Caros amigos:
NOVO ANO - NOVA VIDA
Como podem verificar desde o passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores.
Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.
Atingi em 11 de Janeiro pois, o número de 100 Biografias dos primeiros 100 Papas da Igreja Católica (incluindo 11 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha).
À média de 10 Papas por dia (o que, eventualmente - e contando com as Biografias mais longas - que, nesses casos, será drasticamente reduzida apenas a Uma) esta Lista no meu Blogue poderá durar até perto do fim do Ano de 2018.
Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos...
Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.
Atingi em 11 de Janeiro pois, o número de 100 Biografias dos primeiros 100 Papas da Igreja Católica (incluindo 11 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha).
À média de 10 Papas por dia (o que, eventualmente - e contando com as Biografias mais longas - que, nesses casos, será drasticamente reduzida apenas a Uma) esta Lista no meu Blogue poderá durar até perto do fim do Ano de 2018.
Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos...
Foto actual do autor
Nº 3 3 5 9 - (3)
Texto do livro
O PAPADO - 2000 Anos de História,
do Círculo de Leitores - 2009
e compilado por Mendonça Ferreira
**************
Beato BENTO XI - Papa
Papa desde o ano 1303 a 1304
CXCI Papa
SÍNTESE
Nasceu em Treviso - Itália em 1240. Chamava-se NICOLAU BOCCASINI. Foi geral da Ordem beneditina desde 1296, legado em França, Inglaterra e Hungria, cardeal desde 1298 e cardeal-bispo de Óstia em 1300. Morreu envenenado, em Perúsia, em 7 de Julho de 1304. Foi beatificado em 1736 pelo Papa CLEMENTE XII. Tem a sua festa a 7 de Julho.
HISTÓRIA
Os cardeais eleitores, reunidos em Roma, elegeram por unanimidade, em 22 de Outubro de 1303, o cardeal NICOLAU BOCCASINI como papa, o qual tomou o nome de BENTO XI.
Iniciou o Pontificado a levantar a excomunhão de BONIFÁCIO VIII sobre FILIPE, o Belo, rei de França, e mandando reintegrar os bens da família Collona, que tinham sido confiscados, restituindo-lhe todos os direitos civis.
Mesmo com estes actos, não deixou de condenar pela Bula Flagitiosum scelus, os autores do atentado contra o seu antecessor, dizendo: «Delitos de lesa-majestade, sacrilégio, felonia e latrocínio, tão atroz que só de pensá-lo horroriza».
Oito meses depois morreu subitamente em Perúsia e, ao que se disse na época, envenenado pelos atingidos pela condenação da Bula, ao comer uns figos que lhe foram enviados por GUILHERME DE NOGARET.
BENTO XI deixou um volume de Sermões e Comentários sobre a escritura.
*************
CLEMENTE V - Papa
Papa desde o ano 1305 até 1314
CXCII Papa
SÍNTESE
Nasceu em Villandraut, na Gironda - França. Chamava-se BELTRÃO DE GOTH. Era de origem francesa, mas súbdito inglês. Foi arcebispo de Bordéus. Morreu em 20 de Abril de 1314, em Roquemare, nas margens do Reno.
HISTÓRIA
O Papa decidiu então residir em França por dois moti vos: pelos problemas em Itália e porque, ao que se dizia, procurava a reconciliação dos reis de França e de Inglaterra.
Percorreu várias localidades, voltou a Bordéus, onde tinha sido arcebispo, mas em 1309 passa a residir em Avinhão, onde se fixou até à morte, dando inicio ao «Cativeiro da Babilónia» que perdurou até 1376.
Dominado por FILIPE, o Belo, nomeou num ano dez cardeais, sendo 9 franceses, mas, mesmo assim, com um carácter que pouco se impunha ao rei, conseguiu a revogação da bula Clericis laicos, de BONIFÁCIO VIII, e uma interpretação mais benigna da Bula Unam Sanctam em que o rei e o reino de França não ficariam mais sujeitos à Santa Sé.
FILIPE o Belo em crítica situação financeira, pretende acabar com a Ordem dos Templários, confiscando-lhes todos os bens, que eram muito valiosos. Por maquinações do rei começaram a surgir acusações graves à ordem. CLEMENTE V resistiu, nomeou bispos e inquiridores para uma justa avaliação das acusações, mas em 13 de Outubro de 1307, uma sexta-feira negra, os esbirros de FILIPE, O Belo, que não queria esperar mais, apanharam os Templários nos seus conventos e prenderam-nos a todos, ao mesmo tempo que punham a correr a seu respeito as mais terríveis acusações, nas quais o povo acreditou.
O Papa ainda reagiu. escreveu uma carta de protesto ao rei, mas o Monarca usou contra ele o mesmo processo utilizado contra os Templários. Acusou-o de simonia, de opressor do clero e de favorecer os Templários por suborno.
CLEMENTE V, desorientado, mal esclarecido e perplexo, não reage e decreta a extinção da ordem dos Templários no Concílio de Vienne, em Abril de 1312. um concilio onde predominavam os cardeais franceses e que contou até com a presença de FILIPE o Belo,
Contudo, em 2 de maio de 1313, num assomo de coragem, CLEMENTE V, pela bula Ad providam, contrariando as ordens de FILIPE o Belo, determina que os bens da ordem dos Templários passem para a Ordem dos Hospitalários de São João, também conhecida como Ordem de Malta.
Refira-se que, em Portugal, a pedido do rei Dom DINIS, os bens passaram para a Ordem de Cristo, no qual ficaram incorporados, sem qualquer julgamento dos Templários portugueses.
FILIPE o Belo ainda enganou o papa com a ideia de uma Cruzada para libertação da Terra Santa, que ele chefiaria. Isso permitiu-lhe cobrar um dízimo de todos os benefícios do seu reino, mas a Cruzada não se realizou, embolsando ele o dinheiro.
Papa demasiado fraco perante o rei e até acusado até de nepotismo, opta a seu favor o ter fundado as universidades de Perúsia e Orleães e ter acrescentado, como jurista, o sétimo livro ao Corpus iuris canonici.
Faleceu em Roquemare, nas margens do Reno, quando pretendia regressar à sua terra natal, para aí morrer. Morreu depois de ter comido um prato de esmeraldas moídas, destinadas a curá-lo de um cancro do estômago, ou dos intestinos, de que sofria há longos anos.
