domingo, 21 de janeiro de 2018

Nº 3360 - (3 *) - O PAPADO - 2000 ANOS DE HISTÓRIA - 21 DE JANEIRO DE 2018,

Caros amigos:

NOVO ANO - NOVA VIDA

Como podem verificar desde o passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores. 

Esta recolha de textos é feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.


Atingi em 20 de Janeiro exactamente, o número de 200 Biografias dos primeiros 200 Papas da Igreja Católica (incluindo 33 Anti-Papas - que são discriminados na cor Vermelha). 

Com a média de publicação de 10 Papas por dia = 20 dias, estão publicadas 200 biografias, faltando apenas pouco mais de 60  (o que, significa que daqui a 5 dias, no fim deste mês 31 de Janeiro) ficarão 50 editadas.

Por este andar espero que este trabalho-missão ) - e contando com as Biografias mais longas - que, nesses casos, será drasticamente reduzida apenas a Uma)  termine antes (ou no dia) do meu aniversário em Fevereiro próximo

Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos... 








Foto actual do autor




Nº  3 3 6 0 - (3)




21 de JANEIRO de 2018


Texto do livro 
O PAPADO - 2000 Anos de História
do Círculo de Leitores - 2009 
e compilado por Mendonça Ferreira 


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INOCÊNCIO VII - Papa  

Papa desde o ano 1404 a 1406

CCI Papa

SÍNTESE

Nasceu em Sulmona, Nápoles - Itália em 1336. Chamava-se CÓSIMO MIGLIORATI. Estudou em Perúsia, Pádua e Bolonha, onde se formou como jurista. Bispo de Bolonha (1389) e bispo de Ravena. Foi legado do papa à Lombardia e à Toscana. Era cardeal-presbitero de Santa Cruz, em Jerusalém, nomeado por BONIFÁCIO IX. Morreu em 6 de Novembro de 1406.



HISTÓRIA

 Com a morte de BONIFÁCIO IX e com o Anti-papa BENTO XIII a prometer que iria renunciar aos seus supostos direitos, os cardeais eleitores, de Avinhão e de Roma, esperavam eleger um papa inteiramente legitimo e acabar com o Cisma, mas os legados de BENTO XIII mostraram-se evasivos, não dando garantias seguras sobre a prometida renúncia, pelo que o Conclave elegeu em 12 de Outubro de 1404, o cardeal CÓSIMO MIGLIORATI, que tomou o nome de INOCÊNCIO VII.
Após a eleição BENTO XIII, fingindo querer resolver o problema, dirige-se para Génova acompanhado de forte escolta armada e propõe um encontro com INOCÊNCIO VII. O Papa, informado dos verdadeiros intentos do Anti-Papa, negou-se a ir ao seu encontro.
O rei de Nápoles instiga tumultos em Roma e INOCÊNCIO VII foi obrigado a fugir para Viterbo, de onde só regressou no principio de 1406.
Durante o pouco tempo calmo que teve em Roma, dedicou-se à reforma da Universidade de Roma, criando novas cadeiras de Medicina, Filosofia, Lógica, Retórica e de Língua e Literatura grega, e levando para ali ensinar dois grandes humanistas: POGGIO BRACCIOLINI e LEONARDO BRUNI.
Morreu em Roma, sendo sepultado em São Pedro.






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GREGÓRIO XII  -  Papa  

Papa desde o ano 1406 até 1415

CCII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Veneza - Itália em 1325. Chamava-se ÂNGELO CORRARIO. Era patriarca latino de Constantinopla. Foi secretário apostólico de INOCÊNCIO VII, mais tarde legado papal em Ancona e cardeal-presbitero de São Mário. Morreu em Recanati, em 18 de Outubro de 1417, no exercício das funções de cardeal-bispo de Portus, onde está sepultado.


