In: Boletim de 27-1-09 da Agência Ecclesia
São Francisco foi «um gigante de santidade»
Papa diz que o fundador da Ordem dos Frades Menores continua a fascinar pessoas de todos os credos religiosos
Bento XVI evocou na audiência desta Quarta-feira a vida de São Francisco de Assis, “um autêntico ‘gigante da santidade’, que continua a fascinar inúmeras pessoas de todas as idades e credos religiosos”.
Na sua alocução, o Papa recordou o percurso vocacional do fundador da Ordem dos Frades Menores: “Depois de viver uma juventude leviana, Francisco passou por um lento processo de conversão espiritual que culminou na sua decisão de viver na pobreza e de dedicar-se à pregação, sempre em comunhão com a autoridade eclesiástica”.
O modo como São Francisco anunciou a mensagem cristã foi igualmente assinalado por Bento XVI: “O seu ardor missionário levou-o até as terras sob o domínio do Islão, onde conseguiu, armado somente da sua fé e mansidão, estabelecer um diálogo frutuoso com os muçulmanos, o qual ainda hoje é modelo para nós”.
O Papa sublinhou que a vida do santo italiano se alicerçou na oração e na meditação: “Francisco não procurou outra coisa senão ser como Jesus: contemplando-O no Evangelho, amando-O intensamente na Eucaristia e imitando Suas virtudes, até o ponto de receber o dom sobrenatural dos estigmas, demonstrando assim, visivelmente, sua conformação total a Cristo humilde, pobre e sofredor”.
São Francisco nasceu entre os anos 1181-1182 em Assis, Itália, e morreu a 3 de Outubro de 1226. Bento XVI destacou o “seu ardor missionário o levou até as terras sob o domínio do Islão onde conseguiu, armado somente com a sua fé e mansidão, estabelecer um diálogo frutuoso com os muçulmanos, o qual ainda hoje é modelo para nós”.
Como habitualmente, o Papa deixou uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa: “O testemunho da vida de São Francisco de Assis ensina que o segredo da verdadeira felicidade é tornar-se santo. Que a Virgem Maria conceda este dom a vós e aos vossos familiares que de coração abençoo. Ide em paz”.
Internacional | Agência Ecclesia | 2010-01-27 | 12:14:38 | 2364 Caracteres | Bento XVI
Bento XVI lembra libertação do campo de Auschwitz
Papa pede que nunca mais se repita uma «tragédia» como o Holocausto
Bento XVI recordou esta Quarta-feira a libertação do campo de extermínio nazi de Auschwitz, que aconteceu no dia 27 de Janeiro de 1945, pedindo que a memória do Holocausto faça que “nunca mais se repitam tais tragédias”.
No final da audiência geral que decorreu no Vaticano, o Papa deixou um “apelo”, assinalando que “há 65 anos, eram abertas as cancelas do campo de concentração nazi da cidade polaca de Oswiecim, conhecida com o nome alemão de Auschwitz, e foram libertados os poucos sobreviventes”.
Auschwitz foi o maior centro de extermínio do Terceiro Reich. 7000 sobreviventes foram libertados nesse 27 de Janeiro, mas dias antes, as SS tinham evacuado mais de 60 mil prisioneiros, muitos dos quais acabariam por falecer.
“Tal evento e os testemunhos dos sobreviventes revelam ao mundo o horror dos crimes de crueldade inaudita cometidas nos campos de extermínio criados pela Alemanha nazi”, indicou hoje Bento XVI, também ele alemão.
Na celebração do “Dia da memória”, o Papa evocou “todas as vítimas destes crimes, especialmente o aniquilamento planificado dos judeus, e em honra dos que, arriscando a própria vida, protegeram os perseguidos, opondo-se à loucura homicida”.
Recentemente, em visita à Sinagoga de Roma, Bento XVI afirmou que a Santa Sé “desenvolveu obra de socorro, frequentemente escondida e discreta” em favor dos judeus perseguidos durante a II Guerra Mundial.
Na sua intervenção de hoje, o Papa apresentou-se “comovido” ao recordar “as inumeráveis vítimas de um cego ódio racial e religioso, que sofreram a deportação, a prisão, a morte naqueles lugares aberrantes e desumanos”.
“A memória de tais factos, em particular o drama da Shoah que atingiu o povo judaico, suscite um respeito cada vez mais convicto da dignidade de cada pessoa, para que todos os homens se percebam como uma única grande família humana”, concluiu.
Bento XVI visitou Auschwitz no dia 28 de Maio de 2006, tendo ali proferido um dos discursos mais marcantes do seu pontificado.
“Num lugar como este faltam as palavras, no fundo pode permanecer apenas um silêncio aterrorizado um silêncio que é um grito interior a Deus”, disse, “um grito ao Deus vivo para que jamais permita uma coisa semelhante”.
Acompanhado por um grupo de Cardeais e Bispos, o Papa caminhou rumo ao muro das execuções, diante do qual rezou. O silêncio foi absoluto quando Bento XVI se inclinou, colocou uma vela num candelabro de três braços e fez o sinal da cruz.
