VIA-SACRA EUCARÍSTICA
O Caminho da Cruz à luz da Eucaristia
Apresentação
Neste “Ano da Eucaristia”, que nos pede o Santo Padre?
Que tomemos “mais viva consciência da Eucaristia através de uma celebração mais cuidada, uma adoração mais prolongada e ardente, um maior compromisso de fraternidade e de serviço aos mais necessitados”.
Não é preciso “interromper” os planos pastorais – avisa o Papa – nem sequer torná-los mais difíceis.
Devemos, sim, “neles dar relevo à dimensão eucarística, própria de toda a vida cristã”.
Eis por onde vai esta Via-Sacra: pretende-se que o sagrado “caminho” da Cruz, percorrido individualmente ou em comunidade, seja imbuído de perfume eucarístico.
A Eucaristia é um mistério da morte e da ressurreição de Cristo, actualizado e tornado presente de maneira sacramental, para dele participarmos. É o memorial por excelência do assombroso amor de Cristo.
Ao seguirmos os passos de Jesus, na Via-Sacra, também fazemos memória da sua paixão, uma memória bem diferente da eucarística, mas de algum modo complementar. A Paixão de Jesus prolonga-se na Humanidade. Por isso também adoramos e retribuímos o seu amor por nós, amando e servindo os membros do seu corpo místico, sobretudo os mais carenciados e desprotegidos.
1ª Estação
Do Evangelho segundo São João
Vós procurais-me, não por terdes visto milagres, mas por terdes comido e ficado saciados. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até à vida eterna. (6, 26-27)
Vivemos num tempo de consumismo. É uma loucura, uma fúria de compras, uma vertigem de quinquilharias,
novidades, modas, novas experiências. Ficamos atulhados em coisas materiais e perecíveis.
Uns não têm pão, outros vivem só de pão.
Mas nem só do pão do corpo vive o ser humano. Também vive de princípios, de valores, que nutrem o espírito.
Vive e alimenta-se da Palavra de Deus. Precisa de comer o Pão da Eucaristia, fonte de vida eterna.
Jesus, condenado a morrer na cruz por nós, também sofreu por tantos cristãos desnutridos espiritualmente,
afastados da mesa da Palavra e da Eucaristia, sem sentirem fome do seu corpo e sangue.
Nada “fere” mais o coração de Cristo do que essa ingratidão, essa rejeição do seu amor; esse dano que
infligimos a nós próprios.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Estava a Mãe dolorosa, junto da Cruz, lacrimosa, enquanto Jesus sofria
2ª estação
Jesus leva a Cruz ao Calvário
Do Evangelho segundo São João
Eu sou o Pão da Vida. Os vossos pais que comeram o maná no deserto e morreram. Mas este é o pão que desceu do Céu; quem dele comer viverá eternamente. (6, 48-51)
Basta abrir os olhos para vermos o número incontável de cruzes que se levantam pelo mundo fora. Cada pessoa tem a sua cruz. A cruz da doença. A cruz da solidão. A cruz da responsabilidade na família, no emprego, na sociedade. A cruz da miséria, da insegurança, da violência, da opressão.
Precisamos de ombros fortes para carregar a cruz de cada dia. Mas temos a promessa do Filho de Deus feito homem, que nos precedeu levando a cruz para o Calvário: Ele está sempre connosco. Quem se inspira no seu Evangelho e o recebe na Eucaristia não sucumbirá sob o peso do madeiro, antes viverá eternamente.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o VossoReino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim comonós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, maslivrai-nos do mal.
Cântico:
Uma longa e fria espada, nessa hora atribulada, o seu coração feria
3ª Estação
Jesus cai pela primeira vez
Da primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Uma vez que há um só Pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo Pão. (10, 17)
A última vontade de Jesus, expressa na Ceia de despedida, é que todos os cristãos sejam uma família, à imagem da Santíssima Trindade; que todos vivam unidos, irmanados, e trabalhem pela concórdia e pela paz.
