terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Nº 3 3 4 8 - (3) - O PAPADO - 2000 ANOS DE HISTÓRIA - 9 de JANEIRO de 2018,

Caros amigos:

NOVO ANO - NOVA VIDA

Desde o passado dia 1, iniciei uma nova página (nº 3) na qual vou tentar transcrever através do livro O Papado - 2000 Anos de História, da autoria de Mendonça Ferreira e editado em Março de 2009 pelo Círculo de Leitores. 

Esta recolha de textos será feita literalmente por mim próprio, pela ordem que se encontra no livro, desde PEDRO (São) até ao actual Papa FRANCISCO.


Diariamente pois, serão publicadas normalmente 10 destas biografias - dependendo se podem ser mais ou menos - mediante o tamanho dos textos. Desde já, chamo a atenção para o facto de, por exemplo, a biografia de JOÃO PAULO II é muito longa, pelo que na devida altura apenas essa será publicada, e, possivelmente haverá outros casos.


Espero que Deus me permita completar este trabalho a que decidi meter mãos... 








Foto actual do autor




Nº  3 3 4 8 - (3)




9 de JANEIRO de 2018


Texto do livro 
O PAPADO - 2000 Anos de História
do Círculo de Leitores - 2009 
e compilado por Mendonça Ferreira 


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BENTO II - Papa 

Papa desde o ano 684 até ao ano 685.

LXXXI Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma, no seio da família Savelli; o pai chamava-se JOÃO. Era presbitero. Morreu em 8 de Maio de 685. Tem a sua festa a 8 de Maio.

HISTÓRIA

O clero romano escolheu para Pontifice o presbitero BENTO, um jovem piedoso e com  amor à Igreja, formado na Schola Cantorum fundada por São GREGÓRIO MAGNO.
Foi eleito em 22 de Julho de 683, mas a sua consagração oficial demorou onze meses por falta de aprovação do Imperador de Constantinopla, pelo que o seu Pontificado foi apenas de dez meses, pois a investidura só se verificou em 26 de Junho de 684.
Mesmo sem a aprovação imperial, BENTO II tomou a iniciativa de repor na Sede Episcopal de York, São WILFRIDO que tinha sido deposto pelo rei.
O próprio imperador viu os inconvenientes da demora na aprovação imperial e, espontaneamente, escreveu a BENTO II a prescindir, para o futuro, desse direito. Mas fez mais. Segundo um costume da época, enviou ao Papa madeixas de cabelo dos seus filhos em sinal de submissão filial e partilha de paternidade.
Tendo o Bispo de Toledo, JULIÃO, escrito uma carta de adesão dos Bispos da península ao II Concílio de Constantinopla, BENTO II notou  algumas imperfeições de acordo com a ortodoxia e, naturalmente, chama-lhe a atenção ao responder-lhe. O bispo JULIÃO mostra-se ressentido com desacordo do papa e responde em termos abusivos e imoderados, dizendo que as suas preposições «merecerão a aprovação dos que amam, a verdade, embora os ignorantes nos tenham por indóceis». 
BENTO II não chegou a ler semelhantes e indelicadas palavras, pois a carta chegou depois de ter falecido.
BENTO II foi um Pontifice caritativo e esmoler, exortando os sacerdotes a terem especial atenção com os pobres e providenciando instituições para iniciação musical e cultural dos órfãos desprotegidos . Estabeleceu diaconias confiadas a monges encarregados da administração de hospitais, asilos e centros de distribuição.
São BENTO mandou restaurar muitas Igrejas de Roma, reformou e ampliou o clero e foi muito dedicado aos pobres.
Foi sepultado na Basilica de São PEDRO.







JOÃO V - Papa  

Papa desde o ano 685 até ao ano  686

LXXXII Papa

SÍNTESE

De origem grega, natural de Antioquia, era diácono. Representou o papa Santo AGATÃO no VI Concilio Ecuménico de Constantinopla. Morreu a 2 de Agosto de 686.

