Comentários ao Evangelho Diário do Ciclo B (2011-2012) por José Mª Castillo – Edição de Desclée De Brouwer
Preâmbulo
É um facto que, na prática diária da vida da igreja e da vida dos cristãos, concede-se mais importância ao Catecismo que ao Evangelho. E prova disso é que os cristãos – especialmente aos católicos – se lhes reconhece e se os identifica mais pelas ideias e pelos costumes que aprendem, no Catecismo, que pelas convicções, valores e pautas de conduta que pode deduzir do Evangelho quem o toma a sério e organiza sua vida de acordo com suas exigências. As crianças, na escola, aprendem antes o Catecismo do que o Evangelho. E se um sacerdote ensina aos seus paroquianos coisas que não estão de acordo com o Catecismo, seguramente receberá uma reprimenda do bispado. Mas se a vida desse sacerdote tem pouco que ver com o que disse Jesus no Sermão da Montanha, o mais provável é que ninguém lhe chame a atenção.
Este livro não pretende tirar importância ao Catecismo. O que pretende é ajudar os crentes em Jesus a que se deem conta – e tirem as consequências que disso se seguem – de que o Evangelho é central no Cristianismo. Porque o Evangelho é onde descobrimos e aprendemos onde está, o que é, e o que representa o centro próprio da Igreja e da Fé. Esse centro não é Deus. Nem é a religião. Nem a fé. Não há nada mais central do que o próprio Jesus. Porque em Jesus, tal como descobrimos no Evangelho de cada dia, é onde encontramos Deus, onde nos inteiramos como é Deus e o que Deus quer.
Há que o dizer sem medo: a Igreja perde credibilidade, perde fiéis, perde sacerdotes e vocações, perde importância. A Igreja perde tantas coisas porque na Igreja se tem medo ao Evangelho.
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27 DE NOVEMBRO DE 2011
1º DOMINGO DO ADVENTO
Mc 13, 33-37
Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento. É como um homem que partiu de viagem; ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse. Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa, se à tarde, se à meia noite, se ao cantar p galo, se pela manhã; não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir. O que vos digo a vós, digo-o a todos: Vigiai!»
1. Durante as quatro semanas que antecedem o Natal, a Igreja celebra o Advento, quer dizer, a preparação para a “chegada” ou vinda de Jesus à terra. Os interesses do consumo e do comércio impuseram uma forma de preparação para o Natal que consiste em organizar as férias, ceias, prendas e divertimentos que cada um prefere para passar as festas o melhor possível. Isto tem de bom que associa o nascimento de Jesus com a alegria de viver. Mas também é verdade que, desta maneira, a recordação da vinda de Jesus ao mundo perdeu o seu verdadeiro significado.
2. O Natal prepara-se cristãmente mediante a vigilância de que fala Jesus neste evangelho. Nos anos que se seguiram à morte de Jesus, em não poucas comunidades cristãs difundiu-se a ideia de que o fim do mundo estava a ponto de chegar. Por isso, ao redigir os evangelhos, em alguns textos puseram na boca de Jesus ditos ou palavras que davam para pensar que o mundo se acabava e que o Senhor viria pedir contas a cada um pela vida que havia levado. Assim, entre muitos, a preocupação pela morte se fez mais forte que a preocupação para fazer mais digna esta vida. É decisivo deixar claro que o evangelho não se refere à vigilância perante a morte ou perante o fim do mundo. Trata-se da vigilância perante a mudança tão forte que Jesus nos veio a apresentar sobre a ideia e a experiência que nós temos de Deus. Temos que ser muito vigilantes nisso, Porque isso precisamente é algo que nos dá medo.
3. Ao nascer Jesus, Deus fez-se presente nele. Quer dizer, fez-se presente num menino fraco e pobre. A Deus o encontramos no fraco e no pobre, no marginal e no excluído. E isso é o que nos dá medo. E resistimos a aceitá-lo. A Deus o buscamos na religião e nos templos. Não o buscamos nos estábulos e presépios deste mundo. E, sem embargo, é no mais pobre, simples e fraco, no mais humano, aí onde sobretudo encontramos o Deus de Jesus.
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Do livro, A RELIGIÃO DE JESUS, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo B (2011-2012) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
Como aconteceu no Ano A, o texto dos Evangelhos, que inicialmente estavam a ser transcritos e traduzidos de espanhol para português, diretamente através do livro acima citado, são agora copiados mediante a 12ª edição do Novo Testamento, da Difusora Bíblica dos Missionários Capuchinhos, (de 1982, salvo erro..). No que se refere às Notas de Comentários continuam a ser traduzidas como anteriormente. AF.
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http://confernciavicentinadesopaulo.blogspot.
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