Nº 1565 - (3)
BOM ANO DE 2013
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Caros Amigos:
Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)
segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.
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ALEXANDRE III
Alexandre III
(1159-1181)
Foi um pontificado longo, de 22 anos, o de maior duração até àquela data, depois do apóstolo São Pedro, tendo sido eleito em 7 de Setembro de 1159, com o nome de Alexandre III.
A sua escolha não foi do agrado do imperador Frederico I, o Barba Roxa, que manobrou dois cardeais eleitores e elegeu o antipapa Vítor IV. Em Fevereiro de 1160 mandou reunir um sínodo em Pavia, ao qual só compareceram os seus apaniguados e declararam Vítor IV como papa legítimo, enquanto toda a Cristandade apoiava Alexandre III.
Vítor IV continuava senhor da situação e, ameaçado de morte, o Papa refugiara-se numa fortaleza do Trastevere, apoiado pelo povo e pelos Frangipani e só no Verão de 1161 consegue regressar, mas como a situação continuava tensa, em 21 de Fevereiro de 1162, deixa um vigário em Roma e vai a França, onde foi acolhido triunfalmente.
Em Maio de 1163 convoca um sínodo para Tours e é apoiado por uma assembleia de 17 cardeais, 124 bispos e mais de 400 abades de França, Espanha, Inglaterra, Itália e até do Oriente, que lhe confirmam adesão e obediência.
Por essa altura morre o antipapa Vítor IV e o imperador pensa que é a oportunidade de reconhecer Alexandre III, só que o chanceler imperial apressa-se a mandar fazer exéquias ao antipapa e os cónegos recusam-se a fazê-las dada a sua excomunhão. O chanceler, sem consultar o imperador, faz eleger outro antipapa com o nome de Pascoal III. Perante isto, vários bispos alemães, que estavam com o imperador, mudam de opinião e reconhecem a legitimidade de Alexandre III.
O chanceler, pretendendo cativar o povo alemão, pede ao antipapa que canonize Carlos Magno, ao que ele acedeu.
Descontentes com as contínuas intromissões do imperador, várias cidades do Norte de Itália e parte da população de Roma insurgem-se e declaram-se abertamente a favor de Alexandre III, e este, aproveitando o apoio, regressa e entra triunfalmente em Roma.
O imperador reage de imediato, atravessa a Itália, assalta Roma, profana a basílica vaticana e entroniza Pascoal III, fazendo-se coroar por ele.
O papa refugia-se em Benevento e o imperador vê as suas tropas atacadas e dizimadas por uma terrível epidemia, tendo de retirar-se.
Esta epidemia foi interpretada como um castigo de deus ao profanador da basílica, pelo que o arcebispo Thomas Becket (futuro São Tomás de Cantuária) escreve ao papa uma carta em que diz «jamais se viu de modo tão manifesto o poder de Deus».
Ao receber esta carta, Alexandre III não podia adivinhar que vinha de um futuro mártir. De facto. na Inglaterra, Henrique II, Plantageneta, pretendia apoderar-.se dos bens da Igreja e como Thomas Becket não o consentiu, quatro sicários do rei entraram na catedral onde o arcebispo se encontrava e apunhalaram-no, em 29 de dezembro de 1170. Thomas Becket foi canonizado em 1173, ainda por Alexandre III, como São Tomás de Cantuária.
O imperador Frederico I não desistia e, refeito do desastre e da retirada provocada pela epidemia, tendo já apoiado a eleição de outro antipapa, Calisto III, invade de novo a Itália em 1170, mas sofre novo desaire na Batalha de Legnano. Depois, aconselhado pelos seus partidários, resolveu humilhar-se e reconhecer a legitimidade de Alexandre III, o que fez em Julho de 1177, indo a Veneza ajoelhar-se e beijar os pés do Papa, que o abraçou comovido.
Após esta reconciliação, todos os senadores romanos juraram fidelidade ao papa Alexandre III entra, mais uma vez, triunfalmente em Roma, em 12 de Março de 1178.
O papa resolve, então, convocar, em Março de 1179, um grande concílio ecuménico, que ficou conhecido por Lateranense III.
Neste concílio, além de diversos cânones e decretos com o fim de evitar futuros cismas, determinou-se que, de futuro, para a eleição do papa seriam precisos dois terços dos votos, norma que ainda hoje vigora.
Estabeleceram-se requisitos para a sagração dos bispos e ordenação dos sacerdotes, condenaram-se os processos simoníacos, reprovou-se a insolência de algumas ordens militares apoiadas em excessivos privilégios, condenou-se a pirataria e anatematizaram-se os cátaros e outros hereges.
Em Janeiro de 1180, outro antipapa, desta vez Inocêncio III, caiu nas mãos de Alexandre III, que o mandou para o exílio perpétuo num convento.