HISTÓRIA

Eleito em 23 de Julho de 685, este Papa iniciou uma série de Pontífices de origem grega ou orientais, talvez em resultado do entendimento entre Roma e Constantinopla.
O clero romano aceitou o diácono JOÃO, que já tinha sido escolhido pelo Papa Santo AGATÃO (678-681) para o representar no Vi Concílio Ecuménico.
Retirou ao arcebispo de Cagliari o privilégio abusivo que os metropolitas da Sardenha se atribuíam de consagrarem os seus sufragâneos, com desprezo formal de uma constituição proibitiva do Papa São MARTINHO.
Morreu, depois de prolongada enfermidade, não tendo recebido a carta do imperador Justiniano II em que lhe chamava Universalis Papa.





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CÓNON - Papa 

Papa desde o ano 686 até ao ano 687

LXXXIII Papa

SÍNTESE

Nasceu na Sicília, filho de um oficial trácio. Morreu a 21 de Setembro de 687,

HISTÓRIA

Foi eleito Papa em 21 de Outubro de 686, com a idade muito avançada.
A sua eleição não foi muito pacifica, porque se apresentaram duas candidaturas, uma apoiada pelo clero e outra pelas forças imperiais, às ordens do Exarca de Ravena. Após largas e difíceis negociações, CÓNON foi aceite como solução para ambas as partes, mas poucos meses durou o seu pontificado pois, já velho e doente, viria a falecer pouco depois.
Durante o seu pontificado incumbiu o Bispo irlandês São KILIANO da evangelização da< Germânia.
Morreu, ao que parece, envenenado.

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SÉRGIO I - Santo  

Papa desde o ano 687 até ao ano 701

LXXXIV Papa



SÍNTESE


Nasceu em Palermo - Itália, de origem síria. Era presbitero romano. Morreu em Roma a 8 de Setembro de 701. Tem a sua festa a 9 de Setembro.

HISTÓRIA

Quando o papa CÓNON faleceu a Igreja viu-se confrontada  com a agitação do povo dividido na eleição do novo Pontifice. Uma das facções a favor do presbitero TEODORO (anti-papa em 687) e outra pelo presbitero PASCOAL (anti-papa em 687, também) apoiado pelo Exarca de Ravena.
TEODORO chegou a apoderar-se de Latrão, enquanto PASCOAL ocupava os bairros exteriores. Como as facções não chegaram a acordo, o clero, o exército e a magistratura acordaram na eleição de um terceiro, o presbitero SÉRGIO realizada em 15 de Setembro de 687. TEODORO aceitou, mas PASCOAL recusou. Ambos viriam a ser Anti-Papas, com o fim que mereciam.
Começado o pontificado SÉRGIO I teve de enfrentar os caprichos teológicos de Bizâncio. Com efeito, o imperador Justiniano reuniu, sem representação da Sé Apostólica, um novo Concílio que servisse de complemento, tanto ao VI, como ao V Concílio Ecuménico, recebendo por isso, o nome de «Quinissexto» mas o papa recusou-se a subscrevê-lo.
O imperador furioso com esta atitude, mandou um emissário a Roma para se apoderar de dois conselheiros do papa e conduzi-los a Constantinopla e, ao mesmo tempo, mandou também ZACARIAS chefe da sua guarda pessoal, um homem feroz, mas que nada conseguiu, pois o exército de Ravena e o povo de Roma opuseram-se, ficando ao lado do Papa e em seu apoio.
Ocorreu então um episódio caricato quando ZACARIAS, perseguido e cheio de medo, se escondeu nos aposentos do próprio Papa onde desmaiou. Depois de reanimado, o papa, compadecido, evitou o seu linchamento.
Entretanto em Constantinopla, o cruel Justiniano era deposto por uma rebelião e arrastado para o hipódromo, onde foi cruelmente mutilado. Ao mesmo tempo, Roma, liberta das pressões de Bizâncio, ganha consciência do seu múnus pastoral e mais personalidade agrupada à volta do representante de Cristo.
Em 689, o Papa SÉRGIO I baptizou CEADWALLA, rei dos Anglo-Saxões que desejou receber o Baptismo em Roma onde viria a falecer pouco depois.
Em 696, sagrou o bispo de Inglaterra, São WILIBROAD ou WILIBRORDO, apóstolo da Frísia que viria a converter os Frisões.
Segundo o Liber Pontificalis São SÉRGIO levou a efeito obras de reconstrução com destaque para o túmulo de São LEÃO MAGNO o primeiro Papa a ser colocado no interior de São Pedro.
Este pontificado ficou ainda marcado pelas tentativas apostólicas  de trazer à ortodoxia algumas dioceses da Ístria, divididas pela questão dos «Três Capítulos» e também a cessação do Cisma Longobardo.
São-lhe atribuidas algumas inovações litúrgicas, tais como determinar que se cante o Cordeiro de Deus nas missas, talvez como reacção contra uma determinação do «Quinissexto» que proibia a representação simbólica de Cristo por um cordeiro.