HISTÓRIA

Os 14 Cardeais fiéis a Roma comprometeram-se a renunciar ao pontificado, se algum deles fosse eleito, com  a condição de BENTO XIII também renunciar, muito embora semelhante compromisso fosse canonicamente irregular.
A eleição deu-se, em 30 de Novembro de 1406, e foi escolhido o cardeal ÂNGELO CORRARIO, que tomou o nome de GREGÓRIO XIII.
Logo que foi eleito, enviou cartas a BENTO XIII, aos cardeais de Avinhão, à Universidade de Paris e aos soberanos cristãos, mostrando-se disposto a renunciar, se BENTO XIII fizesse o mesmo, com vista a acabar com o Cisma, e a promover a desejada união.
BENTO XIII recusa-se a renunciar e o rei de França manda prender o Anti-Papa, mas ele consegue fugir para Aragão.
Por sugestão do rei de França, os cardeais de Avinhão abandonam GREGÓRIO XII e resolvem convocar um concílio para Pisa, onde a 25 de Março de 1409 pretendem depor GREGÓRIO XII e BENTO XIII e eleger um novo papa. Em 5 de Junho de 1409 ambos os Papas foram depostos como favorecedores do Cisma, hereges e perjuros.
Em 26 de Junho de 1409 elegem um novo Anti-Papa PIETRO FILARGO, que tomou o nome de ALEXANDRE V.
Deu-se então uma incrível situação, inédita na história da Igreja. Como os dois papas (o legítimo e o anti-Papa) depostos não aceitavam essa determinação e tinha sido eleito um novo Anti-papa, existiam três papas (apenas um verdadeiro) e o Cisma em vez de terminar. agitava-se.
Os patriarcas de Alquileia e Veneza adeptos da causa de ALEXANDRE V, tentam um golpe para se apoderarem  de GREGÓRIO XII,  mas este conseguiu fugir para Gaeta, no reino de Nápoles, ao mesmo tempo que ALEXANDRE V, auxiliado pelas tropas de LUÍS DE ANJOU, se apoderava dos Estados Pontificios. Pouco depois, quando seguia para Roma, ALEXANDRE V foi surpreendido pela morte.
Os cardeais que o apoiavam não desistem nem perdem tempo e elegem, rapidamente, novo Anti-papa, deste vez BALTASAR DE COSSA, quer toma o nome de JOÃO XXIII e que se instala em Roma, enquanto GREGÓRIO XII foge para Rimini, mas por pouco tempo, pois o rei de Nápoles consegue expulsá-lo.
GREGÓRIO XII acolhe-se à protecção de SEGISMUNDO, imperador germânico, ere este, aproveitando-se dele, convoca o Concilio de Constança.
JOÃO XXIII aceita o concilio, pensando que ia ganhar, mas quando percebeu que a ideia era depor os três Papas, consegue fugir, indo pedir protecção ao duque FREDERICO DE ÁUSTRIA.
Depois de alguma perturbação, o Concilio continuou e JOÃO XXIII prisioneiro do imperador, aceita humildemente a sua deposição e GREGÓRIO XII através dos seus legados, abdicou nesse Concilio em 4 de Julho de 1415.
Restava BENTO XIII que continuava renitente, e  mesmo o concilio acabou por destitui-lo em 26 de Julho de 1417, proibindo os fiéis, com severas penas, de lhes prestarem obediência.
GREGÓRIO XII depois de renunciar, morreu passados dois anos, em Recanati, vinte dias antes da eleição do novo Papa, MARTINHO V, este, indiscutivelmente, o legitimo Sumo Pontifice.




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CLEMENTE VII - Papa


Anti-Papa desde o ano 1378 até ao ano de 1394  




XXXIV Anti-Papa 


SÍNTESE

Era suiço e chamava-se ROBERTO DE GENEBRANasceu em GENEBRA em 1328. Foi bispo de Cambrai em 1368 e cardeal desde 1371. Morreu em Avinhão, em 16 de Setembro de 1396.



