(Mais de 133 Santos e beatos, hoje)
Nº 880-2
S. VICENTE FERRER
Confessor (1350-1419)
Vicente Ferrer, Santo
A vida dos Santos, além de oferecer-nos exemplar e irrecusável testemunho de heroicas virtudes, manifesta sempre a intervenção providencial de Deus, tanto que a presença dalguns santos não se explica sem essa missão providencial. Eles polarizaram muitas vezes na sua vida determinados períodos da história e a sua influência espiritual ou social configurou os contornos de certos estilos de vida, e até pesaram definitivamente na hora de dar solução às crises do seu tempo. É igualmente certo que, por esse mesmo cânone providencial também os santos se viram condicionados nos seus actos pelas circunstâncias em que se moveram. Tudo isto dá sentido e justificação à vida de S. Vicente Ferrer e livra-nos de cair numa interpretação simplista e unilateral da sua portentosa obra. A visão exclusivamente milagreira da sua figura, que seguiram durante muitos anos a tradição e a lenda, contribuiu para desfocar a plenitude autêntica e a realidade total da vida de S. Vicente, até ao ponto de um historiador moderno ousar dizer que todas as circunstâncias da sua vida foram milagres. Não podemos admitir essa visão colorista que nos deu um S. Vicente Ferrer como opulento esbanjador de milagres, embora fosse insensatez negar a realidade da sua poderosa força taumatúrgica. S. Vicente Ferrer nasceu em Valência, Espanha, em 1350. A sua casa natalícia distava muito pouco do Real Convento dos Pregadores, fundado a seguir à conquista cristã da cidade. Cedo resolveu ele vestir o hábito branco e preto dos dominicanos. Desde a profissão religiosa, em 1368, até 1374, ano em que foi ordenado, Vicente alternou o estudo e o ensino da filosofia com a aprendizagem da teologia em Lérida, Barcelona e Tolosa. Com perfeito conhecimento da exegese bíblica e da língua hebraica, regressou a Valência, onde ensinou teologia, escreveu, pregou e aconselhou. Naqueles tempos sofreu a Igreja o látego doloroso da infausta cisão religiosa do Ocidente. Por cardeais declarada inválida a eleição de Urbano VI, foi escolhido Roberto de Genebra que tomou o nome de Clemente VII. As coroas ibéricas procuraram manter-ase neutrais entre os dois papas, mas o de Avinhão esforçou-se por conquistar a obediência delas e mandou como seu legado o cardeal Pedro de Luna. Este procurou o apoio de Vicente, que lho deu de boa fé e escreveu um tratado sobre o Cisma. Vicente acompanhou mesmo o legado nalgumas viagens por esses reinos, regressando depois ao ensino e à pregação em Valência. Pouco depois, volta Pedro de Luna a Avinhão e sucede a Clemente VII como papa, tomando o nome de Bento XIII . E é reclamada a presença de Vicente em Avinhão, onde passa uns anos. Lá, caiu gravemente enfermo, a ponto de quase morrer. Foi quando teve a visão de Nosso Senhor Jesus Cristo, acompanhado de S. Domingos e S. Francisco, a entregar-lhe a missão de pregar pelo mundo. E repentinamente recuperou a saúde. Esta a chave que explica o restante da vida de S. Vicente. Desde agora terá um empenho superior ao de propugnar a causa de Bento XIII; a de proclamar a integridade do Evangelho dentro da unidade da Igreja. Ficou sendo legado de Cristo, com raio de acção universal. O Papa avinhonês, depois de resistir, sempre se convenceu a deixá-lo partir, o que aliás fez concedendo-lhe amplíssimos poderes. A 22 de Novembro de 1399 saiu para levar a quase todo o Ocidente a mensagem da Palavra de Deus. Ficam a derramar-se tesouros de sabedoria e eloquência sobre uma sociedade que se encontrava em grandíssima crise espiritual. Percorreu inúmeras aldeias e cidades de Espanha, França, Itália e Suíça, e é mesmo probabilissimo que tenha penetrado na Bélgica. Quando a oratória sacra se perdia em argumentações escolásticas e desenvolvimentos retóricos, a palavra de Vicente era como látego de fogo a incendiar e a iluminar. O seu sistema estava em expor claramente, sem adular, a doutrina de Cristo, utilizando aliás a bandeja de ouro da sua portentosa e dócil imaginação, e a enorme força sugestiva da sua potente voz, rica em matizes e sonoridades. As pessoas sentiam a vertigem da presença de Deus e o delicioso estremecimento da sua graça. Foi de impressionante e surpreendente grandeza o sermão que, depois de vencida a implacável resistência de Bento XIII e obtida a promessa de ele abdicar, pronunciou diante do papa avinhonês e seus cardeais, em Perpinhão, 1415, comentando o texto: “Ossos secos, ouvi a palavra de Deus”. À sua voz as inimizades públicas cediam , os pecadores sentiam-se movidos ao arrependimento e as pessoas sedentas de perfeição seguiam-no por toda a parte. Organizava as imponentes comunidades de disciplinantes que, em clamorosas procissões de flagelação, produziam nos expectadores um calafrio de compunção e a eficaz mudança de vida. Diante do rio revolto que era o mundo do seu tempo, diante do espantoso desmoronamento da ideologia cristã que informara a sociedade da Idade Média, diante do espetáculo apocalíptico duma igreja que extraviava a cristandade em partidos de cisma, Não admira que a lenda, apoiada em pontos fracos da tradição, tenha feito que S. Vicente se atribuísse pessoalmente o título de anjo do Apocalipse e até mesmo que a obsessão determinante do seu apostolado fosse a pregação do vizinho Juízo Final. Sem dúvida que o Senhor lhe concedeu em diversas ocasiões o dom de profecia, mas quando S. Vicente Ferrer falava do Juízo Final como acontecimento próximo - coisa que