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TEODORO - Anti-Papa


Anti-Papa em 687

VIII Anti-Papa

SÍNTESE

Era presbitero romano.


HISTÓRIA

Depois da morte do Papa CÓNON, Roma viu o povo dividido em duas facções, uma, do exército, em apoio do presbitero TEODORO e outra de PASCOAL, apoiado também pelo Exarca de Ravena. TEODORO chegou mesmo a apoderar-se de Latrão; enquanto PASCOAL ocupava os bairros exteriores.
Para resolver o conflito, as três forças mais influentes, exército, magistratura e clero, acordaram na eleição de um terceiro, o presbitero SÉRGIO, natural de Palermo. TEODORO aceitou a resolução, dando fim à sua aventura pontifícia, mas PASCOAL continuou a recusar prostrar-se diante do papa SÉRGIO I.

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PASCOAL - Anti-Papa


Anti-Papa em 687

IX Anti-Papa

SÍNTESE

Era arcediago. Morreu em 692..


HISTÓRIA

Depois da morte do Papa CÓNON, apareceram duas facções para a eleição de novo Papa. Uma favorável ao presbitero TEODORO e outra do arcediago PASCOAL.
TEODORO ocupa Latrão e PASCOAL os bairros exteriores.
Não havendo acordo entre as facções, o exército, magistratura e clero, com nenhum dos pretendentes, resolvem eleger o presbitero SÉRGIO, de origem síria, mas natural de Palermo, com, o nome de SÉRGIO I.
TEODORO aceita, mas PASCOAL, apoiado pelo exarca de Ravena, um governador das províncias submetidas a Bizâncio, que tinha subornado, recusa prostrar-se ante SÉRGIO.
Considerando-se Pontifice, este Anti-Papa manda emissários a Ravena, a pedir auxílio, mas o exarca ao deslocar-se a Roma, como PASCOAL não tinha pago a quantia prometida e ao ver que não tem apoios, reconhece a legitimidade de RGIO, abandonando PASCOAL, que, pouco depois, é acusado de magia e encerrado num mosteiro, onde morreu.  a resolução, dando fim à sua aventura pontifícia, mas PASCOAL continuou a recusar prostrar-se diante do papa SÉRGIO I.







