quarta-feira, 1 de julho de 2009

LUÍS ALBERTO HURTADO CRUCHAGA

São Luis Alberto Hurtado Cruchaga, S.J. fundador do Lar de Cristo (1901-1952)
Pe. Alberto Hurtado, jesuíta chileno do século XX, viveu num mundo de crises, guerras, opressões. Viveu dramas familiares. Teve de trabalhar para estudar e não lhe foi fácil deixar a Mãe viúva amparada para entra no Noviciado da Companhia. Sua obra mais conhecida foi em favor dos sem-teto, dos moradores de rua. Para eles, com seus alunos e ex-alunos, com suas mãos e uma velha camioneta criou o "Hogar de Cristo", até hoje levado por leigos e leigas e que tem feito milagres no Chile. Acreditou na educação, na Universidade. Fundou "Mensaje", revista de cultura também política e social, que continua se publicando. Foi o toque de graça para o ingresso de muitos na vida consagrada religiosa e sacerdotal e na militância laica da Igreja. Morreu ainda jovem, sofrendo um doloroso câncer com admirável ânimo e paciência. Já declarado bem aventurado, agora tivemos a alegria do anúncio de sua próxima canonização. Santificou-o o Espírito de Jesus, que sua liberdade aceitou e agradeceu. A Igreja de Deus, que tanto amou, compreendeu e serviu, agora vai reconhecer, em testemunho ao mundo inteiro, a obra que o Senhor Jesus e ele fizeram em sua vida santa de cristão para valer. http://www.vilakostkaitaici.org.br/texto_estudos_hurtado.htm
HOMILIA DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
Praça de São Pedro
Dia Missionário Mundial
Domingo 23 de outubro de 2005
"Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração... Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 22, 37.39). Foi este o programa de vida do santo Alberto Hurtado, que se quis identificar com o Senhor e amar os pobres com o seu amor. A formação que recebeu na Companhia de Jesus, consolidada pela oração e pela adoração da Eucaristia, levou-o a deixar-se conquistar por Cristo, sendo um verdadeiro contemplativo na acção. No amor e na entrega total à vontade de Deus encontrou a força para o apostolado. Fundou El Hogar de Cristo para os mais necessitados e para os sem-tecto, oferecendo-lhes um ambiente familiar cheio de calor humano. No seu ministério sacerdotal ele sobressaía pela sua sensibilidade e disponibilidade para com o próximo, sendo uma imagem viva do mestre "manso e humilde de coração". No final dos seus dias, entre as grandes dores da enfermidade, ainda teve forças para repetir: "Estou contente, Senhor, estou contente", expressando assim a alegria com que sempre viveu.
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/homilies/2005/documents/hf_ben-xvi_hom_20051023_canonizations_po.html
VOCÊS SÃO A LUZ DO MUNDO Extraído de um discurso para jovens em 1940. Alberto Hurtado S.J.Tradução: R. Paiva, SJ
Queridos amigos. A impressionante cerimônia que se realiza esta noite, tem um profundo significado. No alto de um morro, sob o olhar de nosso Pai e Deus, protegidos pelo manto maternal de Maria, que levanta suas mãos, intercedendo por nós, reúne-se, unida pelo mesmo entusiasmo, uma juventude ardorosa, que leva tochas acesas, com o coração cheio de fogo e amor, enquanto lá em baixo a grande cidade jaz no silêncio opressivo da noite. Esta cena lembra outra, acontecida há quase dois mil anos, também sobre um monte, ao cair a escuridão da noite. Lá no alto, Jesus e seus apóstolos, cercados de grande multidão e, lá em baixo, regiões inteiras mergulhadas nas trevas da obscura noite do espírito. E Jesus, profundamente tocado pelo pavoroso espetáculo de tanta gente sem luz, diz aos seus apóstolos: "Sejam vocês a luz do mundo! Vocês ficam encarregados de iluminar a noite das almas, de uni-las, de dar calor, e fazer deste calor vida, vida nova, vida pura, vida eterna". Também nesta hora, amigos muito queridos, Jesus lhes mostra esta cidade a seus pés, e, como naquele tempo, se compadece. Enquanto vocês, muitos - muitos, mas, ao mesmo tempo, demasiado poucos - marcaram um encontro de amor aqui no alto, quantos, quantos, neste mesmo momento, sujam suas almas, crucificam de novo Cristo em seus corações em lugares de prazer, transbordantes de uma juventude decrépita, sem ideais, sem entusiasmo, ansiosa apenas por gozos, ainda que à custa da morte de suas almas. Quantos estão atirando fora em espetáculos, sem nenhum pesar, quantias que não têm para aliviar as misérias dos pobres? Quantos estão perdendo altas cifras no jogo dos cassinos, nos bares, nas casas de prostituição? E quanto choro, quanta miséria nestas mesmas horas nesta cidade lá em baixo, nas mesmas horas em que vocês, aqui, professam sua fé em Cristo. Ali, a nossos pés, jaz uma enorme multidão que não conhece a Cristo, que foi educada, anos e anos, sem ouvir o nome de Deus, nem o santo Nome de Jesus. Não duvido, por isso, que se Cristo descesse neste morro de São Cristóvão, nesta noite tensa de emoção, ele lhes repetiria, olhando a cidade escura: "Tenho pena dela". E, virando-se para vocês, lhes diria com ternura infinita: "Vocês são a luz do mundo. Vocês são os que vão iluminar as trevas. Querem colaborar comigo? Querem ser meus apóstolos?" Este é o chamado ardoroso que o Mestre dirige aos jovens de hoje. Ah! Se tomassem a decisão! Ainda que fossem poucos! Um pequeno número de