Em contraluz, vemos as mil e uma divisões que existem nas famílias, nas instituições, na sociedade, entre os povos, e também entre os cristãos. Católicos e protestantes, ortodoxos e anglicanos, todos adoram o mesmo Pai do Céu, seguem, o mesmo Jesus Cristo, recebem o mesmo baptismo – e, no entanto, vivem desunidos, separados, por vezes combatendo-se uns aos outros.
Não andaremos longe da verdade se dissermos que um dos ângulos mais esquinudos e dolorosos da Cruz do Senhor resulta desta situação inaceitável. Quem celebra ou participa na Eucaristia, sacramento de unidade, não pode tolerar tal estado de coisas. A comunhão entre nós e o Senhor manifesta-se na comunhão visível com a família, com o próximo, com a Igreja, com os mais desprotegidos.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Oh! Quão triste e quão aflita, padecia a Mãe bendita, entre blsfémias e pragas.
4ª estação
Jesus encontra a sua Mãe
Do Evangelho segundo São Lucas
Uma espada trespassará a tua alma, a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações. (2, 34)
Estas palavras foram ditas por Simeão, no templo de Jerusalém, quando a Virgem Maria ali foi apresentar o seu Jesus. Aquele Menino seria “sinal de contradição”: perante Ele, as pessoas teriam que apostar e, muitas vezes, apostariam contra Ele.
Maria, que tinha dito: “Eis a serva do Senhor”, disse então uma coisa mais difícil “Eis o servo do Senhor”. Este oferecimento continuaria ao longo da sua vida, atingindo o ponto mais alto no Calvário. Ao pé da Cruz, Maria sofreu no coração, porque não podia dar a Jesus o mais pequeno alívio. Oferecer o seu Filho à morte custava-lhe mais do que se morresse ela própria. Perante aquela espada que lhe atravessava a alma, não se revoltou, mas repetiu de novo: “Bendita seja a vontade de Deus”.
Na celebração da Eucaristia revivemos a cena do Calvário. Assumir a atitude da Virgem Maria é sair da Missa dispostos a cumprir a vontade de Deus em todas as circunstâncias, mesmo que elas sejam dolorosas e difíceis.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Ao olhar o Filho Amado, de pés e braços pregado, sangrando das Cinco Chagas!
5ª estação
Simão ajuda Jesus a levar a Cruz para o Calvário
Do Evangelho segundo São Lucas
Quando iam conduzindo Jesus para o Calvário, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que voltava do campo, e puseram-lhe a Cruz às costas, para a levar atrás do Senhor. (23, 26)
A cruz do Senhor projecta a sua sombra na existência de todos os crucificados da terra. Uma cama de hospital, uma barraca do pobre, uma cela na cadeia, um acidente ou uma catástrofe, os ódios e as violências, as guerras e os terrorismos, são a cruz de muitos homens e mulheres.
A nossa disponibilidade, o nosso empenho em aliviá-los é a maneira que temos de imitar e actualizar o gesto do cireneu.
Quem celebra a Eucaristia e comunga Jesus Cristo, compromete-se a viver amando e servindo. Há tanta gente que precisa de pão ou de vestuário, de instrução ou de saúde, de fé ou de carinho, de auto-estima e de sentido da vida!
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Quem é que não choraria, ao ver a Virgem Maria, rasgada em seu coração?
6ª Estação
Verónica enxuga o rosto de Jesus
Do Evangelho segundo São Mateus
O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. E sempre que deixastes de o fazer a um destes pequeninos, a mim deixastes de o fazer. (25, 40, 45)
São Paulo nunca as cansava de repetir a mesma ideia, embora se exprimisse de maneira diferente: “Vós sois o corpo de Cristo e cada um em particular é membro dele”. Devemos, pois, amar os outros com o mesmo amor que dedicamos a Cristo, do qual são parte e membros vivos.
