a Bula Aeterni Patris a convocar o Concilio Vaticano I, marcando a abertura para 8 de Dezembro de 1869.
A reacção não se fez esperar por parte das forças do racionalismo e do liberalismo, que convocaram uma assembleia internacional para a mesma data, com o intuito de acompanhar as fases do Concilio, que, mesmo assim, se realizou e teve resoluções importantes, sendo interrompido por ter rebentado a Guerra Franco-Prussiana, com a França a ter de retirar de Roma os soldados que garantiam a independência e a ordem na Cidade Eterna.
Roma vê-se invadida por revolucionários, edifícios religiosos são transformados em dependências do governo e até a familia real passou a viver no palácio episcopal do Quirinal.
Em Paris, a Comuna prende, mata e incendeia. Na Prússia há perseguições, com o governo a apoiar os «velhos católicos», grupo cismático que negava a infabilidade pontifícia. A Áustria denuncia a Concordata com a Santa Sé. Na Suiça, fecham-se escolas católicas, prendem-se sacerdotes e proíbem-se ordens religiosas e até no Brasil são presos alguns bispos e sacerdotes.
A Europa causa problemas ao Papa, mas em 1871 tem o privilégio de celebrar as bodas de prata do seu pontificado - o único a fazê-lo depois de São Pedro -, recebendo felicitações de toda a parte.
Cinco anos depois celebra o Jubileu dos 50 anos da sua sagração episcopal, o que leva a Roma uma peregrinação de cerca de 400 jornalistas católicos de diversos países.
PIO IX adoece gravemente, todos esperam o pior e o rei VITOR MANUEL chega a firmar um decreto ordenando honras fúnebres, mas o papa melhora e o rei que, pouco depois morre reconciliado com a Igreja. No leito do rei, PIO IX graceja:
«Não contente com ter--me tirado o posto na terra, adiantou-se a ir-mo apanhar também no céu».
PIO IX pouco lhe sobreviveu porque faleceu um mês depois.
Um papa, que apesar dos tempos conturbados que viveu, teve as qualidades indispensáveis para assumir o pontificado, possuindo a qualidade mais elevada, a santidade, que lhe foi reconhecida com a beatificação de JOÃO PAULO II no ano 2000.
PIO IX com o seu pontificado de quase 32 anos, fica na história da Igreja como o segundo mais longo depois do de São PEDRO.
No que respeita a Portugal, durante este pontificado, apesar das invasões francesas, da expulsão dos jesuítas e da extinção de ordens religiosas, o povo continuava fiel às devoções ao Santíssimo Sacramento, à Paixão de Cristo e a Nossa Senhora.
Em maio de 1851, o cardeal.-patriarca de Lisboa aprovou a devoção do Mês de Maia. A devoção ao Sagrado Coração de Jesus, que decaíra com a expulsão dos jesuítas, reanima-se com o seu regresso, fundando em Lisboa em 17 de Abril de 1864 o primeiro núcleo do Apostolado da Oração. O seu inegável influxo foi proclamado, anos depois, em carta pastoral do cardeal-patriarca Dom MANUEL GONÇALVES CEREJEIRA em 13 de março de 1935, dizendo:
«É convicção unanime que principalmente ao Apostolado da Oração se deve a restauração religiosa da nossa pátria, depois da crise da fé e piedade provocada pelo liberalismo do século passado».
PIO IX encontra-se ligado a essa devoção por ter beatificado, em 1864, a confidente das revelações do Coração de Jesus, Santa MARGARIDA MARIA.
LEÃO XIII - Papa
Papa no ano 1878-1903
CCLIV Papa
256º na Wikipédia
256º na Wikipédia
SÍNTESE
Nasceu em Carpineto - Itália em 2 de Março de 1810. Chamava-se VICENZO GIOACHINO PECCI e era o sexto filho de uma familia de baixa nobreza. Foi educado pelos Jesuitas em Viterbo e depois na Academia de Eclesiásticos Nobres e na Universidade Sapienza, de Roma, onde se doutorou em Direito Canónico e Civil. Foi ordenado sacerdote aos 27 anos; entrou ao serviço de PIO IX com tratamento de monsenhor. Foi consagrado bispo em 1843, Núncio em Bruxelas, Bispo de Perúsia e cardeal em 1853. Morreu em 20 de Julho de 1903.
HISTÓRIA
O pontificado iniciou-se com grandes dificuldades, dadas as ideologias liberais que grassavam por toda a Europa.
Na Itália, poucos meses depois da eleição, LEÃO XIII assiste impotente ao roubo de bens pertencentes a conventos, por parte do governo, que suprime associações católicas de apostolado e de ensino do catecismo.
Na França, os operários da Internacional Socialista exaltavam a Comuna, profanavam
Igrejas e prendiam e matavam os católicos mais influentes.
Em Portugal, a situação também não era melhor, com a opinião pública a ser influenciada por ideias laicistas.
LEÃO XIII no meio desta onda de anticlericalismo, mostrou-se um papa excepcional, pois em vez de recorrer a protestos veementes prefere a diplomacia e obtém excelentes resultados.
Em 1882 restabeleceu as relações entre o Vaticano e a Prússia e resolve os diferendos com a Suiça e diversos países da América Latina. Melhora as relações com a Espanha, a Inglaterra, os Estados Unidos e com a França, enviando ao episcopado francês a Encíclica Nobilissima Gallorum Gens, exorta os católicos a manterem a actividade politica, prescindindo da legitimidade, monárquica ou republicana, indiferente para a vivência da fé. Esta atitude condescendente do papa agradou a muitos católicos e evitou uma ruptura completa entre a França e Roma.
