Nº 1608 - (3)
BOM ANO DE 2013
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NOTA - Solicito a vossa atenção para o seguinte:
Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História, e como tiveram oportunidade de constatar, ontem publiquei a 3ª parte da Vida do Beato João Paulo II – que devido à sua extensão – tive que dividir em 3 dias.
Pelo mesmo motivo, também irei dividir em três dias a publicação do texto referente a Bento XVI
Hoje publicarei o texto referente ao Prólogo:
Desculpem e Obrigado. AF.
LOUVADO SEJA DEUS E SUA MÃE MARIA SANTÍSSIMA, PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS. ÁMEN.
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BENTO XVI
Bento XVI
(2005-2013)
O conclave para eleição do sucessor de João Paulo II, composto por 115 cardeais (dois faltaram por doença), reuniu, pela primeira vez, representantes das cinco partes do mundo, assim distribuídos: Europa, 58, entre os quais D. José Policarpo, patriarca de Lisboa, e Saraiva Martins, prefeito da Congregação da Causa dos Santos; América Latina, 20; América do Norte, 14; África, 11; Ásia, 10; Oceânia, 2.
Em 18 de Abril de 2005 e pela primeira vez na história da Igreja, a televisão do Vaticano transmitiu as cerimónias preliminares do conclave, como o juramento dos cardeais eleitores e a entrada na Capela Sistina, com o fechar da porta, levando as imagens a milhões de pessoas em todo o mundo.
Os cardeais iniciaram as votações e cerca das 20 horas (hora de Roma) saiu fumo negro da chaminé da capela Sistina, significando que ainda não havia papa, para desilusão de milhares de romanos e peregrinos concentrados na Praça de São Pedro, que olhavam a chaminé.
Ao segundo dia, ao fim da tarde de 19 de Abril de 2005, e ao quarto escrutínio, um dos mais rápidos da história da igreja, igual ao de João Paulo I, pois só em 1939 o Papa Pio XII fora eleito após dois dias e três escrutínios, o fumo branco anunciou que havia novo papa e os sinos da Basílica de São Pedro repicaram em confirmação.
Alguns minutos depois, da janela central da Basílica, o cardeal chileno Jorge Arturo Medina-Estévez, na sua qualidade de protodiácono, anunciava a fórmula tradicional «Habemos papam», e a seguir pronunciou o nome do eleito, Joseph Ratzinger, que toma o nome de Bento XVI.
Surgiu então na varanda o novo papa, que pronunciou as suas primeiras palavras como pontífice e bispo de Roma: «Queridos irmãos e irmãs, depois de o grande papa João Paulo II, os cardeais escolheram-me a mim, um simples e humilde trabalhador das vinhas do Senhor. O facto de o Senhor saber trabalhar e agir, mesmo com meios insuficientes, consola-me e, acima de tudo, faz-me confiar nas vossas preces. Com a alegria de Cristo Ressuscitado, confio no Seu apoio constante. Caminharemos com a ajuda do Senhor, e Maria estará ao nosso lado».
Estava eleito o 265º Papa da Igreja Católica Romana, o único papa alemão desde Vítor II, que foi pontífice de 1055 a 1057, passado quase um milénio.
A escolha do cardeal Joseph Ratzinger surpreendeu muitos católicos, o que não admira depois de um pontificado dirigido por João Paulo II, um verdadeiro inovador e um conciliador impensável.
A escolha do nome de Bento também tem significado, e neste caso positivo. Um eleito não escolhe o nome por ser mais bonito, escolhe-o porque quer dar entender que vai seguir uma linha de pontificado, como João Paulo I, ao juntar o nome de dois grandes papas, ou por gratidão, como disse João Paulo II, referindo-se a João XXIII e a Paulo VI.
Tomar o nome de Bento é também uma grande responsabilidade pois Bento XV (1914-1922), foi um papa activo que, logo no início do seu pontificado, em plena I Guerra Mundial, em Novembro de 1914, publicou a sua primeira encíclica Ad Beatissimi, aludindo aos horrores da guerra e denunciando a falta de compreensão entre os homens, desprezo da autoridade, antagonismo de classes e procura de poder terreno. Promoveu a troca de prisioneiros e conseguiu que milhares de pessoas voltassem aos seus países e aos seus lares.