fez em muito menos ocasiões do que habitualmente se julga – não o fazia como profeta mas como homem que observa as realidades do seu tempo e tira consequências. Devemos também, insistir em que o lema “Temei a Deus e dai-lhe honra”, em que a tradição resumiu a pregação vicentina, de maneira nenhuma pode ser interpretado com sentido terrorista, isto é, com ter-se o Santo preocupado com semear o pânico e despertar uma obsessão colectiva. O que semeava era o temor reverencial, nascido do temor que os filhos têm de desgostar os pais. O auditório das suas prédicas era sempre de multidões, às vezes mais de 15 000 pessoas; portanto, ao ar livre. Contemporâneos do Santo informam-nos que, falando na sua língua própria, era entendido mesmo pelos que a não sabiam. Nos seus últimos 30 anos de vida, o trabalho de pregação condicionou-lhe o horário de vida. Costumava dedicar cinco horas ao descanso, tomando-o sobre um feixe de varas ou um enxergão de palha; o tempo restante dedicava-o à oração e aos deveres de pregador. As refeições eram extremamente sóbrias. Duma terra para outra, deslocava-se a pé; mas, desde que adoeceu duma perna, usou um burrinho. Tanta fama de santidade o precedia, que o povo vinha recebê-lo como enviado de deus e a sua entrada nas cidades tinha tal carácter de apoteose delirante que, para evitar graves desordens e que os devotos lhe cortassem pedaços do hábito, era preciso protegê-lo com traves que formavam um quadrado à volta da pessoa. Todos os dias cantava Missa com grande solenidade e em seguida fazia o sermão, que habitualmente durava duas ou três horas e, numa Sexta-feira santa em Tolosa, seis horas seguidas! O cansaço e achaques físicos, que nos últimos anos obrigavam a que o ajudassem pegando-lhe no braço, desapareciam mal começava o sermão; o rosto transfigurava-se-lhe como se a pele retomasse a frescura juvenil, cintilavam-lhe os olhos, a voz era clara e sonora. O tom de convicção, em que se inflamava, deixava atónitos os ouvintes, e por isso não admira que, assistidos pela graça, os frutos dos sermões fossem tão copiosos, de maneira que eram sempre necessários muitos sacerdotes para ouvir confissões. O crédito universal de sabedoria e prudência foi provado quando numerosas vezes teve de intervir como árbitro de paz. Interveio, por exemplo, na sucessão da casa aragonesa; veio armado de ânimo e inteligência, mas sobretudo de límpida intenção para aceitar o resultado como desígnio providencial. Foi ele que publicou em Junho de 1412 a eleição feita do infante de Castela, Fernando de Antequera; e tal foi a isenção do Santo, que o seu apostolado não veio imediatamente a encontrar dificuldades, mesmo nos Estados que defenderam outras soluções no célebre compromisso de Caspe. Laboriosíssimos os esforços para determina a conclusão do Cisma do Ocidente; se não podemos afirmar que nela tenha sido intervenção direta, devemos dizer que pesou a sua influência, apoiada em universal prestigio. O conclave reunido em Constança a 11 de Novembro de 1417, um pouco menos de dois anos antes da morte do Santo, deu à Igreja a eleição de Martinho V, a cuja obediência se submeteu toda a cristandade ocidental, que se tinha ultimamente cindido. Vicente continuou a própria missão dirigindo-se para a Bretanha, onde o Senhor o esperava para abrir-lhe as portas duma glória definitiva. A 5 de Abril de 1419 morreu em Vannes, França, longe da Pátria, este apóstolo infatigável, cuja palavra inquietou, como presença de Deus, toda a extensão da cristandade europeia. Foi canonizado em 1455 pelo papa, também, valenciano, Calisto III. Os milagres que S. Vicente Ferrer operou em vida e depois de morto são inumeráveis; por isso, a sua fama de taumaturgo não diminuiu através dos séculos. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas,.pt
SANTA JULIANA DE CORNILLON
Virgem (1192-1258)
Juliana de Monte Cornillon, Beata
A piedade eucarística progrediu realmente no decorrer dos séculos; mas por vezes uma conquista nova levava à perda de posições, já alcançadas. Ressaltou cada época algum aspecto. As primitivas gerações cristãs alimentavam a piedade bebendo nas fontes litúrgicas, pois a celebração eucarística e a comunhão formam o eixo da sua vida. Faltava, porém, a amizade íntima com Cristo, presente sob as sagradas espécies. Foi a Idade Média que trouxe tal nota de ternura e calor. A partir do ano 1000, vencida a heresia de Berengário (negador da transubstanciação), aviva-se a piedade quanto à presença real de Jesus. Uma das manifestações mais fecundas era o “desejo de ver a hóstia”. Por isso, começou esta a ser mostrada na Missa, vindo a ser pouco depois acompanhada pela elevação do cálice. Cerimónia soleníssima, que se chamava “elevar a Deus”. A reverência dos primeiros fieis mudara-se em devoção à Pessoa adorável de Jesus, oculto sob as sagradas espécies. Invadiu as almas a bela oração Alma de Cristo, que se dirige ao Hóspede recebido. Esta prece figura no princípio dos Exercícios de Santo Inácio de Loiola, o que muito ajudou a torná-la conhecida. Assim se originou toda a piedade eucarística moderna, ligada à festa do Corpo de Deus e depois frutificada na exposição do Santíssimo, nas Quarenta Horas, nas procissões apoteóticas dos Congressos Eucarísticos, nas visitas ao Santíssimo, nas Horas santas, nos actos de reparação, etc. . Antes porém, destes últimos triunfos, a ideia de Cristo hóspede da alma levava aos exageros e rigorismos de tom jansenista, afastando as almas da sagrada Mesa e fazendo