HISTÓRIA

Depois da morte de GREGÓRIO XI, em 1378, enquanto os cardeais deliberavam acerca da eleição do novo papa, o povo romano gritava diante das portas do Vaticano: «Nós queremo-lo romano, senão matá-los-emos a todos».O conclave acabava de eleger um italiano, quando a multidão invadiu o palácio.
No dia seguinte, os cardeais entronizaram URBANO VI, que era um homem desabrido, que tratava publicamente por patife o cardeal de Amiens e por imbecil o cardeal ORSINI, declarando aos cardeais franceses que nada mais tinham que fazer senão calarem-se
Treze cardeais franceses, alegando terem sido obrigados a votar em URBANO VI, alcançaram em segredo Anagni, onde, sob a protecção de Gascões e Navarros, comandados por DU GUESCLIN, declaram forçada e nula a eleição de Roma e elegeram em 20 de maio de 1378, ROBERTO DE GENEBRA, como Anti-papa, com o nome de CLEMENTE VII. este foi para Avinhão, levando o Cisma a dividir a Cristandade durante 40 anos.
A França apoiou o papa de Avinhão com o reino de Nápoles e a Escócia. Pelo Papa de Roma tomaram partido a Itália do Norte, Alemanha, países escandinavos e da Europa Central.
A Espanha e Portugal tiveram posições divergentes. A Espanha começou por apoiar URBANO VI, mas depois, por pressão da França, passou-se para CLEMENTE VII. Quanto a Portugal o rei Dom FERNANDO começou por apoiar CLEMENTE VII, mas depois passou a apoiar URBANO VI.

CLEMENTE VII entra em Avinhão em 20 de Setembro de 1379 e o Cristianismo passa a ter dois papas.
Este Anti-Papa jovem, apoiado pelos países mais ricos da Cristandade, retoma a vida faustosa que amava e a corte papal retoma as suas tradições brilhantes. Pretende mostrar a sua legitimidade, enquanto em Itália, URBANO VI, num ataque de paranoia, faz executar alguns dos seus cardeais.
Entretanto, na corte de CLEMENTE VII, aparece um jovem cardeal, de nome PIERRE DO LUXEMBURGO um homem santo, tão piedoso  que a sua  morte foi causada,
prematuramente, por privações e penitências.
 O seu túmulo depois transformado em capela, passou a ser um lugar de recolhimento e de milagres, visitado por muitos peregrinos.

CLEMENTE VII morreu de apoplexia em Avinhão.









BENTO XIII- Papa


Anti-Papa desde o ano 1394 até ao ano de 1423 


XXXV Anti-Papa 


SÍNTESE

Nasceu em Saragoça - Aragão. Chamava-se PEDRO MARTINEZ DE LUNA. Doutorou-se em Direito canónico na Universidade de  Montpellier. Foi nomeado cardeal-diácono por GREGÓRIO XI (1375) e actuou acertadamente como legado papal em Espanha, em nome do Anti-Papa CLEMENTE VII, ao qual sucedeu no sólio pontifício. Morreu em 23 de maio de 1423.


HISTÓRIA

Quando CLEMENTE VII morreu, os cardeais elegeram, em 28 de Setembro de 1394, outro Anti-papa, com o nome de BENTO XIII, o espanhol PEDRO LUNA um homem com formação jurídica.
Depois de eleito propôs um  encontro pessoal com BONIFÁCIO IX do qual nada resultou.
Por incumprimento da promessa de terminar com o Cisma do Ocidente e também devido à oposição francesa e a outras circunstâncias, foi deposto em 1398. Como se negasse a entregar a tiara, foi cercado em Avinhão, de onde fugiu para Peniscola, continuando a ,manter os seus direitos, apesar de ter sido condenado pelo concilio de Pisa e de Constança (Julho de 1417).
 O concilio foi proposto pelo imperador do sacro Império, SEGISMUNDO, para acabar com a heresia hussita, sendo convocado pelo Anti-papa JOÃO XXIII terminando com o Cisma do Ocidente e a eleição de MARTINHO V.
Entretanto , viveu ainda mais cinco anos, continuou na Páscoa com os ataques ao rei de Aragão e aos cardeais que o tinham abandonado depois de ter sido deposto pelo Concilio de Constança em 26 de Julho de 1417.
Antes de morrer, em Peniscola, obrigou três cardeais que lhe eram fiéis a jurar que iriam eleger um seu sucessor. Os cardeais cumpriram a sua jura e assim aparece o Anti-Papa CLEMENTE VIII (1423-1429) que abdicou e se submeteu a Roma, e o Anti-papa BENTO XIV (1425-1430).









