Nº 1567 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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CELESTINO III
Celestino III
(1191-1198)
Já tinha 85 anos e queria renunciar, quando foi eleito em 30 de Março de 1191. Foi ordenado e depois consagrado a 14 de Abril e, no dia seguinte, já papa, coroou o imperador Henrique VI, que se deslocou propositadamente a Roma para este ato.
Em 1195, Henrique VI declara-se disposto a promover nova cruzada para vingar a morte de seu pai, Frederico I, o Barba Roxa, tendo o apoio imediato de Celestino III, que escreve aos soberanos cristãos a pedir a sua colaboração, mas a cruzada não se realizou porque, para além de problemas surgidos no interior do Império, Henrique VI faleceu, inesperadamente, aos 32 anos de idade.
O papa pouco sobreviveu ao imperador, falecendo aos 92 anos de idade. Ficou sepultado em São João de Latrão.
Celestino III teve um pontificado positivo, pois esforçou-se por restabelecer a paz entre as repúblicas de Pisa e de Génova, para além de ter conseguido que a Cúria fosse o centro de todas as decisões jurídicas e com isso criou bons precedentes que viriam a ajudar os seus sucessores.
Em relação a Portugal, Celestino III, declarou nulo, por serem parentes, o casamento da infanta D. Teresa, filha de D. Sancho I, com Afonso IX, de Leão. A infanta vestiu o hábito de Cister, no Mosteiro de Lorvão, e morreu em 1250 com fama de santidade, vindo o seu culto, bem como o de suas irmãs, Sancha e Mafalda, a ser reconhecidos canonicamente em 1705, por Clemente XI.
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INOCÊNCIO III
Inocêncio III
(1198-1216)
Tinha 37 anos quando foi escolhido para papa em 8 de Janeiro de 1198, no mesmo dia da morte de Celestino III. Lotário tomou o nome de Inocêncio III e viria a ser um dos papas mais insignes do século XIII, um imperador de reis, como lhe chamaram alguns historiadores, pois com ele o papado guindou-se à culminância da era medieval.
Estudou Teologia em Paris e Direito em Bolonha e quando foi eleito cardeal já tinha escrito algumas obras de espiritualidade, que demonstravam a sua inteligência.
Começou por reformar, com espírito evangélico, a corte pontifícia, impondo normas de sobriedade e funcionamento mais simples, facilitando ao papa o seu acesso. Para isso estabeleceu audiências pontifícias semanais e restaurou o uso de presidir, três vezes por semana, às reuniões do Colégio Cardinalício.
Impôs severas sanções aos falsificadores de documentos e regularizou a chancelaria. Ao mesmo tempo, conseguiu restabelecer na cidade a autoridade da Igreja, obrigando o senador responsável a dar-lhe conta dos seus atos.
A seguir, na necessidade de evitar as prepotências estranhas, consolidou a união das diversas cidades da Toscana, à exceção de Pisa, sob a autoridade suprema da Igreja, para mutuamente se defenderem e, a partir daí, estabelecer uma federação de estados cristãos sob a autoridade espiritual da santa Sé.
Quando morreu Henrique VI, a Alemanha dividiu-se entre três candidatos: seu filho Frederico, ainda criança, seu irmão Filipe e Otão, duque de Brunswick. Inocêncio III optou por Otão, que prestou juramento ante o legado papal e foi proclamado rei dos Romanos. Mas Otão IV não cumpriu o juramento e o prometido, pelo que o papa o excomungou e atribuiu a legitimidade a Frederico.
Inocêncio III continuou a mostrar-se autoritário quando interveio em França para condenar a mancebia do rei Filipe Augusto, que repudiara a sua legitima esposa, e na Inglaterra, para reprimir as repetidas e odiosas ingerências do cruel e licencioso João Sem-Terra nos assuntos eclesiásticos.
Interveio também na Hungria, nos pleitos duma guerra civil, na Dinamarca, na Bulgária e na Península Ibérica, para negar a Pedro II, de Aragão, a pretendida dissolução matrimonial.
No campo doutrinal, a sua maior intervenção foi contra a heresia neomaniqueia, sobretudo em França.
Este papa pregou a IV Cruzada, que, recrutada principalmente em França e na Flandres, veio a ser, contra a sua vontade, utilizada com outras finalidades. A verdade é que a tomada de Constantinopla, em 1204, foi conseguida à custa de tais violências que o povo ficou a odiar ainda mais os cristãos do Ocidente e Inocêncio III, ao saber do sucedido, mostrou-se desiludido pelos intentos da cruzada terem sido desvirtuados e tentou ainda organizar outra, mas não conseguiu, porque faleceu entretanto, quando tinha apenas 56 anos de idade.
Neste pontificado, Inocêncio III mostrou-se empenhado na luta contra os mouros em terras de Espanha e na Terra Santa.
Enquanto os reis iam conquistando Portugal aos mouros, estes desembarcavam em grande número no Sul da Península. Perante o perigo, os reis peninsulares uniram-se e D. Afonso VIII, de Castela, pediu ao papa a concessão de indulgências para a cruzada peninsular. O papa anuiu e os exércitos cristãos venceram os mouros a 16 de Julho de 1212, em Navas de Tolosa, com o Islão derrotado.
Nesse mesmo ano, Gengis Khan atacava a China.