prevalecer o “olhar” e o “adorar”. Com grandes iluminações e adornos, prevaleceu a exposição do Santíssimo sobre a Missa, que perdeu para muitos o aspecto fundamentalíssimo, de banquete sacrificial, convertendo-se quase só em rito para nos dar a presença de Cristo. O actual movimento litúrgico, adaptado e fomentado pelo Concilio Vaticano II, esforça-se por restituir à Missa, no espírito dos fiéis, a categoria de sacrifício e festim, no qual participam todos comunitariamente com as respostas, os cânticos, as atitudes, e sobretudo com a comunhão sacramental, que lhes dá a Vítima imolada e os frutos do sacrifício. Não se renuncia hoje à doce aquisição da intimidade medieval, mas procura-se o justo equilíbrio entre a devoção à presença divina (com o seu cortejo de piedosos actos) e a Missa e comunhão, aspectos primários da Eucaristia. Sirva o dito como introdução à vida de Santa Juliana de Monte Cornillon, a alma que preparou a festa de Corpus Christi, chamada em português Corpo de Deus, com rica expressão teológica. Nasceu Juliana perto de Rettine, junto a Liége, na Bélgica. O ano foi o de 1192. Ficando órfã aos cinco anos, foi levada com o irmão de seis ao convento de Monte Cornillon, onde foram entregues à direcção de Soror Sapiência, que lhes ensinou os rudimentos da doutrina e os iniciou nas virtudes. Chegando Juliana aos seis anos, teve uma visão que não pôde compreender; viu a lua resplandecente de luz, mas tendo uma zona escura. Ninguém soube, mesmo bastante depois, explicar-lhe o significado de tal imagem; não faltou mesmo quem aconselhasse a Santa a não pensar mais no caso. Aos 14 anos fez-se religiosa entre as suas educadoras. Foi cada vez mais devota da sagrada Eucaristia e a visão continuava sempre a lembrar-lhe. À força de súplicas conseguiu que uma voz celestial lhe explicasse que a brandura da lua significava a Igreja militante e a mancha representava a carência nela duma festa especial ao Santíssimo Sacramento. E compreendeu que devia trabalhar perla instituição da festa, pois a Quinta-feira santa, no ambiente da Paixão, não dava lugar à solenidade triunfal requerida. Era pelo ano de 1210. Vem visitá-la uma virgem reclusa chamada Eva. Juliana conta-lhe o que vira e ouvira; ficaram de pedir uma pela outra e se ajudarem. Mais tarde, sendo já Juliana prioresa, Eva tem visão igual à da companheira e exorta esta a promover sem delongas o que é vontade de Deus. Juliana fala a um cónego e este a teólogos e autoridades eclesiásticas. S. Tomás de Aquino, então jovem clérigo, é encarregado de compor o ofício litúrgico da nova festividade, o que realiza em 1232. No ano seguinte, parece que já foi celebrada em Laon a festa do Corpo de Deus. Nasce a perseguição na comunidade de Juliana, suscitada nada menos que pela superiora. A prioresa e outras irmãs tiveram de se afastar e pediram asilo a Eva. Mas ser perseguida aumentou a reputação de Juliana. A nova festividade celebra-se com certeza em Liége em 1247, e fixa-se que o seu dia seja a Quinta-feira depois da Santíssima Trindade. Repetem-se a borrasca e a deslocação. Mas surge um grande conforto; o Cardeal legado do Papa, impõe a nova festa na Alemanha, Dácia, Boémia, Morávia e Polónia – isto em 1251. Depois do sexto desterro, morre Santa Juliana na sexta-feira de Páscoa, 5 de Abril de 1258. Aquilo porque ela tinha orado e trabalhado toda a vida, teve novo grau de realização em 1264; em nome de Urbano IV, é assinada a bula Transiturus estendendo a festa à Igreja Universal. Mas encontrou resistência na cristandade; a extensão não foi geral senão em 1317. Em Portugal só penetrou, ao menos como medida geral, no século XVII. As grandes ideias teológicas relativas ao Sacramento do Altar são desenvolvidas nesse Credo eucarístico que é a sequência Lauda Sion da Missa do Corpo de Deus. E o sacramento eucarístico é memorial da Paixão, sinal da unidade e da paz, e prefiguração da glória eterna, como nos lembram respectivamente a 1ª oração, a oração sobre as oblatas e a oração a seguir à Comunhão. Trilogia que é resumida magnificamente pela antífona O sacrum convivium, que apenas se pode atribuir à pena teologal de S. Tomás de Aquino. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas,.pt
• Jorge, Santo
Mártir
Jorge, Santo
Etimologicamente significa “agricultor”. Vem da língua grega. Este Jorge de hoje não é o mesmo de 23 de Abril. O santo de hoje era originário da Ásia Menor. Morreu mártir no ano 1801. A primeira parte de sua vida foi um desastre para ele mesmo e para sua mulher e filhos. Se emborrachava um dia e outro também. Era um verdadeiro desastre de pai e de esposo. Foi justamente pelo efeito de uma borracheira, pelo que renegou de Cristo e se fez muçulmano. As coisas começarem a correr-lhe pior no entanto. As dúvidas interiores, a culpabilidade que sentia em seu coração não o deixavam viver.
Então decidiu voltar de novo a Cristo. Para o seguir mais de perto, foi para a ilha de Samos. Sem embargo, os muçulmanos não o deixaram tranquilo. Ele, para lhes indicar que não estava de acordo com que o prendessem, entregou-se de novo à bebida e inclusive se deixou circuncidar. Os árabes o puseram como guardião de uma mesquita. Aguentou somente um ano. Atormentado de novo pelo que havia feito, lhes disse que confessava a Cristo. Ao ver que não estava bêbedo nem louco, o juiz mandou que lhe atassem os pés com estacas. Lhe pediam que renunciasse de Cristo. Ele se negou rotundamente. E por esta causa o decapitaram ¡Felicidades a quem leve este nome!