ALEXANDRE V - Papa


Anti-Papa desde o ano 1409 até ao ano de 1410 


XXXVI Anti-Papa 


SÍNTESE

Nasceu em Candia. Chamava-se PIETRO FILARGO. Era frade franciscano. foi arcebispo de Milão desde 1402 e Cardeal em 1405. Morreu em Bolonha em 3 de maio de 1410 e foi ali sepultado.



HISTÓRIA

O Conciliábulo de Pisa reuniu em Cândia em 1409. para resolver o problema surgido com a existência de dois Papas que não desistiam do Pontificado: o Anti-papa BENTO XIII e o Papa GREGÓRIO XII. A 15 de Junho de 1409 ambos foram depostos, depois de serem declarados cismáticos e mesmo hereges. Logo a seguir, a 26 desse mesmo mês, elegem novo Papa, o arcebispo de Milão, PIETRO FILARGO que toma o nome de ALEXANDRE V. Havia então 3 Papas.
Os Patriarcas de Alquileia e Veneza passaram a apoiar a causa de ALEXANDRE V, o que lhe deu força para aprisionar GREGÓRIO XII, mas este conseguiu fugir para Gaeta, no reino de Nápoles.
Após a fuga do Papa, ALEXANDRE V, auxiliado pelas tropas de LUÍS DE ANJOU apodera-se dos estados Pontificios, mas, quando se ia transferir para Roma, foi surpreendido pela morte em 1410, poucos meses depois da sua eleição. 
ALEXANDRE V que pertencia à Ordem dos Franciscanos, distinguiu-se pela sua sabedoria e bondade.










JOÃO XXIII- Papa


Anti-Papa desde o ano 1410 até ao ano de 1415 


XXXVII Anti-Papa 


SÍNTESE

Nasceu em Nápoles em 1370, de onde, mais tarde, viria a ser cardeal. Chamava-se BALTASAR DE COSSA. Quando faleceu era cardeal-bispo de Túsculo, nomeado por MARTINHO V. Morreu em 22 de Dezembro de 1419, em Florença.



HISTÓRIA

Depois de eleito Papa, GREGÓRIO XII enviou cartas ao Anti-Papa BENTO XIII, aos cardeais de Avinhão, à Universidade de Paris e a diversos soberanos, para conseguir uma união da Igreja,
O anti-papa BENTO XIII negou-se a renunciar e o rei de França deu-lhe ordem de prisão, mas BENTO conseguiu fugir e refugiar-se em Aragão.
O Concilio de Pisa (25-3-1409) pretende destituir o Papa GREGÓRIO XII e o Anti-papa BENTO XIII, mas perdeu tempo em discussões inúteis e só em 15 de Junho de 1409 conseguiram destitui-los, elegendo o arcebispo de Milão, PIETRO FILARGO que toma  o nome de ALEXANDRE V, afinal outro Anti-papa. tanto GREGÓRIO XII como BENTO XIII protestam e não aceitam esta decisão, chegando-se ao cúmulo de haver 3 Papas, sendo dois ilegítimos.
ALEXANDRE V auxiliado pelas tropas de LUÍS DE ANJOU consegue apoderar-se dos estados Pontificios, mas morre poucos meses depois da sua falsa eleição. Surge então novo Anti-Papa, o cardeal napolitano BALTAZAR DE COSSA, eleito em 17 de maio de 1410, que toma o nome de JOÃO XXIII. JOÃO era um politico enérgico, antigo militar, um homem orgulhoso, que foi logo instalar-se em Roma auxiliado pelas tropas de LUÍS DE ANJOU obrigando GREGÓRIO XII a refugiar-se em Rimíni, mas pouco tempo esteve em Roma, sendo expulso pelo rei de Nápoles.
JOÃO não desiste, pede ajuda ao imperador SEGISMUNDO e este, querendo livrar-se dele, convoca o Concilio de Constança, disposto a destituir os 3 Papas, para eleger outro. O anti-Papa percebe o que se passa, foge e vai pedir ajuda ao duque FREDERICO DE ÁUSTRIA. Não conseguiu a ajuda desejada e foi feito prisioneiro, aceitando humildemente a deposição. Quando foi libertado dirigiu-se a Roma para prestar obediência a MARTINHO V, então papa legítimo; este, condoído, perdoou e restituiu-lhe a dignidade cardinalícia, passando a ser cardeal-bispo de Túsculo.
No local da sua morte, em Florença, foi erigido em sua memória um belo monumento.
Só passados mais de 500 anos, o Patriarca de Veneza, ÂNGELO RONCALLI, ao ser eleito papa e ao adoptar o nome de JOÃO XXIII, relegou definitivamente o outro JOÃO para o rol dos Anti-Papas e usurpadores.







