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Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
10 de Abril - DOMINGO - 5º DA QUARESMA
Jo 11, 1-45
Naquele tempo passando Jesus, estava então doente um certo homem, Lázaro de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume e Lhe tinha enxugado os pés com os cabelos; seu irmão Lázaro é que estava enfermo. Mandaram-Lhe, pois, dizer as suas irmãs: «Senhor, aquele que Tu amas está enfermo». Ouvindo isto, Jesus, disse: «Essa enfermidade não é de morte, é antes para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela». Ora Jesus amava Marta, sua irmã e Lázaro. Entretanto, ouvindo dizer que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. depois disse aos Seus discípulos: «Vamos outra vez para a Judeia». Disseram-Lhe os discípulos: «Rabi, ainda agora os judeus procuraram apedrejar-Te e tornas para lá?» Jesus respondeu: «Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo, mas se andar de noite, tropeça, porque nela não há luz». Depois de ter falado assim, disse-lhes: «Lázaro, o nosso amigo, dorme; mas vou despertá-lo». Disseram então os Seus discípulos: «Senhor, se dorme, estará salvo». Jesus dizia isto da Sua morte, mas eles pensavam que falava do sono natural. Então Jesus disse-lhes claramente: «Lázaro está morto e folgo, por amor de vós, por lá não ter estado, para que acrediteis; mas vamos ter com ele». Disse então Tomé, chamado Dídimo, aos companheiros: «Vamos nós também, para morrermos com Ele». Ao chegar, Jesus verificou que já havia quatro dias que estava na sepultura. Ora Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios. E muitos judeus tinham ido até junto de Marta e de Maria para as consolar da morte do irmão. Ouvindo Marta dizer que Jesus estava a chegar, saiu-Lhe ao encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido! Mas também sei ainda agora que tudo quanto pedires a Deus, Deus To concederá». Jesus disse-lhe: Teu irmão há-de ressuscitar». Marta, respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá, e todo aquele que vive e crê em Mim nunca morrerá. Crês tu isto?» Respondeu-lhe ela: «Sim, Senhor, creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo». Dito isto, partiu e chamou em segredo Maria, sua irmã, dizendo: «O Mestre está cá e chama-te». Logo que ouviu isto, ela levantou-se e foi ter com Ele. Jesus ainda não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta Lhe falara. Vendo os judeus, que estavam com ela em casa e a consolavam, que Maria se levantara apressadamente e saíra, seguiram-na, dizendo: «Vai ao sepulcro para chorar ali». Ao chegar aonde Jesus estava, Maria lançou-se aos Seus pés, assim que O viu, dizendo-lhe: «Senhor, se Tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!» Quando a viu chorar, e vendo também chorar os judeus que vinham com ela, Jesus comoveu-Se profundamente e perturbou-Se, depois perguntou: «Onde o pusestes?» Responderam: «Senhor, vem e vê». Jesus chorou. Disseram então os judeus: Vede como o amava. Mas, alguns deles disseram: «Não podia Ele, que abriu os olhos ao ego, fazer também com que este não morresse?» De novo , intimamente comovido, Jesus chegou ao sepulcro. Era uma gruta e tinha uma pedra posta à entrada, Jesus disse: «Tirai a pedra». Marta, irmã do defunto, disse-lhe: «Senhor, já cheira mal, pois já tem quatro dias». Jesus respondeu-lhe: «Não te disse que, se cresses, verias a glória de Deus?» Tiraram, pois, a pedra e Jesus, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, graças Te dou por Me haveres ouvido. Eu bem sei que sempre Me ouves, mas disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que Tu Me enviaste». Tendo dito isto, bradou em alta voz: «Lázaro, sai para fora». E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas e o rosto envolvido num sudário. Disse-lhe Jesus: «Desligai-o, e deixai-o ir». Então, muitos dos judeus, que tinham vindo com Maria, ao verem o que Jesus fizera, acreditaram n’Ele.
1. O tema central deste relato, como resulta evidente, é a vida. Mais exatamente: o triunfo da vida sobre a morte. E esse triunfo da vida sobre a morte, como efeito de um carinho intenso. É o carinho dum amigo, que quer tanto a Marta, a Maria e a Lázaro, que não suporta a sua dor, sua pena, suas lágrimas. E se emociona e chora ao apalpar de perto a ausência do amigo que está a menos. A lição é clara. A humanidade de Jesus é fonte de vida, Jesus foi um ser humano, tão profundamente bom, fiel à amizade, tão entranhável, que não pôde suportar o sofrimento de seus amigos, possivelmente os amigos a quem mais quis nesta vida.
2. Por isso, porque Jesus queria tanto a seu amigo e lhe dava profunda pena aquelas duas amigas, por isso (segundo os dados que transporta o detalhado relato deste evangelho) devolveu a vida a Lázaro, falamos da”vida” sem adjectivos. As religiões e suas teologias não cessam de pôr adjectivos à vida “sobrenatural”, “divina”, “religiosa”, “consagrada”, “espiritual”, “eterna”… E as teologias que dão tanta importância aos adjectivos, que por exemplo, o nome de vida “eterna” não duvidam tirar a vida (…sem mais…) a muita gente. Isso é o que fizeram todos os “religiosos “ fanáticos. Pode haver maior aberração? Pode haver uma negação mais brutal de Deus?
3. Não esqueçamos que o capítulo 11 do evangelho de João, na linha seguinte ao relato de Lázaro, termina com esta patética sentença: “naquele dia concordaram em matá-lo” (Jo 11, 53). Jesus dá vida. A religião (aquela forma de entender e dirigir a religião) dá a morte. E a história tem sido seguida; desde os inquisidores até aos talibãs, passando por todos os que, por motivos religiosos, amargam a vida da gente, a actualidade do capítulo 11 de João segue sendo tão apaixonante como dolorosa.
Compilação por
António Fonseca
Paz e bem irmão Antonio, conheci um São Macário que era eremita, era um santo muito elevado nas virtudes, conteporaneo a Santo Antão.
ResponderEliminarObrigado "A Senhor de tê a Paz" pelo comentário que mandou a respeito de São Macário.
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