JOÃO VI  -  Papa  

Papa desde o ano 701 até ao ano 705

LXXXV Papa

SÍNTESE

Era de origem grega. Morreu em Roma em 11 de Janeiro de 705

HISTÓRIA

Ascendeu ao trono pontifício em 30 de Outubro de 701, no tempo do imperador bizantino Tibério Aprimaro, o qual  por motivos que se desconhecem, deu mostras de hostilidade contra o Papa, mandando que o seu Exarca se dirigisse a Roma e o expulsasse, caso não cedesse a determinadas exigências. O povo farto dos vexames de Bizâncio, veio de toda a parte para defender Roma e o Sumo Pontifice, e a tal ponto 
que JOÃO VI teve de intervir para salvar o Exarca.
Precisamente, por essa altura, os Longobardos invadiam a Campãnia apoderando-se de algumas cidades. Bizâncio não lhes prestou auxilio  e foi o papa que à custa de diplomacia, levou os invasores a evacuar as cidades ocupadas.
Tratou da reposição do Bispo WILFRIDO, de York, na sua sede episcopal, depois de ter sido deposto pelo monarca inglês.
Antes da sua morte, teve ainda a preocupação de mandar restaurar as basílicas de São Pedro e de São Marcos.


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JOÃO VII - Papa 

Papa desde o ano 705 até ao ano 707

LXXXVI Papa

SÍNTESE

Nasceu em Rossano, perto do golfo de Tarento, no mar Jónico, sendo de origem grega, filho de um certo PLATÃO, superintendente dos monumentos de Roma. Morreu em Roma, em 18 de Outubro de 707.

HISTÓRIA

Foi eleito em 1 Março de 705 e ocupou o trono pontifício no mesmo ano em que o imperador Justiniano recuperou o trono com o auxílio dos Búlgaros.
O imperador envia a Roma os cânones do «Quinissexto» para que o papa, ao contrario de SÉRGIO I, os aprovasse. JOÃO VII devolve-os sem os subscrever, mas também sem qualquer recriminação. Uma atituide dúbia de quem se revela incapaz de assumir as suas responsabilidades.
Tratou da construção e melhoramentos de algumas igrejas, como uma capela construída em São Pedro, mandou decorar a antiga Basilica de Santa Maria e restaurou o mosteiro de Subiaco, destruido pelos Longobardos em 601.










SISÍNIO - Papa  

Papa no ano 708


LXXXVII Papa

SÍNTESE

Nasceu na Síria. Era diácono da Igreja do oriente. Morreu a 4 de Fevereiro de 708.

HISTÓRIA

Foi eleito em 15 de Janeiro de 708 e teve um pontificado de apenas 20 dias. O Liber Pontificalis diz que estava tão atormentado pela gota que nem conseguia servir-se das mãos para comer.
Mesmo assim, resolveu mandar reconstruir as muralhas de Roma para assegurar tranquilidade aos seus habitantes, para o que organizou uma recolha de fundos.
A morte surpreendeu-o repentinamente, pouco depois da eleição. Foi sepultado em São Pedro.







CONSTANTINO I - Papa

Papa desde 708 até ao ano de 715


LXXXVIII Papa

SÍNTESE

Nasceu na Síria. Morreu em 9 de Abril de 715.