CLEMENTE VIII - Papa



Anti-Papa desde o ano 1423 até ao ano de 1429 


XXXVIII Anti-Papa 


SÍNTESE


Nasceu em 1380. Chamava-se GIL SANCHEZ MUÑOZ.



HISTÓRIA

Os cardeais que tinham jurado a BENTO XIII que elegeriam um  seu sucessor cumpriram o prometido e, em 10 de Junho de 1423, elegeram um homem sem importância e quase desconhecido como Anti-papa, com o nome de CLEMENTE VIII.
O Anti-Papa, cujo percurso se desconhece, renunciou em 26 de Julho de 1429, já quando MARTINHO V era o papa legitimo.









MARTINHO V - Papa

Papa de 1334 a 1342


CCIII Papa

SÍNTESE

Nasceu em Genazzano - Itália em 1368. Chamava-se ODONNE COLLONA. estudou na Universidade de Perúsia. Era subdiácono, com o título honorifico de Cardeal de São Jorge, nomeado por BONIFÁCIO IX. Morreu em Roma, em 20 de fevereiro de 1431.



HISTÓRIA


Ainda cardeal, abandonou a Cúria de GREGÓRIO XII e no Concilio de Pisa tomou parte na eleição dos Anti-Papas ALEXANDRE V e JOÃO XXIII.
Com os problemas do Pontificado anterior, verificou-se uma Sede Vacante de quase dois anos e meio, até que no Concílio de Constança, composto de 23 cardeais, da Alemanha, França, Itália, Espanha e Inglaterra, até então em litigio, elegeram em 11 de Novembro de 1417, que tomou o nome de MARTINHO V, um papa, indiscutivelmente legítimo, que punha fim ao Cisma que durara 40 anos e que permitia que a Igreja tivesse novamente uma cabeça quase universalmente reconhecida.
Ao ser eleito, não era mais do que subdiácono com o título honorifico de Cardeal, pelo que foi ordenado diácono, sacerdote, consagrado bispo e coroado Papa, no palácio episcopal de Constança.
MARTINHO V que não se destacava por dotes de ciência ou letras, logo mostrou o acerto da sua eleição.
Era um homem  modesto e conciliador mas também enérgico e realizador.
Um dos primeiros actos do seu pontificado  ainda no decorrer do Concilio de Constança, foi a publicação duma Bula em que condenava os erros de WICLEF (1320-1384), já condenados por GREGÓRIO XI, e os erros de JAN HUSS (1364-1415). No prosseguimento do Concilio, confirmou as penas canónicas contra a simonia e proibiu a acumulação de benefícios. MARTINHO V deu por encerrado o Concilio em 22 de Abril de 1418 e determinou que o próximo se realizaria em 1423, em Pavia.
Decretou também a proibição de se apelar para o Concilio contra o papa, rejeitando assim a superioridade do Concilio sobre o Papa, votada em Constança.
Como Roma, continuava agitada pelos Napolitanos, o Papa permaneceu em Constança, até que em maio de 1418 se dirigiu para Milão. Daí passou a Florença, onde recebeu a retractação do arrependido JOÃO XXIII e os embaixadores de Constantinopla, procurando a união das duas igrejas.
Finalmente, com Roma pacificada, ali entrou em 30 de Setembro de 1420, encontrando a cidade completamente arruinada e por isso começou, mediatamente, por criar uma polícia especial contra os bandidos e os vadios.
Procurou consolidar os Estados Pontificios, dando coesão aos municípios e províncias e reduzindo o predomínio das famílias principais, que se consideravam superiores às próprias leis.
No campo espiritual, publicou em 1423, a celebração dum Jubileu pregado por São BERNARDINO DE SENA e procurou incrementar a  devoção à eucaristia e ao culto dos santos.
 Dando seguimento às determinações do Concilio de Constança, o concilio indicado para Pavia, teve de ser transferido para Siena, onde se iniciou em 23 de março de 1423. O concilio foi de escassa importância, limitando-se a condenar novamente as heresias de HUSS e a excomungar os ainda seguidores de BENTO XIII. Foi ainda determinado que o próximo se realizaria em 1431, em Basileia, a que o Papa já não assistiu, pois faleceu em Roma, aos 63 anos de idade, vítima de apoplexia.
No dizer dos historiadores da época, o povo chorou-o como se tivesse perdido o melhor dos pais e o epitáfio do seu sepulcro exalta-o como temporum suorum felicitas.
No que respeita a Portugal, MARTINHO V interveio nos confrontos entre a autoridade real e a Igreja e sabendo dos vexames que Dom JOÃO I infligia ao clero, expediu uma Bula aos Metropolitas de Braga e Lisboa, no qual, depois de se referir aos abusos perpetrados pelo rei, mandava que lhe fossem enviadas a Roma pessoas idóneas para tratarem com ele do assunto.
Dom JOÃO I receoso, apressou-se a reparar os agravos , firmando com os bispos reunidos em Santarém, em 30 de Agosto de 1427, uma Concordata com 94 artigos para sanar os diferendos









