sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Nº 1568-3 - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - (66) - 22 de Fevereiro de 2013

Nº 1568 - (3)

BOM ANO DE 2013

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Caros Amigos:

Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)

segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.

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GREGÓRIO IX

Gregorio IX

Gregório IX

(1227-1241)

Tinha 82 anos quando foi eleito, em 22 de Março de 1227, tomando o nome de Gregório IX, mas mesmo a avançada idade não o impediu de se revelar enérgico em frente à hipocrisia do imperador Frederico II, pois começou por lhe escrever a lembrar o compromisso de dirigir uma expedição à Terra Santa. Finalmente, Frederico II dirige-se para Brindisi, na Itália Meridional, ao encontro das tropas cristãs que ali se tinham concentrado, e partiu a 8 de Setembro desse ano. Pôs-se a caminho de Otranto, mas suspendeu a rota alegando estar doente.

Gregório IX, conhecedor das manhas do Imperador, não acreditou e excomungou-o, exortando-o a deixar a vida dissoluta que levava.

A reação do imperador foi imediata. Escreve a todos os príncipes cristãos dizendo-se injustiçado, injuriando a Sé romana e incitando-os a sacudir o jugo papal. Depois, pagando em moedas de ouro, atraí vários nobres romanos que provocam desacatos e turbulências em Roma, o que obriga o papa a refugiar-se em Viterbo e depois em Perúsia.

Em Maio do ano seguinte, Frederico II resolve partir para a cruzada, mas foi mais uma habilidade, pois conquistou pacificamente Jerusalém com a cumplicidade do sultão de Damasco, com quem se comprometeu de que não haveria mais expedições dos cristãos e ali se autocoroou rei, sem qualquer cerimónia litúrgica.

Depois de uma curta permanência em Jerusalém, regressa à Alemanha e deixa os cristãos totalmente desemparados.

Gregório IX, indignado com este procedimento, voltou a excomungá-lo, lançando o interdito em todos os lugares que se encontrasse e escrevendo aos príncipes da Cristandade a contar o sucedido e a traição do compromisso tomado por Frederico com os infiéis.

Os acontecimentos seguintes convencem o imperador e o papa de que é necessária uma reconciliação. E assim foi.  Gregório IX levantou a excomunhão e Frederico II comprometeu-se a restituir todos os domínios pontifícios conquistados, tal como os bens usurpados aos mosteiros e igrejas, a readmitir os bispos exilados, a cessar a perseguição ao clero e a reconhecer o vínculo de vassalagem do reino da Sicília a Roma.

Em Maio de 1234, uma rebelião dos Romanos obriga o Papa a refugiar-se na Úmbria, valendo-lhe o auxilio do imperador. Logo a seguir é o imperador a pedir ajuda a Gregório IX quando seu filho Henrique tenta tomar conta do poder. Gregório IX coloca-se ao lado de Frederico II e ameaça os que auxiliem Henrique com censuras eclesiásticas, considerando ilegal a sua rebelião.

Mas Frederico II não tinha emenda. Três anos depois invade a Lombardia com o auxilio de 10 000 sarracenos, sujeita diversos municípios e entra em Roma, fazendo-se conduzir em triunfo ao Capitólio, obrigando Gregório IX a refugiar-se em Anagni, sua terra natal.

Quando as tropas se retiram, Gregório IX volta a excomungar o imperador, libertando os súbditos de qualquer juramento de fidelidade.

Furioso, Frederico II escreve, de novo, aos príncipes cristãos tentando movê-los contra o papa, a quem chama «louco, profeta néscio e semente da Babilónia».

Gregório IX vê-se obrigado a repor a verdade junto dos príncipes cristãos contra aquele «precursor do Anticristo».

Nova represália do imperador, que consegue vitórias militares no Norte de Itália e avança sobre Roma, depois de espoliar a Abadia de Monte Cassino, matando alguns frades e desterrando outros.