Há cristãos piedosos que desejariam ter sido contemporâneos de Jesus para manifestarem pessoalmente o seu amor. Mas nós podemos, hoje, fazer-lhe tudo o que quisermos! Basta que o façamos ao nosso semelhante. Quero sorrir a Jesus? Sorrio ao meu irmão. Quero enxugar-lhe as lágrimas? Consolo-o na pessoa de quem chora. Posso visitá-lo. Posso matar-lhe a fome. Posso arranjar-lhe casa...
Não pecamos só por pensamentos, desejos, palavras e actos. Jesus também nos pedirá contas das nossa omissões, daquilo que devíamos ter feito e não fizemos.
Comungar a Cristo na Eucaristia é dispor-se a comungá-lo nas pessoas. Mais: é dar-se a si mesmo em comunhão ao próximo; comunhão de amor e de serviço.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Sem poder, em tal momento, conter as fúrias do vento e os ódios da multidão.
7ª Estação
Jesus cai pela segunda vez
Da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Examine-se cada qual a si mesmo e, só então, coma deste pão e beba deste cálice. Quem come e bebe, sem distinguir o Corpo do Senhor, como e bebe a sua condenação. (11, 28-29)
São Paulo referia-se a atitudes condenáveis que observava durante a celebração da Eucaristia. Naquele tempo, a celebração fazia-se no termo duma refeição fraterna; o Apóstolo observava, horrorizado, que alguns se apressavam a tomar a própria ceia, enquanto outros passavam fome.
Quem participa dignamente no Banquete do corpo e sangue do Senhor empenha-se em dar resposta às muitas pobrezas da nossa época. Pensemos no drama da fome que atormenta centenas de milhões de seres humanos. Pensemos nas doenças que flagelam os países em via de desenvolvimento. Pensemos nas desgraças que choveram sobre tantos dos nossos irmãos da Ásia. Pensemos nos idosos, nos desempregados, nos imigrantes...
Queremos um sinal de que as nossas celebrações eucarísticas são atentas e devotas? Vejamos a atenção, o interesse que manifestamos pelos irmãos necessitados.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Firme e heróica no seu posto, viu Jesus, pendendo o rosto, soltar o alento final.
8ª Estação
Jesus consola as mulheres de Jerusalém
Do Evangelho segundo São Lucas
Numerosas pessoas seguiam Jesus a caminho do Calvário, entre as quais algumas mulheres, que choravam por Ele. (23, 27)
Ao meditar na Paixão de Jesus, muitos santos comoviam-se e choravam como aquelas mulheres de Jerusalém.
Não devemos, porém, contemplar os sofrimentos de Jesus com sentimentalismo, mas com fé e amor. Então saberemos que o misterioso peso dos nossos pecados é maior, infinitamente maior, que o peso material da cruz; e seremos impelidos a adorar esse Deus esmagado pela insuportável carga.
Não esqueçamos “os pecados, sacrilégios e sofrimentos” com que Ele é ofendido no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Não esqueçamos também a ligeireza com que se vive o “dia do Senhor”.
A “reparação” não se limita a “horas santas”. O cristão procura santificar todas as horas do seu dia. O cristão celebra, com fervor e alegria, a festa de Domingo. Sempre que pode, visita Jesus Cristo na Igreja, ou melhor, acolhe a visita dele, presente no sacrário. Depois, vai expressar-lhe esse amor consolando, isto é, fazendo o possível por enxugar as lágrimas dos doentes e dos pobres.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Convosco, ó Virgem, partilho das penas do Vosso Filho, em quem minha alma confia
9ª Estação
Jesus cai pela terceira vez
Do Evangelho segundo São João
Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. É por isto que todos saberão que sois meus discípulos. Sim, o meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. (13, 34-35; 15, 12-13)
Jesus levou até ao extremo o seu amor por nós, entregando-se à morte no Calvário, e deixou-nos o sacramento desse amor e dessa entrega, a Santíssima Eucaristia.
O que nos pede, agora, em troca, Ele mesmo no-lo diz claramente: “Dei-vos o exemplo, para que façais aos outros aquilo que Eu fiz por vós”.