BENTO IV - Anti-Papa


Anti-Papa desde o ano 1425 até ao ano de 1430 


XXXVIII Anti-Papa 


SÍNTESE


Era provavelmente francês. Chamava-se BERNARD GARNIER.



HISTÓRIA

Pouco se conhece da vida deste Anti-papa, sabendo-se que foi um dos que surgiram da jura feito a BENTO XIII à hora da morte, pelos cardeais que lhe eram fiéis.














EUGÉNIO IV - Papa


Papa desde o ano 1431 até 1447.


CCIV Papa


SÍNTESE

Nasceu em Veneza - Itália em 1383. Chamava-se GABRIELE CONDULMARO, sendo sobrinho do papa GREGÓRIO XII. Era cardeal-bispo de Siena e cardeal-presbitero de São Clemente. Morreu em Roma, em 23 de fevereiro de 1447.



HISTÓRIA

GABRIELE CONDULMARO ficou rico ainda muito jovem e decidiu doar 20 000 ducados aos pobres e entrar no mosteiro dos monges agostinhos.
Antigo eremita de Santo Agostinho, o cardeal GABRIELE CONDULMARO impôs-se ao Concílio pela sua virtude e austeridade, vindo a ser eleito Papa, com o nome de EUGÉNIO IV, em 3 de Março de 1431, e coroado em Roma a 11 do mesmo mês.
Por uma Bula publicada após a eleição comprometeu-se a reunir um Concílio para reforma da Igreja e a não tomar nenhuma decisão importante sem consultar o Colégio Cardinalício.
Entretanto, outros parentes de GREGÓRIO XII fazem-lhe oposição, porque depois de saquearem o tesouro da Santa Sé pretendiam conservar a propriedade do castelo de Santo Ângelo e outras localidades, o que obrigou EUGÉNIO IV a lançar sobre eles a excomunhão.
Para prosseguir e concretizar a reforma convocou o Concílio de Basileia, que teve pouca concorrência devido à guerra entre a França e a Inglaterra. Declara o Concílio encerrado, transferindo-o para Bolonha. A Bula da dissolução foi mal recebida pelos prelados e pelos doutores, que, sob a protecção do imperador SEGISMUNDO, reafirmaram a autoridade do Concílio superior à do papa. Da Universidade de Paris chegou também uma mensagem violenta contra o papa.
Temendo o pior, EUGÉNIO IV mostra-se disposto a reabrir o Concilio de Basileia, mas, entretanto, SEGISMUNDO dirige-se a Itália, sendo coroado em São Pedro em 31 de maio de 1433. De regresso á Alemanha passa por Basileia procurando solucionar o conflito pendente e EUGÉNIO IV faz promessas mais amplas, exigindo apenas que o Concílio anulasse os decretos que colidiam com o poder papal.
