863-3
Do livro A Religião de Jesus, de José Mª Castillo – Comentário ao Evangelho do dia – Ciclo A (2010-2011) – Edição de Desclée De Brouwer – Henao, 6 – 48009 Bilbao – www.edesclee.com – info@edesclee.com: tradução de espanhol para português, por António Fonseca
19 de Março - SÁBADO - DIA DE S. JOSÉ
Mt 1, 16. 18-21. 24a)
… Jacob gerou a José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. … Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Sua Mãe, desposada com José, antes de coabitarem, achou-se que tinha concebido, por virtude do Espírito Santo. José, seu marido, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos, e lhe disse: “José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de Jesus; porque Ele salvará o povo dos seus pecados”. Tudo isto sucedeu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor e anunciado pelo profeta: “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho; e chamá-lo-ão Emmanuel, que quer dizer: Deus connosco”. Despertando José do sono, fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua mulher.
1. A piedade popular e a teologia clássica têm concedido singular importância à figura de José, o esposo de Maria, a Mãe de Jesus. Mas o que realmente podemos saber com segurança sobre esta personagem é pouco e bastante difuso. Entre outras razões, porque, como explicam os estudiosos deste assunto, pouco ou nada se pode dizer com certeza sobre o nascimento, a infância e a primeira juventude da maior parte das figuras históricas do mundo mediterrânico antigo. Personagens como Alexandre Magno ou o imperador Octávio Augusto são exaltados desde a sua juventude mediante lendas de tipo mitológico. E algo semelhante ocorre com figuras do Antigo Testamento, como Isaac, Jacob, Sansão, Samuel, David, etc., (J. P. Meier). Não pode ocorrer algo semelhante com José, já que foi conhecido como “pai” de Jesus?
2. De José, é-nos dito que foi um homem “justo”. É o maior elogio que se pode fazer de um israelita. Na cultura hebraica não existe a palavra “virtude” (areté), que é de origem grega. Na tradição judaica, para indicar que um homem é como Deus quer, é denominado como “çèdèq”, o “justo”. José, portanto, foi uma boa pessoa, um homem íntegro, que sempre fez o que Deus lhe pedia e o que podia resultar o melhor para os outros.
3. Seja o que for dos detalhes históricos que podemos conhecer sobre José, e sem entrar aqui no tema da maternidade virginal de Maria, o que se pode afirmar de José é que foi o homem eleito por Deus para ser o educador de Jesus. É um disparate enorme, que incorre em ideias heréticas (monofisitas), pensar que Jesus não necessitou de aprender, assimilar uns valores, receber educação, como qualquer outra criança. Pois bem, se de Jesus sabemos que foi um homem tão genial, com uma religiosidade tão profunda e tão livre, com uma integridade e uma força de convicção como abemos que teve, com uma humanidade tão acima do comum dos mortais, parece lógico que em tudo isso se percebe, inclusive se apalpa, a grandeza de espírito de José, que soube transmitir a Jesus essa forma de ser e de viver.
Compilação por
António Fonseca
Sem comentários:
Enviar um comentário
Gostei.
Muito interessante.
Medianamente interessante.
Pouco interessante.
Nada interessante.