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Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
19 de Abril – TERÇA-FEIRA SANTA
Jo 13, 21-33. 36-38
Naquele tempo, Jesus, profundamente comovido, disse: «Em verdade, em verdade vos digo que um de vós há-de entregar-Me». Então os discípulos olharam uns para os outros, sem saberem de quem Ele falava. Ora um dos discípulos, aquele que Jesus amava, estava à mesa junto do peito de Jesus. Simão Pedro fez-lhe sinal e disse-lhe: «Pergunta-Lhe de quem fala» E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, perguntou-Lhe: «Quem é, Senhor?» Jesus respondeu: «É aquele a quem Eu der o bocado que vou molhar». E, molhando o bocado, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. E, depois de engolir o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe então Jesus: «O que tens a fazer, fá-lo depressa sem demorar». Mas nenhum dos que estavam à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto; porque, como Judas era quem tinha a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe tinha dito: Vai comprar aquilo de que precisamos para a festa; ou então que desse alguma coisa aos pobres. Tendo, pois, tomado o bocado, Judas saiu imediatamente. E era noite. Depois de ele sair, Jesus disse: «Agora foi glorificado o Filho do Homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, Deus também o há-de glorificar em Si mesmo e glorificá-Lo-á sem demora». «Filhinhos, ainda estou um pouco convosco. Procurar-Me-eis e, como disse aos Judeus, também vo-lo digo agora: Para onde Eu vou, vós não podeis ir. Um novo mandamento vos dou: «Que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros. É por isto que todos saberão que sois Meus discípulos: Se vos amardes uns aos outros». Disse-Lhe Simão Pedro: «Para onde vais Senhor?» Jesus respondeu: «Para onde eu vou não podes tu seguir-Me, por agora: seguir-Me-ás depois». Disse-Lhe Pedro: «Porque não posso seguir-Te agora? Por ti darei a minha vida». Disse-lhe Jesus: «Tu darás a tua vida por Mim?! Em verdade, em verdade te digo: «Não cantará o galo sem tu Me haveres negado por três vezes».
1. Das muitas coisas que ensina este impressionante relato, agora tem especial actualidade o contraste, que aqui se descobre, entre a Igreja atual e o Evangelho. Na Igreja, preocupa muito a “imagem pública” de seus dirigentes (papa, bispos, sacerdotes…). Por isso, a Igreja oculta tantas coisas. Não seja que, se a gente souber, se danifique a boa imagem do clero. A igreja tapa e esconde assuntos de dinheiro, manejo do poder, ambições dissimuladas, rivalidades vergonhosas, para não falar dos conhecidos escândalos relacionados com o sexo…
2. O Evangelho não oculta coisas que agora, sem dúvida, se teriam ocultado. Aqui nos informa das terríveis misérias dos apóstolos: o “ecónomo” Judas, que (por dinheiro ou pelo que seja) foi um traidor. E o primeiro representante do “papado” Pedro, que (por cobardia) negou a Jesus e renegou de sua fé, quando mais tinha que a confessar. Nada disto se oculta. Conta-se tal como ocorreu. De Pedro se informa que se opôs a Jesus e este o chamou “Satanás” (Mc 8, 32-33 par); que lhe faltou a fé até se afundar diante de Jesus (Mat 14, 29-31 par); como sabemos que entre os apóstolos houve rivalidades e apetites de estar nos primeiros, situações que Jesus teve que cortar secamente (Mc 10, 35-45 par; Mt 18, 1-5 par; Lc 22, 24-27).
3. Os evangelistas pensavam que, na vida, é mais importante a “transparência” que “a boa aparência”. Quando um grupo humano ou numa instituição se dá mais importância ao “parecer” que ao “ser”, esse grupo perde toda a credibilidade e, portanto, carece de autoridade. Nunca teremos de nos envergonhar do que somos e como somos.
Compilação por
António Fonseca
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