Internacional | Octávio Carmo | 2010-01-27 | 11:30:32 | 3249 Caracteres | Bento XVI
Revelações inéditas sobre João Paulo II
Novo livro aborda intenção do Papa polaco em renunciar, as suas práticas de mortificação e o atentado na Praça de São Pedro
João Paulo II ponderou renunciar no caso de doença incurável de longa duração, mas reconsiderou a sua posição. Esta é uma das revelações do livro “Porque é santo” que hoje, Quarta-feira, chega às bancas, em Itália.
A obra é da autoria do postulador da causa de beatificação de João Paulo II, Mons. Slawomir Oder, e foi escrita em forma de entrevista, com o jornalista Saverio Gaeta, para ajudar a “perceber” o falecido Papa polaco. Um “homem de Deus”, para o postulador.
“Perché è santo. Il vero Giovanni Paolo II raccontato dal postulatore della causa di beatificazione” (Porque é santo. João Paulo II contado pelo postulador da causa de beatificação) foi apresentado em Roma na presença do Cardeal português José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, que destacou a ligação entre santidade e humanismo na vida de Karol Wojtyla, “uma santidade visível, tangível, que se podia tocar com a mão”.
Inicialmente, a obra será apenas lançada em italiano. A revista "Famiglia Cristiana" deu a conhecer alguns excertos do mesmo.
O livro tem algumas revelações inéditas, incluindo uma carta escrita pelo Papa em 1989, na qual este manifestava a vontade de renunciar à sua missão, no caso de doença incurável de longa duração ou outro tipo de obstáculo que o impedisse de exercer as suas funções.
No entanto, João Paulo II retomou o assunto em 1994 (cerca de dois anos antes, suspeitara-se que poderia ter um cancro), afirmando noutra carta dirigida aos cardeais que depois de rezar e reflectir sobre a sua responsabilidade perante Deus, considerou seguir o exemplo de Paulo VI, que perante o mesmo problema decidiu não renunciar, sentindo como “grave obrigação de consciência o dever de continuar a desenvolver o trabalho ao qual Cristo Senhor me chamou até quando Ele, nos misteriosos desígnios da Providência, quiser".
“Há dois anos, quando surgiu a possibilidade de que o tumor do qual vim a ser operado fosse maligno, pensei que o Pai, que está nos céus, quisesse resolver o problema por antecipação. Mas não foi assim", escreveu João Paulo II.
"Depois de ter rezado e reflectido sobre a minha responsabilidade diante de Deus, acredito dever seguir as disposições e o exemplo de Paulo VI [Papa entre 1963-1978], o qual, prevendo o mesmo problema, julgou não poder renunciar ao mandato apostólico senão em presença de uma doença incurável ou de um impedimento tal que obstaculizasse o exercício das funções de Sucessor de Pedro", ressaltou.
O livro apresenta ainda a carta aberta que o Papa polaco escreveu a Ali Agca (11.09.1981), autor do atentado na Praça de São Pedro.
A carta aberta a Agca foi preparada para uma audiência geral, mas não chegou a ser pronunciada, supõe-se que para não interferir nas investigações então em curso. A missiva falava sobre o poder do perdão como “condição primeira e fundamental para que não estejamos divididos, uns conta os outros, como inimigos”.
O Papa perdoou publicamente ao turco a 17 de Maio, quatro dias depois do atentado, e visitou-o na prisão em 1983. Na referida carta aberta, João Paulo II disse que já na ambulância que o levou até à Clínica Gemelli tinha perdoado a Ali Agca.
O Pe. Oder aborda também as práticas de mortificação e jejum de João Paulo II, que passava horas a fio deitado no chão nu do seu quarto e se flagelava. Para o sacerdote polaco, a intenção do Papa era “afirmar a primazia de Deus” e usar a mortificação como uma forma de se aperfeiçoar.
“No seu armário, no meio das roupas, estava pendurado nos ganchos um cinto especial para as calças, que utilizava como chicote e que fazia levar sempre para Castel Gandolfo [residência pontifícia de Verão]", escreve o postulador.
Mais uma vez, veio à baila a questão de uma possível data de beatificação, mas o postulador da causa disse não ser possível avançar com prognósticos enquanto a Santa Sé não reconhecer um milagre atribuído ao Papa Wojtyla, recentemente declarado venerável.
As mais de 100 testemunhas que falaram no processo diocesano – cujas declarações são a base do que o Pe. Oder afirma no livro – não são identificadas, embora algumas sejam descritas como membros da equipa papal.
A reconstituição da sua vida, a partir do que foi até agora o processo de beatificação, mostra um Karol Wojtyla, grande figura do século XX, como um Papa que viveu na sua própria carne a mensagem evangélica, nos limites da pobreza, na humildade, na sensibilidade às necessidades do outro, sempre espirituoso e jovial.
Bento XVI anunciou no dia 13 de Maio de 2005, 42 dias após a morte de João Paulo II, o início imediato do processo de canonização de Karol Wojtyla, dispensando o prazo canónico de cinco anos para a promoção da causa.
No dia 8 de Abril desse ano, por ocasião da Missa exequial de João Paulo II, a multidão exclamou por diversas vezes "santo subito". Em Dezembro do ano passado, o actual Papa assinou o decreto que reconhece as “virtudes heróicas” de Karol Wojtyla, primeiro passo em direcção à beatificação.
Recolha e transcrição de António Fonseca, através do Boletim da Agência Ecclesia
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