JOÃO XXII - Papa
Papa desde 1316 até 1334
CXCIII Papa
SÍNTESE
Nasceu em Cahors - França em 1245
HISTÓRIA
O colégio eleitoral, composto por 17 cardeais franceses e gascões e 7 italianos, encontrava-se dividido, pois os italianos punham-se à eleição de um Papa francês, até que os sobrinhos de CLEMENTE V assaltaram o local do conclave, aos gritos de «Morte aos cardeais italianos» e estes foram obrigados a fugir, só se reunindo dois anos depois, em Lyon, onde elegeram em 7 de Agosto de 1316, JACQUES DUÈSE, homem de 72 anos, que tomou o nome de JOÃO XXII, realizando-se a investidura um mês depois, na mesma cidade, indo o papa residir em Avinhão.
Dotado de grande capacidade de trabalho e com sólidos conhecimentos de teologia e de direito canónico, deixou milhares de documentos por ele redigidos.
Procurou estabelecer a paz entre os reinos da Europa e foi um hábil financeiro, decretando um fisco papal para adquirir fundos para numa nova Cruzada, construir num palácio em Avinhão e apoiar as obras culturais do apostolado e beneficência, acção que lhe valeu grande impopularidade. Com uma boa administração destes fundos, deixou na altura da sua morte, uma grande fortuna à Santa Sé.
Para organizar de modo estável e seguro a administração da Igreja, constituiu a chancelaria romana, um tribunal de doze jurisconsultos, com actividade permanente e por turnos (em latim, rotatim) daí que este tribunal se viesse a chamara a «Sagrada Rota».
Acabou as Decretais compiladas por CLEMENTE V, acrescentando outras por ele redigidas e que não faziam parte do Corpus iuris.
No campo político, teve grandes problemas com LUÍS DE BAVIERA, que disputava, em eleições, o trono real, com o duque FREDERICO, o Belo, da Áustria. LUÍS derrotou amplamente o seu adversário, mas JOÃO XXII não quis reconhecê-lo como rei e isso determinou o desentendimento entre o papado e o Império, a tal ponto que LUÍS DA BAVIERA declarou o papa deposto e fez eleger o franciscano PIETRO RAINALDUCCI, como NICOLAU V, um Anti-Papa.
Poucos meses depois, o rei de Nápoles obriga LUÍS DE BAVIERA a retirar-se e JOÃO XXII fica, de novo, senhor da situação. Chama a Avinhão o Anti-papa e este apresenta-se de corda ao pescoço, mostrando o seu arrependimento, pondo fim à aventura.
JOÃO XXII canonizou São TOMÁS DE AQUINO, em 1323, e teve grande zelo apostólico, intervindo na Ordem de São DOMINGOS, para que os Dominicanos evangelizassem o oriente, especialmente a Arménia, Pérsia, Arábia e Etiópia, escrevendo, ele próprio, cartas aos povos tártaros, exortando-os a abraçar a fé católica.
Os Franciscanos dedicar-se-iam à evangelização da Geórgia e do Extremo oriente.
No campo da cultura, incrementou os estudos universitários, criando as cátedras de Hebreu, Árabe e Caldeu, nas universidades de Paris, Bolonha e Oxford, e interveio em assuntos de música sacra, tendo deixado, assinadas por ele, mais de 60 000 cartas.
É também mérito seu, como defensor da Conceição Imaculada de Maria, o ter estendido a toda a Igreja a devoção do Angelus.
No que se refere a Portugal, criou a Ordem Militar de Cristo, em 1319, pela bula Ad ea ex quibus, na qual seriam incorporados os templários existentes no reino, por extinção da Ordem do templo, e concedeu, em 1320, a Dom DINIS, a décima de todas as rendas eclesiásticas.
Morreu com quase 90 anos, sem nunca ter conseguido transferir a sede do papado para Roma.
Dotado de grande capacidade de trabalho e com sólidos conhecimentos de teologia e de direito canónico, deixou milhares de documentos por ele redigidos.
Procurou estabelecer a paz entre os reinos da Europa e foi um hábil financeiro, decretando um fisco papal para adquirir fundos para numa nova Cruzada, construir num palácio em Avinhão e apoiar as obras culturais do apostolado e beneficência, acção que lhe valeu grande impopularidade. Com uma boa administração destes fundos, deixou na altura da sua morte, uma grande fortuna à Santa Sé.
Para organizar de modo estável e seguro a administração da Igreja, constituiu a chancelaria romana, um tribunal de doze jurisconsultos, com actividade permanente e por turnos (em latim, rotatim) daí que este tribunal se viesse a chamara a «Sagrada Rota».
Acabou as Decretais compiladas por CLEMENTE V, acrescentando outras por ele redigidas e que não faziam parte do Corpus iuris.
No campo político, teve grandes problemas com LUÍS DE BAVIERA, que disputava, em eleições, o trono real, com o duque FREDERICO, o Belo, da Áustria. LUÍS derrotou amplamente o seu adversário, mas JOÃO XXII não quis reconhecê-lo como rei e isso determinou o desentendimento entre o papado e o Império, a tal ponto que LUÍS DA BAVIERA declarou o papa deposto e fez eleger o franciscano PIETRO RAINALDUCCI, como NICOLAU V, um Anti-Papa.
Poucos meses depois, o rei de Nápoles obriga LUÍS DE BAVIERA a retirar-se e JOÃO XXII fica, de novo, senhor da situação. Chama a Avinhão o Anti-papa e este apresenta-se de corda ao pescoço, mostrando o seu arrependimento, pondo fim à aventura.
JOÃO XXII canonizou São TOMÁS DE AQUINO, em 1323, e teve grande zelo apostólico, intervindo na Ordem de São DOMINGOS, para que os Dominicanos evangelizassem o oriente, especialmente a Arménia, Pérsia, Arábia e Etiópia, escrevendo, ele próprio, cartas aos povos tártaros, exortando-os a abraçar a fé católica.
Os Franciscanos dedicar-se-iam à evangelização da Geórgia e do Extremo oriente.
No campo da cultura, incrementou os estudos universitários, criando as cátedras de Hebreu, Árabe e Caldeu, nas universidades de Paris, Bolonha e Oxford, e interveio em assuntos de música sacra, tendo deixado, assinadas por ele, mais de 60 000 cartas.
É também mérito seu, como defensor da Conceição Imaculada de Maria, o ter estendido a toda a Igreja a devoção do Angelus.
No que se refere a Portugal, criou a Ordem Militar de Cristo, em 1319, pela bula Ad ea ex quibus, na qual seriam incorporados os templários existentes no reino, por extinção da Ordem do templo, e concedeu, em 1320, a Dom DINIS, a décima de todas as rendas eclesiásticas.
