Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
13 de Março - DOMINGO - 1º DA QUARESMA
Mt 4, 1-11
Naquele tempo, o Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, opor fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-Lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pão». Respondeu-lhe Jesus: Está escrito; Nem só do pão vive oh homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Conduziu-O, então, o Demónio à cidade santa e, colocando-O sobre o pináculo do Templo, disse-Lhe: «Se Tui és o Filho de Deus, lança-Te daqui abaixo, pois está escrito>: Dará a teu respeito ordens aos anjos; eles suster-te-ao nas suas mãos para que os teus pés não se firam nalguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás ao senhor teu Deus! Em seguida o demónio conduziu-O a um monte muito alto e, mostrando-Lhe todos os reinos do mundo com a sua glória, disse-Lhe: «Tudo isto Te darei, se, prostrado, me adorares». Respondeu-lhe, então, Jesus: «Vai-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto. Então o diabo deixou-O e chegaram os anjos e serviram-n’O.”.
1. Vivemos tempos tão penosos para a Igreja, que aqui, ao repensar o relato das três tentações de Jesus no deserto, não há mais remédio que recordar a interpretação que faz delas Fedor Dostoievski no episódio do Grande Inquisidor. A ideia do Inquisidor é que Jesus não deveria ter resistido às tentações diabólicas. Porque há só três forças que de verdade subjugam e seduzem a consciência humana: o milagre, o mistério e a autoridade. E essas três coisas são as que Jesus recusou no deserto..
2. A Igreja, sem embargo, corrigiu a obra de Jesus. Porque se deu conta disto; o que mais desejam os homens é que os guiem como um rebanho e que os livrem desse funesto dom que lhes causa tantos tormentos; o dom da liberdade. O divino, o dogmático e o autoritarismo eclesiástico são três coisas que têm tal força, que seduzem inclusivamente a quem assegura que odeiam tudo isso. Odeiam os padres, mas buscam outras divindades, outros dogmas e outros poderes aos que servem com entusiasmo.
3. A Igreja é sábia com sabedoria humana. Por isso, não só se manteve à margem das exigências de Jesus, a que reivindica. Não só vem atenuando, transformando e moderando sua mensagem. Em certos pontos essenciais, e na qualidade de instituição, a Igreja tem tergiversado por completo o que Jesus disse e quis (F. Lenoir). Já estamos demasiado longe da vida daquele homem bom que foi assassinado pela religião. Entre a religião e Jesus, somos demasiados os que temos preferido o modus vivendi, suportável e reconfortante, que nos impõe a Igreja..
Compilação por
António Fonseca
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