HISTÓRIA

Foi om último dos 7 Papas orientais e assumiu o pontificado em 25 de Março de 708, perante a terrível vingança do imperador Justiniano, pois uma poderosa armada aportou à Sicília, dirigindo-se a Ravena, onde o exército imperial prendeu nobres e eclesiásticos atirando-os algemados para os porões dos navios, para os levar para Constantinopla. O chefe do movimento foi emparedado  vivo e o arcebispo FÉLIX depois de lhe vazarem os olhos, foi mandado para o exílio.
Depois disto, o imperador convida-o para se deslocar a Constantinopla para discutirem a controvérsia do «Quinissexto». Mesmo sentindo-se aterrado, CONSTANTINO aceita o convite e parte para lá em 5 de Outubro de 710. Seria esta a última viagem a Constantinopla, até à visita do Papa PAULO VI em Julho de 1967, ao encontro do patriarca ATENÁGORAS, em circunstâncias bem diferentes.
Recebido com todas as honras, encontra-se em Nicomédia com o imperador, que lhe beija os pés.
Não se conhece o teor da conversação, mas São GREGÓRIO II (715-731) que o acompanhava, diz que CONSTANTINO aprovou os cânones que não pugnavam com a fé nem se opunham aos decretos romanos.
Um ano depois regressa a Roma e vê com amargura, o resultado da prepotência e das pilhagens praticadas pelo Exarca na sua ausência.
Passados três meses chega a notícia do assassínio de Justiniano, substituído por FILIPE BARDAS, herege monotelista que, imediatamente, decreta a anulação do II Concílio de Constantinopla e envia a Roma a promulgação da sua profissão de fé. CONSTANTINO, porém recusa-se a aceitá-la e o povo, revoltado, rejeita os decretos imperiais, fixando nos muros de São Pedro uma súmula dos 6 Concílios ecuménicos. O Papa vai mais longe e recusa-se a receber FILIPE BARDAS como imperador, não permitindo que se cunhasse moedas com a sua efígie em Roma.
Poucos dias depois, chega a notícia da queda de BARDAS, substituído por ANASTÁSIO II, ortodoxo, que envia ao Papa uma carta amistosa em que declara aceitar o Vi Concílio.
O Papa morreu em 9 de Abril de 715, amargurado por saber a Peninsula Hispânica invadida pelos muçulmanos. Apenas escapou uma pequena região montanhosa onde alguns sobreviventes se refugiaram, sob o comando de PELÁGIO. A invasão tinha levado 7 anos, mas a Reconquista arrastar-se-ia por 8 séculos.









GREGÓRIO II - Santo 

Papa desde o ano 715 até ao ano 732


LXXXIX Papa

SÍNTESE

Nasceu em Roma em 669, filho de um patrício romano, da familia Savelli. Era bibliotecário. Morreu em 11 de Fevereiro de 731. Tem a sua festa a 13 de Fevereiro.


