terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nº 1559 - 3 - A VIDAS DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - (56) - 12 de Fevereiro de 2013

 

Nº 1559 - (3)

BOM ANO DE 2013

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Caros Amigos:

Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)

segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.

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ALEXANDRE II

Alexandre II

Alexandre II

(1061-1073)

Após a morte de Nicolau II, a nobreza romana, com desprezo pelas normas aprovadas, dirige-se à Alemanha, pedindo a Henrique IV para indicar um sucessor para o pontificado.
Sem perda de tempo, Hildebrando reúne os cardeais fiéis e elege em 1 de Outubro de 1061, Anselmo bispo de Lurca, um homem virtuoso e adepto da reforma, que adopta o nome de Alexandre II.
Em desacordo, alguns bispos alemães e lombardos atribuem a Henrique IV o título de patrício, declarando ilegal a eleição feita sem a concordância do imperador e elegem o bispo de Parma, que adopta o nome de Honório II, dirigindo-se de seguida para Roma protegido pelas tropas lombardas, para aí ser coroado, mas mesmo tendo de enfrentar o exército romano, Honório consegue apoderar-se da cidade.
Entretanto, um golpe de Estado na Alemanha depõe a imperatriz regente, colocando em seu lugar o arcebispo de Colónia, Annon, o qual, perante a ameaça de um possível cisma, reúne, em Outubro de 1062, um concílio em Augsburgo, com bispos alemães e italianos, que reconhecem Alexandre II como papa legitimo.
Honório não se dá por vencido e num concílio em Parma excomunga, por sua vez, Alexandre II, apoderando-se novamente da cidade. Então, faltando-lhe o apoio da Alemanha, repôs-se a situação e um novo concílio realizado em Mântua, em 31 de Maio de 1064, confirma definitivamente a legitimidade de Alexandre II.
Apesar de todas estas contrariedades, Alexandre II empenhou-se no incremento espiritual da Igreja, mantendo e intensificando as reformas dos seus antecessores, sempre com o apoio e a  grande ajuda de Hildebrando e de São Pedro Damião.
Teve especial atenção para problemas da França e da Inglaterra e interveio energicamente na Alemanha quando Henrique IV,  em 1069, pretendeu repudiar Berta, com  a qual casara três anos antes.
Desejando uniformizar a liturgia nas nações do Ocidente, enviou legados a Espanha para tratar, da substituição da antiga liturgia gótica ou moçárabe em uso pela romana, o que viria a conseguir em 1071 no reino de Aragão e, mais tarde, nos reinos de Navarra, Castela e Catalunha.
Durante este pontificado, em 1065. houve uma sangrenta perseguição aos cristãos nos estados eslavos, para lá do rio Elba.
Alexandre II morreu com fama de homem austero e santo, sendo sepultado na Basílica de São João de Latrão.
 

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HONÓRIO II - (ANTIPAPA)

Honório II - (antipapa)

(1061-1072)

Os bispos alemães, descontentes com a eleição de Alexandre II, atuam junto de Henrique IV e o imperador concorda com a eleição, em 28 de Outubro de 1061, do bispo de Parma, com o nome de Honório II, que, protegido pelas tropas lombardas, consegue apoderar-se de Roma, mas vencido pelo povo, é obrigado a fugir e a refugiar-se no Castelo de Sant’Angelo.

Na Alemanha, a imperatriz regente é deposta e fica em seu lugar Annon, arcebispo de Colónia, que reúne um  concílio de Augsburgo, com bispos alemães e italianos, reconhecendo Alexandre II com o papa legitimo. Alexandre convoca imediatamente um  concílio e excomunga Honório II, mas este não se dá por vencido e, por sua vez, convoca um concílio de Parma, excomungando Alexandre II e apodera-se novamente de Roma. A Alemanha não o apoia e o Concílio de Mântua (31 de maio de 1064), confirma em definitivo a legitimidade de Alexandre II.

Honório morreu em Roma, em 1072, sem nunca renunciar à dignidade pontifícia.

 

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SÃO GREGÓRIO VII

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São Gregório III

(1073-1085)

Ao morrer Alexandre II, em 1073, e ainda no seu funeral, Hildebrando foi proclamado papa. Recusou. mas o tumulto cresceu e foi levado à força para São Pedro, onde, não resistindo, foi eleito em papa em 24 de Abril de 1073, tomando o nome de Gregório VII.

Ao falecido imperador Henrique III, seu amigo íntimo, tinha sucedido o filho Henrique IV, um príncipe infame por seus vícios desregrados e sacrílegos, simoníaco, perjuro e patrono de todos os inimigos da Igreja.

São Gregório admoestou-o paternalmente, fazendo-lhe ver os males que trazia à Igreja e que, sendo cristão, apesar de soberano, estava sujeito ao poder do vigário de Cristo.

Na noite de Natal de 1075, estando o papa a celebrar a missa em Santa Maria Maior, entra pela basílica um grupo de energúmenos, em que sobressaia um tal Cêncio, conhecido por amigo do imperador, que, arrastando o papa pelos cabelos o encerram, numa torre da cidade. O povo amotina-se, liberta o papa e este, como se nada se tivesse passado, perdoa aos malfeitores e vai concluir a missa a Santa Maria Maior.

Dias depois, os legados do papa dirigem-se à Alemanha e pedem ao imperador que venha a Roma para se justificar.