• María Crescência Höss, Santa
Monja
María Crescência Höss, Santa
Nasceu em 20 de Outubro de 1682. Era filha de um modesto tecedor de lã na cidade de Kaufbeuren, que naquele tempo contava só com dois mil quinhentos habitantes, na sua maioria protestantes. Na escola se distinguiu por sua inteligência e sua devoção. Se fez tecedora, para ajudar a seu pai, mas sua maior aspiração era entrar no mosteiro das Franciscanas de Kaufbeuren. Sem embargo, sua família era demasiado pobre para pagar o dote requerido e só com a ajuda decisiva do alcaide protestante pôde entrar finalmente no convento. Sua vida consagrada esteve sempre impregnada de amor alegre a Deus, com a preocupação fundamental de cumprir em tudo sua Santíssima vontade. Vivia uma gozosa e profunda relação com Deus. Sua intensa oração, mediante fervorosos colóquios com a Trindade, com a Virgem Maria e com os santos, desembocou muitas vezes em visões místicas, das que só falava por obediência ante seus superiores eclesiásticos. Desde sua infância orava muito e com fervor ao Espírito Santo, devocional que cultivou durante toda sua vida. Desejava que as pessoas visem nele um caminho mais fácil de vida espiritual. Costuma ser representada sustentando a cruz com a mão direita, enquanto com a esquerda se dirige ao Salvador crucificado, pois durante toda sua vida predominou nela a contemplação e devoção a Cristo em sua agonia, que a levava a um grande espírito de sacrifício pessoal, seguindo o exemplo do Salvador. Sempre buscou fazê-lo tudo por amor a Deus, a quem desejava glorificar pela fé, com obediência e humildade. Suas experiências místicas não a afastavam do mundo real; ao contrário, seus olhos se achavam abertos de par em par às necessidades do próximo. Certamente, dedicava longos espaços de tempo à oração e à contemplação, mas durante grande parte de sua jornada se entregava a socorrer aos necessitados, em que via a Cristo mesmo. Durante muitos anos foi porteira do convento, cargo que aproveitou para aconselhar a muita gente e realizar um generoso labor de caridade. Mais tarde, nomeada mestra de noviças, se entregou à formação espiritual das irmãs jovens para a vida monástica. Em 1741 foi eleita superiora. Desempenhando esse cargo dirigiu de modo sábio e prudente o mosteiro, tanto no campo espiritual como em seus interesses seculares, melhorando até tal ponto a posição económica que, por mérito seu, o mosteiro pôde ajudar a muita gente com suas esmolas. Convém sublinhar que sem amor aos outros não podia haver amor a Deus e que «todo o bem que se fazia ao próximo era tributado a Deus, que se escondia nos andrajos dos pobres». Considerava importante que também as mulheres se realizaram na vida religiosa. De modo constante e consciente se esforçou sempre por aumentar a fé em todos aqueles com quem entrava em contacto, fazendo-lhes compreender qual era o caminho que deviam seguir. Por isso, para numerosas pessoas, tanto consagradas como laicas, foi guia espiritual e conselheira decisiva. Tinha a rara capacidade de reconhecer rapidamente os problemas e oferecer-lhes a solução adequada e razoável. O príncipe herdeiro e arcebispo de Colónia Clemente Augusto a considerava uma guia de almas sábia e muito compreensiva;ficou tão prendado de sua santidade que chegou a pedir ao Papa que a canonizasse imediatamente depois de sua morte. Numerosas pessoas iam consultá-la em seu mosteiro e com tal de manter uma conversação com ela estavam dispostas a esperar vários dias. Eram milhares os que lhe escreviam desde as regiões de Europa de língua alemã, pedindo-lhe conselho e ajuda, e recebendo sempre uma resposta adequada. Graças a ela, o pequeno mosteiro de Kaufbeuren desempenhou um surpreendente e importante apostolado epistolar. Imediatamente depois de sua morte, que aconteceu em 5 de Abril de 1744, domingo de Páscoa, a gente acudiu em grande número a visitar sua tumba na igreja do mosteiro, convencida de se encontrar ante uma santa. Kaufbeuren se converteu num lugar famoso de peregrinações na Europa. Esse fenómeno se verificou ininterruptamente desde sua morte, e se intensificou depois de sua beatificação, levada a cabo pelo Papa León XIII em 7 de Outubro de 1900. Essa veneração há seguido viva até hoje de modo surpreendente, não só entre os católicos mas também entre as comunidades surgidas da Reforma. Foi canonizada por João Paulo II em 25 de Novembro de 2001.
• Mariano de la Mata Aparício, Beato
Sacerdote Agostinho
Mariano de la Mata Aparício, Beato
Nasceu em 31 de Dezembro de 1905 no Bairro de la Puebla (Palência, Espanha), no seio duma família profundamente cristã. Seus pais se chamavam Manuel e Martina. Seguindo o exemplo de três irmãos seus ― Leovigildo, Tomás e Baltasar ―, depois dos estudos humanísticos, em 9 de Setembro de 1921, ingressou na Ordem de Santo Agostinho. Um ano mais tarde, em 10 de Setembro de 1922, terminado o tempo de noviciado, emitiu a profissão temporal, depositando-a em mãos do prior da casa, Anselmo Polanco, futuro bispo de Teruel, mártir da fé de Cristo, beatificado pelo Papa João Paulo II em 1995. Com os estudos filosóficos iniciados na capital de Pisuerga, em 1926 se trasladou ao mosteiro de "Santa María" de La Vid (Burgos), no qual realizou os teológicos, formando parte da província agostiniana de Espanha. Se consagrou definitivamente a Deus com os votos solenes em 23 de Janeiro de 1927 e recebeu a ordenação sacerdotal em 25 de Julho de 1930. Após uma fugaz estadia no colégio da Encarnação de Llanes (Astúrias) como professor, em Julho de 1931 foi destinado à vice província de Brasil, primeiro a Taquaritinga, onde desempenhou durante dois anos o ministério sacerdotal, e posteriormente a Santo Agostinho, onde conjugou o labor educativo com os cargos de administrador (1942-1945) e secretário. Durante o triénio (1945-1948) foi prior vice provincial, e mais tarde (1948-1951 e 1960-1963) assessorou a seus sucessores nesse cargo como conselheiro. Finalizada a tarefa de comissário, se incorporou no colégio Engenheiro Schmitt como ecónomo (1951), diretor (1957) e professor. Em 1961 regressou de novo a São Paulo, em cujo centro juntou a tarefa docente e o cargo de vice prior do colégio Santo Agostinho (1973-1977), com o trabalho de coadjutor paroquial. Fisicamente o padre Mariano foi uma pessoa alta e bem proporcionada, com óculos grossos e abundante calvície. Era um homem ativo e empreendedor, generoso, aberto e comunicativo, cheio de simpatia, simplicidade e bondade, com o sorriso sempre nos lábios. Ainda que tivesse um temperamento forte, era incapaz de ocultar