Um dos aspectos que tornava mais pesada a Sua Cruz, era, certamente, a previsão da nossa falta de caridade.
São João Crisóstomo repreendia assim um baptizado: “Tu, que honras o altar sobre o qual se pousa o corpo de Cristo, ultrajas e desprezas, na sua miséria, aquele que é o próprio Corpo de Cristo. Podes encontrar este altar em todo o lado, em todas as ruas e praças... Assim como o sacerdote, de pé diante do altar, invoca o Espírito Santo, assim também deves fazer tu, inclinado diante do altar do pobre, não com palavras, mas com acções”.
Receber a Cristo na eucaristia é receber Aquele que passou pela Terra fazendo bem a todos; Ele quer que sejamos nós, agora, os instrumentos do seu amor.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Maria, fonte de amor, fazei que, na vossa dor, convosco eu chore também.
10ª Estação
Jesus é despojado das suas roupas
Do Evangelho segundo São João
Os soldados tomaram as roupas de Jesus – de que fizeram quatro partes, uma para cada soldado – e também a túnica. A túnica, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram uns aos outros: “Não a rasgaremos, mas deitemos sortes, para ver de quem será.” (19, 23-24)
Nos dias de hoje, milhões de homens e mulheres são despojados dos seus direitos e das coisas mais elementares para sobreviverem. Calcula-se que, todos os dias, 24 mil pessoas morrem de fome, por esse mundo além.
A ganância é um vírus que é preciso eliminar, como o vírus dos computadores. Esse vírus nasce da convicção de que a riqueza sinónimo de felicidade. Os ricos querem ter cada vez mais, e os pobres jogam nas lotarias para ficarem ricos. É por causa deste vírus que aumenta a miséria na humanidade e se perturba a paz social. É por causa deste vírus que se degrada o meio ambiente.
A Terra pode fornecer bens e meios suficientes para que todos vivam com dignidade. Mas há quem se aproprie de quase tudo, deixando para os outros as migalhas.
Conversão é o que se precisa. Conversão do egoísmo, do excessivo apego às coisas materiais, a fim de saborearmos o valor do desprendimento e da partilha.
Importa redescobrir a força transformadora da Eucaristia: nela, partilhando o Pão da Vida, aprendemos a partilhar o pão da nossa mesa.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Fazei que o meu coração, seja todo gratidão, a Cristo, de quem sois Mãe
11ª Estação
Jesus é pregado na Cruz
Do Evangelho segundo São Lucas
Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em memória de mim”. Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós”. (G. 22, 19-20)
A Eucaristia é memorial, ou seja, recordação e presença do Senhor e da salvação por Ele realizada através da sua morte e ressurreição. A mesma presença, embora velada e misteriosa, de Jesus Cristo no Calvário, a mesma presença do Senhor Ressuscitado, que disse: “tocai-me, sou Eu próprio”.
A Eucaristia constitui, assim, a revelação mais forte e luminosa do amor de Deus por nós. E é também o mais luminoso e forte apelo a correspondermos-lhe.
Cada um de nós deixa-se inundar pelos seus dons e entrega-se a Ele numa doação o mais completa possível.
Queremos ser Eucaristia, pão que se parte e reparte em favor do próximo. Também nós podemos dizer, como Jesus: “Tomai e comei... O meu corpo, o meu sangue, a minha vida, o meu tempo, as minhas energias, o meu afecto, a minha alegria”. Se Ele deu a vida por nós, cabe-nos igualmente dar a vida por eles.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Do vosso olhar vem a luz, que me leva a ver Jesus na sua imensa agonia.
12ª Estação
Jesus morre na Cruz
Do Evangelho segundo São João
No Calvário, ao ver a sua Mãe e, junto dela, o discípulo predilecto, Jesus disse a Sua Mãe: “Mulher, eis o teu filho”. Depois, disse ao discípulo: “Eis aí a tua Mãe”. E, a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa. (19, 25-27)
Nessa “hora” suprema do Calvário, ali está Maria, acompanhada do discípulo predilecto e de mulheres fiéis. Está unida a Jesus, às suas dores e á sua missão. Uma só cruz basta para ambos.
