quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Poemas do Padre Zezinho - 26 de Setembro de 2012

BLOG CATÓLICO


 

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Outro Poema de Padre Zezinho

Posted: 25 Sep 2012 06:18 AM PDT

AMOR AO PÉ DO ALTAR

Existem rios que não secam, nem suas águas diminuem,

Porque de onde eles fluem, há uma fonte perene.

Existem riachos tão limpos, que mesmo se alguém os turva

Em pouco tempo se limpam. Seu leito não vem da lama.

Existem amores tristes que já nem mais são amores.

Não deu certo aquele sim.

Arrastam sua existência sem saber qual o seu fim .

Eu, por mim, ainda creio nos amores mais serenos,

Que não nascem de repente, e foram cultivados,

Passo a passo , palmo a palmo, tranqüilos e sem venenos

pensados, dialogados, orados e acompanhados.

Amores sem ameaças, sem “dá cá” “quero o que é meu”

E que não são possessivos, porque o “nós” é mais que o “eu”

Existem amores puros, bonitos de a gente ver

Dá pra ver que tem ternura, paciência e mansidão

Cede ela, cede ele, e quem tiver que ceder,

Mas ninguém é derrotado , pois não é competição.

O amor quando é delícia, tem um pouco de malícia,

pois não é amor ingênuo

mas tem seu lado inocente, insistente , persistente,

de apostar que vai dar certo , se o outro estiver por perto,

mesmo que venham problemas.

O amor supera os dilemas.

Existem amores santos, voltados para o infinito.

É o amor mais bonito que se possa imaginar

Os dois se querem com fome,

Sonham misturar seus nomes , seus corpos e corações

Sonham gerar novas vidas, querem ser parte de um todo

Pois acreditam que o céu tem algo a ver com os dois.

Alguém maior do que tudo queria os dois numa carne

Num encontro de ternura , mergulho de sentimentos,

coisa de almas maduras.

Existem bons casamentos e casamentos feridos.

Bons quando os dois conseguem

Ser esposa e ser marido.

Feridos se um deles erra, e às vezes os dois erraram

Ele não é para ela , e nem ela é para ele

A paz que tanto sonharam.

Não deu certo aquela casa, rachou, fendeu, não protege

Não tem mais chance nenhuma, não progrediu, não se rege.

Uma das vigas da casa , algumas vezes as duas

Perderam a sua força , não tiveram paciência

Perderam a inocência, não souberam suportar

E destelharam a casa, foram fundar outro lar.

Felizes aquelas almas que ainda sonham bonito

Dentro de um sonho infinito

Maior que os dois sonhadores

Pois estes são os amores que acabam dando certo

É que eles sonham de perto,

um vendo o outro sonhar

e o sonho é tão delicioso, que na hora de acordar

querem sonhar mais um pouco

De sonhos e de esperanças , e de bem-aventuranças,

De perdão e sacrifícios, de paciência e ternura

E do colo um do outro o casamento foi feito.

Mas se vai embora a ternura, e vem as palavras duras

as exigências terríveis e as cobranças impossíveis,

“Você não faz nada por mim” “Me prove que ainda me ama”

“Não vale a pena esta cama” “Não vale a pena nós dois”

“Você não é mais aquela” “Você que não é aquele”

Acabou o sentimento, acabou o casamento,

O barco está soçobrando, um dos dois está sobrando,

O amor não está queimando e nem mesmo há fogo brando.

Aí a gente se assusta, pois quando um amor se apaga

duas estrelas se apagam no céu da comunidade.

Por mais que se reacendam em qualquer outro lugar

Fica a lembrança do barco que não conseguiu chegar.

Que o amor de vocês dois , que é feito de tantos sonhos

Tenha um futuro risonho, e se surgirem dilemas

Não importam os problemas, vocês irão resolver

Com meus amigos eu acho que vocês dois são riachos

cujo encontro foi perfeito

foram limando os defeitos e o que sobrou é bonito

há um amor infinito, brilhando agora nos dois

E a gente que veio à festa , lhes dá um beijo na testa

E os abençoa serena. Amor assim vale a pena.

Sejam felizes pra sempre.

Se não pedir demais, arranjem um , dois ou mais

queridos como vocês , pois onde houver dois ou três,

Jesus vai estar no meio. Foi pra isso que Ele veio

Pra santificar a gente.

