Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
20 de Fevereiro - DOMINGO - 7º DO TEMPO COMUM
Mt 5, 38-48
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu digo-vos: Não oponhais resistência ao mau; se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. E se alguém quiser pleitear contigo para te tirar a túnica dá-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma m ilha, acompanha-o durante duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas a quem te pedir emprestado». «Ouvistes o que foi dito: Amarás ao teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não o fazem já os publicanos? E, se saudais somente os vossos irmãos que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Sede, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste».
1. Este texto famoso do Sermão da Montanha é muito mais forte e de maiores consequências do que parece à primeira vista. Jesus começa por mudar radicalmente a velha “lei de Talião”, que veio humanizar os códigos de vingança sem limites. Assim se recolhe na Bíblia (Ex 21, 23-25; Lev 24, 20; Deut 19, 21). Mas Jesus afirma que as relações humanas não são as de discutir e viver perante leis ou comportamentos de vingança, mas unicamente a partir da bondade, que quer e procura sempre o bem do outro e o melhor para os outros. Esta discussão não se deve interpretar no sentido de anular os direitos das pessoas, mas como principio ético que antepõe sempre os interesses dos outros aos próprios interesses. Evidentemente, isto representa uma revolução da convivência . É um critério duro e forte. Mas é o único critério que poderia humanizar radicalmente a convivência.
2. A segunda discussão, que aqui apresenta Jesus, se for tomada a sério, tem que chegar até às suas últimas consequências. E então vem-nos dizer que Jesus exige aos cristãos que ponham em prática a igualdade total. Da mesma maneira que o Pai do céu trata sempre e, igualmente a todos, o mesmo aos bons e aos maus, o mesmo aos justos e aos pecadores, o mesmo aos cristãos e aos pagãos, o mesmo a observantes e aos inobservantes, o mesmo aos puros e aos impuros, e assim sucessivamente e sem limite algum, Jesus condena todos os “CAÍNS” possíveis. Jesus não quer a nossa intolerância, os nossos fanatismos, a nossa inesgotável capacidade de desprezar, julgar, recusar, condenar. Isto é muito radical. Mas é a única forma de modificar este mundo. O direito é necessário e há que o respeitar. Mas mais importante e mais necessário é a bondade que supera todas as diferenças e vence todos os ressentimentos.
Vem de Caim que matou Abel (ver Gn – AT)
Compilação e tradução de
António Fonseca
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