operários inteligentes e decididos poderia influir na salvação de nosso país. Mas como é difícil, em alguns lugares, encontrar ainda que seja um pequeno número? Os outros se deixam ficar nos seus prazeres, em seus negócios. Mudar de vida, consagrá-la ao trabalho de salvação de todos, nem se pode, nem se quer. Mas vocês, meus queridos jovens, responderam a Cristo que querem ser estes escolhidos. Querem ser apóstolos. Ser apóstolos não significa levar uma insígnia, nem um símbolo na jaqueta, nem mesmo falar a verdade. Significa viver a verdade, encarnar-se nela, converter-se - se podemos falar assim - em Cristo. Ser apóstolo não é levar uma tocha na mão, possuir a luz, mas ser a luz. Ser embaixador da luz nestas profundezas - como disse Paul Claudel numa de suas cartas - iluminando como Cristo, que é a Luz que ilumina todo aquele que vem a este mundo. O Evangelho não é tanto a doutrina de Cristo como a manifestação da doutrina de Cristo. Mais do que uma aula, é um exemplo. A mensagem convertida em vida vivente: "O que foi desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos e contemplamos com nossos olhos, o que tocamos com nossas mãos, isto é o que lhes anunciamos: o Verbo, a mensagem divina se fez carne e se manifestou". (...) Ser apóstolo significa para vocês, jovens queridos, viver seu batismo, viver a vida divina, converter-se em Cristo, dar prosseguimento à sua obra, irradiar na própria vida a vida de Cristo. Esta idéia um jovem como vocês expressou numa bela oração: "Quero que, quando me vejam, Jesus, eles te reconheçam!" A um aprendiz, cristão, um padre perguntou: "Teus companheiros conhecem o Evangelho?" Respondeu: "Não, não conhecem". O capelão insistiu: "E a Jesus Cristo?". O rapaz respondeu: "Não, não conhecem". "E ao Papa?" "Também não". "E o bispo, o Pároco?" "Também não". "Pois bem, cabe a você que seus companheiros de trabalho conheçam estas pessoas. Que, vendo você, eles compreendam este cristianismo desconhecido. A você toca irradiar o Evangelho. Que eles vendo você, descubram Jesus". (...) Claudel nos pergunta: "Vocês, que viram a luz, o que fizeram da luz?" Uma vida integralmente cristã, queridos jovens, é a única maneira de irradiar Cristo, de ser como o Precursor, João Batista: "luz que brilha nas trevas". O cristianismo mais do que uma doutrina é uma vida, uma atitude total do ser humano. O cristianismo ou é uma vida inteira de doação, uma mudança total em Cristo, ou é uma ridícula paródia que move ao riso e ao desprezo. O cristianismo é a prolongação da obra de Cristo, crucificado por nosso amor. Portanto, não pode ser apóstolo o que, pelo menos em alguns momentos não esteja crucificado com Cristo. Nada farão os que tudo fazem consistir no apostolado, na ação, numa competição de palavras, de propaganda, encontros, manifestações grandiosas... Ficam bem atos como estes que comemoramos, mas eles não são a apoteose da obra, mas o começo, um momento de nos entusiasmarmos, de nos animarmos mutuamente para seguir Cristo, mesmo nas duras horas de sua Paixão, subindo com Ele à Cruz. Antes de Cristo enviar seus apóstolos à conquista do mundo, perguntou-lhes: "Vocês podem tomar parte nos meus sofrimentos?" Responderam: "Podemos!" Só depois desta resposta, Cristo lhes confiou a missão de salvar-nos. Antes de descer deste morro, queridos jovens, eu lhes pergunto em Nome de Cristo: Vocês podem beber do cálice das amarguras do apostolado? Podem acompanhar Jesus em suas dores; no cansaço de uma obra continuada com perseverança; num trabalho monótono e fatigante, sem brilho da conquista de uma pessoa e logo depois de outra; na tarefa sempre igual de pregar o Evangelho, de visitar os pobres, de ensinar catecismo a crianças não educadas, rudes, ingratas; de mover companheiros indiferentes, irônicos, mundanos, sem ver o resultado de tantos esforços? Podem? Se hesitam, se não se sentem com ânimo para não ser da massa, desta massa sem forma, medíocre; se, como aquele rapaz do Evangelho, sentem tristeza diante dos sofrimentos que Cristo lhes pede, então renunciem ao belo título de colaboradores, de amigos de Cristo. Porém se, com valentia, decidem levantar o templo da cristandade, a dar vigor ao Corpo Místico de Cristo (a Igreja de Deus), é necessário que entreguem mais abundantemente que puderem o tributo dos sacrifícios generosos e que se decidam a ter sempre um "sim" para aquilo que o Cristo lhes pedir. Senhor, se desta multidão que se reúne a teus pés, surgisse em alguns a chama de um desejo generoso e alguns deles dissessem com verdade: "Senhor, toma e recebe toda a minha liberdade, minha memória, meu entendimento, toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo e sou, tudo entrego inteiramente a ti, para trabalhar por ti, para irradiar tua vida, contente de não ter outra recompensa que te servir e consumir-me como estas tochas que se vão apagando em nossas mãos", então se renovariam as maravilhas que agora mesmo realiza Cristo por meio destes jovens de coração ardente, se se decidissem a revestir-se de Cristo, a sacrificar-se por Cristo para, em seguida, irradiar Cristo, o Homem Eterno, o ideal mais puro e mais belo da vida.
Recolha e transcrição de
António Fonseca

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