Morreu com quase 90 anos, sem nunca ter conseguido transferir a sede do papado para Roma.
XXXIII Anti-Papa
SÍNTESE
Chamava-se PIETRO RAINALDUCCI. Era frade franciscano, depois de ter sido casado e de se ter separado da esposa. Morreu em 16 de Outubro de 1333.
HISTÓRIA
O imperador reagiu com um manifesto denunciando o papa como herético. O Papa excomungou o imperador e este marcha sobre Roma para se fazer coroar. Não consegue e por isso nomeia 13 eleitores eclesiásticos para elegerem um novo papa, o que fizeram em 12 de Agosto de 1328, escolhendo um pobre padre franciscano, que tomou o nome de NICOLAU V, mas apenas os mais fervorosos partidários do imperador lhe prestaram obediência.
Depois da retirada de LUÍS DA BAVIERA, JOÃO XXII chamou o Anti-Papa a Avinhão, onde este se apresentou em 25 de Agosto de 1330, arrependido e de corda ao pescoço. JOÃO XXII aceitou a abjuração, mas obrigou-o a viver no palácio papal sob a sua vigilância, onde faleceu.
BENTO XII - Papa
Papa de 1334 a 1342
CXCIV Papa
SÍNTESE
Nasceu em Saverdun - França em 1285, sendo filho de um padeiro. Chamava-se JACQUES FOURNIER. Era monge de Cister e perito em teologia. Foi bispo de Paniers (1326) e cardeal em 1327, nomeado por JOÃO XXII. Morreu em Avinhão, em 25 de Abril de 1342.
HISTÓRIA
Era um teólogo de renome, sendo o escolhido pelos cardeais eleitores em 20 de Dezembro de 1334 e sagrado em 28 de Janeiro de 1335. Tomou o nome de BENTO XII e ficou a residir em Avinhão, como já acontecia com todos os papas desde 1305.
Uma das suas primeiras intervenções como papa foi acabar com as disputas sobre a visão beatifica, definindo como dogma de fé a entrada dos fiéis defuntos na posse da visão beatifica depois da purificação no Purgatório, ou logo após a morte, no caso das crianças baptizadas ou dos defuntos não carecidos de purificação, sem ser preciso esperar pelo Juízo Final.
Na mesma constituição, Benedictus Deus, de 29 de janeiro de 1336, se define que almas mortas em pecado mortal vão de imediato para o Inferno, onde padecem «penas infernais».
BENTO XII foi o maior reformador entre os Papas de Avinhão, a começar na cúria pontifícia e acabando nas ordens religiosas, revogando todas as concessões feitas pelos seus antecessores e até algumas por ele próprio feitas no início do seu pontificado, para evitar as queixas sobre desigualdades e abusos.
Esta decisão provocou animosidade, mas o exemplo da sua vida austera e piedosa, isenta de qualquer nepotismo, eram a sua defesa e justificação.
Diz-se que pensou no regresso a Roma, tendo mandado fazer reparações as basílicas de São Pedro e de São João de Latrão, mas tal não foi possível, devido ás pressões do rei da França, e por isso deu começo à construção do palácio papal de Avinhão.
Como as agitações sociais e politicas eram muitas, o palácio constitui uma autêntica fortaleza, com 133 x 82 metros edificados, em estilo gótico, a condizer com a austeridade monacal de BENTO XII e só ficou concluído no pontificado de CLEMENTE VI.
Palácio Papal de Avinhão
Esforçou-se por conseguir o reatamento da união com a Igreja do oriente.,
Distinguiu-se pela sua erudição, piedade e inteireza de carácter e até por certa competência diplomática, embora sem se libertar da influência de FILIPE VI, rei de França, rejeitando a aproximação proposta pelo imperador alemão, LUÍS DA BAVIERA que acabou por se aliar a EDUARDO III, de Inglaterra, contra o monarca francês, dando início à Guerra dos Cem Anos.
Foi feliz na conciliação de Dom AFONSO IV de Portugal e AFONSO XI de Castela, que tornou possível a vitória de ambos os monarcas contra os mouros de Granada e aliados do Norte de África, na Batalha do Salado, em 3 de Outubro de 1340.
BENTO XII morreu, depois de prolongada e dolorosa doença, e ficou sepultado na catedral de Avinhão.
Foi o primeiro Papa a usar a mitra de tríplice coroa, simbolo do tríplice poder da dignidade pontifícia: real, imperial e sacerdotal.
No seu pontificado, a 8 de Abril de 1341, o poeta PETRARCA foi coroado no Capitólio de Roma, pelo senador URSUS D'ANGUILLARA, como «Magnum poeta et historicam», perante o povo entusiasmado.
CLEMENTE VI - Papa
Papa desde o ano 1342 até 1352.
CXCV Papa
SÍNTESE
Nasceu em Malmont, Limousin - França em 1291. Chamava-se PIERRE ROGER DE BEAUFORT. Foi frade da ordem dominicana, abade em Fécamp, depois bispo de Arras, arcebispo de Sens (1329) e de Ruão (1330) e cardeal em 1338, nomeado por BENTO XII. Foi conselheiro de FILIPE VI, rei de França. Morreu em 6 de Dezembro de 1352, em Avinhão.
HISTÓRIA
Contudo, a par de se preocupar com os mais desfavorecidos. CLEMENTE VI gostava do luxo e da ostentação, como senhor temporal, e protegia excessivamente os parentes e os amigos, com evidentes sinais de nepotismo.
Por este desejo de ostentação do Papa, Avinhão enchia-se de artistas, pintores, poetas, escultores, médicos e até clérigos ávidos de benesses.
Esta tendência de CLEMENTE VI levou-o a comprar a cidade de Avinhão, tornando-a propriedade da Santa Sé. Talvez por isto, Roma não conseguiu o seu desejado regresso, pois o papa sempre o ia adiando, dizendo que era prioritário conseguir a união entre os reinos de França e de Inglaterra.
Entre 1348 e 1350, a peste negra, vinda da China, flagelou a população europeia, matando cerca de 40 milhões de pessoas. Em Avinhão, uma pequena cidade, chegavam a morrer 400 pessoas por dia e, nessa emergência, o papa deu um exemplo da sua tão falada bondade, cuidando o mais possível de todos e não abandonando a cidade. por ser necessário, comprou, do seu bolso, um terreno para um cemitério, pagando a médicos e a coveiros.