os sentimentos e as lágrimas. Seus irmãos de Brasil recordam com emoção o momento em que, após haver sido operado de cataratas em Belo Horizonte e levar vários das com os olhos cerrados, ao voltar a abri-los e contemplar um quadro da Virgem da Consolação, começou a chorar como uma criança. O padre Mariano nasceu para ajudar humana e espiritualmente as pessoas que estavam a seu lado, que não eram outras que as famintas de pão humano e divino. Era um mensageiro da caridade: amigo das crianças e dos maiores, um cireneu dos enfermos e necessitados, consolador e esmoler dos pobres, sacerdote zeloso de suas obrigações ministeriais. Pelas tardes era frequente vê-lo percorrer as ruas de São Paulo, visitando as 200 Oficinas de Caridade de Santa Rita, de que foi muitos anos assessor religioso, e levando ajuda material e espiritual aos sedentos de saúde humana e religiosa. A morte ― costuma dizer ― não espera. ¡Quantas vezes voltou tarde ao colégio, porque a atenção ao próximo o havia impedido chegar a tempo! Para ele sempre existiam outras prioridades mais importantes que a hora comunitária. Uma de suas grandes paixões constituíam as plantas. Falava com elas, acariciava suas folhas, o emocionava seu colorido. Suas pétalas lhe recordavam a grandeza do Criador. O terraço do colégio Santo Agostinho de São Paulo sabe muito deste seu mimo pelas flores e os pássaros. Tampouco lhe eram alheias as coleções de selos e estampas religiosas. Com a idade e o esforço que havia empregado em todas suas actividades terminaram fazendo marcas na sua natureza física. Nos últimos dias de Janeiro de 1983 começou a sentir uma estranha dor no ventre, como se fosse um "gatinho", segundo suas palavras, o estivesse arranhando. Era o principio do fim. Desde há algum tempo vinha tendo uma ferida no lado direito, que apesar das atenções médicas, não conseguiu resolver. Sem dúvida alguma era a terrível enfermidade do câncer que se estava insinuando e de que morreria em 5 de abril de 1983. Contava 77 anos de idade e 60 de vida religiosa. Seus restos descansam na igreja agostiniana de São Paulo. Sua trajetória humana e religiosa fora do comum ―era um grande devoto da Eucaristia e da Santíssima Virgem― fez que o povo de Deus e seus irmãos da Ordem acudissem às autoridades eclesiásticas pedindo o reconhecimento de suas virtudes com vistas a uma próxima beatificação, cerimónia que se levou a cabo em São Paulo em 31 de maio de 1997 com a presença do cardeal Paulo Evaristo Arns, o.f.m. A Ordem agostiniana lhe tem dedicadas nessa cidade um centro de juventude e um colégio profissional; e a câmara, uma rua. Igualmente o Governo espanhol, através de seu consulado geral no Brasil, lhe concedeu a grande cruz de Isabel a Católica.
• Catalina Tomás, Santa
Monja
Catalina Tomás, Santa
Martirológio Romano: Na cidade de Palma, na ilha de Mallorca, em Espanha, santa Catalina Tomás, virgem, que, havendo ingressado na Ordem de Canonesas Regulares de Santo Agostinho, destacou por sua humildade e a abnegação da vontade (1574).Se alguma vez foram a Mallorca, será obrigatório que visitem Valldemosa. O turismo se baseia, por desgraça, no espetacular. E assim, lhes indicam a Cartuxa, com suas celas, e aquelas onde viveram o pobre Federico Chopin e a escritora George Sand uma bem pobre aventura humana. Ou em La Foradada, a mancha de fumo daquela fogueira que acendeu Ruben Dário, quando quis fazer uma paelha junto ao mar. Salvo se vocês perguntem, ninguém ou quase ninguém lhes falará de Catalina Thomás, aquela "santita mucama", como a chamou um escritor viajante espanhol. Pois ali, em Valldemosa, nasceu a menina. Em 1531, segundo uns historiadores. Ou em 1533, segundo outros. Filha de Jaime Thomás e Marquesina Gallard. E desde sua meninice, a lenda doirada que acompanha piedosamente aos santos com milagres calorosos e prodígios estranhos. As biografias de Catalina Thomás recolhem um sem fim destes dados que mostram que a Santa teve, já em vida, uma admiração popular fervorosa: enquanto recolhe espigas, Catalina recebe a visão de Jesús crucificado. Outra vez, fugindo de uma festa popular que não gostava, é Nossa Senhora mesma que baixa a dizer-lhe que está escolhida por seu Filho. Até prodígios calorosos: uma vez, chorando arrependida por haver desejado uns vestidos como os de sua irmã, diz a tradição que Santa Práxedes e Santa Catalina mártir —que será sempre fiel protetora sua— baixam do céu para a consolar. Poucos prodígios tão poéticos, tão belos como o daquela noite em que, ao despertar, viu Catalina a habitação inundada de uma luz formosa e clara. Era a luz branca, azulada, do plenilúnio. Catalina pensa que está amanhecendo e se levanta a buscar água numa fonte próxima. Estando ali, deram as doze da noite na Cartuxa e logo o sino que chamava a coro aos frades do convento. Catalina se assusta então, ao encontrar-se perdida naquela noite de luz tão misteriosa. Como é uma menina, começa a chorar. E Santo António Abade, dizem, baixou do céu e a tomou da mão para a levar a casa. Catalina vai conhecer uma grande amargura muito jovem. Aos três anos morreu seu pai. Ela se pôs a rogar por sua alma e um anjo veio a dizer-lhe que estivesse contente, porque seu pai estava na glória de Deus. Quatro anos mais tarde, tinha sete à menina, aparece sua mãe: "Minha filha, acabo de expirar neste mesmo momento. Estou esperando tuas orações para entrar na glória." E três horas mais tarde, Catalina recebia a consolação de que sua mãe estava no céu. Órfã, Catalina foi recolhida por uns tios seus, que la levaram ao prédio "Son Gallart". Durante onze anos, Catalina viveu naquela quinta, a seis o sete quilómetros de Valldemosa. É este um momento duro para Catalina, pois a ausência de Valldemosa significa dificuldade para ir ao templo, para ouvir missa e para as práticas religiosas na casa de Deus. Aos domingos, finalmente, podia assistir à missa no oratório da Trindade. É aquela zona onde os eremitas buscavam a paz de Deus frente à paz daquele mar inolvidável; frente a esses crepúsculos de Mallorca em que o sol parece incendiar finalmente as águas, tingindo-as de vermelho ou, quando está no alto, revela desde a cornija valldemosina, o fundo limpíssimo do mar. Mas Catalina não tinha muito tempo para a contemplação poética. Uma quinta como "Son Gallart" exige muito trabalho. Há nela muitos peões, e gado, e fainas de lavoura que realizar. Catalina é uma rapariga ativa. Já é crescida. Vai aonde trabalham uns peões para lhes levar a comida de meio dia, trabalha na casa, esfregando, cosendo, varrendo; guarda algum rebanho