domingo, 24 de fevereiro de 2013

Nº 1570-3 - A VIDA DOS PAPAS DA IGREJA CATÓLICA - (68) - 24 de Fevereiro de 2012

Nº 1570 - (3)

BOM ANO DE 2013

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Caros Amigos:

Desde o passado dia 11-12-12 que venho a transcrever as Vidas do Papas (e Antipapas)

segundo textos do Livro O PAPADO – 2000 Anos de História.

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URBANO IV

Urbano IV

Urbano IV

(1243-1254)

Oito cardeais reunidos em Viterbo, levaram três meses, para chegarem a acordo quanto à escolha de um sucessor para Alexandre IV, até que, em 29 de Agosto de 1261, elegeram o patriarca de Jerusalém, Jacques de Troyes, que tomou o nome de Urbano IV.

O novo papa era filho de um modesto sapateiro, estudara em França e foi nomeado bispo por Inocêncio IV.

O seu primeiro ato como papa foi nomear 14 novos cardeais, uma vez que o Colégio Cardinalício se encontrava muito reduzido.

A Sicília e parte da Itália estavam subjugadas ao poder do despótico Manfredo e este, tentando aliciar o papa, ofereceu-lhe 300 000 onças de ouro para o reconhecer como rei das Duas Sicília. Urbano IV, íntegro, recusou a tentadora oferta, dando a soberania desse feudo da Igreja a Carlos de Anjou, irmão do rei de França, mediante o tributo anual de 8000 onças de ouro, para libertar o Sul de Itália do poderio alemão. A verdade é que o papa saiu-se mal, pois Carlos de Anjou mostrou-se mais tirano e ambicioso do que pensava.

A juntar a este problema, chegam-lhe do Oriente latino pedidos de socorro, porque o sultão do Egipto tinha destruído as igrejas de Belém, Nazaré e Tabor e ameaçava reconquistar São João de Acre. Urbano IV pede auxilio à Inglaterra e França para uma nova cruzada, mas o pedido é recusado.

Se no campo político não foi bem sucedido, salientou-se pelo incremento da piedade eucarística, intensificando o culto do Santíssimo Sacramento, cuja festa instituiu em 1264 com a designação de “Corpus Christi”, encomendando a elaboração do respectivo ofício ao grande santo e teólogo São Tomás de Aquino, que, com  o seu trabalho, enriqueceu a piedade cristã com uma obra-prima da liturgia.

Em 1264 aprovou a Ordem dos Celestinos, fundada em 1251 por Pietro dei Murrone, que viria a ser papa em 1294, com o nome de Celestino V.

Este papa é credor de gratidão por ter incentivado o grande Doutor a empreender extraordinárias obras filosófico-teológicas que lhe valeram o apelido de «Doutor Angélico».

Deixou-nos várias cartas e uma descrição da Palestina, bem como uma Paráfrase dos Padres da Igreja.

Morreu em Perúsia, sendo sepultado na catedral da cidade.

 

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CLEMENTE  IV

Clemente IV

Clemente  IV

(1265-1268)

Gui Le Gros era um advogado de renome e conselheiro do rei São Luís, o qual, depois de enviuvar, optou pela vida sacerdotal, sendo, pelas suas qualidades, em breve elevado no episcopado.  Aquando da morte de Urbano IV, os cardeais eleitores viram-se divididos. Durante quatro meses, entre os adeptos da paz com Manfredo e os que preferiam Carlos de Anjou e que pretendiam Gui le Gros, que era cardeal bispo de Santa Sabina, e que se viu eleito papa em 5 de Fevereiro de 1265, em Perúsia, tomando o nome de Clemente IV. Gui le Gros era um homem de idade avançada e resistiu muito até aceitar o pontificado.

Logo que foi eleito, propõe a Carlos de Anjou o feudo do reino da Sicília em troca da sua proteção contra o despótico Manfredo. Carlos de Anjou aceita e é coroado em Roma, em 6 de Janeiro de 1266 e, logo a seguir, desbarata as tropas de Manfredo, que morre em combate perto de Benevento. Vitorioso, Carlos de Anjou mostra-se cruel e, apesar dos apelos do papa, manda encarcerar a esposa e os quatro filhos de Manfredo.

Clemente IV mantinha-se em Orvieto e Viterbo, porque Roma era dominada por Carlos de Anjou, que pretendia ostentar a dignidade de senador e sobrecarregava o povo com elevados impostos, provocando frequentes mortos.