Depois da calamidade, surgiu na Alemanha um movimento de penitentes que percorriam as ruas seminus, flagelando-se e cometendo desmandos contra o clero que pretendia dissuadi-los e contra os judeus, que acusavam de ter lançado malefícios e serem causadores de todos os males.
CLEMENTE VI foi enérgico, defendeu os judeus, que eram queimados aos milhares na Alemanha e na França, ameaçou de excomunhão que, os molestasse e decretou a prisão para os responsáveis, tanto mais que o fanatismo degenerava em heresia.
Impressionado com a desolação que a epidemia provocara na Cristandade, CLEMENTE VI proclama o Jubileu do Ano Santo em 1350, encurtando o período dos 100 anos que BONIFÁCIO VIII estabelecera.
A deslocou-se a Roma e o túmulo dos apóstolos foi o mais visitado mas nem assim o papa deixou Avinhão.
CLEMENTE VI nomeou 25 cardeais, sendo que apenas 4 não eram franceses e, entre eles, um sobrinho que seria mais tarde, o papa GREGÓRIO XI.
Com a sua ideia de vida faustosa, desbaratou parte dos tesouros de arte papais, aí resultando a desorganização financeira, que depois da sua morte onerou a Igreja..
INOCÊNCIO VI - Papa
Papa desde o ano 1352 até ao ano 1362
CXCVI Papa
SÍNTESE
Nasceu em Beysac-en-Corréze - França. Chamava-se ÉTIENNE AUBERT. Ainda presbitero, ensinou Direito Civil em Toulouse. Cardeal desde 1342, mais tarde Bispo de Clermont e cardeal-bispo de Óstia. Foi penitenciário-mor. Morreu em Avinhão, em 12 de Setembro de 1362.
HISTÓRIA
Os 26 Cardeais eleitores reunidos em conclave quiseram eleger o geral dos Cartuxos, JOÃO BIREL, tido como pessoa austera que evitaria a vida faustosa de CLEMENTE VI, mas, ou porque ele não aceitou, ou por temerem que se parecesse com CELESTINO V, que se mostrou incapaz politicamente, elegeram em 18 de Dezembro de 1352 o cardeal francês ÉTIENNE AUBERT, que tomou o nome de INOCÊNCIO VI.
A eleição sugeria um pacto: o novo papa teria de admitir que o seu poder temporal e espiritual ficava limitado em beneficio do Sacro Colégio Cardinalicio. Qualquer nomeação, castigo ou destituição de cardeais, a investidura dos fundos, a anexação dos bens eclesiásticos e a provisão de cargos nos domínios pontifícios não se fariam sem a anuência do Sacro Colégio, mas o futuro só assinaria este pacto «se ele estivesse conforme ao direito».
Logo após a tomada de posse, INOCÊNCIO VI declarou que não estaria sujeito a tal pacto, o que o tornava nulo, pois, além de ser uma espécie de coacção, limitava os poderes absolutos conferidos por Cristo aos seus representantes.,
Como homem de costumes simples e piedosos, não enveredou pelo fausto e pela ostentação e procurou introduzir reformas de austeridade na corte pontifícia, reduzindo o número de empregados parasitas, colocando nos cargos de responsabilidade pessoas de comprovada competência e aboliu privilégios e acumulação de benefícios, obrigando a residirem nas suas dioceses os prelados que pretendiam governá-las.
No aspecto politico não foi hábil e apenas conseguiu algumas tréguas na guerra entre a França e a Inglaterra.
Em 1360, com Avinhão e toda a Provença ameaçada por hordas de bandoleiros provenientes da Itália, o papa pregou numa Cruzada, sendo auxiliado por Dom JOÃO FERNANDEZ DE HERÉDIA que acorreu com 1600 soldados recrutados em Aragão, mas a ameaça só foi afastada com a entrega de 114 000 florins aos assaltantes.
Perante isto, INOCÊNCIO VI pensou regressar a Roma, apesar da anarquia que reinava nos estados Pontifícios, e, para tal, enviou o cardeal espanhol GIL ALVAREZ DE ALBORNOZ, arcebispo de Toledo, para lhes restituir a paz. Se o papa tem regressado logo a Roma, seria recebido em triunfo, mas não o fez por receio e por doença e a oportunidade perdeu-se.
Morreu em Avinhão e ali foi sepultado.
O seu amor à literatura levou-o a convidar PETRARCA para seu secretário, mas o poeta, cioso da sua independência, não aceitou o cargo.
Um senão deste pontificado foi o de INOCÊNCIO VI ter elevado vários parentes às dignidades eclesiásticas das quais eram indignos.
A eleição sugeria um pacto: o novo papa teria de admitir que o seu poder temporal e espiritual ficava limitado em beneficio do Sacro Colégio Cardinalicio. Qualquer nomeação, castigo ou destituição de cardeais, a investidura dos fundos, a anexação dos bens eclesiásticos e a provisão de cargos nos domínios pontifícios não se fariam sem a anuência do Sacro Colégio, mas o futuro só assinaria este pacto «se ele estivesse conforme ao direito».
Logo após a tomada de posse, INOCÊNCIO VI declarou que não estaria sujeito a tal pacto, o que o tornava nulo, pois, além de ser uma espécie de coacção, limitava os poderes absolutos conferidos por Cristo aos seus representantes.,
Como homem de costumes simples e piedosos, não enveredou pelo fausto e pela ostentação e procurou introduzir reformas de austeridade na corte pontifícia, reduzindo o número de empregados parasitas, colocando nos cargos de responsabilidade pessoas de comprovada competência e aboliu privilégios e acumulação de benefícios, obrigando a residirem nas suas dioceses os prelados que pretendiam governá-las.
No aspecto politico não foi hábil e apenas conseguiu algumas tréguas na guerra entre a França e a Inglaterra.
Em 1360, com Avinhão e toda a Provença ameaçada por hordas de bandoleiros provenientes da Itália, o papa pregou numa Cruzada, sendo auxiliado por Dom JOÃO FERNANDEZ DE HERÉDIA que acorreu com 1600 soldados recrutados em Aragão, mas a ameaça só foi afastada com a entrega de 114 000 florins aos assaltantes.
Perante isto, INOCÊNCIO VI pensou regressar a Roma, apesar da anarquia que reinava nos estados Pontifícios, e, para tal, enviou o cardeal espanhol GIL ALVAREZ DE ALBORNOZ, arcebispo de Toledo, para lhes restituir a paz. Se o papa tem regressado logo a Roma, seria recebido em triunfo, mas não o fez por receio e por doença e a oportunidade perdeu-se.
