domingo, 2 de outubro de 2011

Fonte: DICI | Tradução: Fratres in Unum.com - 2 de Outubro de 2011

 

Importantíssima entrevista do número 2 da FSSPX: “Um reconhecimento canônico seria um ganho para a Igreja”.

by G. M. Ferretti

Fonte: DICI | Tradução: Fratres in Unum.com

Durante sua visita a Stuttgart, o Primeiro Assistente da Fraternidade São Pio X, Padre Niklaus Pfluger, apesar de sua agenda cheia, encontrou tempo para responder a algumas questões de pius.info [sítio oficial do distrito Alemão].

Padre Niklaus Pfluger.

Padre Niklaus Pfluger.

O preâmbulo doutrinal é de grande interesse a todos os envolvidos. Ambos os lados concordaram em manter a confidencialidade, e, portanto, não podemos esperar que o senhor fale de seu conteúdo. Permita-me, no entanto, perguntar: o que o senhor pensa do documento?

O documento permite correções de nossa parte. E isso também se torna necessário ao menos para excluir clara e definitivamente até a aparência de ambiguidade e mal-entendidos. Então, agora devemos enviar a Roma uma resposta que reflita nossa posição e inequivocamente represente as preocupações da Tradição. Não devemos, por nossa missão de fidelidade à Tradição Católica, fazer qualquer concessão. Os fiéis, e ainda mais os padres, entendem muito bem que as propostas feitas por Roma no passado a várias comunidades conservadoras eram inaceitáveis. Se Roma agora faz uma oferta à Fraternidade, deve-se deixar clara e inequivocamente que o faz pelo bem da Igreja e acelerar o retorno à Tradição. Nós pensamos e sentimos com a Igreja Católica. Ela tem um objetivo missionário mundial, e sempre foi o mais ardente desejo de nosso fundador que a Tradição devesse florescer novamente por todo o mundo. Um reconhecimento canônico da Fraternidade São Pio X poderia justamente favorecer isso.

Críticos dizem que Roma está, com esse preâmbulo, tentando armar uma cilada para a Fraternidade e tirar proveito disso. Uma vez canonicamente reconhecida, a Fraternidade poderia talvez introduzir o “carisma da Tradição” na Igreja moderna, mas também teria de aceitar os caminhos e o pensamento conciliar pelo bem do “pluralismo”.

Essa crítica é inteiramente justificada e deve ser levada a sério. Pois não podemos excluir a impressão de que, no fim das contas, isso equivaleria a uma aceitação tácita, por assim dizer, que levaria com efeito a essa diversidade que relativiza a única verdade: essa é, de fato, precisamente a base do modernismo.

Assis III e ainda mais a infeliz beatificação de João Paulo II, mas também muitos outros exemplos, deixam claro que a liderança da Igreja, hoje como no passado, não está pronta a desistir dos falsos princípios do Vaticano II e suas conseqüências. Portanto, qualquer “oferta” feita à Tradição deve nos garantir liberdade para poder continuar nosso trabalho e nossa crítica à “Roma modernista”. E para ser honesto, isso parece ser muito, muito difícil. Novamente, qualquer concessão falsa ou perigosa deve ser eliminada.

Não faz sentido comparar a situação atual com as conversas em 1988. Naquela época, Roma queria impedir qualquer espécie de autônomia para a Fraternidade; o bispo que eles (talvez sim ou talvez não) concederiam teria, em todo caso, que estar sujeito a Roma. Isso era simplesmente muito incerto para Dom Lefebvre. Se Dom Marcel Lefebvre tivesse cedido, Roma poderia, de fato, ter esperado que a Fraternidade, sem os seus “próprios” bispos, um dia viesse a se orientar conforme a linha conciliar. Hoje a situação é completamente diferente. Temos quatro bispos e por ora 550 padres por todo o mundo. E as estruturas da Igreja oficial estão ruindo cada vez mais rápido. Roma não pode mais confrontar a Fraternidade como fez há mais de vinte anos.

Quais são as chances que o senhor vê de uma resposta positiva? A Fraternidade São Pio X aceitará o preâmbulo?

Aqui a diplomacia tem um papel importante. Exteriormente, Roma quer salvar sua honra. O Papa já foi muito frequentemente acusado de levantar as “excomunhões” de nossos bispos sem precondições. Se dependesse da maioria dos bispos alemães, a Fraternidade teria de assinar um cheque em branco, reconhecendo todo o Concílio primeiro. De resto, eles o demandam ainda. O Papa Bento não o fez. Além disso, o livre acesso ao Sacrifício Católico da Missa [i.e., Missa Tridentina] era a segunda condição exigida pela Fraternidade. Portanto, Roma atendeu duas vezes aos desejos da Fraternidade. É claro que agora eles estão pedindo um documento que possa ser apresentado ao público. A questão é saber se é possível assinar esse documento. Em uma semana, os superiores da Fraternidade São Pio X se encontrarão em [Albano, Laziale, subúrbio de] Roma para discuti-lo juntos. É óbvio que deve ficar claro ao Cardeal Levada e também à Congregação para a Doutrina da Fé que eles não podem insistir em um documento que a Fraternidade não pode, por sua vez, justificar a seus membros e fiéis.

Uma última pergunta. Quem conquistou maior vantagem com as conversações teológicas: Roma ou a Fraternidade São Pio X?

Este é um ponto muito importante, e o direi novamente: não estamos preocupados em conseguir uma vantagem para nós. Queremos tornar novamente acessível para a Igreja o tesouro que Dom Lefebvre confiou à nossa custódia. Neste aspecto, um reconhecimento canônico seria um ganho para a Igreja. Dessa forma, por exemplo, um bispo conservador poderia pedir aos padres da Fraternidade que trabalhasse em seu seminário diocesano. Claro que a regularização das relações também significaria que os católicos que se mantinham distantes da Fraternidade, talvez pelo rótulo de “suspensa”, agora se arriscarão a se aproximar. Mas não se trata disso. Por quarenta e um anos, a Fraternidade cresceu de maneira constante, mesmo a despeito de ser atingida pelo cajado da “excomunhão”. Estamos preocupados, antes, com a Igreja Católica. Juntos com o Arcebispo, nós também gostaríamos de dizer [as palavras de S. Paulo cf. I Coríntios 11:23]“Tradidi quod et accepi” – Transmitimos o que recebemos.

G. M. Ferretti | outubro 2, 2011 at 7:45 pm | Categorias: Discussões Teológicas, FSSPX, O Papa | Categories: Atualidades, Ecclesia Dei, FSSPX, Igreja, O Papa, Tradição, Vaticano II | URL: http://wp.me/pgELf-48q

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Transcrição por

António Fonseca

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