Ao tomar o nome de Bento, o novo papa toma uma grande responsabilidade É sucessor de João Paulo II, um papa que tudo fez para unir o mundo e segue-se, em nome, a Bento XV, um papa que soube lutar e também procurou contribuir para a união dos povos, paralela à grandeza da Igreja Católica.
O mundo olha o cardeal Ratzinger, o novo papa Bento XVI, com olhos benevolentes, olhos confiantes e alguns, muitos, com olhos desconfiados. Bento XVI tem pela frente uma missão difícil e complexa, com grandes e importantes desafios, alguns que já vêm do pontificado anterior, tais como: o aborto e a contracepção problemas mundiais que preocupam milhões de fieis, o uso do preservativo, questão muito discutida, com a sida a aumentar vertiginosamente em todo o mundo, com realce para o continente africano, os escândalos sexuais protagonizados por vários sacerdotes, sobretudo nos Estados Unidos, os direitos das mulheres, que querem ter direitos iguais aos dois homens, podendo aceder ao sacerdócio, a justiça social, a guerra e a paz, os direitos humanos, a questão dos pobres que que alastram assustadoramente no mundo e a convergência com as outras religiões para a união de todas as igrejas. É muito difícil trabalho que Bento XVI tem pela frente.
Quanto a Portugal, sabe-se que o novo papa, tal como João Paulo II, é um devoto de Nossa Senhora de Fátima. Esteve na Cova da Iria em 1996, na peregrinação do aniversário de Outubro das aparições e visitou a Irmã Lúcia no Carmelo de Coimbra, o que considerou «um acontecimento muito importante um encontro que faz impressão».
Em Março de 2001 esteve três dias no Paço Episcopal do Porto, por ter vindo proferir uma conferência na Universidade Católica.
Na sua primeira aparição pública, em 23 de Abril de 2005, deu uma conferência de imprensa com a presença de cerca de 3000 jornalistas de todo o mundo dizendo: «A todos vós, jornalistas, obrigado pela vossa visita e pelo serviço que fizeram nos últimos dias pela Santa Sé e pela Religião Católica.
Pode ser dito que foi graças ao vosso trabalho que a atenção de todo o mundo tem estado concentrada na Praça de São Pedro e no Palácio Apostólico, no qual se consumiu a existência do meu inesquecível predecessor, e na Capela Sistina, onde os cardeais me elegeram».
Não se pode deixar de reparar no facto de a sua primeira aparição pública ser feita num encontro com jornalistas.
Sente-se como a continuação da ideia de João Paulo II, já que a sua última carta apostólica, de 24 de Janeiro de 2005, tinha como título Il rapido sviluppo (=o rápido desenvolvimento», subordinando-se ao tema «os desafios das comunicações sociais».
Em 20 de Abril de 2005, Sua Santidade Bento XVI dirigiu a sua primeira mensagem na concelebração eucarística com os cardeais eleitores na Capela Sistina.
No dia 23 de Abril de 2005, pela manhã, frente à Basílica de São Pedro, realizou-se a cerimónia de investidura, conduzida pelo cardeal protodiácono Jorge Arturo Medina-Estévez, que, em latim, pronunciou: « Abençoado Deus que te escolheu como Pastor da Igreja universal, confiando te com o teu ministério apostólico. Que brilhes durante longos anos da vida terrena até que, quando chamado pelo nosso Senhor, sejas investido com a imortalidade enquanto entras no reino celestial».
Bento XVI estava já investido como bispo de Roma. No dia seguinte realizou-se a sua entronização como papa da Igreja Católica.
Depois da leitura do Evangelho, o papa recebeu o pálio das mãos do cardeal protodiácono, e o Anel do Pescador, símbolo máximo do Pontificado foi-lhe entregue pelo cardeal Ângelo Solano, vice diácono do Colégio Cardinalicio.
