(Post para publicação em 10 de Novembro de 2012 – 10,30 h).
(Pde Mário Salgueirinho Barbosa)
Padre Mário Salgueirinho foi para todos nós um ser humano exemplar, uma pessoa marcante e ficam definitivamente as nossas vidas mais pobres sem o seu carácter, bondade e sabedoria.
Que descanse em paz com as honras do Senhor.
18\06\1927 - 29\10\2011
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Do livro “Caminhos da Felicidade”
DOIS PINTORES
Dois pintores conversavam sobre a sua arte. Um deles disse:
- «Em toda a minha vida, ainda não encontrei um rosto que merecesse ser pintado!»
O outro respondeu: «Eu, em toda a minha vida, ainda não encontrei um rosto que não merecesse ser pintado!»
Diferenças de olhar.
Assim acontece na vida de todos os dias.
Uns, como o primeiro artista, não têm arte para descobrir os valores, as maravilhas que se escondem por detrás de alguns rostos humanos. Olham o rosto, mas não conseguem penetrar no íntimo da pessoa, onde tantas vezes se escondem filões de ouro: de generosidade, de honestidade, de dedicação, de autenticidade.
Mas o segundo pintor tinha um olhar mais genial: em cada rosto que encontrava, descobria a beleza moral, que lhe dava mérito para ser pintado.
Por isso dizia que nunca encontrara um rosto que não merecesse ser passado à tela.
Gosto do olhar deste homem, porque nos ensina a olhar as pessoas descobrindo dentro delas uma réstia de valor que lhes dá mérito para seu rosto ser pintado.
Quantas vezes nos enganamos perante rostos desgastados pela fome ou pelo tempo, ou conspurcados pela poeira da vida.
Parecem não valer nada, não merecer a nossa atenção nem um pingo da credulidade. Mas quando aprofundámos, quando dialogamos, descobrimos uma alma cheia de sabedoria, de generosidade e de amor.
Se olharmos bem, não há rosto nenhum que não mereça ser pintado. Ou melhor: há sempre alguém que merece ou até precisa de ser amado.
Porto, Dezembro de 1998
Mário Salgueirinho
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Do livro “Dar é receber”
PADRE ELOY PINHO
As pessoas não morrem. Ou antes, morrem na memória argilosa dos homens, mesmo dos amigos. São esquecidas…
Em 16 de Setembro de 1993 – há portanto 10 anos – ocorreu um momento marcante, entre outros marcantes, na minha vida. O Padre Eloy morria inesperadamente nos meus braços de companheiro e amigo.
A morte tem uma linguagem dura, enigmática e cruel. Agarra as pessoas, sem olhar ao seu valor, ao seu prestigio, à sua competência, à sua dedicação, à lacuna que rasga, como fez com o Padre Eloy aos cinquenta e poucos anos.
Trilhamos sempre caminhos de mistério sem saber até quando.
O Padre Eloy morreu no seu posto – Director da Rádio Renascença no Porto e do semanário da diocese do Porto – Voz Portucalense.
Exerceu frutuosamente o seu ministério sacerdotal com a palavra, ao microfone da Rádio Renascença com belas e substanciais reflexões e com a pena em jornais e livros que o interesse dos leitores fez esgotar.
Nesta data, evoquemos esse sacerdote que fez pastoral da cultura, ajudando a fundamentar a fé. Um padre cheio de talentos intelectuais e morais, acrescidos de uma simpatia irradiante, que o tornava admirado estimado por quantos o conheciam, e contactavam.
Acreditamos na “comunhão dos Santos”. Esta data é um momento de comunhão: de sufrágio, de memória do Padre Eloy que caminhou à nossa frente, deixando-nos um rasto de generosidade, de serviço dedicado aos homens e à igreja.
Porto, Dezembro/2003
Mário Salgueirinho
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