Morreu em Avinhão e ali foi sepultado.
O seu amor à literatura levou-o a convidar PETRARCA para seu secretário, mas o poeta, cioso da sua independência, não aceitou o cargo.
Um senão deste pontificado foi o de INOCÊNCIO VI ter elevado vários parentes às dignidades eclesiásticas das quais eram indignos.
Beato URBANO V - Papa
Papa nos anos 1362 até 1370
CXCVII Papa
SÍNTESE
Nasceu no Castelo de Grisac, nas Cévennes - França, em 1310. Chamava-se GUILHERME DE GRIMOARD, filho do cavaleiro do mesmo nome e de ANFELISA DE ,MONTFERRAND. Era frade beneditino da abadia de Chirac e proferiu votos no Convento de São Vítor, em Marselha. Formou-se em Direito Canónico em 1342 e ensinou nas universidades de Toulouse, Montpellier, Paris e Avinhão. Foi vigário-geral em Clermont e Uzés, abade de São Germano de Auxerre (1352) e legado pontifício na Lombardia. mais tarde, já abade de São Vítor em Marselha, foi encarregado por INOCÊNCIO VI duma missão em Nápoles. Morreu em Avinhão em 19 de Dezembro de 1370. Foi beatificado por PIO IX em 1870.
HISTÓRIA
Logo que foi eleito deu nova dinâmica à Cúria, exigindo mais brevidade no despacho dos assuntos e dando ele próprio o exemplo de actividade.
O seu pontificado ficou assinalado pelo envio de missionários para as Índias, China e Lituânia, pela pregação de uma nova Cruzada, pelo apoio que deu aos estudos eclesiásticos e por diversas reformas que levou a efeito na administração da Igreja.
Depois de renovar a excomunhão de INOCÊNCIO VI contra PEDRO IV, rei de Castela, assassino de sua mulher e polígamo, autorizou HENRIQUE DE TRASTÂMARA, seu irmão, a destroná-lo.
Em 1367, URBANO V achou que era altura de voltar a Roma. Em 30 de Abril pôs-se a caminho de Marselha e em 19 de maio embarca, acompanhado de 60 galeras que as principais cidades marítimas italianas tinham enviado ao seu encontro. Em 3 de Junho desembarcou em Corneto e em 16 de Outubro fez a sua entrada triunfal em Roma.
Os monarcas começaram a chegar à Cidade Eterna em sinal de cortesia. A rainha de Nápoles, o rei de Chipre, o imperador Carlos IV e, principalmente João Paleólogo, imperador bizantino, fazendo uma solene abjuração do Cisma do oriente, proclamando a sua fé católica e o firme desejo de se empenhar na união das duas Igrejas. Infelizmente a desejada união não se deu, pois os Bizantinos não secundaram a ideia e os monarcas ocidentais não reagiram favoravelmente para debelar o perigo turco, que se verificou quando tomaram Constantinopla, as possessões de Veneza, bem como a Bulgária, a Sérvia e a Roménia, enquanto os ocidentais olhavam mais os seus interesses económicos do que as questões da fé.
A agravar a situação, a França e a Inglaterra, depois de uma curta paz, voltaram a envolver-se em guerra, pelo que, só em 26 de setembro de 1370 o Papa regressou a Avinhão. Aí mudou-se para casa do irmão, por não desejar acabar a vida num palácio e por sua ordem as portas de casa estavam sempre abertas para que todos pudessem entrar livremente e ver «como morre um Papa».
Faleceu num pobre leito, vestido com o sue hábito monacal.
URBANO V foi um Papa piedoso e austero, tendo-se empenhado em reformas necessárias e em acabar com os abusos na acumulação de benefícios e no absentismo de muitos prelados que, vivendo fora das dioceses, usufruíam as regalias do título sem se preocuparem com os problemas da sua função.
A ele se deve a instituição da festa da Visitação de Nossa Senhora.
Distinguiu-se como patrocinador da cultura, auxiliando e defendendo com estatutos muitas universidades do seu tempo.
GREGÓRIO XI - Papa
Papa desde o ano 1370 até 1378
CXCVIII Papa
SÍNTESE
Nasceu em Limoges - França em 1329. Chamava-se PIERRE ROGER DE BEAUFORT e era sobrinho do papa CLEMENTE VI. Estudou em Perúsia e doutorou-se em Teologia e Direito Canónico. Aos 18 anos já era cónego, chegando a cardeal. Morreu no Vaticano em 27 de Março de 1378, sendo o último papa francês.
HISTÓRIA
Mesmo sendo uma pessoa de bondade natural, mostrou-se enérgico ao declarar, logo após a eleição, que iria regressar a Roma. Não o conseguiu logo, pois só seis anos depois isso lhe foi possível.
Os Estados Pontifícios, governados por franceses revoltaram-se e GREGÓRIO XI actuou energicamente, lançando excomunhões e até mandado contra Florença um exército, por ele recrutado entre aventureiros e salteadores, que, à margem das suas ordens e ideias, cometeram desmandos e atrocidades terriveis.
Por essa altura, secundando as insistências de Santa BRIGIDA DA SUÉCIA, deu-se a intervenção de uma jovem camponesa, a dominicana CATARINA DE SENA, a insistir com o papa para regressar a Roma:
«Em nome de Jesus Cristo crucificado e da doce Virgem Maria. Reverendíssimo e dilectíssimo pai em Cristo Jesus: a vossa indigna e pobre filha CATARINA, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo no seu precioso sangue, vos escreve com desejo de vos ver como árvore cheia de doces e suaves frutos plantada em terra frutífera. Oh! paizinho meu (babbo mio), doce Cristo na terra!... Peço-Vos que procedais virilmente, seguindo a Cristo como vigário seu»
Mesmo conhecendo a santidade da jovem camponesa, os extraordinários dons místicos que Deus lhe concedera e aceitando com veneração e humildade as suas filiais advertências e exortações, GREGÓRIO XI não se decidia a ir para Roma, pelo que CATARINA DE SENA resolve ir a Avinhão para lhe falar.
Depois de examinada a sua ortodoxia e virtude, foi recebida por GREGÓRIO XI, que, influenciado ou não pela jovem dominicana e pela sua veemência, resolve finalmente regressar a Roma e três meses depois, em 13 de Setembro de 1376, pôs-se a caminho acompanhado de 13 cardeais e uma frota de várias fragatas de diversas cidades italianas. Em 17 de janeiro de 1377 chega triunfalmente ao Vaticano e nesse mesmo mês concluiu-se a transferência completa da Cúria.
