Nº 1564 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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BEATO EUGÉNIO III
Beato Eugénio III
(1145-1153)
Depois da morte de Lúcio II, atingido por uma pedra, Eugénio III, um humilde e ignorado monge de Cister, discípulo e amigo de São Bernardo de Claraval, foi o escolhido para cingir a tiara papal, sendo consagrado em 18 de Fevereiro de 1145 , no Mosteiro de Farfa, a quarenta quilómetros de Roma.
São Bernardo, sabendo que havia muita agitação depois da morte do pontífice anterior, escreveu uma carta ao Colégio Cardinalício em que dizia: «Deus vos perdoe. Que fizestes? Como vos voltastes para um homem rústico que vivia escondido e, obrigando-o a largar a foice a enxada, o arrastastes para o palácio e, alçando-a à cátedra, o revestis de púrpura e seda e lhe cingis a espada para juiz das nações?
Não havia entre vós algum dotado de ciência e experiência a quem visse melhor tudo isto?
Parece certamente ridículo escolher um homenzinho andrajoso para presidir sobre os príncipes, mandar nos bispos e dispor de reinos e impérios. Ridículo, ou antes, milagre?»
Depois, com a confiança que lhe dava o ter sido seu antigo mestre espiritual, escreve ao novo pontífice cinco cartas admiráveis, classificadas como «a obra suprema, verdadeiro diploma do papado».
Não seria fácil o pontificado de Eugénio III, com a euforia republicana, apoiada por Arnaldo de Bréscia, enquanto em Roma os palácios dos magnates eram incendiados e pilhados.
Impedido de entrar em São Pedro pelo novo Senado, que pretendia destitui-lo de qualquer poder civil, Eugénio III refugiou-se em Viterbo durante oito meses.
Nessa altura, São Bernardo ajuda-o escrevendo aos Romanos: «Porque provocais contra vós o rei da terra e o senhor do Céu, de modo tão intolerável e irracional, atacando sacrilegamente a sagrada Sé Apostólica?
Vossos pais submeteram o orbe ao jogo da vossa urbe, e vós fazeis da vossa urbe o ludibrio e a fábula da orbe, expulsando o herdeiro de Pedro da cidade de Pedro».
De nada serviu a carta de São Bernardo, pois os Romanos continuavam contra ele.
Eugénio III desloca-se, então, a França, onde Luís XVII preparava a 2ª cruzada pregada por Bernardo de Claraval, à qual dá o seu apoio e colaboração.
De regresso a Roma, consegue que os camponeses de Campânia cortem o abastecimento de viveres a Roma e o Senado vê-se obrigado a capitular com cedências de ambas as partes. Vigoraria a nova constituição republicana, mas o povo e o senado jurariam fidelidade ao papa, aceitando a soberania pontifícia e não ultrapassando os seus poderes meramente municipais.
Em Dezembro de 1145, Eugénio III regressa a Roma, sendo bem recebido pelo povo e clero. Pouco depois, Arnaldo de Bréscia, rival de São Bernardo, incita as multidões contra o papa, e Eugénio III, sentindo-se inseguro, dirige-se de novo para França em princípios de 1147. Em 1148 reúne um grande sínodo em Reims, que condena algumas heresias contra a natureza divina e a encarnação do Verbo.
Em, Novembro de 1149 entre em Roma com o apoio das tropas sicilianas, mas, não conseguindo impor-se às ideias de Arnaldo de Bréscia, vê-se coagido a retirar-se até 1153, quando, com o apoio de Frederico I, o Barba Roxa, que sucedera a Conrado III, consegue o regresso definitivo.
Piedoso, desprendido e sofredor, Eugénio III suscitou a devoção popular e, muito depois da sua morte. Pio IX confirma-lhe o culto em 1872.
No pontificado de Eugénio III há um facto relevante para os Portugueses. Quando um contingente de cruzados anglo-normandos, flamengos e alemães se dirigia do mar para a Terra Santa, em mais uma cruzada, tiveram de aportar ao Rio Douro. Depois, chegados a Lisboa, auxiliaram D. Afonso Henriques na sua luta contra os mouros e, no dia 25 de Outubro de 1147, seria conquistada para a fé cristã aquela que seria a futura metrópole de um reino donde saíram contingentes de missionários e marinheiros que, mais do que cruzados, alargaram as fronteiras do cristianismo e deram novos mundos ao mundo.
(NOTA DO AUTOR desta página, a respeito duma curiosidade – Hoje faz precisamente 868 anos que se procedeu a esta eleição.)
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ANASTÁSIO IV
Anastásio IV
(1153-1154)
Foi eleito em 12 de Julho de 1153, já com 90 anos de idade, pelo que se esperava que fosse um papa de transição. Governou somente 18 meses.
O senado não se opôs à sua eleição e Anastácio IV não se imiscuiu em questões da nova República, limitando-se às questões religiosas.
Revalidou a eleição do arcebispo de Magdeburg que o imperador Frederico I, o Barba Roxa tinha efectuado contra o estabelecido , ainda no tempo de Eugénio III.
Protegeu a Ordem de São João contra a perseguição do patriarca hierosolomitano e interveio com êxito em questões de direitos de sedes episcopais da Suécia e Noruega.
Não teve tempo para fazer mais porque, entretanto, faleceu, e pelo que se disse, foi enterrado na mesma urna simples que contivera os restos morais de Santa Helena, mãe do imperador Constantino.
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ADRIANO IV
Adriano IV
(1154-1159)
É o único papa nascido na Inglaterra, sendo eleito em 4 de Dezembro de 1154.
Estudou em França e foi nomeado abade do mosteiro dos Agostinhos, na Provença, em 1137. Doze anos mais tarde foi elevado a cardeal e bispo de Albano pelo papa Eugénio III, que o enviou depois, como seu legado, à Suécia e à Noruega.
Adriano IV tornou.-se notável por ter concedido o domínio absoluto da Irlanda ao rei Henrique II, que subiu ao trono de Inglaterra uma semana depois de Adriano ser eleito papa.
Foi papa durante cinco anos e não reconheceu a organização republicana dada a Roma por Arnaldo de Bréscia, um agitador italiano (1100-1155), o qual, confundindo problemas político-sociais com os de índole religiosa, levou o povo de Roma a levantar-se contra o papa. Veio a ter morte violenta, pois foi expulso de Roma e enforcado em 1155, por ordem de Frederico, o Barba Roxa.
Lutou contra o rei normando das Duas Sicílias, contra Frederico, o Barba Roxa, que tinha coroado solenemente em 18 de Julho de 1155, e contra os gibelinos, partidários da facção que na Alemanha e na Itália tomou o partido do imperador contra o papa, apoiada pelos guelfos (Casa da Baviera) procurando limitar o poder do papa aos assuntos espirituais.
Adriano IV, segundo escreveu Gregorovius, foi um varão prudente, de ideias práticas e carácter indómito. Tal como Gregório VII quis realizar a ideia do poder pontifício universal.
Continua:…
Post colocado em 18-2-2013 – 18H55
ANTÓNIO FONSECA
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