O certo é que o imperador, sempre perjuro, voltou à desobediência, e, reunindo uma dieta em Worms, apenas com simoníacos e excomungados, propõe contra bulas às bulas pontifícias e declara Gregório VII indigno do cargo que ocupava, notificando-lhe a sua destituição.

Nestas circunstâncias, o papa excomungou o imperador, declarando-o privado do trono e libertando os seus vassalos do juramento de fidelidade.

O príncipe continuou com os seus excessos, mas os povos do Império, principalmente os Saxónios, rebelaram-se contra Henrique IV e ele, sem o apoio dos seus súbditos e vendo os bispos decidirem a sua deposição caso não se arrependesse e reconciliasse com Roma, veio a Itália humilhar-se diante do santo Padre, pedindo perdão dos seus atos.

No ano ano de 1077, atravessou os Alpes e apresentou-se à porta do castelo de Canoas, onde, a caminho da Dieta de Augsburg, se encontrava o papa como hóspede da condessa Matilde, vindo descalço, vestido de penitente e com uma corda ao pescoço, para pedir perdão, mas o papa, para lhe experimentar a sinceridade do arrependimento, só ao fim de três dias o recebeu, perdoando-lhe mediante a promessa de que se apresentaria na dieta que fora convocada, onde responderia às acusações que pesavam contra ele.

Mas o arrependimento de Henrique IV pouco durou. Instigado pelos bispos simoníacos da Lombardia, faltou ao juramento prestado, o que levou Gregório VII, em concílio celebrado em Roma, na Quaresma de 1080, a renovar a excomunhão contra o imperador, privando-o dos reinos da Alemanha e Itália e libertando os seus súbditos da obrigação de qualquer sujeição.

Aproveitando a oportunidade, os príncipes alemães depõem Henrique IV, substituindo-o por Rodolfo, duque de Saboia, mas este morreria pouco depois numa batalha e Henrique IV, senhor da situação, elege novo papa, um antipapa com o nome de Clemente III. Na Primavera de 1081 desce à Itália, mas não consegue transpor as muralhas de Roma, onde a população se mantinha fiel ao papa, fazendo-se coroar pelo antipapa, numa tenda de campanha.

Regressa à Alemanha e na Primavera seguinte volta a Itália, tentando lançar fogo à Basílica de São Pedro, o que não conseguiu. Depois,m noutra tentativa, com  mais tropas, apodera-se da basílica e obriga o papa a refugiar-se no castelo de Sant’Angelo. e nem assim conseguiu que o papa o recebesse para negociações. retirou-se então para a Toscana, de onde regressou em 1084, com mais poderio, tendo-se apoderado da cidade, excepto do castelo de Sant’Ângelo, onde o papa pouco poderia resistir se não fossem terem, vindo em seu auxilio os Normandos.

Perseguido em Roma pelo tirano da Alemanha, Gregório VII viu-se obrigado a retirar para a cidade de Salerno, onde reinicia com redobrado zelo a sua reforma.

Sentindo a aproximação da morte, escreve uma comovedora carta a toda a Cristandade, exortando os fiéis a amar e a venerar a Igreja de Roma como mãe e mestre de todas as Igrejas.

Apesar de tão caluniado, São Gregório foi um dos grandes papas da Igreja e um grande santo, pois, para além das suas atividades políticas, não se pode esquecer o seu grande amor a Deus e as suas inegáveis virtudes: fé ardente, humildade sincera e caridade universal, mesmo para com os seus maiores inimigos, a quem se mostrou sempre pronto a perdoar.

Interveio com energia em França onde o rei Filipe I vendia bispados e abadias, ameaçando o rei de excomunhão e exortando os bispos a oporem-se a qualquer simonia.

A sua ação apostólica estendeu-se à Hungria para sanar dissensões, por motivo de sucessão, e à Polónia, excomungando o rei Boleslau II por ter assassinado o bispo de Cracóvia, santo Estanislau, que o criticava pela sua vida dissoluta e escandalosa.

Aos reis da Suécia e da Noruega, recém-convertidos ao cristianismo, escreveu cartas cheias de afecto paternal, pedindo-lhes que enviassem a Roma, para uma formação adequada, os aspirantes ao sacerdócio.

Recebeu em Roma a legação dos príncipes da Rússia, Croácia, Dalmácia e Sérvia, solicitando o título de reis e jurando fidelidade à santa Sé.

No seu pontificado impediu que a Igreja se feudalizasse, evitando, com isso, que a religião cristã ficasse reduzida a uma mera prática cultural ou a um simples instrumento ao serviço do estado.

No penúltimo ano do seu pontificado viria a surgir a fundação, por São Bruno (1030-1101), da ordem de vida contemplativa da Cartuxa, assim popularmente designada pelo facto de o primeiro convento se ter situado nos montes de Grand Chartreuse, perto de Grenoble.

São Gregório VII que reuniu vários concílios, procedeu sempre com a aprovação deles. Isto foi, nos séculos seguintes, aprovado por homens da maior autoridade, como São Tomás de Aquino, São Boaventura, santo Antonino, São Raimundo de Penhaforte e outros doutores e teólogos.

São Gregório morreu em Salerno, sendo estas as suas últimas palavras: «Dilexi justitiam et odivi iniquitatem propterea morior in  exílio» (amei a justiça e odiei a iniquidade, por isso morro no exílio).

Continua:…

Post colocado em 12-2-2013 – 10H15

ANTÓNIO FONSECA

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