O regresso, contudo, não foi feliz, porque poucos dias depois, Roma começa a discutir a autoridade pontifícia e Florença, ainda com as dos ataques sofridos, não quer sujeitar-se à Santa Sé.
Santa CATARINA DE SENA resolve ir àquela cidade para conseguir a paz, mas o povo enfurece-se e ameaça queimá-la viva. CATARINA não se intimida, persiste e consegue o entendimento entre Florença e Roma, onde, entretanto, GREGÓRIO XI tinha piorado da saúde.
Na tentativa de melhorar, na época de Verão, muda-se para Anagni, mas, meses depois, regressa a Roma ainda mais doente, falecendo aos 47 anos de idade.
Desaparecia o último papa francês, o Pontifice que tirou o Papado de Avinhão, depois de 67 anos e sete papas, terminando aquilo que os cronistas da época designaram por «Cativeiro da Babilónia».
No que respeita a Portugal, ao suspeitar-se de que se tinham introduzido no país alguns erros de doutrina, GREGÓRIO XI emite, em 1376, uma bula para AGAPITO COLLONA, bispo de Lisboa, em que o «encarregava, visto não haver inquisidores neste país, de escolher um franciscano, dotado dos requisitos necessários para mister da inquisidor, para que verificasse a existência de heresias e zelosamente as perseguisse e extirpasse». FREI MARTIM VASQUES foi o escolhido e é ele o primeiro reconhecido para este cargo em Portugal.
No fim do século XIV a Inquisição era quase nula em Portugal, sendo no século XV apenas uma questão fradesca, até ser estabelecida em definitivo.
URBANO VI - Papa
Papa de 1378 a 1389
CXCIX Papa
SÍNTESE
Nasceu em Nápoles - Itália em 1318. Chamava-se BARTOLOMEO PRIGNANI. Presidiu à chancelaria romana no pontificado de GREGÓRIO XI. Foi arcebispo de Acerenza (1364) e de Bari (1377). Morreu em 15 de Outubro de 1389.
HISTÓRIA
Depois de quase 70 anos de papas em Avinhão e no regresso a Roma, a eleição do novo Pontifice era importante, mas os Romanos recusavam um papa francês, pelo que a eleição foi tumultuosa e acabou por dar origem a uma das questões mais discutidas da história da Igreja: o Cisma do Ocidente.
O conclave teve início em 8 de Abril de 1378, mas logo no primeiro dia foi invadido por homens armados, dificilmente expulsos, que continuaram pelas ruas gritando: «romano lo volemo» (queremo-lo romano).
Os cardeais eleitores, pressionados pelos Romanos, não perderam tempo e no dia seguinte optaram pelo arcebispo de Bari, um napolitano chamado BARTOLOMEO PRIGNANI, que escolheu o nome de URBANO VI e que foi sagrado no dia 18 do mesmo mês.
Os tumultos continuavam e houve quem sugerisse a URBANO VI que renunciasse, mas ele mostrou-se firme, respondendo «nem que visse mil espadas contra mim, não renunciaria».
A verdade é que havia dúvidas quanto à legalidade da eleição, pois os cardeais poderiam ter votado coagidos pelo medo, mas depois de interrogados, 12 dos 16 cardeais eleitores declararam ter votado de livre vontade. mesmo os cardeais que tinham ficado em Avinhão, não comparecendo ao conclave, ao serem notificados da eleição, enviaram saudações e a sua adesão a URBANO VI o que prova a validade da eleição.
Existe um documento de grande valor a confirmar a validade. Uma carta enviada de Roma, com data de 8 de maio de 1378, dirigida ao nosso rei Dom FERNANDO (como terá sido dirigida a todos os monarcas europeus), assinada por todos os cardeais eleitores a comunicar a eleição do arcebispo de Bari como Papa.
Diz assim: «(...) Por esta razão, nos pareceu informar-vos do que nestes dias se obrou na santa Igreja Romana, para que não deis crédito a outras coisas, se acaso vo-las escreverem e disserem: e também para que vossa consciência, informada por esta nossa atestação, sossegue e descanse sabendo a verdade (...).
Ilustrados, como plenamente cremos, por aquele Divino Luzeiro que não conhece ocaso, demos livremente beneplácito ao arcebispo de Bari (...) e o elegemos concordemente para o alto da grandeza apostólica (..)».
O certo é que esta eleição de URBANO VI deu origem e muito por sua culpa, ao Cisma do Ocidente, pois URBANO VI, uma vez entronizado, mostrou-se intransigente, intratável, cruel e até vingativo. Com fúrias de renovador, começou por indispor a Cúria e os cardeais que o tinham elegido, para com os quais teve atitudes irascíveis e palavras duras.
Perante nisto, 13 cardeais, alcançaram Anagni em segredo e aí, sob a protecção de Gascões de de Navarros, declaram ter sido forçada e nula a eleição de Roma e, em 20 de Setembro de 1378, elegeram com o nome de CLEMENTE VII um Anti-papa que fixou residência em Avinhão.
A Igreja tinha dois Papas e o mundo católico ficou algo perturbado. Fiéis a Roma estavam a Inglaterra, os países escandinavos e eslavos, a Itália, Hungria, Polónia e a Flandres. A França, Escócia e o reino de Nápoles eram a favor de CLEMENTE VIII. A Alemanha estava dividida: O Norte com URBANO, o Sul com CLEMENTE. A Espanha começou com URBANO, mas, por pressões da França, passou-se para CLEMENTE e em Portugal foi o inverso, pois o rei Dom FERNANDO começou com CLEMENTE aceitando até que transferisse o Bispo de Silves para o bispado de Lisboa, mas por pressão dos Ingleses passou a obedecer a URBANO VI, apoiado, por vários bispos, tendo á frente o Bispo de Braga Dom LOURENÇO VICENTE que se reuniram no principio de 1383 em Santarém, para confirmarem essa adesão.
O povo português também tomou partido e a tal ponto que o Bispo Dom MARTINHO - o tal transferido por CLEMENTE VII para Lisboa - de origem espanhola, foi assassinado pelos populares, atirado do alto duma das torres da Sé e mutilado com o pretexto de ser cismático e de obediência ao Anti-papa.