Seguiu-se a homilia de Bento XVI, na qual o novo papa apelou à união dos cristãos.
«Não temais abrir de par em par as portas a Cristo», disse, citando as famosas palavras de João Paulo II. E prosseguiu, apelando aos jovens: «O pastor traz aos ombros a ovelha tresmalhada, evitando que ela se perca no deserto (...) Muitas pessoas vagueiam pelo deserto. E há muitas formas de deserto o deserto da pobreza, o deserto da fome e da sede, o deserto do abandono, da saudade e do amor destruído.
Existe também o deserto da obscuridade de Deus, do vazio das almas que não têm consciência da dignidade e do rumo do Homem».
Mais adiante, disse como iria governa a Igreja: «O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não seguir as minhas próprias ideias, mas colocar me junto com toda a Igreja à escuta da palavra e da vontade do Senhor e deixar-me conduzir por Ele» .
De notar que a presença de casas reais, primeiros ministros e altas individualidades e representantes de várias confissões cristãs e de outras religiões bem como representantes de várias igrejas ortodoxas, protestantes anglicanas e membros da comunidade muçulmana foi um facto de grande relevo no começo deste pontificado.
Em 25 de Abril o Papa recebeu, na Sala Clementina do Vaticano, os representantes de outras confissões cristãs e religiões tendo dito: «Asseguro-vos que a Igreja Católica pretende continuar a construir pontes de amizade entre os fieis de outras religiões com o objectivo de procurar o verdadeiro bem de cada pessoa e de toda a sociedade».
Aludiu ainda ao diálogo que se tem registado entre as diversas religiões afirmando «(...) que são uma contribuição importante para construir a paz sobre bases sólidas no mundo em que vivemos, marcado por conflitos, pela violência e pela guerra».
Referindo-se às relações entre muçulmanos e cristãos, Bento XVI concluiu: «Estou particularmente reconhecido pela presença entre nós de membros da comunidade muçulmana e aprecio o processo de dialogo entre muçulmanos e cristãos, tanto no plano local como internacional».
A actividade pastoral de Bento XVI foi imediata.
Carta ao prof. Elio Toaff, rabino-chefe emérito de Roma, por ocasião do seu 90º aniversário (30/4/2005);
Carta ao cardeal Camilo Ruini, enviado especial ao XXIV Congresso Eucarístico Italiano, em Bari, de 21 a 29 de Maio de 2005 (13/5/2005);
Carta por ocasião do 50º aniversário da fundação do CELAM (14/5/2005);
Carta aos bispos espanhóis por ocasião da Peregrinação Nacional ao Santuário de Nossa Senhor do Pilar de Saragoça (19/5/2005);
Em 14 de Maio de 2005 enviou a carta apostólica para a beatificação de duas servas de Deus. Ascension Nicol Goni e Marianne Cope.
A sua primeira visita apostólica realizou-se em 29 de Maio de 2005, a Bari, no Sul de Itália para o encerramento do XXIV Congresso Eucarístico Nacional, onde prometeu estreitar os laços com a Igreja Ortodoxa.
Ao celebrar a Eucaristia perante duas centenas de milhar de fieis, Bento XVI assumiu como compromisso trabalhar em prol da unidade dos cristãos, dizendo durante a homilia: «Aqui, em Bari, cidade que protege as relíquias de São Nicolau de Mira e terra de encontro e de dialogo com os irmãos cristãos do Oriente, reafirmo o meu compromisso fundamental de trabalhar com toda a minha energias pela reconstrução da plena e visível unidade de todos os fieis em Cristo» . E acrescentou perante a multidão que o escutava: «Para unir os cristãos estou consciente de que as manifestações de bons sentimentos não chegam. São necessários gestos concretos que penetrem nas almas e comovam as consciências».
Após uma visita de sete horas e do encerramento do congresso, Bento XVI regressou ao Vaticano.
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Amanhã,(dia 4) prosseguirá esta biografia, com Cartas Apostólicas, Motu próprio e Encíclicas ...
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Post colocado em 3-4-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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