CAP. II - 1-28
e reflexão sobre os versículos
2
A condição do povo judeu não é melhor
1Homem, tu julgas os outros? Quem quer que tu sejas, não tens desculpa. Pois, se julgas os outros e fazes o mesmo que eles fazem, condenas-te a ti próprio. 2Sabemos, porém, que Deus é justo quando condena os que praticam tais coisas. 3Mas tu, que fazes as mesmas coisas que condenas nos outros, pensas que escaparás ao julgamento de Deus? 4Ou será que desprezas a riqueza da bondade de Deus, da sua paciência e generosidade, desconhecendo que a sua bondade te convida à conversão? 5Pela teimosia e dureza de coração, estás amontoando ira contra ti mesmo para o dia da ira, quando o justo julgamento de Deus se vai revelar, 6retribuindo a cada um conforme as suas próprias acções: 7a vida eterna para aqueles que perseveram na prática do bem, buscando a glória, a honra e a imortalidade; 8pelo contrário, ira e indignação para aqueles que se revoltam e rejeitam a verdade, para obedecerem à injustiça. 9Haverá tribulação e angústia para todo aquele que pratica o mal, primeiro para o judeu, depois para o grego.10Mas haverá glória, honra e paz para todo aquele que pratica o bem, primeiro para o judeu, depois para o grego. 11Pois Deus não faz distinção de pessoas. A Lei não melhora a situação — 12Todos os que pecaram sem a Lei, sem a Lei também perecerão. Todos os que pecaram sob o regime da Lei, pela Lei serão julgados. 13Pois não são aqueles que ouvem a Lei que são justos diante de Deus, mas aqueles que praticam o que a Lei manda. 14Os pagãos não têm a Lei. Mas, embora não a tenham, se fazem espontaneamente o que a Lei manda, eles próprios são Lei para si mesmos. 15Assim mostram que os preceitos da Lei estão escritos nos seus corações; a sua consciência também testemunha isso, assim como os julgamentos interiores, que ora os condenam, ora os aprovam. 16É o que vai acontecer no dia em que Deus, segundo o meu Evangelho, vai julgar, por meiode Jesus Cristo, o comportamento secreto dos homens. 17Tu que te dizes judeu, que te apoias sobre a Lei e que colocas o teu orgulho em Deus; 18tu, que conheces a vontade de Deus e que, instruído pela Lei, sabes distinguir o que é melhor; 19tu, que estás convencido de ser o guia dos cegos, a luz daqueles que estão nas trevas, 20o educador dos ignorantes, o mestre das pessoas simples, porque possuis na Lei a própria expressão do conhecimento e da verdade... 21Muito bem! Ensinas aos outros e não ensinas a ti próprio! Pregas que não se deve roubar, e tu mesmo roubas! 22Proíbes o adultério, e tu mesmo o cometes! Odeias os ídolos, mas roubas os objectos dos templos!23Glorias-te da Lei, mas desonras a Deus, transgredindo a Lei! 24Assim diz a Escritura: «Por vossa causa, o Nome de Deus é blasfemado entre os pagãos».
Nem a circuncisão pode salvar
25A circuncisão é útil quando praticas a Lei; mas, se desobedeces à Lei, é como se não estivesses circuncidado. 26Se um pagão não circuncidado observa os preceitos da Lei, não será tido como circuncidado, ainda que não o seja? 27E o pagão que cumpre a Lei, embora não circuncidado fisicamente, julgar-te-á a ti que desobedeces à Lei, embora tenhas a Lei escrita e a circuncisão. 28De facto, aquilo que faz o judeu não é o que se vê, nem é a marca 3 ,1-8: Judeus e pagãos estão sob o domínio do pecado. Apesar disso, os judeus são privilegiados em relação aos pagãos, pois são portadores e guardiães da revelação do Deus verdadeiro e participam da aliança com Ele. A sua infidelidade revela mais ainda a fidelidade de visível na carne que faz a circuncisão. 29Pelo contrário, o que faz o judeu é aquilo que está escondido, e circuncisão é a do coração; e isso vem do espírito e não da letra da Lei. Tal homem recebe aprovação, não dos homens, mas de Deus.
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2 ,1-11: Paulo analisa agora o sistema de vida dos judeus. Ele é mais severo ainda, e mostra que o judeu não tem força moral para julgar o pagão. De facto, os judeus receberam a revelação e conhecem a vontade de Deus. Apesar disso, vivem praticamente como os pagãos. Por isso, o julgamento torna-se para eles ainda mais rigoroso (vv. 1-5). De nada adianta professar a fé com palavras e ideias, porque Deus, ao julgar, leva em conta aquilo que o homem pratica, as suas acções concretas (vv. 6-10), sem fazer diferença entre as pessoas.
12-24: Os judeus orgulhosamente consideram-se superiores aos pagãos, por terem a Lei de Moisés, revelada pelo próprio Deus. No entanto, Paulo mostra que a situação de judeus e pagãos é igual: os judeus serão julgados pela Lei, porque a conhecem; os pagãos serão julgados de acordo com a própria consciência. Não basta conhecer a Lei. O importante é fazer o que a Lei manda. Por isso, diz Paulo, muitos pagãos não conhecem a Lei, mas, na vida prática, fazem o que a Lei exige; por isso, são melhores que os judeus, que conhecem a Lei mas não a praticam. Além do mais, com a sua hipocrisia, os judeus acabam por infamar o próprio Deus (v. 24).
25-29: A circuncisão, uma espécie de operação à fimose, era um sinal externo de pertença ao povo de Deus. Os judeus orgulhavam-se dessa marca física e desprezavam os pagãos, chamando-os «incircuncisos». Paulo mostra que a circuncisão, por si mesma, de nada vale; pois um pagão não circuncidado, que faz o que a Lei manda, é melhor do que o judeu, e até se torna juiz de um circuncidado que não observa a Lei. A circuncisão e a Lei só têm valor quando são de facto sinal de justiça e rectidão. O que importa é o sentido de justiça e de fidelidade a Deus; e isso exprime-se numa prática de vida.
a seguir 3º Capítulo
António Fonseca
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