Inesperadamente, o duque de Milão, com outros capitães, dizendo-se mandatados pelo Concilio, invadem os territórios pontifícios, chegando ás portas de Roma. EUGÉNIO IV, disfarçado de frade foge para Florença e envia delegados a Basileia com propostas conciliadoras que não são bem recebidas, o que o leva a declarar o V Concílio trasladado para Ferrara. Enfurecidos, os renitentes de Basileia, em Janeiro de 1438 declaram EUGÉNIO IV suspenso das suas funções e, em Novembro de 1439, com a presença de um único cardeal e apenas 11 bispos, sete abades e nove canonistas, organizam um conclave que elege Papa o duque AMADEU VIII de Sabóia. O duque é coroado com o nome de FÉLIX V (o último dos Anti-papas), durando dez anos esse ridículo pontificado, até que entregou o seu arrependimento a NICOLAU V, sucessor de EUGÉNIO IV, que o tratou com benignidade.
Entretanto, EUGÉNIO IV, alheio às bizarrias do Anti-Papa, começa a receber o arrependimento dos príncipes que lhe eram hostis e até de alguns cardeais, uns e outros a retirarem o apoio dado aos Conciliaristas, submetendo-se ao Papa.
EUGÉNIO IV, para alcançar uma conciliação com a Igreja do Oriente, convoca o Concílio de Ferrara numa altura em que a peste começa a aparecer naquela cidade. Transfere então o Concilio para Florença (1439), onde se chega, finalmente, a acordo, mostrando-se os Gregos convencidos com a argumentação dos Latinos.
Feliz com este resultado, EUGÉNIO IV escreve uma Bula onde anuncia o acordo a toda a Cristandade: 
«Alegrai-vos, ó céus, salta de gozo, ó terra, porque é completa a paz na Igreja de Cristo». 
Contudo, a alegria foi curta porque o clero bizantino não recebeu bem os representantes que se tinham deslocado ao Ocidente, manobrou o povo fanatizado pela rivalidade e ódio contra Roma e encarcerou o metropolita ISIDORO.
Ao morrer, EUGÉNIO IV exclamou no seu leito de morte: 
«Muitas tempestades agitaram esta Sede, mas as minhas intenções foram rectas e, neste terrível momento, conforta-me o pensamento de que a misericórdia divina olha mais para a boa vontade do que para aquilo que se consegue».
Durante o seu pontificado, dedicou-se à reconstrução material  e artística de Roma, tendo-se rodeado de artistas como FRA ANGÉLICO e DONATELLO.
Ele próprio mandou fazer as Portas de Bronze que ainda hoje adornam a entrada de São Pedro, encarregando FRA ANGÉLICO de decorar a Capela do Santíssimo Sacramento no Vaticano.
Também teve influência em Portugal, no conflito entre o clero e Dom DUARTE, o que motivaria uma Bula a lembrar-lhes as suas obrigações. Confirmou, ainda, a Congregação dos Cónegos de São Salvador de Vilar de Frades, mais tarde chamados Frades Lóios, nome derivado de Santo ELÓI, cujo mosteiro em Lisboa lhes pertencia.






FÉLIX V - Anti-Papa


Anti-Papa desde o ano 1439 até ao ano de 1449 


XXXIX Anti-Papa 


SÍNTESE


Nasceu em 1383. Chamava-se AMADEU, sendo duque de Sabóia. Era viúvo. Morreu em Genebra, em 7 de Novembro de 1451.