Parabéns , vocês se amam.

Coragem , vão precisar.

Mas do jeito que se amam,

Continuem a sonhar

Tem Deus neste casamento.

Por isso é um sacramento !

POEMA DOS SETENTA ANOS - PADRE ZEZINHO-

Posted: 25 Sep 2012 06:16 AM PDT

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Chegar aos setenta anos, como acabo de chegar,

foi difícil e foi fácil, foi depressa e devagar.

Fui andando e fui remando e de repente cheguei.

Foi difícil ou foi fácil? Não me pergunte eu não sei!

Eu busco a fonte da vida na selva deste viver.

Depois de 70 anos talvez esteja mais perto,

atravessei mil desertos, mil rios atravessei.

Estradas, as mais diversas, cordilheiras eu cruzei,

talvez eu ache esta fonte, que a vida inteira busquei.

No dia em que eu encontrar o poço da eternidade

e nele enfim mergulhar, terei chegado ao final.

Chegar aos 70 anos, andando como eu andei,

correndo como eu corri, voando como eu voei…

Chegar aos 70 anos, remando como eu remei,

não foi fácil nem difícil, fui vivendo e não cansei.

Se pedirem que eu explique, explicar não saberei,

como se chega aos 70, apenas sei que cheguei.

Talvez não chegue aos 80, talvez não chegue aos 90,

mas foi bom ter respirado, ter pensado, ter sonhado,

ter andado e ter voado do jeito que eu sempre fiz.

Cheguei aos 70 anos e me proclamo feliz.

Se essa tal felicidade é nunca sonhar demais,

é ser como a formiguinha que só leva o seu pedaço,

apenas ele e não mais.

Se ser feliz é saber encontrar nosso bastante e não querer muito mais,

nem aceitar muito menos;

e é caber entre os tijolos e saber o seu lugar;

se é levar a boca o tanto que se pode mastigar;

não ser guloso demais, não encher demais o copo…

Então eu digo que sou.

Se ser feliz é prudência de não querer ter demais

e com o que for de menos saber viver sem sofrer;

se é ter perspectivas e abrangências serenas; e se é saber conviver…

Então sou muito feliz, porque eu não vivo do ter…

Chegar aos 70 anos sem maiores ilusões, ou grandes desilusões,

tendo aprendido a perder, tendo aprendido a vencer,

tendo aprendido a orar, tendo aprendido a fazer;

é descobrir a verdade dos arenques e salmões,

que nascem perto da fonte e vão descendo pro mar,

e ali vivem muitos anos para depois regressar…

Sei que a velhice é um retorno, à fonte da qual viemos;

uma grande piracema, feita de riscos extremos.

É o corpo ficando frágil, mas voltando para o poço,

sem ilusão de ser moço… que a mocidade passou.

Chegar aos 70 anos sem ser um velho alquebrado,

porque se tomou cuidado,

é caminhar para o ocaso sabendo que vale a pena.

Estou nadando de volta pra desovar nas origens

e quando chegar ao poço onde tudo começou,

descobrir a eternidade e enfim saber quem sou.

Não é mal nem dolorido, não é fácil nem difícil;

é uma volta silenciosa, gostosa de se fazer

e não existe pessoa que um dia não vai morrer.

Velhice, se alguém tem sorte, é não ter medo da morte,

é não ter medo da sorte, é não brincar de ser forte, é viver e conviver.

E, se alguém estiver lendo, ore pelos anciãos.

Estamos em piracema, talvez em arribação,

mas estamos retornando ao poço fenomenal,

e aos poucos nos preparando para o mergulho final.

Se chegarei aos oitenta?

Se chegarei aos noventa?

Eu não sei e não importa.

Importa o que eu caminhei.

Importa o que eu caminhar.

O resto, só Deus conhece.

Nele espero repousar!

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NOTA: A responsabilidade de dividir os versos do 2º poema é inteiramente minha pois fi-lo aleatoriamente e, possivelmente não terei respeitado a métrica da poesia, nem a do seu autor, mas isso é apenas porque pessoalmente  eu não percebo nada, nada disso. Espero que me perdoem e podem ter a certeza, de que o fiz com muito boa intenção.

Obrigado e desculpem “qualquer coisinha”.

António Fonseca

Post colocado em 26-9-12 -  14,22 horas

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