Morto Dom FERNANDO e aclamado o mestre de Avis, todos os prelados que assinaram a acta da sua eleição nas Cortes de Coimbra, em 6 de Abril de 1385, declararam obediência a URBANO VI. Esta atitude terá influído no reconhecimento de Dom JOÃO I por parte de URBANO VI.
O Cisma levantava grandes problemas. havia dois Papas e duas Cúrias. Cada um dos Papas mantinha uma corte que custava dinheiro aos fiéis. Cada qual excomungava o outro e os seus adeptos, o que significava que toda a Cristandade estava excomungada.
Havia luta nos Estados Pontifícios. Numa conjura em Nápoles, envolveram-se vários cardeais, mas a revolta foi sufocada por URBANO VI que se mostrou cruel. mandou prendê-los e depois foram mortos no cárcere.
Entretanto, CLEMENTE VII consegue arranjar um exército de aventureiros contra URBANO VI, mas as milicias fiéis ao papa conseguem vencer e URBANO VI pôde fixar residência no Vaticano.
Os últimos anos de vida de URBANO VI foram terríveis. Capturado pelo rei de Nápoles ficou prisioneiro em Nocera, conseguiu evadir-se, mas o seu desiquilíbrio mental agravou-se e quando morreu em Roma, mesmo os que lhe reconheciam a legitimidade se sentiram aliviados.
Durante o seu pontificado deu-se o ingresso da Lituânia no seio da Igreja Católica, com a conversão de LADISLAU em 1386 e em Dieta reunida em Viena, no ano seguinte, o Cristianismo é declarado religião do Estado, recebendo o povo, em massa, o baptismo.
O conclave teve início em 8 de Abril de 1378, mas logo no primeiro dia foi invadido por homens armados, dificilmente expulsos, que continuaram pelas ruas gritando: «romano lo volemo» (queremo-lo romano).
Os cardeais eleitores, pressionados pelos Romanos, não perderam tempo e no dia seguinte optaram pelo arcebispo de Bari, um napolitano chamado BARTOLOMEO PRIGNANI, que escolheu o nome de URBANO VI e que foi sagrado no dia 18 do mesmo mês.
Os tumultos continuavam e houve quem sugerisse a URBANO VI que renunciasse, mas ele mostrou-se firme, respondendo «nem que visse mil espadas contra mim, não renunciaria».
A verdade é que havia dúvidas quanto à legalidade da eleição, pois os cardeais poderiam ter votado coagidos pelo medo, mas depois de interrogados, 12 dos 16 cardeais eleitores declararam ter votado de livre vontade. mesmo os cardeais que tinham ficado em Avinhão, não comparecendo ao conclave, ao serem notificados da eleição, enviaram saudações e a sua adesão a URBANO VI o que prova a validade da eleição.
Existe um documento de grande valor a confirmar a validade. Uma carta enviada de Roma, com data de 8 de maio de 1378, dirigida ao nosso rei Dom FERNANDO (como terá sido dirigida a todos os monarcas europeus), assinada por todos os cardeais eleitores a comunicar a eleição do arcebispo de Bari como Papa.
Diz assim: «(...) Por esta razão, nos pareceu informar-vos do que nestes dias se obrou na santa Igreja Romana, para que não deis crédito a outras coisas, se acaso vo-las escreverem e disserem: e também para que vossa consciência, informada por esta nossa atestação, sossegue e descanse sabendo a verdade (...).
Ilustrados, como plenamente cremos, por aquele Divino Luzeiro que não conhece ocaso, demos livremente beneplácito ao arcebispo de Bari (...) e o elegemos concordemente para o alto da grandeza apostólica (..)».
O certo é que esta eleição de URBANO VI deu origem e muito por sua culpa, ao Cisma do Ocidente, pois URBANO VI, uma vez entronizado, mostrou-se intransigente, intratável, cruel e até vingativo. Com fúrias de renovador, começou por indispor a Cúria e os cardeais que o tinham elegido, para com os quais teve atitudes irascíveis e palavras duras.
Perante nisto, 13 cardeais, alcançaram Anagni em segredo e aí, sob a protecção de Gascões de de Navarros, declaram ter sido forçada e nula a eleição de Roma e, em 20 de Setembro de 1378, elegeram com o nome de CLEMENTE VII um Anti-papa que fixou residência em Avinhão.
A Igreja tinha dois Papas e o mundo católico ficou algo perturbado. Fiéis a Roma estavam a Inglaterra, os países escandinavos e eslavos, a Itália, Hungria, Polónia e a Flandres. A França, Escócia e o reino de Nápoles eram a favor de CLEMENTE VIII. A Alemanha estava dividida: O Norte com URBANO, o Sul com CLEMENTE. A Espanha começou com URBANO, mas, por pressões da França, passou-se para CLEMENTE e em Portugal foi o inverso, pois o rei Dom FERNANDO começou com CLEMENTE aceitando até que transferisse o Bispo de Silves para o bispado de Lisboa, mas por pressão dos Ingleses passou a obedecer a URBANO VI, apoiado, por vários bispos, tendo á frente o Bispo de Braga Dom LOURENÇO VICENTE que se reuniram no principio de 1383 em Santarém, para confirmarem essa adesão.
O povo português também tomou partido e a tal ponto que o Bispo Dom MARTINHO - o tal transferido por CLEMENTE VII para Lisboa - de origem espanhola, foi assassinado pelos populares, atirado do alto duma das torres da Sé e mutilado com o pretexto de ser cismático e de obediência ao Anti-papa.
Morto Dom FERNANDO e aclamado o mestre de Avis, todos os prelados que assinaram a acta da sua eleição nas Cortes de Coimbra, em 6 de Abril de 1385, declararam obediência a URBANO VI. Esta atitude terá influído no reconhecimento de Dom JOÃO I por parte de URBANO VI.
O Cisma levantava grandes problemas. havia dois Papas e duas Cúrias. Cada um dos Papas mantinha uma corte que custava dinheiro aos fiéis. Cada qual excomungava o outro e os seus adeptos, o que significava que toda a Cristandade estava excomungada.
Havia luta nos Estados Pontifícios. Numa conjura em Nápoles, envolveram-se vários cardeais, mas a revolta foi sufocada por URBANO VI que se mostrou cruel. mandou prendê-los e depois foram mortos no cárcere.
Entretanto, CLEMENTE VII consegue arranjar um exército de aventureiros contra URBANO VI, mas as milicias fiéis ao papa conseguem vencer e URBANO VI pôde fixar residência no Vaticano.