Inocêncio III convocou o XII Concílio Ecuménico, o IV de Latrão, em 1215, onde o papa evidenciou a sua indesmentível categoria e capacidade de argumentação.
Para a reformada Igreja Universal, escreveu, em 1213, cartas dirigidas a todo o episcopado e a resposta foi impressionante, pois compareceram mais de 400 bispos e 800 abades e priores.
Das sessões saíram 70 decretos, sendo os principais: a) condenação dos cátaros, ou albigenses; b) refutação dos erros do monge italiano Joaquim de Flora sobre o influxo das Três Pessoas da Santíssima Trindade, nas três idades da história humana; c) estabelecimento da confissão e comunhão anuais obrigatórias; d) obrigação de sínodos anuais em todas as sedes metropolitanas; e) reforma dos costumes do clero e formação de pregadores e confessores idóneos; f) proibição de matrimónios clandestinos ou entre consanguíneos até ao quarto grau, ou entre muçulmanos e judeus.
Estes decretos revelam bem a capacidade legislativa de Inocêncio III.
O papa, por sua iniciativa, passou também a designar-se «vigário de Cristo» em vez de «vigário de Pedro», como até então se usava e com isso robusteceu a autoridade papal em toda a Cristandade.
Preocupou-se com a expansão missionárias da Igreja, apoiando a evangelização da Prússia, Polónia, Estónia e Livónia pelos Cistercienses.
Foi um verdadeiro homem de Deus, que aos sábados costumava lavar os pés a doze mendigos e socorrê-los com esmolas. A ele se ficou a dever a construção de um grande hospital em Roma.
No seu pontificado nasceram duas importantes ordens eclesiásticas, a dos Frades Menores, ou Franciscanos, em 1209, e a dos Pregadores, ou Dominicanos, em 1215, e ainda, em 1198, a da Santíssima Trindade, para o resgate dos cativos, fundada por São João da Mata.
O seu pontificado ficou a marcar o cume do domínio papal na Europa.
Para Portugal, Inocêncio III ficou-lhe ligado por ter intervindo nos conflitos de D. Sancho I com os bispos do Porto e de Coimbra e com as princesas irmãs do rei. O maior significado, porem, está na confirmação do reino, pedida por D. Afonso II, por bula de 16 de Abril de 1212, na qual declara receber sob a sua proteção o nosso monarca, o reino e todas as terras que fossem libertadas dos infiéis, exigindo, contudo o pagamento do censo a que se vinculara D. Afonso Henriques e que durante o reinado de D. Sancho I deixara de ser pago à Santa Sé.
Inocêncio III também criou uma cadeira de Teologia na metrópole primacial de Braga, para suprir a sua falta nos estudos superiores da época.
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HONÓRIO III
Honório III
(1216-1227)
Homem de avançada idade, simples e piedoso, distribuindo pelos pobres todos os seus bens, foi acolhido com entusiasmo pelo povo, ao ser eleito, em 18 de Julho de 1216, em Perúsia, com o nome de Honório III, dois dias depois da morte de Inocêncio III.
No seu pontificado teve problemas com o imperador alemão, Frederico II, que, tendo-se comprometido a chefiar nova cruzada, arranjava sempre pretextos para a adiar e, sem ouvir o papa, fez coroar seu filho Henrique como rei dos Romanos, só posteriormente dando conta do sucedido ao pontífice.
A situação em Roma começou a deteriorar-se, pelo que o papa retirou-se para Viterbo, regressando apenas em Outubro de 1219.
Em Novembro de 1220, Frederico II vem a Roma para ser coroado e, mais uma vez, compromete-se a iniciar a cruzada em Agosto.
Entretanto, uma expedição chefiada pelo duque Leopoldo da Áustria conquistou Damieta, no Egipto, e aguardava reforços das tropas de Frederico II, para prosseguir, mas o imperador continuava a protelar a sua prometida ação e o exército cristão é dizimado pela peste no Egipto e retira para a Europa, perdendo-se o sonho da cruzada.
Honório III empenhou-se na difusão da fé nos países escandinavos e eslavos e protegeu a cultura nas universidades de Paris e de Bolonha.
Em relação a Portugal interveio no litígio da primazia das Sés de Braga e Toledo, num problema que já vinha do seu antecessor. Honório III mandou aos dois arcebispos que prescindissem da questão e não voltassem a levantá-la. Daí por diante, e até ao Concílio de Trento, voltaram a intitular-se primazes e sem ingerências mútuas.
Interveio também nas lutas entre o rei de Portugal, D. Afonso II, e suas irmãs e refreou as violências do monarca contra alguns prelados, devido a disputa dos bens eclesiásticos. Mesmo assim, confirmou a D. Afonso II os privilégios de proteção do reino, concedidos aos seus antecessores.
E de salientar o apoio dado a São Domingos e a São Francisco de Assis, aprovando as ordens religiosas por eles fundadas.
Aprovou a Regra de São Domingos, na sua bula Religiosam vitam, de 22 de Dezembro de 1216; a de São Francisco na bula Solet annuere, de 23 de Novembro de 1223, e a Ordem das Carmelitas, na bula Ut vivendi norman, de 7 de Janeiro de 1226.
São Francisco de Assis morreu em 1226 e Honório III pouco lhe sobreviveu, sendo sepultado em Santa Maria Maior.
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Continua:…
Post colocado em 21-2-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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