HISTÓRIA

Este Papa romano que foi eleito em 19 de Maio de 715, interrompeu a série de Pontífices de origem grega e síria, um facto de importância para o Ocidente, quando se manifestava a tendência para se distanciar de Bizâncio.
Era um homem inteligente e culto que tinha acompanhado o Papa CONSTANTINO I a Constantinopla, aquando da convocação do imperador Justiniano e, segundo o Liber Pontificalis todos ficaram admirados com a «clareza das suas respostas que deitavam por terra todas as objecções».
Começou o Pontificado dedicando-se à reconstrução das muralhas de Roma, iniciada por SISÍNIO, mas que devido a inundações não tinham sido concluídas.
Em 717, o general do exército do oriente, LEÃO ISÁURICO, apoderou-se  do trono e comunicou o facto ao papa, enviando-lhe uma profissão de fé católica. Valente e empreendedor, torna-se credor da Cristandade ao deter em 718 o poderio árabe que ameaçava Constantinopla.
Pouco depois desencadeou uma questão religiosa que iria durar mais de um século. Convencido de que à solidez do estado convinha a unidade da fé, LEÃO ISÁURICO decreta para os judeus a obrigatoriedade de conversão à fé católica, surgindo um obstáculo intransponível: a veneração das imagens, por eles rejeitada como idolatria.
Juntando o califa árabe Jesid, que em 713 proibiu o culto das imagens, convence-se de que com igual gesto resolveria a questão e em 725, emite um decreto a proibir a veneração das imagens e mandando-as retirar das igrejas de Constantinopla, entre elas uma imagem de Cristo ali venerada como miraculosa, para além de destruir numerosas obras de arte. Surgem tumultos e o patriarca coloca-se ao lado dos revoltosos. O imperador recorre ao Papa, mas este não o apoia e recrimina-lhe a atitude.
Logo a seguir convoca um Concílio que refuta o decreto imperial e aprova a veneração as imagens, seguido da publicação de uma bula que nega ao imperador qualquer direito de legislar em matéria de fé. O imperador fica furioso e ameaça ir a Roma destruir a imagem de São Pedro e aprisionar o papa.
GREGÓRIO II, sem se amedrontar, responde-lhe «Hás-de saber que os Bispos de Roma são para a paz, mediadores entre o Oriente e o Ocidente e será a paz que eles sempre hão-de proclamar e defender. Se, conforme as tuas palavras, vieres prender-me, não preciso de combater contra ti. Basta que o Bispo de Roma se afaste 24 estádios para a Campânia e só poderás perseguir o vento». E, continuando, lembra o martírio de São Martinho: «Também eu podia sofrer a mesma sorte, mas para bem do povo, desejo ter uma vida mais longa, uma vez que todo o Ocidente tem os olhos em mim e deposita a maior confiança em São Pedro. Todo o Ocidente venera o santo Principe dos Apóstolos. Se enviares gente para destruir a sua imagem, seremos inocentes do sangue que se vier a derramar: ele cairá sobre a tua cabeça».
LEÃO ISÁURICO não desiste, nem se atemoriza, dizendo que os Concílios Ecuménicos nada tinham decretado sobre o uso de imagens e que se considerava imperador e Bispo.
GREGÓRIO II continua firme e replica, mostrando-lhe a diferença entre o poder temporal e o espiritual e a independência deste em frente àquele.
Tudo se complica, pois o imperador sem olhar a razões, resolve desfazer-se do papa mandando instruções nesse sentido aos seus funcionários residentes em Itália, mas a conjura foi desfeita e o povo, indignado, eliminou os sicários.
O exarca Paulo, vindo de Ravena, com  idêntico propósito, também, não teve sucesso. Qualquer tentativa para consolidar a autoridade imperial em Roma, sem o acordo do papa, era impossivel.
GREGÓRIO II mostra-se sereno e prudente, embora firme, pois não pretende lançar a Itália numa guerra, nem a separação do imperador, mas apenas confiná-lo aos limites do poder temporal.
O imperador não desistindo dos seus intentos, nomeia EUTIQUILO como Exarca de Ravena, com a condição de se dirigir a Roma e depor GREGÓRIO II ou da-lhe a morte.
Descobertos os intentos do Exarca, o povo estava disposto a linchá-lo, valendo-lhe a intervenção do papa.
Entretanto, aproveitando os desentendimentos entre Bizâncio e Roma, LUITPRANDO, rei dos Longobardos, apodera-se de algumas cidades, tentando o domínio de toda a Peninsula.
GREGÓRIO II não hesita. Enchendo-se de coragem dirige-se ao acampamento de LUITPRANDO e de tal modo falou que o rei bárbaro, rojando-se-lhe aos pés, prometeu renunciar as seus intentos bélicos. Depois, dirigindo-se a Roma na companhia do papa, ajoelha diante do túmulo de São Pedro, depondo sobre ele o manto, a espada e a coroa.
GREGÓRIO II continua convencido de que a conservação dum poder estatal diferente do espiritual era a melhor solução.
Mesmo com tantas preocupações, GREGÓRIO II dedicou-se à restauração de alguns conventos entre eles o de Monte Cassino e basílicas romanas, a par de muitas outras obras.
O seu nome fica ligado à evangelização dos países nórdicos, sobretudo à Alemanha, para onde enviou o monge inglês, São BONIFÁCIO (675-754).
Quanto à Peninsula Hispânica, viveu com amargura a ocupação árabe. Logo no início do seu pontificado, em 716, a invasão estendeu-se por toda a Galiza e Lusitânia, sendo saqueadas as cidades do Porto e de Braga.
Faleceu depois de 15 anos de luta corajosa e prudente.









GREGÓRIO III - Santo 

Papa desde o ano 731 até ao ano 741.

XC Papa

SÍNTESE

Nasceu na Síria, no seio de uma familia cristã: pai chamava-se JOÃO. Era diácono. Morreu em 28 de Novembro de 741. Tem a sua festa em 28 de Novembro.