Em 1888, na Encíclica Libertas, traça com lucidez a fronteira entre o permanente e o mutável, o admissível e o respeitável, em assuntos como as relações entre o poder temporal e o poder espiritual ou a noção da liberdade de consciência, de culto e de imprensa.
A sua formação humanista dá corpo a uma doutrina de grande lucidez e transcendência.
Na Encíclica Inscrustabile Dei, de 21 de Abril de 1878, expõe os males e os erros que oprimem e pervertem a sociedade, refutam a calúnia dos que acusam a Santa Sé como obstáculo à civilização e condena os usurpadores dos Estados Pontificios e dos direitos da Igreja, rejeita os erros do socialismo, destruidores da autoridade, da prosperidade, da familia e da religião e exorta os governantes a aceitar o auxilio da Igreja, recomendando aos bispos a criação de associações católicas de operários.
Em 4 de Agosto de 1879, publica a Encíclica Aeterni Patris elogiando a doutrina filosófica de São TOMÁS DE AQUINO e recomendando o seu ensino à juventude.
Em 3 de Dezembro de 1880 a Encíclica Sancta Dei Civitas dirigida ao campo missionário, tem por objecto a Propagação da Fé, as obras da Santa Infância e as escolas católicas do oriente. A Encíclica seguinte, Grande munus, foi dirigida aos cismáticos dos povos eslavos, em que lembra o que durante séculos os seus antecessores tinham feito por eles. Esta Encíclica teve grande repercussão e, no ano seguinte, uma peregrinação de 1200 eslavos dirigiu-se a Roma para saudar o papa. Ainda em 1881, surge nova Encíclica sobre o Matrimónio Cristão, recordando os deveres dos pais para com os filhos, vítimas do divórcio.
O czar da Rússia, ALEXANDRE II morre em março de 1881, vítima de um atentado à bomba e LEÃO XIII aproveita o acontecimento e publica a Encíclica Diuturmum, lembrando aos governantes os princípios do catolicismo contra os crimes e injustiças entre os homens.
Atento á ciência, reorganiza o observatório astronómico do Vaticano, e, para incrementar os estudos bíblicos, escreve a Encíclica Providentissimus Deus, expondo os princípios da Hermenêutica.
Nova Encíclica, agora sobre a Maçonaria, o seu carácter anti-religioso e as suas influências perniciosas, é publicada em 20 de Abril de 1884, com o título Humanum genus. No ano seguinte, a Encíclica Imortale Dei, sobre a constituição cristã dos Estados, e, em 10 de janeiro de 1890, a Encíclica Sapientiae Christianae complementa a anterior e expôs os deveres dos católicos na sociedade. Esta Encíclica recebeu elogios unanimes, mesmo dos não afectos á Igreja.
Em 1891, a Encíclica Christianum condena a escravatura nalgumas regiões de África.
À doutrina liderada por ISAAC HECKER, nos Estados Unidos, responde LEÃO XIII com a carta Testem benevolentiae, de 22 de janeiro de 1899, que levou o movimento a submeter-se.
A luta de classes e do operariado teve LEÃO XIII a publicar a sua mais famosa Encíclica, a Rerum novarum, de 15 de Agosto de 1891, estabelecendo as bases justas para as relações entre patrões e operários, com a interpretação de direitos e deveres, com interesses solidários entre o capital e o trabalho. Esta Encíclica foi acolhida com entusiasmo e apoio por todo o mundo e muitos trabalhadores acorrem a Roma para testemunhar a sua gratidão ao Papa. A Encíclica Graves communi de 1901, terá encaminhado os católicos para as democracias cristãs.
Em Abril de 1895 LEÃO XIII envia uma carta apostólica aos ingleses para procurarem o reino de Cristo na unidade da fé e, meses depois, nova carta, a Apostolicae curae declarando inválidas e nulas as ordenações segundo o rito anglicano. Em 29 de Junho de 1896, a Encíclica Satis cognitum esclarece que a verdadeira união entre cristãos só ,pode verificar-se com a cabeça visível da Igreja.
Procurando o incremento da fé, escreve Encíclicas para fomentar a recitação do Rosário, a devoção a São JOSÉ e à Sagrada Família e as Encíclicas Provida matris de 5 de maio de 1895, sobre o modo de celebrar o Pentecostes e a Divinum illud munus, de 1897, sobre as operações do Espírito Santo na Igreja e nas almas.
Mencionem-se ainda e Encíclica Annum Sacrum de 25 de maio de 1899, para promover a devoção do Sagrado Coração de Jesus, e a Mirae caritatis, de 1902, exaltando o culto da Eucaristia.
Celebrou o Ano Santo com o Jubileu de 1900, levando a Roma milhares de peregrinos, e a Encíclica Tametsi, de Novembro de 1900, é uma exaltação a Cristo como redentor da humanidade.
Nos últimos anos do seu pontificado, mostrou menos rigidez na sua atitude política, mas recuperou para a Igreja o prestigio perdido nos últimos séculos em todo o muno.
LEÃO XIII faleceu aos 93 anos de idade, depois de ter celebrado o Jubileu dos 25 anos do seu pontificado.
»»»»»»»»»»»»»»»»
&&&&&&&&&&&
Local onde se processa este blogue, na cidade do Porto
Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.
Textos recolhidos
Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.
Textos recolhidos
In
O Papado - 2000 Anos de História
Ed. Círculo de Leitores - 2009
e
sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros
O Papado - 2000 Anos de História
Ed. Círculo de Leitores - 2009
e
sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros
Blogue:
SÃO PAULO (e Vidas de Santos) http://confernciavicentinadesopaulo.blogspot.com
ANTÓNIO FONSECA
ANTÓNIO FONSECA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.