quando o manda tio Bartolomeu. E tem sempre bom semblante, sorriso a ponto, coração aberto. Aparece então na vida de Catalina uma personagem importante e muito decisivo. Um daqueles ermitãos, o venerável padre Castañeda. É um homem que abandonou o mundo buscando a total entrega de sua alma ao Senhor. Vive nas colinas e de esmola. Um dia passa pelo prédio a pedir e Catalina o conhece. Surge entre ambos uma corrente de simpatia e de afecto. Recomendada mais tarde por Ana Más, Catalina vai a visitar o padre Castañeda ao oratório da Trindade. Catalina se lhe confia: ela quer ser religiosa. À segunda entrevista, o padre Castañeda está convencido. A direcção espiritual de religioso fará todavia um grande bem a rapariga. Mas então começa um longo episódio: o das dificuldades. Os tios, ao saber da vocação de sua sobrinha, se opõem decididamente. Por aquelas datas, uma rapariga valldemosina, que havia ingressado num convento de Palma, sai, reconhecendo-se sem verdadeira vocação. É, pois, mau momento político para que ninguém ajude a Catalina. Por outro lado, Catalina era uma rapariga guapa e muito atrativa. É natural que muitos jovens dos arredores se fixaram nela com o desejo de entabular relações e casar-se. Catalina espera pacientemente. E outra dificuldade chega. O padre Castañeda decide sair de Mallorca. Catalina despede-se dele com um sorriso misterioso. Não, o padre irá, mas voltará, porque Deus quer que ele seja seu apoio para entrar no convento. Efetivamente, o barco que levava o religioso sai de Sóller com uma forte tormenta que o impede chegar a Barcelona. E regressa de novo a Valldemosa. O religioso vê que a profecia da rapariga se cumpriu e decide ajudá-la plenamente. Vai a falar com os tios e os convence. Catalina vai para Palma, para ir realizando as gestões prévias a seu ingresso no convento. E, entretanto, se coloca como servente em casa de dom Mateo Zaforteza Tagamanent e, em concreto, ao serviço de uma filha deste senhor chamada Isabel. As duas raparigas têm forte carinho. Isabel ensina-a ler, escrever, bordar e outros trabalhos. Catalina dá mais; Catalina fala de Deus, permanentemente, a Isabel. E leva uma vida tão heroica, tão mortificada, que cai enferma. Os senhores e seus filhos renovam turnos zelosamente junto ao leito da criada. Como se a criada fosse agora a senhora e eles os honrados em servi-la. E chega o momento de intentar, já a sério, o ingresso em algum dos conventos de Palma. O padre Castañeda percorre-os, um atrás de outro. Há um grave inconveniente: Catalina carece de dote. É totalmente pobre. Mas estes conventos são também necessitados. Não podem acolher a uma aspirante que não traga alguma ajuda... Convento de Santa Magdalena, de São Jerónimo, de Santa Margarita... As noticias que o padre vai levando a Catalina son desencorajadoras. Catalina se refugia na oração. E reza tão intensamente que, quando já tudo parece perdido, os três conventos por sua vez, interessados pela descrição que da jovem lhes fez o religioso, decidem passar por alto o requisito do dote. E os três conventos estão dispostos a admitir a Catalina Thomás. Uma tradição representa a Santa Catalina, sentada numa pedra do mercado, chorando tristemente sua solidão. E naquela pedra, segundo a mesma tradição, recebe Catalina a noticia de que foi admitida. Ainda se conserva esta pedra, encostada ao muro exterior da sacristia, na paróquia de São Nicolás, com uma lápide —colocada em 1826— que o acredita. Catalina, então, decide ingressar no primeiro dos três conventos visitados, o de Santa Magdalena. Aos dois meses e doze dias de seu ingresso, Catalina toma o véu branco. Meia cidade de Palma, com sua nobreza à frente, acode ao acto, pois tanta é já a fama da rapariga. Janeiro de 1553. Os anos que vive Catalina no convento palmesano serão quase ocultos. Mas como é tão difícil que a santidade possa estar sob o segredo, toda a cidade acode a vê-la, a consultá-la em seus problemas, a encomendar-se a suas orações, a pedir-lhe conselho... Ela resiste a sair ao locutório, se negava a receber lembranças e quando tinha que as receber, dava-os às outras monjas. Praticava a pobreza, a obediência, a castidade, sempre em grau heroico. A prelada decidiu um dia submetê-la a uma prova bem dura. Em pleno verão, e ordenou que saísse ao pátio e estivesse sob o sol até nova ordem. Catalina não disse uma só palavra: vai ao lugar indicado e permanece ali várias horas, até que a superiora, admirada de sua fortaleza, a manda chamar. Catalina cresce em amor e sabedoria. Seus êxtases são cada vez mais frequentes e intensos. Alguns duram até dias. Na sua cela se conserva ainda a pedra sobre a que se ajoelhava e que mostra as marcas feitas por tantíssimas horas de oração de joelhos. Ainda que ela procurasse ocultar, por humildade, estas prendas de Deus, era natural que suas irmãs se inteirassem. E a fama crescia. Um dia, Catalina recebe o aviso de Deus. Dez anos antes de sua morte, soube quando seria chamada pelo Senhor. E esteve esperando ansiosamente este momento. Em Domingo de Paixão de 1574, em 28 de março, Catalina entrou no locutório onde estava uma irmã sua com uma visita. Ia a despedir-se —disse—, pois se marchava ao céu. E efetivamente, no dia seguinte, depois de comungar em êxtases, mandou chamar o sacerdote porque se sentia morrer. Os médicos disseram que não a encontravam grave, mas o sacerdote acudiu e apenas recebidos os sacramentos, enquanto a superiora rezava com ela as orações, após ter pedido perdão à madre e às irmãs, caiu num êxtases ao final do qual entregou sua alma a Deus em 5 de abril. O demais, viria por seus pés contados. O processo de beatificação, a beatificação, o processo seguinte e por fim a glória dos altares. Com uma particularidade. O fervor popular por Santa Catalina Thomás iria crescendo e mantendo-se de tal modo que, ainda que ela morreu em 1574, a beatificação se dita —por Pío VI— em 1792 e a canonização —por Pío XI— em 1930. O corpo de Catalina Thomás se há conservado incorrupto. A vida desta rapariga maiorquina é,já o dissemos, um distinto caminho da santidade, Uma santidade vivida com impressionante simplicidade, com rotunda eficácia. Uma santidade feita da elevação da virtude ao grau heroico. e, ao mesmo tempo, uma santidade popular. Na alma de Mallorca segue bem recto o amor por sua santita criada, sua santita pastora, sua santita monja. Ainda que o turismo não mostre seu itinerário, está no coração dos maiorquinos. Em Valldemosa é festejada durante dois dias, 27 e 28 de Julho. O Martirológio romano a recorda em 5 de Abril.