Em 30 de Agosto de 1181 faleceu este papa, que foi o maior e o mais importante do século em que exerceu o pontificado.
Muitas das suas decisões, expostas em terminologia cientificam constituíram a base principal para a primeira compilação oficial do Direito Canónico, que seria levada e efeito por Gregório IX em 1234.
Conservam-se mais de 700 cartas decretais, indício da sua atividade pastoral e competência como jurista e canonista.
No seu pontificado reservou aos papas o direito exclusivo de canonizações diocesanas.
Para Portugal, este pontificado tem um significado especial, pois foi Alexandre III que, pela Bula Manifestus probatum de 23 de maio de 1179, deu a D. Afonso Henriques, pela primeira vez, o título de rei, o que equivale a um reconhecimento e confirmação da independência nacional.
Foi também neste pontificado que surgiram na Península Ibérica duas Ordens militares, a de Calatrava de origem cisterciense, confirmada em 1164 e a Ordem de Santiago da Espada, aprovada em 1175.
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VÍTOR IV - ANTIPAPA
Vítor IV – antipapa
(1159-1164)
Foi eleito antipapa, conhecido como Vítor IV, quando não se reconhecia o anterior Vítor IV, também antipapa em 1138.
Foi ordenado cardeal por Inocêncio II (1138) e à morte de Adriano IV alguns cardeais elegeram-no papa, em 7 de Setembro de 1159, recebendo os votos favoráveis da Alemanha, Borgonha e Itália do Norte, encarcerando o papa legítimo, Alexandre III. Logo a seguir, Vítor excomungou Alexandre III.
O papa libertou-se e no Outono de 1150 foi reconhecido pelo Senado romano, pelos reis de Inglaterra e de França, bem como pelos bispos e monges da Europa, que votaram a seu favor.
O papa excomungou Vítor, pelo que este se retirou desta aventura, tendo falecido em 20 de Abril de 1164, mas logo a seguir Frederico I, o Barba Roxa, promoveu a eleição de Pascoal III, outro antipapa, contra o autêntico papa, Alexandre III.
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PASCOAL III - ANTIPAPA
Pascoal III – antipapa
(1164-1168)
Escolhido pelo imperador Frederico I, o Barba Roxa, durante o pontificado de Alexandre III, sucedeu a Octaviano, antipapa com o nome de Vítor IV, cuja morte aconteceu inesperadamente.
A população não aceita Pascoal e Alexandre III entra triunfalmente em Roma. O imperador, disposto a fazer valer a sua vontade a favor de Pascoal, assalta Roma, profana a basílica vaticana e entroniza Pascoal em 22 de Abril de 1164, pelo que o antipapa o coroa, bem como à sua esposa Beatriz.
Alexandre III refugia-se em Benevento e o imperador, perante a reação popular e uma epidemia que dizima as suas tropas. vê-se obrigado a retirar deixando Pascoal sem apoios.
Mais tarde, o imperador, já refeito dos revezes, volta a atacar e, esquecendo Pascoal, elege novo antipapa, desta vez Calisto III, que lhe sucede.
Pascoal, enquanto antipapa, canonizou Carlos Magno, contra a vontade de Roma.
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CALISTO III - ANTIPAPA
Calisto III – antipapa
(1168-1178)
Foi eleito antipapa em 20 de Novembro de 1168, por influência do imperador Frederico I, o Barba Roxa, que tinha abandonado o antipapa Pascoal III.
Frederico havia recebido a coroa imperial das mãos do papa Adriano IV (1155) mas elegeu Calisto III, por estar em luta com Alexandre III.
Derrotado em Lugano (1176), pela Liga Lombarda, assinou a paz de Veneza com Alexandre III (1177) e humilhou-se indo a esta cidade, em Julho de 1177, beijar os pés ao Papa e reconhecendo a sua legitimidade.
Alexandre III, obtida a adesão dos senadores que decidiram jurar-lhe fidelidade, entra triunfalmente na Cidade Eterna em 12 de março de 1178, terminado o cisma, o que alegrou toda a Cristandade.
Calisto III submeteu-se ao papa Alexandre III, em 29 de Agosto de 1178.
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INOCÊNCIO III - ANTIPAPA
Inocêncio III – antipapa
(1179-1180)
Por influência do imperador Frederico I, o Barba Roxa, foi eleito em 29 de Setembro de 1179, com o nome de Inocêncio III, na sequência e até como sucessor de uma série de antipapas surgidos pela teimosia do imperador Frederico I, o Barba Roxa, na sua luta contra o papado: Vítor IV (1159-1164); Pascoal III (1164-1168) e Calisto III (1168-1178).
Pouco tempo depois da eleição, em Janeiro de 1180, caiu nas mãos do papa Alexandre III, que o mandou para o exílio num convento.
Continua:…
Post colocado em 19-2-2013 – 10H30
ANTÓNIO FONSECA
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