Gregório IX só pode pedir ajuda ao eu e é o que faz com procissões a percorrer as ruas, o que levou o povo romano a pegar em armas, para se defender. Frederico II, receoso, levanta o cerco, dirigindo-se para Nápoles, de onde escreve a seu filho Conrado, dizendo que o seu intento era prender «o velho cura» e calá-lo.

Gregório IX reforça as defesas da cidade, pede auxilio ao rei de França e a 9 de Agosto de 1240 convoca um concílio para a Páscoa de 1241.

O imperador, temendo que fossem examinadas as acusações lançadas contra si, manda interceptar todas as passagens dos Alpes e os portos onde os prelados pudessem desembarcar  conseguindo aprisionar algumas centenas de bispos franceses e ingleses. A seguir põe novo cerco a Roma, mas Gregório IX falece, aos 96 anos, sendo sepultado em São Pedro, pelo que não passou por essa nova provação.

Gregório IX teve um pontificado agitado, mas, mesmo assim imprimiu grande eficácia espiritual na condução da Igreja.

Perito em jurisprudência e com excelente formação teológica, encarregou o seu confessor, São Raimundo de Penhaforte, da tarefa de compilar todas as decretais até então promulgadas, reformando o Direito Canónico.

Amigo pessoal de São Francisco de Assis, canonizou-o dois anos após a sua morte, canonizando também o nosso Santo António de Lisboa, ao celebrar o primeiro aniversário do seu falecimento em Pádua, em 13 de Junho de 1231. Dois anos depois, canonizou São Domingos de Gusmão.

Procurou organizar a Inquisição, com uma bula de Fevereiro de 1231, colocando-a sob a responsabilidade da ordem dominicana, embora sob o controlo dos bispos locais, para não se transformar num instrumento do poder civil.

No campo da cultura, mostrou interesse pela música, deixando alguns hinos religiosos, e encarregou três peritos de sistematizarem as obras de Aristóteles a fim de servirem de suporte ao estudo da Filosofia: fixou os estatutos da Universidade de Paris e confirmou a fundação dos Estudos Corais de Toulouse.

Em Junho de 1228 escreveu aos professores da Universidade de Paris, para corrigirem os abusos introduzidos no estudo da teologia, entre eles a subordinação de algumas verdades reveladas à filosofia aristotélica.

No campo eclesiástico e espiritual zelou pelos costumes, organizou as dioceses, esforçou-se por pôr fim ao Cisma do oriente , apoiou a reforma cluniacense e interveio nas dissensões entre a família franciscana.

No que respeita a Portugal, absolveu em 1233, D. Sancho II por ter espancado alguns clérigos.

O bispo do Porto escreveu ao capítulo dos Dominicanos, celebrado em Braga em 1237, queixando-se dos desmandos cometidos.

Na bula de Gregório IX, Ex speciali quem erga, de 20 de Outubro de 1231, diz-se que os oficiais do rei entravam de noite em casa de clérigos à procura de mulheres para os multarem.

Pata a mentalidade da época, conseguiu ser um papa com atuação muito positiva.

 

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CELESTINO IV

Celestino IV

Celestino IV

(1241)

Com a morte de Gregório IX, o imperador, que ameaçava a cidade de Roma, levantou o cerco.

Para eleger um novo papa, a escolha era difícil ; cansado de esperar, o Senado e o clero fecham à chave os dez cardeais eleitores, no mosteiro de Septizomo, para resolverem tudo mais rapidamente, porque o imperador Frederico II tinha aprisionado dois cardeais e não queriam correr mais riscos. Entretanto, morre um dos cardeais eleitores e os outros acabam por escolher, em 28 de Outubro de 1241, o antigo monge Godofredo, que toma o nome de Celestino IV.

Foi um pontificado breve e sem significado, pois faleceu em 10 de Novembro seguinte, sendo papa apenas 13 dias.

 

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Continua:…

Post colocado em 22-2-2013 – 10H30

ANTÓNIO FONSECA

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