HISTÓRIA

O Papa EUGÉNIO IV, ao convocar o Concílio de Basileia, transferindo-o depois para Bolonha, provocou a ira dos prelados e doutores que o contestavam. Dizendo-se mandatado dos conciliares, o duque de Milão chega às portas de Roma, o que leva o papa a fugir para Florença, de onde envia novas propostas conciliadoras para Basileia, mas nem assim conseguiu que cedessem. Pelo contrário, em Janeiro de 1438, o Concilio de Basileia declara EUGÉNIO IV suspenso das suas funções e, em 5 de Novembro de 1439, elege, para o substituir, AMADEU, 8º Duque de Sabóia, uma pessoa de bons costumes, viúvo e que tinha nove filhos, mas que de religião não sabia mais do que o catecismo elementar. AMADEU havia fundado em Ripaille a Ordem dos Santos MAURÍCIO e LÁZARO, cuja divisa é Serville Deo Regnare Est, deixando o seu castelo de Ripaille, para se tornar no Anti-Papa FÉLIX V.
AMADEU tinha unificado os domínios da CASA DE SABÓIA, promulgado os respectivos Estatutos, pelo que tomou o título de 8º Duque de Sabóia, mas como Papa foi uma desilusão.
Dele dizia o seu secretário ENEIAS SÍLVIO: «Feliz principe, se a ambição das afinidades não lhe tivesse manchado a velhice».
VOLTAIRE, a seu respeito, escreveu: «Ó bizarro AMADEU,  AMADEU! Tu quiseste ser papa e deixaste de ser ajuizado».
A verdade é que após dez anos de um ridículo pontificado, vendo que ninguém fazia caso dele, em 7 de Abril de 1449, abdicou, mostrando o seu arrependimento a NICOLAU V, sucessor de EUGÉNIO IV, que ele nunca suplantara e o papa tratou-o de forma benigna, pois nomeou-o Vigário de Sabóia e, mais tarde, cardeal com uma pensão vitalicia e a mais alta posição no Colégio Cardinalicio.
Morreu em Genebra, e com ele desapareceu o Último Anti-Papa da História do Papado, porque tudo começou em 217 quando Santo HIPÓLITO foi considerado Anti-papa, o primeiro da História da Igreja, e foram precisos treze séculos para que este problema terminasse de vez. FÉLIX IV foi o Anti-papa Nº XXXIX (39).


Descrevo em seguida a Lista dos Anti-Papas:


1  -  Santo HIPÓLITO (217-235) 
2  -  NOVACIANO (251) 
3  -  FÉLIX II (355-358)
4  -  URSINO (366-367)
5  -  EULÁLIO (418-419)
6  -  LOURENÇO (498 e 501-505)
7  -  DIÓSCORO (530)
8  -  TEODORO (687)
9  -  PASCOAL (687)
10  -  CONSTANTINO II (767-769)
11  -  FILIPE (768)
12  -  JOÃO (844)
13  -   ANASTÁSIO (855)
14  -  CRISTÓVÃO (903-904)
15  -  BONIFÁCIO VII(974 e 984-985)
16  -  JOÃO XVI (997-998)
17  -  GREGÓRIO (1012)
18  -  BENTO X (1058-1059), 
19  -  HONÓRIO II (1061-1072)
20  -  CLEMENTE III (1080-1084)
21  -  TEODORICO (1100)
22  -  ALBERTO (1102)
23  -  SILVESTRE IV (1105-1111)
24   -  GREGÓRIO VIII (1118-1121)
25  -  CELESTINO II (1124)
26  -  ANACLETO II) (1130-1138)
27  -  VÍTOR IV (1138)
28  -  VÍTOR IV (1159-1164) **
29  -  PASCOAL III (1164-1168)
30  -  CALISTO III (1168-1178)
31  -  INOCÊNCIO III (1179-1180)
32  -  NICOLAU V (1328-1330)
33  -  CLEMENTE VII (1378-1394)
34  -  BENTO XIII (1394-1423)
35  -  ALEXANDRE V (1409-1410)
36  -  JOÃO XXIII (1410-1415)
37  -  CLEMENTE VIII (1423-1429)
38  -  BENTO XIV (1425-1430)
39  -   FÉLIX V (1439-1449)



* Apesar de ter sido eleito Anti-papa, foi considerado Santo
** Foi eleito com o nome de VÍTOR IV, em virtude de não se reconhecer o anterior Anti-papa com ol mesmo nome que havia sido eleito em 1138.





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Local onde se processa este blogue, na cidade do Porto




Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.

Textos recolhidos

In

O Papado  -  2000 Anos de História 
Ed. Círculo de Leitores - 2009

e

sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros






Igreja da Comunidade de São Paulo do Viso



Blogue: 
 SÃO PAULO (e Vidas de Santos) http://confernciavicentinadesopaulo.blogspot.com


ANTÓNIO FONSECA

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   Caros Amigos 17º ano com início na edição  Nº 5 469  OBSERVAÇÃO: Hoje inicia-se nova numeração anual Este é, portanto, o 137º  Número da ...