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Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
17 de Abril - DOMINGO DE RAMOS
Mt 21, 1-11
Naquele tempo estando Jesus já próximo de Jerusalém, chegaram a Betfagé, junto ao monte das Oliveiras. Jesus enviou dois discípulos dizendo-lhes: «Ide à aldeia que está em frente de vós e logo encontrareis, presa, uma jumenta e com ela um jumentinho. Soltai-os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondereis: O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá». Isto sucedeu para se cumprir que fora anunciado pelo profeta. «Dizei à filha de Sião: Aí vem o teu Rei, ao teu encontro, manso e montado num jumentinho, filho duma jumenta». Foram os discípulos e fizeram como Jesus lhes ordenara. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram-lhes em cima as suas capas e Jesus sentou-Se sobre elas. Numerosa multidão estendia as suas capas pelo caminho; outros cortavam ramos de árvores e espalhavam-nos pelo caminho. Toda esta multidão, tanto a que O precedia como a que O seguia, dizia em altos brados: «Hossana ao Filho de David! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas». Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou alvoroçada. «Quem é este?» perguntavam. E a multidão respondia: «É Jesus o profeta de Nazaré, da Galileia».
1. Para compreender o ensinamento deste episódio, convém ter em conta que uma coisa é o “facto histórico”, que aqui se relata; e outra coisa é a “interpretação religiosa”, que lhe dá o autor do IV Evangelho. O facto histórico é patente: Jesus entra na cidade Santa, em que (segundo a mentalidade judia) habita Yahvé, desde que a arca foi mudada para o Templo (2 Sam 6,7; 1 Re 6-8). Era o centro da religião e da espiritualidade (X. Léon-Dufour). A solenidade do momento encena-se mediante uma manifestação popular de enorme entusiasmo.
2. Mas a este facto dá-se uma interpretação inesperada, para o que então se pensava. Em Jesus, a gente viu o Rei de Israel, o sucessor de David, como indicam os textos do Antigo Testamento que são citados (Is 62, 11; Zac. 9, 9). Mas resulta que este grande Rei entra montado num burrico com sua asna, rodeado pelo povo simples e a gente ignorante que o aclama. E, para cúmulo, o “Filho de David” é identificado com “o profeta de Nazaré da Galileia”, o sítio precisamente de que “não podia sair nada bom” (Jo 1, 46) e do qual “não saiam profetas” (Jo 7, 52; 7, 41 b). A nós custa muito compreender a subversão que tudo isto representava naquele momento. Era pôr as coisas ao contrário. A máxima grandeza política realizou-se na mais profunda humildade social.
3. Reconheçamos honestamente que, neste ponto capital, a Igreja se equivocou. Porque se afastou das suas origens. Jesus não subiu nada mais que a um burrico, quando os seus representantes na terra, sobem em, carroças, altares, tronos e aparatosos meios de transporte. Isto não é secundário. Nem é acidental. Nossas torpes vaidades anularam a humildade a que Jesus deu tanta importância, para nos dizer quem era Ele e o que queria.
Compilação por
António Fonseca
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