Por essa altura, o jovem Corandino, duque de Suábia, arvora-se em rei da Sicília e entra em Itália no Outono de 1267 à frente de um grande exército. Clemente IV adverte-o várias vezes, mas ele não obedece e o papa vê-se obrigado a excomungá-lo, mas nada consegue, pois Corandino, apoiado pelos gibelinos, entra em Roma em Julho desse ano, fazendo-se aclamar no Capitólio. Não teve muito tempo para festejar o triunfo, pois Carlos de Anjou, junto ao Lago Fucino, derrota-o, captura-o, manda-o decapitar, apesar dos pedidos de clemência do papa, que, tendo recebido de Conradino o seu pedido de arrependimento, o absolve da excomunhão.

Um mês depois, Clemente IV morre em Viterbo.

Um acontecimento digno de registo neste pontificado foi o nascimento em Florença, em Maio de 1265, de Dante Alighieri, um dos maiores poetas universais, autor da famosa Divina Comédia.

 

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BEATO GREGÓRIO X

Beato Gregoriio X

Beato Gregório X

(1271-1276)

Depois da morte de Clemente IV, seguiram-se dois anos e nove meses sem papa eleito (sede vacante), pois os cardeais eleitores estavam divididos entre os partidários do Conde de Anjou e os favoráveis aos Alemães, para restauração do Império, sem que fosse possível obter a maioria de dois terços de votos, necessária de acordo com as normas da eleição.

É então que São Boaventura, ministro-geral dos Franciscanos, aconselha as autoridades e o povo de Viterbo, e estes, seguindo o conselho, erguem um muro à volta do local das reuniões, racionam, a entrada de alimentos e destapam o telhado do palácio. Os 17 cardeais ali reunidos vêem-se obrigados a resolver tudo e a 1 de Setembro de 1271 elegem o arcebispo de Liége, Teobaldo Visconti, que se encontrava na Terra Santa, integrado na cruzada de Eduardo de Inglaterra.

Passaram-se mais seis meses até que, finalmente, o eleito chegou a Viterbo para receber as ordens sacerdotais, tendo sido sagrado papa, em 27 de Março de 1272, com o nome de Gregório X.

Para evitar casos semelhantes, Gregório X, no Concílio de Lyon, em 1274, promulga a constituição Ubi periculum, com normas obrigando que dez dias após a morte dum papa os cardeais eleitores se reúnam fechados à chave (e daqui nasce a palavra «conclave»), inteiramente incomunicáveis sob pena de excomunhão, recebendo apenas os víveres indispensáveis, e, passados cinco dias, só pão e água.

Nesse concílio, que reuniu cerca de 500 bispos e abades, com a presença de diversos embaixadores de países cristãos, deu-se a desejada união entre as Igrejas de Roma e de Constantinopla, infelizmente pouco duradoura.

De facto, o imperador oriental, Miguel Paleólogo, enviou dois representantes da Igreja do oriente ao concílio, os quais declaram acatar a autoridade do único representante de Cristo e, no cântico do Credo, repetiram por três vezes a palavra Filioque, que era o pomo de discórdia desde 1054.

Terminado o concílio, quando os representantes bizantinos regressaram ao Oriente, trataram de consumar a união numa missa cantada no palácio imperial, orando durante ela por «Gregório, pontífice supremo da Igreja apostólica e papa ecuménico». O clero grego, na sua maioria cismático, reagiu contra esta unidade conciliar, dando origem a diversos motins e cismas, que levaram a nova ruptura oito anos mais tarde.

Por ocasião do concílio, falecem, em 7 de Março de 1274 o grande luminar da ciência teológico-filosófica, São Tomás de Aquino, quando se dirigia para o concílio, e São Boaventura, a seguir à quarta sessão.

O próprio Gregório X pouco sobreviveu, pois, durante a vigem de regresso, morreu em Arezzo.

Foi um papa de profunda piedade, austero, de uma impressionante humildade e caridade e que, logo que faleceu, começou a ser venerado pelo povo como santo, tendo o seu culto sido confirmado em 1713, pelo papa Clemente XI.

No que respeita a Portugal, Gregório X interveio nas divergências entre o rei D. Afonso III e o clero, ordenando ao monarca, pela bula De regno Portugaliae, que reparasse os danos causados à Igreja, sob pena de excomunhão, mas D. Afonso III só acatou a ordem de Roma à hora da morte.

Continua:…

Post colocado em 24-2-2013 – 10H30

ANTÓNIO FONSECA

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