A Virgem Maria viveu sempre unida ao sacrifício do Filho, tanto no oferecimento de Jesus no templo como no momento culminante da paixão e morte.
Aquele corpo oferecido em sacrifício e agora presente na Eucaristia é o mesmo corpo concebido por obra do Espírito Santo. A Eucaristia é a Encarnação continuada sob os sinais do pão e do vinho.
No memorial do Calvário, que é a Eucaristia, também está presente a recomendação de Jesus: “Eis o teu filho. Eis a tua Mãe”. Cada um de nós, qual discípulo amado, tem de receber “em sua casa” aquela que nos é dada como Mãe.
Frequentar a escola da Virgem Maria e deixar-se acompanhar por ela é a melhor maneira de sermos fiéis discípulos de Cristo.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Sobre o ódio que o matava, fostes o amor que adorava o Filho três vezes Santo.
Jesus é descido da Cruz
Do Evangelho segundo São João
Ao chegarem a Jesus, vendo-o já morto, os soldados não lhe quebraram as pernas, mas um deles trespassou-lhe o lado com uma lança e logo saiu sangue e água. (19, 33)
A paixão de Cristo prolonga-se na Igreja e em cada um dos seus membros. São Paulo afirma que sofria no seu corpo o que faltava aos sofrimentos de Cristo.
Em maior ou menor medida, todos nós somos flagelados pela doença, pela desgraça, pelo isolamento, pelas traições e calúnias, ou pelas tentações e pecados. Mas até que ponto acolhemos o sofrimento com o amor, o sentido, a majestade de Jesus? Nós que estamos a anos-luz da inocência dele?
Até que ponto damos um voluntário consentimento à vontade de Deus, sobretudo à mais incompreensível?
Do coração aberto do Senhor, da sua presença na Eucaristia, brotam a força e a coragem que nos tornam capazes de dizer “sim” a Deus, como a Virgem Maria. Um “sim” que se renova diariamente e se prolonga até à morte.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
Mãos postas à vossa beira, saiba eu, a vida inteira, guiar por vós meus passos.
14ª Estação
Jesus é sepultado
Do Evangelho segundo São Lucas
José de Arimateia foi ter com Pilatos, pediu-lhe o Corpo de Jesus, envolveu-o num lençol novo e depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. (23, 52)
Quando meditamos na vida, paixão e morte de Jesus, ficamos abismados. O Filho de Deus, ao vir ao mundo, não fez mais do que “descer”, abaixar-se, humilhar-se. Desceu, ao encarnar no ventre da Virgem Maria. Desceu, ao passar pela Terra servindo, “lavando os pés”, a todos. Desceu até ao ponto de morrer crucificado. Desceu até ao mais fundo a que pode descer um homem: a sepultura. O Deus Altíssimo fez-se, realmente, o Deus baixíssimo, como disse alguém.
E esta descida, este abaixamento, continua na Eucaristia. Na Encarnação, o Verbo de Deus fez-se carne e habitou entre nós. Na Eucaristia, fez-se pão, a fim de permanecer connosco.
Como não agradecer e orar? Como não aprender de Jesus a servir e dar a vida?
Fixamos a feliz afirmação de São Bernardo: “Temos muito que admirar. Temos muito que amar. Temos muito que imitar”.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
E quando a morte vier, eu me sinta adormecer, no calor dos vossos braços.
15ª Estação
Jesus Cristo ressuscitou
Do Evangelho segundo São Marcos
O anjo disse às mulheres: “Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou, não está aqui. Vede o lugar onde o tinham colocado. Correi a dar a notícia aos seus discípulos”. (16, 6-7)
Jesus, na Última Ceia, alimentou os discípulos com o seu corpo e sangue, antecipando desse modo a doação total da sua vida no Calvário. Mas este gesto singular e único teria ficado como uma cena estranha e triste na memória deles se, após a morte, Jesus não tivesse aparecido glorioso. Se tal não tivesse acontecido, a comemoração da Última Ceia não passaria duma cerimónia fúnebre e saudosista.