SANTAS ÁGAPE, QUIÓNIA e
IRENE DE TESSALÓNICA
Mártires (304)
Ágape y Quionia, Santas
Esta biografia foi colocada aqui neste blogue, sob texto de Livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.pt, no passado dia 3, Domingo, e com os nomes das três irmãs, pelo que a repito hoje.
As Actas do Martírio destas três heroínas cristãs são resumo dos registos da sala de justiça de Tessalónica e foram publicadas por Súrio e Dom Ruinart. Embora difiram das que trazem os Bolandistas, são preferidas hoje pela crítica. Os nomes das três mártires, com gracioso simbolismo frequente no meio dos primeiros cristãos, recordam o vermelho do amor, a brancura da neve e o verde que assinalava a vitória. As três padeceram na perseguição de Diocleciano, a mais prolongada e terrível de todas. Em Fevereiro de 303 publicou-se o primeiro édito que mandava fechar todas as casas de oração e entregar a Escritura Sagrada. Na Primavera de 304 veio outro mais forte; todos os cristãos tinham de sacrificar ou morrer. O processo era instaurado contra eles por lesa majestade e posse de escritos mágicos. A Sagrada Esctritura tem papel importantíssimo no processo das nossas Santas. Irene tinha ocultado em casa a maior parte dos livros cristãos e a seguir tinha fugido para as montanhas com as duas irmãs, Ágape e Quiónia. Mas, como os espias abundavam por toda a parte, em Março de 304 foram presas. O governador da Macedónia, Dulcécio, interroga Ágape, que responde:- Crente em Deus vivo, neguei-me a fazer as coisas de que falas. – Vejamos, Irene, porque não obedecestes? – Porque temo a Deus… – Ágape, queres fazer o que fazemos nós, que estamos consagrados ao serviço dos nossos amos, os césares e imperadores? – Não está bem que eu me consagre a Satanás! A minha resolução é irrevogável. – E tu, Quiónia, tens alguma coisa que dizer? – Que ninguém conseguirá torcer a minha vontade. – Não há entre vós algum escrito dos ímpios cristãos, livros ou pergaminhos? – Nenhum, porque aqueles que são hoje imperadores no-los roubaram todos. – Quem vos meteu esse espírito na cabeça? – Deus todo-poderoso. – Quem é que vos arrastou a essa loucura? – O Pai Omnipotente e o seu Filho Nosso Senhor Jesus Cristo. Dulcécio ditou a sentença contra Ágape e Quiónia. Como rebeldes às ordens divinas dos imperadores, serão queimadas vivas, mas Irene esperará na prisão até nova ordem. As duas condenadas aceitaram o suplício do fogo com alegria, sentindo unicamente a separação da terceira irmã, Irene. Mas também a esta havia de chegar rapidamente o dia do seu testemunho, Dulcécio tornou a chamá-la, censurou-a de ter guardado tantos pergaminhos, livros, tabuinhas, volumes e páginas das Escrituras dos cristãos e ofereceu-lhe perdão se adorasse os deuses. – Estás disposta a oferecer um sacrifício e a comer as carnes imoladas? – Não, por Deus omnipotente que fez o céu e a terra, o mar e quanto há neles. O castigo supremo do fogo eterno cai sobre os que renegam a Cristo. – Mas quem te levou a conservar até ao dia de hoje esses papéis e esses escritos? – O mesmo Deus omnipotente que sabe todas as coisas, mas ninguém mais; pois os nossos maridos, se não são cristãos, olhamo-los como os nossos piores inimigos. – E onde te escondeste o ano passado, quando saiu o decreto dos nossos amos, os césares e os imperadores? – Onde Deus quis… Deus sabe que vivemos nas montanhas, ao ar livre. – Quem, vos dava de comer? – Aquele que de cima sustenta todas as criaturas. – E o teu pai não era cúmplice? – Não, pelo Deus todo-poderoso, pois ele nada sabia. – E sabiam-no alguns dos teus vizinhos? – Pergunta-o a eles; informa-te dos lugares em que estivemos e dos que tinham conhecimento deles. – E lias esses escritos na presença de alguém? – Estavam em nossa casa, mas não nos atrevíamos a lê-los; e estávamos tristes por não podermos estudá-los dia e noite, como fazíamos antes. – Mereceste a morte – disse o juiz. E mandou que lhe trouxessem todos os livros encontrados nos cofres de Irene e que a santa fosse exposta à vergonha pública. Depois tornou a chamá-la. Persistes na tua temeridade? – Não na minha temeridade, mas no culto de Deus. – Pois vais sofrer a pena que mereces. E ordenou que fosse queimada viva, como o tinham sido ambas as irmãs. Irene subiu para a fogueira cantando salmos e assim continuou até perder os sentidos; então começou o cântico eterno da vitória cristã, o canto da paz, da pureza e do amor. Do livro SANTOS DE CADA DIA, de www.jesuitas.pt. Conforme podem verificar esta biografia foi já publicada no passado dia 1 de Abril, sob texto de www.es.catholic.
