Os 3 textos que se seguem, foram transcritos através do blog http://padremariosalgueirinho.blogspot.com, e referem-se ao mês de Março de 2011 (durante a época de Carnaval desse ano) pelo facto de na VOZ PORTUCALENSE da semana em curso (15/2/12), porventura por falta de espaço, não ter sido publicado o costumado Vitral.
Os meus cumprimentos. AF.
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Tuesday, March 15, 2011
Tentação de riqueza
Uma das grandes tentações de sempre e mais ainda do nosso tempo é a ânsia da riqueza: querer possuir muito, “ter” cada vez mais. E esta tentação sôfrega leva à corrupção, à exploração nos salários, à desonestidade nos contratos, à usura nos empréstimos, à avareza na forma de viver, a partilhas roubadas, a vigarices de toda a espécie, etc.
A fome de riqueza entontece, cega e cria indiferença para com os famintos e miseráveis que muitas vezes moram na sua vizinhança.
Certo homem ávido de ouro entrou repentinamente numa ourivesaria, onde estavam bastantes pessoas. Agarrou vários objetos de ouro e fugiu. Foi apanhado por um policial, que lhe disse: estava lá muita gente, como te atreveste a roubar o ouro?
- Eu vi tanto ouro que nem vi a gente! – Respondeu.
Realmente o ouro, o dinheiro, a riqueza em abundância, cegam: não deixa ver a gente pobre, atulhada na miséria.
É contagiosa a doença de sede de riqueza, sem abrir o coração para esse mundo de angústias aumentadas pela crise que enfrentamos.
As pessoas tocadas pelo cancro da ambição apenas olham para si próprias e para os ídolos oferecidos pelo dinheiro: o luxo, a luxúria, reveillons, comezainas, etc.
Há que ter cuidado, pois esta sede de ouro não deixa ver a gente extremamente carente que nos rodeia.
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Monday, March 07, 2011
Limitações
Há tantas vidas mergulhadas na escuridão, que conseguem romper as trevas e iluminar vidas e caminhos de muita gente.
Luís era um miúdo de quatro anos que gostava de ajudar seu pai na oficina de correias e selas. Certo dia quando tentava perfurar uma correia com um objecto cortante, a ferramenta saiu-lhe das mãos e feriu-lhe gravemente o olho esquerdo. Depois uma infecção grave cegou-lhe o olho direito.
Totalmente cego, foi recordando imagens das coisas, esquecendo as próprias cores. Ajudava seu pai na oficina e frequentava a escola primária e seus colegas admiravam-se da sua memória. Mas não podia ler nem escrever como os companheiros. Sentia-se infeliz.
Aos dez anos, o pai matriculou-o no Instituto para crianças cegas em Paris. Aí os alunos tinham livros com letras grandes em relevo. Liam por eles e aprendiam palavras e frases. O jovem Luís viu que aquele método era muito limitado. Letras muito grandes e a impressão muito cara.
Luís ouviu falar num capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. Consistia em pontos e traços em relevo no papel que os soldados liam passando os dedos.
Luís começou a pensar como havia de aperfeiçoar o método do capitão Barbier fazendo várias adaptações.
Luís Braille foi melhorando seu método. Chegou a um método constituído por um a seis pontos. Até música podia ser nesse método.
Luís morreu aos quarenta e três anos. Antes de morrer disse a um amigo: “Tenho a certeza que a minha missão na terra terminou”.
O método de Luís Braille foi divulgado por todo o mundo tornando mais felizes os invisuais. Tudo devido a um menino mergulhado nas trevas da cegueira.
Há pessoas que se julgam inúteis com as suas limitações. Mas muitas vezes encontramos gente com limitações de toda a espécie que transmitem a luz da felicidade a tanta gente que a não tem.
posted by Maia @ 1:14 AM 0 comments
Ingratidão
Toda a gente conhece um cauteleiro, vendedor de bilhetes da lotaria, quase sempre humilde e respeitador. Alguns vão acumulando conhecimentos, dando informações às pessoas sobre o turismo local, monumentos, etc..
António Aleixo, grande escritor, percorreu vários caminhos profissionais na vida, entre eles o de cauteleiro. É conhecido por “poeta-cauteleiro”.
Nas cidades e vilas, o vendedor de cautelas entra nos cafés e restaurantes, anunciando a sua atividade. E nas ruas lembra em alta voz que a sorte pode estar nas suas mãos.
Mas vamos contar a história curiosa de um cauteleiro simples e pobre que deambulava nas praças e ruas da sua terra.
Tinha um velho automóvel, que certo dia avariou.
Levou-o a um mecânico vizinho que rapidamente o compôs. Mas o cauteleiro quando foi buscar o carro não tinha dinheiro para pagar o conserto. Propôs então ao mecânico dar-lhe uma cautela para sair na semana seguinte. Talvez tivesse sorte…
Ele aceitou e teve sorte, pois saiu-lhe precisamente o primeiro prémio.
O mecânico ficou radiante e o cauteleiro com uma pequena esperança de receber uma parte do prémio, mesmo pequena, embora reconhecesse não ter direito a isso.
O mecânico arrecadou feliz uma enorme quantia, mas esqueceu o pobre cauteleiro por cujas mãos a sorte tinha chegado à sua vida.
E o humilde vendedor de cautelas continuou a deambular muito triste pelas praças e ruas da vila.
O povo comentava a seu modo e censurava aquele mecânico com muito dinheiro mas sem nenhuma solidariedade para dividir um pouco pelo cauteleiro necessitado.
A falta de solidariedade surge em todos os lugares e a todas as horas.
É bom refletir sobre esta palavra de Montagu:
“Ao fecharmos o interesse apaixonado pelos nossos semelhantes, perdemos a capacidade de sermos felizes.”
Embora o mecânico não tivesse obrigação de repartir a fortuna pelo cauteleiro, a gratidão é uma virtude que deve existir e crescer em todos os corações.
posted by Maia @ 1:13 AM 0 comments
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Autoria do Padre Mário Salgueirinho Barbosa.
Transcrição efectuada habitualmente através de http://vp-vozportucalense.pt. Não foi porém, o caso de hoje, como atrás disse.
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ANTÓNIO FONSECA
para publicar neste blogue, em 18-2-2012 – 10,30 horas
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