Mas não! Ressuscitando, retomou a comunhão da Última Ceia e admitiu os discípulos de todos os tempos à mesa da Ressurreição, a “mesa do Senhor”. E daí resulta a Eucaristia da Igreja.
Dessa Fonte divina tiramos a força para cumprirmos a nossa missão humana e cristã. Missa quer dizer missão. Não se pode celebrar a Missa nem comungar sem participarmos na missão de espalhar a mais alegre das notícias: Ele está vivo! Ele quer servir-se de nós para fazer um mundo novo.
Toca a realizar o seu projecto de amor e de verdade, de vida e de beleza, de paz e de justiça, de graça e de santidade.
TODOS:
Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no Céu.
O Pão Nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.
Cântico:
E quando eu morrer, concedei à minha alma a glória do paraíso. Ámen.
Oração final
Nós Vos bendizemos, Pai Santo,
Por nos terdes permitido celebrar a Paixão
E Morte do Vosso Filho
Na esperança da Sua Ressurreição.
Concedei-nos o perdão e o conforto,
Aumentai a nossa Fé
E confirmai-nos na esperança
Da salvação eterna.
Amén.
Apêndice
Na hora da Cruz
No meio da sombra e da ferida
perguntam-me se creio em Ti. E digo
que tenho tudo quando estou contigo
o sol, a luz, a paz, o bem, a vida.
Sem Ti, o sol é luz descolorida.
Sem Ti, a paz é um cruel castigo.
Sem Ti, não há bem nem um colo amigo.
Sem ti, a vida é morte repetida.
Contigo, o sol é luz enamorada.
Contigo, a paz é uma paz florida.
Contigo, po bem é casa sossegada.
Contigo, a vvida é seiva desmedida.
Mas, se me faltas Tu, não tenho nada:
nem sol, nem luz, nem paz, nem bem, nem vida.
J.L. Martin Descalzo
O testamento do pássaro solitário
JUNTO DA CRUZ
Não me move, meu Deus, para te amar
a alegria do paraíso prometido
nem me move o inferno tão temido
para deixar poor isso de pecar.
Tu me moves, Senhor, move-me o ver-te
cravado nessa cruz e escarnecido.
Move-me esse teu corpo tão ferido,
move-me o suor de sangue que ele verte.
Tu me moves, Senhor, e moves tanto
que, se não houvesse céu, eu te amaria,
e, se não houvesse inferno, temeria.
Nada tens que me dar, ó Jesus Santo;
ainda que eu não esperasse o que eu espero
te quereria o mesmo que te quero.
Lope de Vega
ORAÇÕES DA LITURGIA BIZANTINA
Mãe de Deus e Virgem
suplica ao teu Filho,
que voluntariamente subiu à cruz
e ressuscitou ao terceiro dia,
que salve as nossas almas.
Ó Mãe de Deus
quando viste sobre a cruz,
suspenso entre ladrões,
Aquele que tinha encarnado em ti
e que tinhas dado à luz de modo maravilhoso,
o teu coração foi quebrado pela dor
e maternalmente choraste dizendo:
"Meu Filho, que mistério inefável e divino,
com que salvas a tua criatura, vivificando-a!
Eu canto - chorando - a tua misericórdia!"
Ó Mãe de Deus,
salvé, mística mesa,
que trouxeste o Pão da Vida!
O teu seio tornou-se a santa mesa
que trouxe o Pão do Céu,
Cristo, nosso Deus.
Liturgia Bizantina
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Nota: Como disse no início desta página, completo aqui a descrição da Via Sacra Eucarística, com fotos que eu recolhi directamente em Lourdes numa peregrinação que lá fiz o ano passado.
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