Os últimos anos de vida de URBANO VI foram terríveis. Capturado pelo rei de Nápoles ficou prisioneiro em Nocera, conseguiu evadir-se, mas o seu desiquilíbrio mental agravou-se e quando morreu em Roma, mesmo os que lhe reconheciam a legitimidade se sentiram aliviados.
Durante o seu pontificado deu-se o ingresso da Lituânia no seio da Igreja Católica, com a conversão de LADISLAU em 1386 e em Dieta reunida em Viena, no ano seguinte, o Cristianismo é declarado religião do Estado, recebendo o povo, em massa, o baptismo.
BONIFÁCIO IX - Papa
Papa de 1389 a 1404
CC Papa
SÍNTESE
Nasceu em Nápoles, por volta de 1350, de uma familia nobre, mas arruinada. Chamava-se PEDRO TOMACELLI, cardeal-presbitero desde 1385. Morreu em 1 de Outubro de 1404, em Roma.
HISTÓRIA
A eleição do sucessor de URBANO VI podia ter acabado com o Cisma do Ocidente, se os cardeais eleitores tivessem optado pelo Anti-Papa CLEMENTE VIII, tornando-o legitimo, mas os cardeais, fiéis a Roma, escolheram, em 2 de Outubro de 1389, o cardeal PIETRO TOMACELLI que tomou o nome de BONIFÁCIO IX.
Apesar de jovem (tinha 35 anos), sem grande saber teológico, era uma pessoa que se impunha pelas suas qualidades de carácter: afável e compreensivo.
Logo que foi eleito esforçou-se pela pacificação, restabelecimento da ordem e pelo fomento de diversas obras públicas nos Estados Pontifícios.
No intuito de acabar com o Cisma, não responde a CLEMENTE VIII quando este o excomungou e, pelo contrário, fez-lhe saber que o único caminho para a reconciliação seria a completa submissão ao único pontífice, o residente em Roma. BONIFÁCIO IX prometia tratá-lo com clemência e fazê-lo seu representante em França.
É então que a Universidade de Paris propõe um Concilio ecuménico como solução: tanto CLEMENTE VII como BONIFÁCIO IX deviam abdicar. Os cardeais de Avinhão concordam, mas, entretanto, CLEMENTE VIII morre de apoplexia.
Em 1394, os cardeais de Avinhão, esquecendo todos os pedidos, elegem um novo Anti-papa, o cardeal de Aragão, PEDRO DE LUNA, que tomou o nome de BENTO XIII e que, logo que foi eleito, recusou a abdicação.
O rei CARLOS VI, de França e a Universidade de Paris, pedem ás cortes europeias para fazerem pressão para que as duas partes litigantes permitam uma noiva eleição com legitimidade assegurada. A Universidade de Oxford, porém, não admitia dúvidas, pois estava com BONIFÁCIO IX.
Em Maio e Junho de 1398 reúne-se em Paris, uma assembleia de bispos, clero e doutores, que, após longos debates toma a resolução de negar obediência a BENTO XIII, tratando-o como perjuro, pois antes de ser eleito era favorável à renúncia de ambos os papas para se fazer nova eleição e agoia se negava a abdicar.
O povo continuava desorientado, até pelas profecias de que o fim do mundo viria com o fim do século.
Depois de muitas pressões, do rei de França e da Universidade de Paris, o anti-papa BENTO XIII envia uma embaixada a Roma, a propor um encontro conciliador, mas tal não foi possível porque BONIFÁCIO IX faleceu em 1 de Outubro de 1404.
Segundo o abade de Cedovim, JOAQUIM DE AZEVEDO, foi BONIFÁCIO IX que «erigiu em arcebispado a metrópole de Lisboa».
Apesar de jovem (tinha 35 anos), sem grande saber teológico, era uma pessoa que se impunha pelas suas qualidades de carácter: afável e compreensivo.
Logo que foi eleito esforçou-se pela pacificação, restabelecimento da ordem e pelo fomento de diversas obras públicas nos Estados Pontifícios.
No intuito de acabar com o Cisma, não responde a CLEMENTE VIII quando este o excomungou e, pelo contrário, fez-lhe saber que o único caminho para a reconciliação seria a completa submissão ao único pontífice, o residente em Roma. BONIFÁCIO IX prometia tratá-lo com clemência e fazê-lo seu representante em França.
É então que a Universidade de Paris propõe um Concilio ecuménico como solução: tanto CLEMENTE VII como BONIFÁCIO IX deviam abdicar. Os cardeais de Avinhão concordam, mas, entretanto, CLEMENTE VIII morre de apoplexia.
Em 1394, os cardeais de Avinhão, esquecendo todos os pedidos, elegem um novo Anti-papa, o cardeal de Aragão, PEDRO DE LUNA, que tomou o nome de BENTO XIII e que, logo que foi eleito, recusou a abdicação.
O rei CARLOS VI, de França e a Universidade de Paris, pedem ás cortes europeias para fazerem pressão para que as duas partes litigantes permitam uma noiva eleição com legitimidade assegurada. A Universidade de Oxford, porém, não admitia dúvidas, pois estava com BONIFÁCIO IX.
Em Maio e Junho de 1398 reúne-se em Paris, uma assembleia de bispos, clero e doutores, que, após longos debates toma a resolução de negar obediência a BENTO XIII, tratando-o como perjuro, pois antes de ser eleito era favorável à renúncia de ambos os papas para se fazer nova eleição e agoia se negava a abdicar.
O povo continuava desorientado, até pelas profecias de que o fim do mundo viria com o fim do século.
Depois de muitas pressões, do rei de França e da Universidade de Paris, o anti-papa BENTO XIII envia uma embaixada a Roma, a propor um encontro conciliador, mas tal não foi possível porque BONIFÁCIO IX faleceu em 1 de Outubro de 1404.
Segundo o abade de Cedovim, JOAQUIM DE AZEVEDO, foi BONIFÁCIO IX que «erigiu em arcebispado a metrópole de Lisboa».
»»»»»»»»»»»»»»»»
&&&&&&&&&&&
Local onde se processa este blogue, na cidade do Porto
Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.
Textos recolhidos
Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.
Textos recolhidos
In
O Papado - 2000 Anos de História
Ed. Círculo de Leitores - 2009
e
sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros
O Papado - 2000 Anos de História
Ed. Círculo de Leitores - 2009
e
sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros
Blogue:
SÃO PAULO (e Vidas de Santos) http://confernciavicentinadesopaulo.blogspot.com
ANTÓNIO FONSECA
ANTÓNIO FONSECA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.