HISTÓRIA

Foi eleito por unanimidade ainda não tinham sido concluídos os funerais de São GREGÓRIO II, mas a sua sagração só aconteceu em 18 de Março de 731. No entanto, a herança que recebia não era nada agradável, pela luta anti-iconoclasta.
Foi o último Papa a solicitar a homologação da sua eleição pelo imperador, mas isso não impediu que este onerasse os bens da Igreja na Itália com impostos tão pesados que equivaliam a confisco.
Logo no primeiro ano do seu pontificado reuniu em São Pedro, com a presença de 91 bispos, um sínodo que Decreta: «Quem tirar do seu sítio, destruir ou injuriar as imagens de Cristo, de sua Mãe Imaculada, dos Apóstolos ou dos Santos, seja excluído dos sacramentos». O encarregado de levar ao imperador as determinações sinodais foi logo detido e encarcerado na Sicilia.
O Imperador não queira saber de nenhuma comunicação emanada de Roma para não se sentir desacreditado perante os seus súbditos contra a veneração das imagens. Além disso, para se ressarcir dos impostos a que Roma se negava, o imperador apodera-se de patrimónios eclesiásticos da Sicília, da Calábria e de toda a Itália meridional.
O diferendo mantinha-se, mas, entretanto. O exarca fez uma oferta de seis colunas de ónix ao Papa, que as mandou colocar em São Pedro junto de um baldaquino de prata  em que figuravam as imagens do Salvador, de Maria, dos apóstolos e santos mais venerados, como resposta eloquente aos iconoclastas.
Como disse GREGOROVIUS: «A luta dos Papas contra Bizâncio salvou a arte no Ocidente» Neste particular GREGÓRIO II destacou.-se embelezando São Pedro e vários mosteiros com diversas pinturas, restaurando a basílica de São GRISÓGONO no Trastevere, as Igrejas de Santo ANDRÉ  e São CALISTO, o panteão e diversos outros templos, isto sem esquecer as muralhas de Roma, quase por completo erguidas.
Entretanto, o rei Longobardo LUITPRANDO retomava a ofensiva contra o Ducado romano, devastando diversas regiões da Campânia.
O Papa pede ajuda a CARLOS MARTEL, rei dos Francos, mas este nega-se por motivos políticos a combater LUITPRANDO, pois precisava da sua aliança contra os árabes, os quais acabou por vencer na Batalha de Poitiers, em 732.
Em 741, o Pontífice envia nova embaixada a CARLOS MARTEL para lhe entregar as chaves de São Pedro e o título de Cônsul, segundo o qual Roma ficaria colocada sob a sua jurisdição militar, saindo da órbita imperial de Bizâncio. CARLOS MARTEL, embora desvanecido, não aceita, desculpando-se com motivos políticos e económicos.
GREGÓRIO II não chegou a saber da recusa, pois faleceu nesse ano e no mesmo dia em que morreu o Imperador LEÃO III.
Interessou-se pela consolidação da Igreja na Inglaterra e na Alemanha,  incumbindo de diversas missões apostólicas os santos BONIFÁCIO e BEDA, este último falecido durante o seu pontificado e o primeiro de origem búlgara.
Durante o pontificado deu-se a reconquista da Galiza e Norte de Portugal (Lusitânia ou Condado Portucalense) por acção do rei Afonso I das Astúrias, que derrotou e expulsou os Árabes, que perderam definitivamente o domínio a norte do rio Douro.



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Os meus cumprimentos e agradecimentos pela atenção que me dispensarem.

Textos recolhidos

In

O Papado  -  2000 Anos de História 
Ed. Círculo de Leitores - 2009

e

sites: Wikipédia.org; Santiebeati.it; es.catholic.net/santoral, e outros






Pôr do Sol na Circunvalação



Blogue: 
 SÃO PAULO (e Vidas de Santos) http://confernciavicentinadesopaulo.blogspot.com


ANTÓNIO FONSECA

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