sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

CARTA AOS CORÍNTIOS - CAP IX - S. PAULO

9
Renunciar por amor
1Acaso não sou livre? Não sou Apóstolo? Não vi Jesus nosso Senhor? E vós não sois obra minha no Senhor? 2Ainda que para outros eu não seja Apóstolo, ao menos para vós eu sou-o; porque o selo do meu apostolado no Senhor sois vós. 3Esta é a minha resposta para aqueles que me acusam. 4Será que não temos o direito de comer e beber? 5Ou não temos o direito de levar connosco nas viagens uma mulher cristã, como fazem os outros Apóstolos e os irmãos do Senhor, e Pedro? 6Ou somente eu e Barnabé não temos o direito de ser dispensados de trabalhar? 7Alguém vai à guerra alguma vez, com os seus próprios recursos? Quem é que planta uma vinha, e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho, e não se alimenta do leite do rebanho?
8Será que estou dizendo isto apenas como considerações humanas? E a Lei, não diz a mesma coisa? 9De facto, na Lei de Moisés está escrito: «Não açaimarás o boi que debulha o grão». Por acaso, é com os bois que Deus Se preocupa? 10Não será por causa de nós que Ele fala assim? Claro que é por causa de nós que isto foi escrito. De facto, aquele que trabalha deve trabalhar com esperança de receber a sua parte. 11Se semeamos bens espirituais em vós, será muito colher bens materiais de vós? 12Se outros exercem sobre vós tal direito, porque não o poderíamos nós, e com maior razão? Todavia, não usamos esse direito. Pelo contrário, tudo suportamos para não criar obstáculo ao Evangelho de Cristo. 13Não sabeis que aqueles que desempenham funções sagradas vivem dos rendimentos do templo? E que aqueles que servem ao altar têm parte no que é oferecido sobre o altar? 14Da mesma forma, o Senhor ordenou que aqueles que anunciam o Evangelho vivam do Evangelho.
Tornar-se disponível e solidário
15Contudo, não tirei vantagem dos meus direitos. E agora não estou a escrever para reclamar coisa alguma. Antes morrer que... Não! Ninguém me tirará este título de glória. 16Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho! 17Se eu o anunciasse de própria iniciativa, teria direito a um salário; no entanto, já que o faço por obrigação, desempenho um cargo que me foi confiado. 18Qual é então o meu salário? É que, pregando o Evangelho, prego-o gratuitamente, sem usar dos direitos que a pregação do Evangelho me confere. 19Embora eu seja livre em relação a todos, tornei-me o servo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. 20Com os judeus, comportei-me como judeu, a fim de ganhar os judeus; com os que estão sujeitos à Lei, comportei-me como se estivesse sujeito à Leiembora eu não esteja sujeito à Lei —, a fim de ganhar aqueles que estão sujeitos à Lei. 21Com aqueles que vivem sem a Lei, comportei-me como se vivesse sem a Lei, — embora eu não viva sem a lei de Deus, pois estou sob a lei de Cristo —, para ganhar aqueles que vivem sem a Lei. 22Com os fracos, tornei-me fraco, a fim de ganhar os fracos. Tornei-me tudo para todos, a fim de salvar alguns a qualquer custo. 23Faço tudo isto por causa do Evangelho, para me tornar participante dele. 24Não sabeis que no estádio todos os atletas correm, mas só um ganha o prémio? Portanto, correi, para conseguir o prémio. 25Os atletas abstêm-se de tudo; eles, para ganhar uma coroa perecível; nós, para ganharmos uma coroa imperecível. 26Quanto a mim, também eu corro, mas não como quem vai sem rumo. Pratico o pugilato, mas não como quem luta contra o ar. 27Trato com dureza o meu corpo e submeto-o, para não acontecer que proclame a mensagem aos outros, e eu mesmo venha a ser reprovado.
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9,1-15: Volta o tema da colecta, como se nada tivesse sido dito no capítulo anterior. Na opinião de alguns estudiosos, Paulo escreveu também um bilhete dirigido às Igrejas da região de Corinto. É possível que 2Cor 9 seja esse bilhete, colocado aqui por tratar o mesmo assunto do cap. 8 (cf. Introdução). Toda esta preocupação pela colecta em favor dos necessitados da comunidade de Jerusalém demonstra que, desde o início, a questão económica também fazia parte do testemunho cristão. A partilha e a solidariedade em favor dos mais pobres não se manifestava só na própria comunidade, mas era sinal de unidade entre as diversas comunidades. Este intercâmbio material não era questão periférica da fé, mas autêntico veículo de comunicação do «dom extraordinário» de Deus (v. 15) e obediência ao Evangelho de Cristo (v. 13). ver http://diocese-porto.pt ver http://ecclesia.pt/anopaulino António Fonseca

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