• Geraldo de Corbie, Santo
Abade
Geraldo de Corbie, Santo
Martirológio Romano: No mosteiro de Sauve-Majeure, em Aquitânia, agora França, são Geraldo, abade, que desde o mosteiro de Corbie foi eleito abade de Laon, mas, passado um tempo,após várias peregrinações santas, retirou-se para um bosque. († 1095) Também é conhecido como: São Geraldo de Corbie, São Gerardo de Sauve- Majeure, ou São Geraud. Data de canonização: No ano 1197 pelo Papa Celestino III. São Geraldo nasceu em Corbie, Picardía, e foi educado na abadia existente em seu povo local, onde mais tarde se converteria em monge e ocuparia o posto de encarregado da adega. Sofria muito de violentas dores de cabeça o que o impedia levar a cabo seus actos de piedade. Num esforço para curar fez uma peregrinação a Roma, junto a seu abade, na viagem passaram pelo Monte Gargano e Monte Cassino, onde oraram pedindo a intercessão de São Miguel Arcanjo e São Bento, respectivamente. Durante sua estância em Roma foi ordenado sacerdote pelo Papa León IX . No seu regresso, logo de orar pedindo ajuda a São Adelardo, antigo abade de Corbie, sua saúde melhoraria de maneira impressionante. Geraldo é autor de uma hagiografia de Santo Adelardo. Mais tarde fez uma peregrinação a Palestina, após o qual foi eleito abade da Abadía de São Vicente em Laon, mas os monges terminaram relaxando a interpretação severa de como devia levar corretamente a vida monacal, pelo que após cinco anos se retirou de Laon. Posteriormente chegou a ser abade na Abadía de São Medardo em Soissons, mas foi expulso m lugar para fundar um novo mosteiro beneditino, o Duque Guillermo VIII de Aquitânia lhe ofereceu uma enorme extensão de bosque em Gironde, perto de Bordéus, para que pudesse fazer a construção, e foi ali onde, com ajuda de outros monges fundou a abadia da Sauve-Majeure, de que ademais foi o primeiro abade. Esta abadia se converteu numa poderosa comunidade para o progresso da regra e o modo de vida beneditino, tinha uma significativa influência dos costumes da região. Geraldo começou a prática de celebrar a missa e o Oficio de Defuntos 30 dias depois da morte de um membro da comunidade. Morreu na abadia da Sauve-Majeure em 5 de abril de 1095.
• Alberto de Montecorvino, Santo
Bispo
Alberto de Montecorvino, Santo
Martirológio Romano: Em Montecorvino, na Apúlia, em Itália, santo Alberto, bispo, que dedicou sua vida à oração contínua e a buscar o bem dos pobres. († 1127) O pai de Santo Alberto se estabeleceu com seu filhinho em Montecorvino de Apúlia, quando o povo começava a transformar-se em cidade. A grande estima que a população professava a Alberto lhe mereceu ser eleito bispo de Montecorvino. Pouco depois, o santo perdeu a vista; mas o céu concedeu-lhe uma grande penetração interior e o dom de profecia. A fama de Santo Alberto cresceu muito a raiz dos milagres. Num ardente dia de verão, o santo pediu a um de seus criados fosse trazer-lhe água da fonte. "Meu filho", lhe disse o bispo depois de beber um sorvo, "eu te pedi água e me trouxeste vinho". O criado declarou que lhe havia levado água da fonte e foi de novo a encher o copo; mas a água se converteu outra vez em vinho. Pouco depois, um habitante de Montecorvino, que havia sido feito prisioneiro, invocou o nome do bispo; ao ponto que um anjo o tirou de sua prisão nos Abruzos e o mudou para os arredores de Montecorvino. O homem foi a ver a Santo Alberto no dia seguinte, e este lhe disse: "Não me agradeças a mim, mas a Deus, filho meu; é Ele quem, com seu grande poder, consola aos aflitos e liberta os cativos." Quando o santo era já muito ancião, foi-lhe dado como ajudante um sacerdote chamado Crescêncio. Era este um homem pouco escrupuloso, que desejava que Santo Alberto morresse quanto antes para suceder-lhe no cargo. Em vez de ajudar ao bispo, Crescêncio e seus amigos dificultavam-lhe a tarefa e riam-se dele cruelmente. O servo de Deus suportou tudo com grande paciência, mas predisse a Crescêncio que não disfrutaria muito tempo da sede que cobiçava. O povo de Montecorvino amou a seu bispo até ao fim. Quando correu a notícia de que havia entrado em agonia, os homens, as mulheres e as crianças se reuniram chorando às portas de sua casa. O santo deu-lhes a bênção e exortou-os a viver piedosa e retamente. Depois ficou dormindo e morreu placidamente.
• Outros Santos e Beatos
Completando santoral de este dia,
Santa Ferbuta, mártir
Em Selêucia, na Pérsia, santa Ferbuta, viúva, irmã de são Simeón, bispo, que, junto com sua serva, foi martirizada em tempo do rei Sapor II. († c.342)
Santos 120 Mártires de Pérsia, mártires
Em Selêucia, na Pérsia, comemoração de cento onze varões e nove mulheres, mártires, que, procedentes de várias cidades régias, por haver recusado firmemente renegar de Cristo e adorar o fogo, por mandato do mesmo rei foram queimados vivos. († 344)
Santos Mártires de Mauritânia, mártires
Em Regie, na Mauritânia, paixão dos santos mártires, que na perseguição sob Genserico, rei ariano, receberam a morte na igreja no dia de Páscoa; entre eles estava o leitor, que, entretanto cantava a Aleluia no púlpito, foi traspassado com uma seta na garganta.
48570 > Sant' Alberto di Montecorvino Vescovo MR
93846 > Beato Antonio Blasi Arcivescovo di Atene
92317 > Santa Caterina Thomas MR
93668 > Beati Corrado di Sassonia e Stefano di Ungheria Martiri
48520 > Santa Ferbuta Martire MR
48560 > San Geraldo Abate di Saint-Sauve MR
48625 > Beata Giuliana di Cornillon o di Liegi MR
94226 > Sant' Irene di Salonicco Martire MR
90576 > Santa Maria Crescentia Hoss 5 aprile MR
92764 > Beato Mariano de la Mata Aparicio Sacerdote agostiniano
48540 > Santi Martiri di Aquae Regiae (di Regiis) MR
48530 > Santi Martiri di Persia MR
93904 > Beato Raimondo di Monteolivo Cavaliere mercedario
26650 > San Vincenzo Ferrer Sacerdote - Memoria Facoltativa MR
http://es.catholic.net/santoral - www.santiebeati.it - www.jesuitas.pt
Recolha, transcrição e tradução
por António Fonseca
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